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domingo, 29 de janeiro de 2017

O Ladrão de Dentes


"O Rev. Sr. Perring, vigário de uma paróquia que agora faz parte de Londres e que há cerca de quarenta e cinco anos tinha a aparência de uma aldeia, encontrou a triste aflição de perder o seu filho mais velho numa idade em que os pais são encorajados a acreditar que seus filhos devem se tornar seus sobreviventes. O jovem morreu em seu décimo sétimo ano e foi enterrado em um dos cofres (túmulo) da igreja.

"Duas noites depois desse enterro, o pai sonhou que viu seu filho vestido com uma mortalha manchada de sangue, a expressão de seu semblante sendo a de uma pessoa que sofria algum paroxismo de dor aguda: " Pai, pai! Venha e me defenda!" foram as palavras que ele ouviu distintamente, enquanto olhava para aquela aparição imponente; "Eles não vão me deixar descansar em meu caixão."

"O venerável homem acordou com terror e tremor; mas depois de um breve intervalo de reflexão dolorosa concluiu que estava trabalhando sob a influência de seus tristes pensamentos do dia e da depressão dos sofrimentos passados. E com estas garantias racionais se recomendou ao Todo-Misericordioso, e dormiu de novo.

"Ele viu seu filho novamente suplicando-lhe para proteger seus restos de indignação, "Pois", disse o morto aparentemente sobrevivente, "eles estão mutilando o meu corpo neste momento." O infeliz Pai levantou-se imediatamente, sendo agora incapaz de banir a imagem temerosa de sua mente, e determinado quando o dia amanhecesse, satisfazer-se da ilusão ou da verdade da revelação transportada através desta voz aparente da sepultura.

"Em uma hora adiantada, chegou à casa do caixeiro, onde as chaves da igreja e das abóbadas eram mantidas. O secretário, depois de um atraso considerável, desceu as escadas, dizendo que era muito lamentável que ele as quisesse naquele mesmo dia, já que seu filho ao longo do caminho as tinha levado para o ferreiro para reparo. Uma das maiores das chaves foi quebrada na porta principal da abóbada, tornando impraticável qualquer pessoa entrar até que a fechadura tivesse sido retirada e reparada.

Impelido pelos piores receios, o vigário insistiu para que o caixeiro o acompanhasse até o tal ferreiro - não por uma chave senão por um pé-de-cabra, sendo sua firme determinação em entrar no cofre e ver o caixão de seu Filho sem demora.

"As lembranças do sonho se tornaram cada vez mais vivas, e o escrutínio a ser feito assumiu uma solenidade misturada com temor, que a agitação do pai tornou terrível para os agentes nesta interrupção forçada no lugar de descanso do morto. Mas as dobradiças foram rapidamente arrancadas - a barra e os ferrolhos foram batidos dentro e dobrados sob o martelo pesado do ferreiro, - e por fim com mãos cambaleantes e estendidas, o pai enlouquecido tropeçou e caiu:

O caixão de seu filho tinha sido levantado do recesso no lado da abóbada e depositado no chão de tijolo; a tampa, solta de cada parafuso, estendia-se em cima, e o corpo, envolto em seu sudário, sobre o qual havia várias manchas escuras sob o queixo, estava exposto à vista; a cabeça tinha sido levantada, a tira larga tinha sido removida de debaixo da mandíbula, que agora pendia com o horror mais horrível de expressão, como se para dizer com mais terrífica certeza a verdade da visão da noite anterior. Todos os dentes do cadáver tinham sido arrancados!

"O jovem tinha ao viver um belo conjunto de dentes brancos. O filho do caixeiro, que era um barbeiro e dentista, tinha se apoderado das chaves, e eventualmente dos dentes, para o emprego rentável de tão excelente conjunto em sua linha de negócios. Os sentimentos do Rev. Sr. Perring podem ser facilmente concebidos. O acontecimento afetou sua mente pelo restante de sua existência.

Mas o que aconteceu com o delinquente, cuja mão sacrílega havia assim explodido o túmulo, nunca mais foi corretamente verificado. Ele fugiu no mesmo dia, e era suposto ter se alistado como um soldado. O caixeiro foi ignominiosamente transferido, e não sobreviveu a essa experiência. Alguns anos depois, sua casa foi derrubada para dar espaço para melhorias extensivas e novos edifícios na aldeia.

"Quanto à ocorrência em si, poucas pessoas foram informadas disto. Como o vigário - evitando a conversa pública e a excitação sobre o assunto de qualquer membro de sua família - exerceu-se em esconder as circunstâncias tanto quanto possível. Os fatos acima, no entanto, podem ser estritamente invocados como precisos."

(Vislumbres do Sobrenatural, Frederick George Lee, 1875)

Enquanto o principal objetivo dos ladrões de cadáveres eram cadáveres para o mercado de anatomistas, os dentes também eram mercadorias valiosas. As próteses eram frequentemente feitas a partir de pérolas brancas, também conhecidos hoje como "Dentes Waterloo", após a extração de dentes por atacado que ocorreu depois dessa batalha. Este artigo relata a história da prática, que não começou com Waterloo, e sugere que muitas pessoas não percebiam a fonte de seus dentes postiços.


sábado, 21 de maio de 2016

Immanuel Velikovsky e suas Teorias


Os gregos, assim como os carianos e outros povos do litoral do mar Egeu, contavam sobre uma época em que o Sol desviara-se de seu curso e desaparecera por um dia inteiro … A perturbação no movimento do Sol durou um dia, durante o qual ele não apareceu hora nenhuma. Ovídio continua: "Se formos acreditar nos registros, um dia inteiro se passou sem sol. Só que o mundo ardente continuou a brilhar."

Definição: Velikovsky declarou que as antigas histórias mitológicas eram relatos metafóricos de eventos cosmológicos reais.

O que os crentes dizem: O trabalho de Velikovsky é legítimo; ele abriu novos caminhos, mas foi injustamente criticado pela comunidade científica.

O que os céticos dizem: O trabalho de Velikovsky não tem embasamento científico e nada mais é do que especulação fantasiosa sem nenhuma evidência que lhe dê suporte. Seus seguidores são bajuladores mal informados.

Qualidade das provas existentes: Fraca.

Probabilidade de o fenômeno ser autêntico: Nenhuma.

Parece uma trama ruim de um filme de ficção científica.

Há 3.500 anos, parte de Júpiter desprendeu-se do planeta e saiu voando pelo espaço como um cometa gigantesco. Esse cometa atravessou nosso sistema solar esbarrando nos planetas, tirando-os de suas órbitas, fazendo-os adquirir novas rotações, e passou perto o suficiente da Terra, a ponto de nos envolver em sua cauda gasosa. A poeira da cauda do cometa Vênus provocou incêndios e pragas na Terra, e, por fim, sua gravidade fez com que nosso planeta parasse de girar sobre o próprio eixo e só recomeçasse tempos depois. Como se pode esperar de um evento cosmológico tão devastador, a Terra vivenciou maremotos, terremotos, erupções vulcânicas e cataclismos geológicos, incluindo o naufrágio da Atlântida e a implosão de gigantescas montanhas. Além disso, em sua trajetória, o cometa Vênus também tirou Marte de sua órbita, fazendo com que ele quase colidisse com a Terra diversas vezes. Esses eventos galácticos inacreditáveis fizeram o Sol desaparecer e os dias e noites durarem muito mais do que o normal.

O cometa Vênus então se solidificou, transformando-se num orbe planetário, passou pela Terra e fixou sua órbita onde hoje se encontra o segundo planeta do sistema solar.

No entanto, nada disso foi retirado de um romance ou filme de ficção científica. Esse relato sobre a formação de nosso sistema solar foi apresentado como fato científico por Immanuel Velikovsky, exceto que os argumentos de sustentação dessa teoria bizarra são qualquer coisa, menos científicos. Velikovsky utilizou lendas antigas, mitos e a tradição escrita para chegar a conclusões que literalmente chocaram o mundo e criaram enormes controvérsias no universo científico.

Segundo a teoria geológica do catastrofismo, grandes alterações na crosta terrestre decorrem de catástrofes súbitas — terremotos, erupções vulcânicas, deslocamento das placas tectônicas etc. —, e não de mudanças e processos evolucionários graduais. Essa teoria foi apresentada originalmente no século XVIII pelo barão Georges Cuvier, um naturalista francês, mas, por volta do século XIX, foi descartada por muitos em prol da crença nos processos lentos e progressivos como os responsáveis pelas principais alterações geológicas na Terra.

Immanuel Velikovsky (1895-1979), médico, psicanalista e astrônomo nascido na Rússia, ressuscitou o catastrofismo em 1950 ao publicar seu primeiro livro, "Worlds in Collision". Ele aplicou a teoria ao Cosmo, especificamente aos eventos que resultaram na formação de nosso sistema solar tal como o conhecemos hoje.

Em seu best-seller, Velikovsky diz que o planeta Vênus não existia até 1500 a.C. e que originalmente ele fora um cometa que se desprendera do planeta Júpiter.

Velikovsky estudou escritos muito antigos, inclusive o Velho Testamento e os mitos da China, Índia, Grécia e Roma, e chegou a conclusões científicas interpretando os eventos descritos nessas lendas e mitos como ambiciosas tentativas dos antigos em descrever eventos cosmológicos reais.

Por exemplo, a mitologia grega conta a história de Atena, a deusa da sabedoria e da guerra, que saiu já adulta da cabeça de Zeus, o soberano dos céus. Velikovsky chegou à dúbia conclusão de que Atena era o planeta Vênus, Zeus, o planeta Júpiter, e a lenda, uma metáfora usada pelos antigos gregos para descrever o cometa que se desprende de Júpiter e acaba fixando sua órbita como Vênus.

Robert Todd Carroll, ao escrever seu "Dicionário do cético", resume o problema das teorias rebeldes do russo:

"A essência da irracionalidade de Velikovsky está no fato de que ele não oferece nenhuma prova científica para suas alegações mais absurdas. Elas se baseiam na hipótese de que a mitologia descreve fatos cosmológicos. Em geral, ele não oferece evidência alguma que sustente sua teoria além de argumentos engenhosos oriundos de uma mitologia comparada. Sem dúvida, o cenário pintado é logicamente possível, no sentido de que não apresenta contradições. Para ser cientificamente plausível, porém, a teoria de Velikovsky precisa apresentar alguma razão convincente para que a aceitemos, além do fato de que ela ajuda a explicar alguns dos eventos descritos na Bíblia, ou por associar as lendas maias às egípcias."

A comunidade científica não respondeu muito bem à publicação de "Worlds in Collision".

O livro foi publicado originalmente pela Macmillan, uma editora com uma divisão de livros didáticos. Muitos dos autores de livros didáticos e editores da Macmillan boicotaram a empresa depois da publicação do livro de Velikovsky, recusando-se a trabalhar com livros didáticos até que ela rejeitasse o cientista. A editora voltou atrás e cedeu o contrato de Velikovsky à Doubleday, a qual não tinha uma seção de livros didáticos.

Teorias e ideias controversas são lugar-comum na arena científica, e as de Velikovsky poderiam ser fácil e calmamente descartadas pelos especialistas do campo, exceto por um detalhe inesperado: o grande sucesso de seus livros. Com "Worlds in Collision" ocupando o primeiro lugar na lista de mais vendidos do mundo, ele não podia ser tão facilmente descartado. Suas teorias ainda são objeto de debate, e mesmo seus mais ferrenhos opositores admitem, irritados, que ele acertou em algumas coisas, inclusive no fato de Júpiter emitir ondas de rádio, de as rochas lunares serem magnéticas e de Vênus girar sobre o próprio eixo em sentido contrário.

Um grande amigo meu visitou Velikovsky em sua casa em 1979, o ano da morte do cientista russo. Meu amigo se lembra de que o estudioso, então com 84 anos, era um homem quieto, quase taciturno, um intelectual diligente que parecia estar fazendo um inventário de sua vida e obra, um desafiador das convenções que mantinha uma profunda fé e confiança em suas crenças. Talvez as décadas de zombaria estivessem cobrando o preço de Velikovsky no ocaso de sua vida. "Não me lembro de tê-lo visto sorrir nem uma única vez durante minha visita", disse meu amigo. 


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

quinta-feira, 12 de maio de 2016

13 Curiosidades sobre Sexta-Feira 13


Sexta-feira 13 é um dia de azar, um dia para não sair de casa e não tomar decisões importantes. As lendas e fama de mau agouro desta data acompanham as pessoas supersticiosas há séculos. Não se sabe ao certo o porquê da maldição deste dia, mas existem muitas histórias cercando a data e você pode conferir algumas abaixo:

1) Se você tem medo desta data, prepare-se. Nos próximos 15 anos teremos 32 sextas-feiras 13.

2) Para os cristãos o número 13 é amaldiçoado por este ser o número de pessoas na última ceia de Cristo e o 13º apóstolo (Judas) ter sido o traidor. O escritor Mark Twain foi também o 13º convidado de um banquete e quando abordado se isso lhe trouxe mau agouro, simplesmente respondeu: "sim, porque só haviam 12 pratos de comida".

3) Para os romanos o número 13 significava morte, destruição e azar. Para a mitologia nórdica, em um banquete com 12 convidados, o deus Loki surgiu sem ser convidado e acabou causando a morte de Balder, e o número ganhou sua má fama.

4) Ainda nos nórdicos, a sexta-feira foi batizada em louvor à deusa do amor e da beleza Frigga (daí as palavras friggadag e por consequência friday em inglês). Com a conversão deste países ao cristianismo, a deusa foi transformado pelos padres em bruxa e a lenda que se espalhou é que por vingança ela se reunia com outras 11 feiticeiras e o demônio, logo 13 à mesa, em seu dia.

5) Na numerologia, o número 12 representa algo completo (12 meses no ano, 12 apóstolos de Cristo, 12 deuses do Olimpo, 12 tribos de Israel, 12 horas no relógio), enquanto o 13 é uma transgressão a essa plenitude.

6) A sexta-feira é considerada maldita desde o século 14 com a obra "Os Contos de Canterbury". Já a sexta-feira negra foi como o crash da bolsa de New York em 1929 ficou conhecido.

7) O medo da sexta-feira 13 se chama paraskevidekatriafobia, que se origina do grego Paraskeví (sexta-feira) e dekatreís (13).

8) Foi em uma sexta-feira, 13 de dezembro de 1968, que o governo militar decretou o AI-5 e trouxe azar para muita gente.

9) A Apollo 13 foi lançada às 13h 13 min, numa data cuja soma é 13 (11/04/70) e o acidente ocorreu em 13 de abril. Acontece que a tripulação teve a sorte de voltar viva para a Terra.

10) Fidel Castro nasceu numa sexta-feira 13 de agosto de 1926 e está aí até hoje dando dor de cabeça aos americanos. O famoso bandido Butch Cassidy nasceu num 13 de abril de 1866 e virou filme.

11) Nos Estados Unidos muitos hospitais e hotéis não possuem o 13º andar e algumas companhias aéreas não têm a 13ª fileira. Já na França, quando existem 13 pessoas a uma mesa, elas podem contratar um 14ª convidado profissional.

12) Segundo matéria da revista National Geographic de 2004, nos Estados Unidos cerca de 900 milhões de dólares são perdidos nas sextas-feiras 13, justamente devido às pessoas que se recusam a fazer qualquer tipo de negócio nesta data.

13) Número de mortes na série de filmes Sexta-feira 13 : 192. Veja abaixo:

Sexta-Feira 13: 9; Sexta-Feira 13 parte 2: 10; Sexta-Feira 13 parte 3: 12; Sexta-Feira 13 - O Capítulo final: 14; Sexta-Feira 13 parte V - O Novo Começo: 22; Sexta-Feira 13 parte VI - Jason Vive: 18; Sexta-Feira 13 parte VII - 15; Sexta-Feira 13 parte VIII - Jason em Manhattan: 17; Sexta-Feira 13 parte IX - Jason vai para o Inferno: 21; Jason X: 21; Freddy vs Jason: 19; Sexta-Feira 13 (2009): 14.


Terra

domingo, 1 de maio de 2016

O Grande Incêndio de Londres

'The Fire of London, September 1666' © National Maritime Museum, London

O grande incêndio de Londres foi uma das maiores catástrofes da capital inglesa, tendo destruído as partes centrais da cidade de 2 de setembro a 5 de setembro de 1666. O incêndio ameaçou destruir o distrito de Westminster, o Palácio de Whitehall e alguns subúrbios, mas não chegou a destruí-los. Destruiu 13.200 casas, 87 igrejas, a Catedral de St. Paul e 44 prédios públicos. 

Entretanto, acredita-se que poucas pessoas morreram. Os registros da época computaram um total de 100 mil desabrigados e nove óbitos. Mas pesquisas atuais afirmam que milhares de pessoas podem ter morrido, já que pessoas mais pobres e da classe média não eram mantidas nos registros.

O fogo começou na padaria de Thomas Farriner (ou Farynor) em Pudding Lane e logo se espalhou. A propagação das chamas foi favorecida pela estrutura medieval da cidade: ruas estreitas e casas de madeira muito próximas umas das outras.

A técnica contra incêndios da época (derrubar construções e assim impedir o espalhamento do fogo) foi atrasada por decisão do Lord Mayor de Londres, Sir Thomas Bloodworth, que subestimou o potencial das chamas. Quando as demolições foram autorizadas, uma tempestade de fogo impediu que fossem feitas. No dia 3 de setembro o fogo se dirigiu à zona norte, rumo ao coração da cidade. No dia 4, destruiu a Catedral de St. Paul. Uma ação contra o incêndio foi mobilizada. Finalmente o fogo foi controlado.

Além do prejuízo estimado em 10 milhões de libras, vários problemas sociais eclodiram. O rei Carlos II temia uma rebelião em Londres e ordenou a reconstrução da cidade. Apesar de críticas, a cidade não foi modernizada, mas reconstruída nos moldes e estilos medievais.

O arquiteto Cristopher Wren liderou os muitos arquitetos que participaram da reconstrução, que deu origem à área conhecida como City of London, hoje um distrito financeiro. A Catedral de São Paulo (século XII) foi completamente destruída. A edificação atual foi desenhada por arquiteto Cristopher Wren. A única parte restante do prédio antigo é um memorial ao poeta John Donne.

A ponte de Londres, parcialmente consumida pelo primeiro incêndio (1663), foi consumida pelas chamas. A biblioteca de teologia do Sion College teve um terço de seus livros queimados. O centro administrativo (Guildhall) - onde ocorriam julgamentos desde o século XIV foi seriamente danificado.

Finalmente, no 5º dia o Duque de York consegue deter o fogo no Temple, a célebre construção que, durante a Idade Média, abrigou a Ordem dos Cavaleiros Templários.


Fonte: Wikipédia - Referência: Londres em chamas, Revista História Viva, nº 38, páginas 22 e 23, dezembro de 2006.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Erupções Vulcânicas e a Idade das Trevas


Para quem adora o inverno, já imaginaram viver em uma época de 10 anos de puro frio? Cerca de 1500 anos atrás, os continentes Ásia e Europa vivenciaram uma verdadeira reviravolta. Naquela década, foram também tempos de grande fome, peste e a guerra – provavelmente relacionadas pela escassez de colheitas e de terras férteis, o que deixou a população extremamente impaciente e revoltada.

Duas erupções vulcânicas seguidas ocorridas em meados do século VI escureceram os céus da Europa durante mais de um ano e podem ter contribuído para esfriar o clima, em um período conhecido como os anos das trevas, revela um estudo apresentado nessa sexta-feira, em Viena.

Segundo Matthew Toohey, diretor do trabalho realizado pelo Instituto Oceanográfico alemão Geomar, com sede em Kiel, qualquer das duas erupções poderia ter gerado um resfriamento significativo da superfície da Terra. Os dois eventos, ocorridos nos anos 536 e 540, "foram provavelmente as erupções vulcânicas mais fortes a afetar o hemisfério norte nos últimos 1.500 anos", disse Toohey à AFP durante uma reunião da União Europeia de Geociências.

Os efeitos combinados das duas erupções baixaram em dois graus a temperatura, o que produziu a década mais fria em dois mil anos. A baixa luminosidade provocada pelas partículas suspensas na estratosfera deve ter produzido impactos devastadores sobre a agricultura, desencadeando fome na Europa e nas zonas adjacentes.

A primeira praga pandêmica no continente ocorreu um ano após a segunda erupção, mas não é possível relacionar o inverno vulcânico à expansão da doença, afirmam Toohey e seus colegas do estudo publicado na revista Climatic Change.

Estes dois fenômenos coincidem com um pivô histórico entre o fim da Antiguidade e o início da Idade Média, um período conhecido historicamente como os anos das trevas.

O estudo tem um enfoque polêmico, já que combina ciências físicas com arqueologia e história, em uma pesquisa interdisciplinar pouco comum.

Muitos relatos, como o do historiador bizantino Procopio de Cesarea, que viveu em Roma, descrevem uma "nuvem misteriosa" que cobriu os céus no ano 536. "O Sol emitiu uma luz sem brilho, como a da Lua, durante todo o ano", escreveu o historiador.

Os registros históricos fazem menção a uma fome devastadora nos anos seguintes e ao colapso de várias estruturas sociais na Europa.

Na China, os historiadores também registraram um fenômeno climático após o qual ocorreram perdas de safras e fome.

Até recentemente, os pesquisadores não haviam obtido evidências de que a redução da luz solar era resultado de duas erupções vulcânicas, mas a análise de camadas de gelo nos polos esclareceu várias dúvidas. As camadas de gelo na Groenlândia e na Antártida guardam partículas da atmosfera do passado, o que permite datar as erupções e situá-las, neste caso uma no hemisfério norte e outra nos trópicos.

Por coincidência, outra equipe de cientistas, dirigida por Kees Nooren, da Universidade de Utrecht, na Holanda, apresentou em Viena um estudo que revela que o vulcão Chichonal no México registrou uma erupção no ano 540. O fenômeno ocorreu no auge da civilização Maia e marcou seu declive.

Para Nooren, as análises das camadas de cinzas coincidem com as amostras das camadas de gelo.

As amostras sugerem que o ano 536 foi o mais frio em dois mil anos, e foi seguido pela década mais fria registrada neste período.


Por Marlowe Hood / AFP

quinta-feira, 31 de março de 2016

Mensagens de Trás Para a Frente e Discurso Reverso



Number nine, number nine, number nine …
— Revolution 9, White Álbum

Definição: Há dois elementos no discurso de trás para a frente: o backmasking e o discurso reverso. Discurso reverso é uma forma genuína de comunicação recentemente descoberta e que, quando totalmente compreendida, será uma valiosa ferramenta em todos os esforços humanos. Backmasking é a inserção deliberada de mensagens em gravações que só podem ser escutadas se tocadas de trás para a frente.

Discurso reverso consiste em palavras ouvidas quando uma conversa humana normal é invertida; a teoria do discurso reverso diz que o discurso humano tem dois níveis e que nosso subconsciente insere mensagens no discurso que só podem ser escutadas de trás para a frente.

O que os crentes dizem: Durante anos, mensagens de trás para a frente foram plantadas em gravações numa tentativa de controlar a mente dos jovens.

O que os céticos dizem: Com raras exceções, quase todas as supostas mensagens de trás para a frente nas gravações simplesmente não estão lá. É normal que se reconheça palavras quando frases são ditas ao contrário. Todas as interpretações dessas mensagens de trás para a frente estão no olho (desculpe, no ouvido) do observador / ouvinte. O discurso reverso não tem base científica, tampouco há qualquer evidência neurológica de que o cérebro humano insira mensagens de trás para a frente num discurso normal.

Qualidade das provas existentes: Backmasking: Fraca; Discurso reverso: Moderada.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Backmasking: Nenhuma; Discurso reverso: Moderada.

Backmasking

Backmasking é a inserção deliberada de palavras e frases em gravações de áudio que só podem ser escutadas se reproduzidas de trás para a frente.

Os fundamentalistas que criticam com frequência o "maligno rock-and-roll" falam de músicas de rock com mensagens satânicas de trás para a frente como prova de que ela é oriunda do demo em pessoa. Enquanto há indícios de que alguns cantores de rock inserem de verdade mensagens desse tipo em seus álbuns, as alegações de que essa prática é constante são exageradas e, na maioria das vezes, infundadas.

Ao final de Goodbye Blue Sky, do álbum The Wall, de Pink Floyd, por exemplo, podemos escutar Roger Waters dizendo ao contrário: "You have just discovered the secret message". " Esse é um dos raros casos em que artistas perdem tempo (e dinheiro) para inserir uma mensagem de trás para a frente, e eles obviamente fazem isso por diversão. A maioria dos boatos sobre mensagens reversas em gravações de rock, porém, é simplesmente isso: boatos.

Mas e quanto a escutarmos "Turn me on, dead man" quando o verso "Number nine", da música Revolution 9, do White Álbum dos Beatles é tocado ao contrário? Isso só pode ter sido deliberado, certo?

Não. Ao que parece, é apenas uma coincidência fonética e não foi inserido propositalmente por John Lennon e Yoko Ono.

Não escutamos "It's fun to smoke marijuana" quando invertemos "Another One Bites the Dust", do Queen?

Segundo William Poundstone, em seu livro Big Secrets, o que realmente escutamos é "sfun to scout mare wanna".

Então, é divertido "procurar" maconha?

O exemplo do Queen, assim como o do "Number nine", é uma inversão fonética; palavras que reconhecemos por coincidência quando palavras comuns são reproduzidas de trás para a frente.

O discurso reverso, no entanto, é um caso totalmente diferente.

Discurso reverso

O que você acha disso?

Se você tocar "That's one small step for [a] man, one giant leap for mankind", "Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade", de Neil Armstrong, ao contrário, escutará: "Man will space walk", "O homem irá caminhar no espaço".

Se reproduzir de trás para a frente o comentário ao vivo feito por um repórter durante a cobertura do assassinato de John F. Kennedy, irá escutar: "He's shot bad! Hold it! Try and look up!". "Ele foi baleado! Esperem! Olhem para cima!"

Durante uma entrevista, Patsy Ramsey fala de como existem apenas duas pessoas no mundo que sabem quem matou sua filha: o assassino e a pessoa a quem ele confiou o segredo. Tocada de trás para a frente, escutamos Patsy dizer: "Eu sou esta pessoa."

Tocado ao contrário, um trecho do sermão de um evangelizador que prega na televisão (o qual deve permanecer incógnito) diz: "Meu conselho não vale nada." Será que isso tudo pode ser verdade?

Segundo David Oates, o responsável pela descoberta do fenômeno conhecido como "discurso reverso", pode.

Discurso reverso é aquilo que escutamos quando a fala normal de alguém é reproduzida ao contrário. Para Oates, o subconsciente "fala" de modo consistente através de palavras inseridas de trás para a frente em nosso discurso normal. Ao que parece, isso foge a um controle consciente e a pessoa sequer tem ciência do processo.

Aparentemente, é por isso que O. J. não sabia que, durante uma entrevista na televisão, algo que ele disse reproduzido ao contrário falava: "Eu os matei."

O discurso reverso é real? Ou se resume apenas a um poder de sugestão?

Toquei o clip de Neil Armstrong várias vezes e não escutei nada reconhecível. Após visitar o site de Oates e ler que eu devia ter escutado "Man will space walk", macacos me mordam se não foi exatamente isso o que escutei na vez seguinte em que toquei o clip! (Embora, para ser honesto, o que realmente ouvi foi "Man were spacwaw…".)

Oates afirma que o discurso reverso se processa no hemisfério direito do cérebro, enquanto a fala, no esquerdo, e que sem dúvida existe uma espécie de lógica yin/yang nessa teoria. Mas a ciência não dá respaldo às conclusões dele e não há prova empírica alguma que confirme um processamento inconsciente de informação, relevante ao que quer que a pessoa esteja dizendo, ocorrendo no lado direito do cérebro no momento exato em que o lado esquerdo está trabalhando para processar a fala.

Oates também nos diz que as crianças aprendem primeiro o discurso reverso, e só depois seu cérebro desenvolve a fala direta. Isso também vai de encontro a tudo o que sabemos sobre a forma de as crianças aprenderem a falar.

Segundo Robert Carroll, em seu Dicionário do cético, as teorias de Oates "escondem uma profunda ignorância dos conceitos fundamentais de neurociência e fisiologia. Além do mais, boa parte de sua teoria baseia-se em conceitos metafísicos que não podem ser testados, baboseiras psíquicas e jargões ininteligíveis".

Conclusão? Alguns roqueiros inserem mensagens de trás para a frente em suas gravações. Fazem isso por diversão, e não por serem servos de Satanás.

O discurso reverso é uma ideia fascinante, e algumas das coisas que escutamos quando certos depoimentos são reproduzidos ao contrário são surpreendentes, embora existam poucas — se é que há alguma — provas científicas que sustentem essas alegações. 


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004.

quarta-feira, 30 de março de 2016

O Fantasma de Hammersmith

Hammersmith atormentada por numerosos avistamentos do que parecia ser uma aparição fantasmagórica

Tarde da noite de 3 de janeiro de 1804, um pedreiro chamado Thomas Millwood deixou sua casa em Hammersmith, a oeste de Londres. Ele estava bem vestido, trajando uma roupa inteiramente branca, colete de flanela e avental também das mesmas cores, indumentária típica dos profissionais desse ofício daquela Inglaterra do início do século 19. Infelizmente para Millwood, porém, esse seu traje provocou a sua morte.

Às 22:30hs, enquanto ele andava sozinho, descendo o Black-Lion-Lane, foi confrontado e morto a tiros por um funcionário da alfândega chamado Francis Smith - encetando assim um dos casos mais estranhos, mais lembrados e mais influentes na história legal britânica.

Smith foi preso pelo assassinato, mas, no entanto, alegou legítima defesa e possuía uma boa justificativa: Millwood estava vestido com roupas brancas e, portanto, pensou que estava atirando em um fantasma.

Acredite ou não, naquele momento, isso não parecia ser uma história absurda. Durante todo o mês anterior, a área de Hammersmith havia sido atormentada por numerosos avistamentos do que parecia ser uma aparição fantasmagórica. As coisas ficaram realmente sérias quando uma mulher grávida que alegou ter sido atacada pelo fantasma, morreu dois dias depois.

Vigilantes armados começaram a procurar pelo fantasma, no qual, Francis Smith não teve culpa de fazer o que fez na noite de 3 de janeiro, quando ele atirou em Thomas Millwood.

Já que a comunidade estava tão aterrorizada com o "Fantasma de Hammersmith", as pessoas se perguntavam se Smith deveria ser responsabilizado pela morte de Millwood, mesmo assim, ele ainda foi acusado de homicídio doloso.

Millwood foi confrontado e morto a tiros por um funcionário da alfândega chamado Francis Smith

No julgamento, realmente testemunharam sobre incidentes anteriores onde a roupa branca de Millwood de fato assustou às pessoas, que o confundiram com um fantasma. O júri decidiu inicialmente que Smith só deveria ser condenado com uma acusação menor de homicídio.

No entanto, o juiz anulou o veredito e disse que eles precisavam encontrar Smith culpado de assassinato ou absolvê-lo por completo. O júri então optou por encontrá-lo culpado e ele foi condenado à morte. No entanto, logo foi concedido a Smith um perdão real que comutou a sentença para um ano de trabalhos forçados. Após este incidente, o fantasma de Hammersmith, nunca mais foi visto.


Fontes: Ghosts, witches, vampires, fairies and the law of murder; Assombrado.

domingo, 27 de março de 2016

Mãe Browrigg, Torturadora e Assassina


Elizabeth Brownrigg foi uma assassina do século XVIII. Sua vítima, Mary Clifford, era uma de suas aprendizes de lides domésticas, de apenas 14 anos, que morreu pela associação de ferimentos cumulativos e feridas infectadas, devidas a torturas diárias. Como resultado de depoimentos de testemunhas e provas médicas em seu julgamento, Elizabeth foi enforcada em Tyburn em setembro 1767.

Nascida em 1720 numa família de classe operária, Elizabeth casou-se com James Brownrigg, um encanador aprendiz, quando ainda era adolescente. Ela deu à luz dezesseis filhos, mas somente três sobreviveram à infância. Em 1765, Elizabeth, James e seu filho John mudaram-se para Flower de Luce Road em Fetter Lane, em Londres. James estava prosperando em sua carreira como encanador, e Elizabeth era uma parteira respeitada. Como resultado de seu trabalho, foi nomeada superintendente de mulheres e crianças em Saint Dunstans Parish, e a ela foi dada a custódia de várias crianças do sexo feminino como empregadas domésticas do Foundling Hospital de Londres.

Há pouca informação biográfica disponível para explicar seu comportamento subsequente. No entanto, Elizabeth Brownrigg provou ser mal adaptada à tarefa de cuidar de seus empregados domésticos e logo começou a envolver-se em abusos físicos graves, muitas vezes amarrando em vigas de madeira ou tubos, algumas jovens, já despidas, e, em seguida, as chicoteando severamente com interruptores, cabos e outros implementos por uma pequena infração de suas regras.

Mary Jones, uma dessas jovens, fugiu de sua casa e procurou refúgio no Foundling Hospital de Londres. Depois de um exame médico, os administradores desse hospital, exigiram que James Brownrigg procurasse conter essas tendências abusivas de sua esposa, sem nenhuma ação adicional.

Desdenhando essa reprimenda, Elizabeth Brownrigg abusou também gravemente de outras duas empregadas domésticas, Mary Mitchell e Mary Clifford. Como Jones antes dela, Mitchell procurou refúgio a partir do comportamento abusivo de sua empregadora, mas John Brownrigg a obrigou a voltar para Flower de Luce Road. Clifford foi confiada aos cuidados dos Brownrigg, apesar da preocupação dos administradores com comportamentos abusivos anteriores. Como resultado, os Brownrigg foram envolvidos em uma punição mais severa em relação à Mary Clifford. Ela era mantida nua, obrigada a dormir em uma esteira dentro de um buraco cheio de carvão, e alimentada apenas a pão e água. Elizabeth Brownrigg repetidamente a deixava acorrentada numa viga do telhado de sua cozinha.

Até junho de 1767, Mitchell e Clifford estavam sofrendo pela infecção de suas feridas não tratadas, e ataques repetidos da bruxa Brownrigg que não lhes dava tempo para curar. No entanto, os vizinhos dos Brownrigg estavam começando a suspeitar que algo errado estava acontecendo dentro daquela casa, e pediram para o Foundling Hospital que investigasse o local. Como resultado, Elizabeth Brownrigg liberou a garota Mary Mitchell, no entanto, o Foundling Hospital Inspector Grundy, em seguida, exigiu saber onde Mary Clifford estava, e tentaram levar James Brownrigg detido. Mas o casal, Elizabeth e John Brownrigg, mais o filho, fugiram.

Em Wandsworth, foram reconhecidos e presos. O trio foi julgado no Old Bailey, em agosto de 1767.

Por esta altura, Mary Clifford tinha sucumbido aos seus ferimentos infectados, e Elizabeth Brownrigg foi acusada de assassinato. No julgamento, Mary Mitchell testemunhou contra sua antiga empregadora, como fez Grundy, um aprendiz de James Brownrigg. A evidência médica e os resultados da autópsia indicaram que repetidas agressões e negligência dos ferimentos de Clifford por parte de Elizabeth Brownrigg, tinham contribuído para a morte dessa criança, uma jovem de apenas 14 anos de idade. Elizabeth Brownrigg foi condenado à forca em Tyburn.

Multidões a condenavam a caminho de sua execução, e até mesmo, sessenta anos mais tarde, o periódico "Newgate Calendar" prestou testemunho com a manchetes e gravuras sobre os crimes de Elizabeth Brownrigg na georgiana e vitoriana Inglaterra.


Fonte: Murderpedia.

Assassinato no Celeiro Vermelho


O Assassinato no Celeiro Vermelho foi uma infame morte ocorrida em Polstead, Condado de Suffolk, na Inglaterra, em 18 de maio 1827. O caso teve início quando uma jovem mulher chamada Maria Marten teve um filho ilegítimo com William Corder.

Corder era filho de um fazendeiro local, e tinha uma reputação como fraudador e mulherengo. Ele era conhecido como "Foxey" na escola por causa de sua forma dissimulada. Ele tinha vendido de forma fraudulenta porcos de seu pai, e, embora seu pai tivesse resolvido a questão sem envolver a lei, Corder não mudava seu comportamento.

Embora Corder desejasse manter seu relacionamento com Marten em segredo, ela deu luz a seu filho em 1827, com a idade de 25 anos, e estava aparentemente interessada que ela e Corder deveriam se casar. A criança morreu (relatórios posteriores sugeriram que ele pode ter sido assassinado), mas Corder, aparentemente, ainda pretendia se casar com Marten.

Naquele verão, na presença da madrasta de Maria, Ann Marten, ele sugeriu que ela deveria encontrá-lo no celeiro vermelho, numa rua afastada, de onde eles poderiam fugir para Ipswich. Corder alegou que tinha ouvido rumores de que os agentes paroquiais estavam indo para processar Maria por ter filhos bastardos.

No encontro, porém, quando Corder avistou a mulher, atirou nela e enterrou seu corpo dentro do celeiro, fugindo do local. Embora ele tenha enviada cartas para a família de Maria, alegando que ela estava bem de saúde, o cadáver foi descoberto mais tarde, após a madrasta da própria ter tido sonhos a respeito dela ter sido morta e enterrada em um lugar pintado de vermelho.

Ela convenceu o marido a ir para o celeiro vermelho e cavar em um dos silos de armazenamento de grãos. Ele rapidamente descobriu os restos de sua filha enterrados em um saco. Ela estava em decomposição, mas ainda identificável.

Corder foi localizado em Londres, onde ele havia se casado e iniciado uma nova vida. Ele foi trazido de volta para Suffolk, e, depois de um julgamento bem divulgado, considerado culpado de assassinato e sentenciado à forca e dissecação. Ele foi enforcado em Bury St. Edmunds, em 1828; uma enorme multidão testemunhou a execução de Corder.

A história provocou inúmeros artigos em jornais e músicas e peças teatrais. A aldeia onde o crime havia ocorrido tornou-se uma atração turística e o celeiro foi destruído por caçadores de souvenirs. As peças de teatro e baladas permaneceram populares ao longo do século seguinte e continuam a ser realizadas até hoje.

Após a execução, seu corpo foi dissecado e examinado por profissionais de medicina que buscavam a comprovação de que o homem tinha um gêmeo maligno em seu interior (uma crença comum na época). O esqueleto dele se tornou ferramenta no Hospital de West Suffolk. Sua pele foi curada pelo cirurgião George Creed e usada para encapar os textos que formaram o Processo Legal do infame assassinato. No verso da capa, o médico escreveu:

"A capa desse livro foi feita com a pele do assassino William Corder retirado de seu corpo e curada por mim mesmo no ano de 1828. George Creed cirurgião do Hospital Suffolk."

Até 2004, o esqueleto de Corder estava em exposição no Museu Hunterian no Royal College of Surgeons da Inglaterra, onde ficava pendurado ao lado daquele de Jonathan Wild. Em resposta aos pedidos de familiares sobreviventes, os ossos de Corder foram retirados do local e cremados.


Fonte: Murderpedia.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Ladrões de Cadáveres - II

Roubo de sepultura em andamento ...

A fim de compreender a anatomia humana, estudantes de medicina devem ter acesso a cadáveres. Hoje isso é verdade, e era quando o Dr. McDowell começou a ensinar anatomia. Atualmente os estudantes de medicina têm acesso a cadáveres para dissecação - milhares de pessoas deixam seus corpos para a ciência cada ano. No século 18, bem, nem tanto.

O consenso geral do público, naquela época, era que os estudantes de medicina não deviam dissecar cadáveres humanos. Era considerado falta de respeito, beirando a blasfêmia. Mais tarde, depois de alguns anos, as escolas de anatomia obtiveram permissão para usar os corpos dos assassinos enforcados, ou cadáveres não reclamados. Mas não era suficiente. As escolas foram forçadas a recorrer a ladrões de corpos.

Dr. McDowell
Dr. Joseph Nash McDowell (01/04/1805 - 18/09/1868) foi um médico e um cirurgião altamente qualificado. Ele lecionava anatomia humana em uma faculdade de medicina localizada na 8th Street e Gratiot, próximo de Chouteau Pond, em St. Louis, Missouri. O lugar tinha má reputação. Histórias de arrepiar os cabelos e estranhas experiências médicas estavam ligados à faculdade, e diretamente ao Dr. McDowell. Multidões enfurecidas invadiram essa faculdade em duas ocasiões distintas.

McDowell teve uma reputação como ladrão de túmulos, e foi bem merecida. Considerando que alguns professores de anatomia enviavam seus alunos para fora do cemitério para fazer o trabalho sujo, McDowell levava os seus para dentro, tarde da noite, em expedições de remoção ilegal de cadáveres (Body Snatching). Uma tarefa perigosa, porque roubar corpos era (e é) completamente ilegal.

"Resurrection's Men" (homens-ressurreição), ladrões profissionais.

Mas nem todos os médicos eram tão corajosos assim. Alguns usavam os serviços de "Resurrection's Men" (homens-ressurreição), ladrões profissionais que atendiam a necessidade das escolas médicas para cadáveres. Essa terceirização nem sempre foi bem-sucedida.

Em 1828, Edimburgo, Escócia, um médico chamado Robert Knox combinou a compra de alguns cadáveres com um par de imigrantes irlandeses chamados William Burke e William Hare. Como se constata, Burke e Hare não foram desenterrar cadáveres, eles os estavam criando. Ao longo de cerca de dez meses, eles estrangularam 16 pessoas, e venderem seus corpos para Dr. Knox.

Gaiolas de ferro para caixão chamadas "mortsafes".

Tanto nos Estados Unidos e na Europa, as pessoas estavam bastante preocupadas com a possibilidade de seus entes queridos a serem roubados de suas sepulturas. Uma indústria de dispositivos de proteção cemitério surgiu. Eles variaram de uma laje pesada de pedra a ser colocada em cima do caixão, para gaiolas de ferro para caixão chamadas "mortsafes", para armadilhas com armas no cemitério e até mesmo bombas.

No século 20, os governos começaram a entender a importância de disponibilizar cadáveres para estudantes de medicina, e as diretrizes foram relaxadas. O sequestro de corpos é quase extinto agora, com a exceção estranha e ocasional de criminosos que roubam corpos na esperança de conseguir dinheiro do resgate de seus entes queridos.


Fonte: Mad Doctor McDowell

Ladrões de Cadáveres - I

Body Snatchers desenterrando um cadáver recém-enterrado (The Independent, EUA, séc. 19)

Antes da promulgação da Lei da Anatomia em 1832, os únicos cadáveres que se podiam usar para fins de estudo anatômico no Reino Unido eram os dos condenados a morte e dissecação pelos tribunais, ocasionando, assim, falta desse material para as escolas de medicina e anatomia.

No século XIX somente 55 pessoas foram condenadas a forca por ano, enquanto as escolas precisavam de pelos menos 500 corpos. Então, se recorreu aos ladrões de túmulos e assassinos de indigentes, para a obtenção de cadáveres, viabilizando o estudo de órgãos e tecidos por acadêmicos de medicina.

Roubar cadáveres era um delito menor, punível somente com multas e detenção. A venda de corpos era um negócio muito lucrativo e os infratores assumiam o risco de uma detenção, especialmente quando as autoridades fechavam os olhos, ao considerar que se tratava de um mal necessário.

Essa prática ficou tão comum nessa época, que não era raro parentes e irmãos de um recém falecido ficassem vigiando o corpo até o enterro, e que depois disso vigiassem também a tumba para evitar que a mesma não fosse violada. Os ataúdes de ferro começaram a ser usados com frequência, assim como uma armação de barras de ferro chamada de "mortsafe", se encontrando algumas bem conservadas na igreja de Geryfriars (Edimburgo).

Nos Países Baixos os hospícios costumavam receber uma pequena parte das multas que as empresas funerárias pagavam por infringir as leis sobre enterros e revender os corpos (normalmente daqueles que não tinham parentes) aos médicos.

Um método utilizado pelos ladrões de cadáveres ou "Body Snatchers", era cavar na frente de um túmulo novo, usando uma pá de madeira (mais silenciosa do que a de metal). Quando chegavam ao caixão (em Londres as sepulturas eram superficiais), o quebravam e amarravam uma corda no defunto e o puxavam. Tinham o cuidado de não se apossarem de joias ou roupas, para não transformar o pequeno delito em crime grave (essa última parte, no mínimo, curiosa ou difícil de se crer).

O "The Lancet", revista médica britânica, relatou um outro método: retirava-se uma parte do gramado que ficava a uns cinco ou seis metros da tumba, onde era escavado um túnel até o caixão, de onde o cadáver era removido. A vantagem desse método, era que os parentes que vigiavam as tumbas, não notavam nada de anormal. O artigo da revista sugere que o número de caixões vazios descobertos "prova além de qualquer dúvida de que, neste momento, o roubo de corpos era frequente."

Nos Estados Unidos, no final de 1800, a maioria das pessoas não estavam abertas à ideia de doar seus corpos para a ciência, e assim (como na Europa) era muito difícil para as escolas de medicina dessa época adquirir cadáveres frescos para os alunos dissecá-los e estudá-los.

Assim, toda uma indústria subterrânea foi desenvolvida na Costa Leste americana - uma indústria dedicada a roubar cadáveres e vendê-los para escolas médicas. Eram os "Body Snatchers", ou "Ressurreicionistas", como eles chamavam a si mesmos, que como abutres, rondavam os cemitérios à procura de escavações frescas e subornando agentes funerários para facilitar o roubo dos cadáveres.

Eles até entravam em asilos e se faziam passar por parentes de idosos que lá faleciam, para que pudessem reivindicar seus corpos.


Fontes: offbeat OREGON; Wikipédia; Bailey, J. B. (1896). The diary of a resurrectionist, 1811-1812. Londres: S. Sonnenschein & co.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Em Águas Profundas


As pessoas que visitam o Museu Topkapi, em Istambul, Turquia, são informadas das crueldades e dos perigos da época em que o Topkapi, construído no alto de um penhasco sobre o Bósforo, era o palácio imperial do sultanato turco. 

Os sultões da Turquia, como os imperadores romanos, exerciam poder de vida e morte sobre seus súditos. Uma das lendas mais desalentadoras a respeito desse arbítrio refere-se ao que acontecia às concubinas imperiais que, infiéis ou insolentes, desagradavam o sultão.

"Abdul, o Maldito", foi governante especialmente notório. Suas infelizes concubinas eram colocadas vivas dentro de um saco cheio de pedras e atiradas nas águas do Bósforo. Contudo, elas não desapareceram totalmente. Anos mais tarde, mergulhadores que trabalhavam em águas profundas nas proximidades do palácio encontraram esses sacos em pé, no fundo do mar, balançando de um lado para outro, como se estivessem vivos, nas frias águas da corrente.

Em 1957, um episódio submarino ainda mais assustador foi vivido por mergulhadores da Tchecoslováquia, no local chamado Lago do Diabo. Os mergulhadores estavam à procura do corpo de um jovem que, presumivelmente, teria morrido afogado quando trafegava com seu barco no lago.

O que eles encontraram, no entanto, em águas profundas, não foi um cadáver mas vários, e nem todos eram seres humanos. Havia soldados vestidos com uniformes de combate, alguns sentados em caminhões ou em carretas de munições, e muitos dos cavalos ainda em pé, com arreios.

Homens, veículos e animais era tudo o que restava de uma unidade da artilharia alemã que, atravessando o gelo durante a retirada germânica na Segunda Guerra Mundial, afundara devido à ruptura da camada de gelo, provavelmente sob bombardeio, e acabara no fundo do lago. As águas extremamente frias e profundas os preservaram por doze anos, em posição e prontos para o combate - porém mortos.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

terça-feira, 1 de março de 2016

A Lenda do Macaco de Hartlepool


Durante as Guerras Napoleônicas os franceses foram, por razões óbvias, persona non grata na Grã-Bretanha. Na verdade, era tal a preocupação com infiltrados franceses e espiões que forneceram a base para a lenda do macaco Hartlepool.

Em algum momento, no início do século 19, um navio de guerra francês supostamente naufragou ao largo da costa de Hartlepool no nordeste da Inglaterra. O único sobrevivente foi um macaco, vestido com um uniforme militar francês, aparentemente com o propósito de entreter a tripulação condenada.

Como nunca tinham visto um francês, os moradores de Hartlepool assumiram que tinham apreendido um, e realizaram um teste para ele no centro da cidade. Sem surpresa, o macaco não foi capaz de responder às perguntas e foi devidamente condenado à morte por enforcamento.

Há também uma outra versão mais sinistra da lenda que afirma que o sobrevivente do naufrágio não poderia ter sido um macaco, mas sim um menino francês empregado como parte da tripulação do navio, afinal de contas, o termo "powder monkey" era comumente usado naqueles tempos para as crianças empregadas em navios de guerra para preparar o canhão com pólvora (powder).


Fonte: The Oddment Emporium - A Cornucopia of Eclectic Delights.

Barnabé Cabard, o Barbeiro Assassino


A história de Barnabé Cabard e Pierre Miquelon, respectivamente barbeiro e padeiro, ambientada na Paris do século 15, inspirou vários autores, surgindo assim o mito sobre "Sweeney Todd, o barbeiro louco da Rua Fleet". O que vão ler a seguir, foi baseado nas informações contidas em uma declaração (pliego de cordel) de 32 páginas do ano de 1877, que pode ser encontrada em formato digital na Biblioteca Digital da Junta de Castilla y Leon (BDCYL). O documento em questão é intitulado “El pastelero de carne humana y el barbero asesino: causa célebre”. Isso nos coloca em 1415, e a modo do relato nos oferece o que poderia ser a origem mais plausível da lenda de Sweeney Todd.

Os acontecimentos se situam em Paris, em 1415. Por essa altura, no Mont Saint-Hilaire, vivia e trabalhava o renomado barbeiro Barnabé Cabard, um homem bem-sucedido. Naquela época tanto nobres como plebeus o procuravam, sempre dispostos a pagar um bom preço por seus excelentes serviços. Como se isso não fosse suficiente, o estabelecimento de Cabard tinha um chamariz peculiar: Marguerite, filha do barbeiro, que era irresistível para qualquer homem que a olhasse. E a menina frágil, de tez pálida e feições tristes, despertava na clientela de Cabard um sentimento de proteção e tal amor, que não foram poucos os homens que tinham solicitado a mão dessa donzela.

Mas Marguerite nunca demonstrou interesse por qualquer um dos seus pretendentes e, nos últimos tempos, começaram a aparecer rumores por toda Paris, dizendo que sobre a menina pesava uma maldição, e que, além de sua aparência lânguida e maneira retraída, muitos dos homens que a tinham cortejado nos últimos anos, tinham desaparecido sem deixar vestígios.

Monsieur Cabard, não era a única celebridade da região. Não é de se surpreender que junto à sua barbearia ficava o estabelecimento de Pierre Miquelon, o pasteleiro mais aclamado da cidade. Miquelon preparava doces e bolos de todos os tipos, mas a sua especialidade era uma deliciosa torta de carne, famosa e requintada, que até os mendigos faziam economia para degustá-la. Como é entendido, a receita do aclamado pastel foi mantido sob o mais absoluto sigilo. Nem mesmo as duas meninas que trabalhavam sob as ordens do padeiro poderiam revelar o segredo.

Nem todos eram prósperos em Saint-Hilaire. Na frente dessas empresas bem-sucedidas, vivia Monsieur Gomire, um ferreiro humilde que mal dava conta de sustentar sua família com oito filhos pequenos. O infeliz Gomire passava horas observando com uma mistura de admiração e inveja, os estabelecimentos de seus vizinhos bem-sucedidos.

Assim estavam as coisas naquela parte de Paris, quando, no outono de 1415, dois jovens da nobreza espanhola chegaram à região e se hospedaram na estalagem Saint-Hilaire, situada ao mesmo ao lado da ferraria Gomire. O gerente, homem observador, percebeu os figurinos requintados e joias que levam os jovens, e fez com que preparassem para os visitantes as melhores salas de modo que tivessem uma estadia longa e agradável. Que iria, naturalmente, lhe render bons lucros.

Foi assim que aconteceu. Os jovens, chamados Andrés e Julio, encontraram na estalagem um ótimo lugar para exercer suas respectivas tarefas. Andrés tinha chegado a Paris para estudar. De modo taciturno, responsável e estudioso, aquele jovem passava horas com seus livros, e se diria que somente falava com a gente daquele lugar para praticar os seus conhecimentos da língua francesa. Por outro lado, Julio era o seu alegre companheiro que não estava nem aí para os livros e tinha ido a Paris para praticar também o francês, mas pela boca das lindas jovens francesas.

Com esse temperamento, não é de se estranhar que Julio não tardara em saber da existência de Marguerite. Começou a reunir informações sobre ela e o gerente da estalagem, muito bondoso e para não perder uma valiosa fonte renda, advertiu o impetuoso jovem para ficar longe da menina cuja alma tinha sucumbido à influência do diabo, e que se aproximasse dela, certamente iria desaparecer como tantos outros homens. Julio zombou do gerente, e entre gargalhadas declarou que é impossível que algo tão belo e delicado como a jovem Marguerite fosse amaldiçoado.

Uma manhã, Julio descobriu que não poderia se conter por mais tempo, e decidiu visitar pessoalmente o objeto de seus desejos lascivos. Decidido, dirigiu-se para a barbearia de Monsieur Cabard, a fim de cortejar a filha do barbeiro. Qual foi a sua decepção quando ele descobriu que a menina não estava no local. Sempre solícito, Cabard ofereceu ao jovem espanhol os seus serviços, e Julio pensou que seria bom aproveitar esta oportunidade e aceitar, enquanto aguardava a chegada da filha do proprietário.

Cabard começou a trabalhar diligentemente com sua melhor navalha e olhava para o exterior de seu estabelecimento mais vezes do que o habitual. Julio não percebia. A questão é que, quando o barbeiro notou que na sua porção de rua não tinha ninguém, acionou uma alavanca que fez a cadeira onde estava seu cliente se virar, jogando o jovem para o porão através de um alçapão. Não sem antes ter aproveitado para degolar o infeliz.

Em seguida, bem calmo, Cabard foi visitar seu vizinho Miquelon, e lhe comunicou com alegria: "O negócio está em marcha". O pasteleiro foi para o porão de seu estabelecimento, que era compartilhado e se comunicava com o do barbeiro, e lá encontrou o infeliz Julio, que tinha perdido toda a vontade de cortejar, juntamente com a maior parte do volume de seu sangue, mesmo assim ainda vivo. Sem hesitação, Pierre lhe desferiu 15 facadas, que findou sua agonia. Depois disso, e como se fosse um porco, ele pendurou o jovem no teto de cabeça para baixo ao lado dos corpos de cinco outros infelizes que tiveram a mesma sorte.

Depois de ser devidamente sangrado, o corpo de Julio seria cortado por Miquelon em fatias suculentas, com as quais produziria tortas de carne requintadas e que seduziriam os paladares de Paris. Os lucros, é claro, seriam compartilhados com o eficiente fornecedor de carne, o barbeiro Cabard, como vinha acontecendo há cerca de cinco anos.

Depois de dois dias, até mesmo o Andrés imutável estava realmente preocupado com o desaparecimento de seu irmão rebelde. Relatou o desaparecimento de Julio às autoridades que nada teriam sabido, se não fosse o depoimento do ferreiro Gomire. Aquele pobre homem, sempre envolvido na contemplação do negócio de seus vizinhos ricos, tinha visto quando Júlio entrou na barbearia Cabard, mas até onde se recordava haver observado (cerca de quatro horas) não tinha visto ele sair.

A guarda da cidade foi para a barbearia, onde o ilustre Barnabé Cabard insistiu repetidas vezes não saber absolutamente nada sobre o caso do desaparecimento do nobre espanhol. Talvez tudo teria ficado por isso, mas num golpe de sorte, um dos oficiais acidentalmente acionou a alavanca do alçapão cadeira maldita, deixando à descoberto o "pastel" (se me permitem a expressão).

Uma vez no porão descobriram horrorizados toda a infraestrutura dos negócios que Miquelon e Cabard tinham conseguido esconder até então. Cadáveres pendurados morbidamente do teto, utensílios para cortar carne, entrada subterrânea que ligava pastelaria e barbearia .... Tudo foi posto à descoberto.

Nós abandonamos nesta última parte a história de Monsieur Gomire. Só se pode dizer que ele foi recompensado pelas informações prestadas e que foi o suficiente para ele abrir um novo, e desta vez, próspero negócio.

Pierre Miquelon e Barnabé Cabard foram imediatamente colocados sob prisão. Obviamente, durante o interrogatório, o confeiteiro confirmou que o ingrediente secreto da sua receita de sucesso foi, é claro, a carne humana. Toda a cidade ficou chocada com essa revoltante revelação, pois até mesmo as mesas mais nobres tinham saboreado com prazer as tortas de carne de Chez Miquelon. O pasteleiro também confessou que ele e seu parceiro já tinham esse negócio há cerca de cinco anos, elevando o número de vítimas a cifras incalculáveis (Estimativas recentes sugerem que poderiam ser mais de 143 mortos).

Barbeiro e pasteleiro foram condenados a execução pública. Primeiro passariam pela Roda onde seriam quebrados todos os seus ossos. Mais tarde seriam pendurados numa forca até quebrarem o pescoço, e a fim de exibi-los para maior escárnio público.

Escusado seria dizer que a execução foi extremamente concorrida. Milhares de parisienses tinham aclamado o grande trabalho do barbeiro e as receitas requintadas do pasteleiro. Teria sido desagradável não estar presente no momento da execução.

Bon appétit!


Fontes: Casos Violentos; Paris ZigZAg.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Jack, o Stripteaser

Uma ilustração do que seria os bordéis de Londres no sec. XIX, com a figura de Jack, o Estripador.

A sequência de crimes, atenham-se, não se passa numa Londres vitoriana do final do século XIX, mas sim, nos anos 1960. Tanto que se referem a Jack, the Stripteaser, e não a Jack, the Ripper. Mas, vamos aos fatos.

Em uma madrugada que não se sabe bem se foi a de 22 ou de 23 de abril, em 1964, Helen Barthelemy, 22, estava conversando e dançando com garotos e garotas afro-caribenhos no Jazz Club de Westbourne Park Road, em Londres.

Então pediu a alguém que olhasse por sua bolsa, pois precisava dar uma saidinha.

A notícia seguinte que se teve dela é que foi encontrada nua em uma viela da avenida Swincombe, oeste de Londres, na manhã do dia 24. Morta.

Asfixiada, sua roupa estava torcida em torno do pescoço e, embora quatro de seus dentes estivessem faltando, nada sugeria que houvesse levado um soco. Marcas em volta da cintura indicavam que a calça que usava foi retirada com violência depois da morte.

Jack, the Ripper (Jack, o Estripador) e, 80 anos depois, Jack, the Stripper (Jack, o Stripteaser). O primeiro matou e esquartejou 11 prostitutas durante o reinado da rainha Vitória, no final dos anos 1800. Já o segundo matava as prostitutas com muita violência e as jogava por Londres, ou atirava no rio Tâmisa, completamente nuas. Foram seis vítimas, ou oito, o último ataque completando 50 anos. Nenhuma delas violentada sexualmente.

O detetive superintendente John du Rose foi um dos encarregados do caso. Mais tarde, ao referir-se a ele em sua autobiografia, Rose listaria como seis os "Nude Murders" (assassinatos nus, como o episódio também passou a ser tratado pela mídia). Alguns jornalistas e autores (livros foram escritos tratando do caso) consideraram oito.

O primeiro teve como vítima Elizabeth Figg, de 21 anos. Foi encontrada no distrito de Chiswick, ao lado do Tâmisa, em 17 de junho de 1959 – os crimes reconhecidos como do Stripper aconteceram entre 1964 e 1965. Figg foi estrangulada, como as outras, mas apenas os seus seios estavam nus.

A segunda vítima colocada em dúvida foi Gwynneth Rees, 22 anos, encontrada em 8 de novembro de 1963, estrangulada com uma gravata, em um depósito de lixo ao lado do Tâmisa. No corpo havia apenas as meias de náilon, puxadas até os tornozelos.

Notting Hill é um distrito do centro-oeste de Londres, atualmente um dos mais charmosos da cidade, mas já foi palco de muitos crimes, como estes de que tratamos, cometidos em suas proximidades. É claro que, sendo assim, eles passaram a ser chamados também de "The Notting Hill Murders" (os assassinatos de Notting Hill).

Entre os casos reconhecidos como do Stripper há o de Helen Barthelemy, o primeiro a apresentar uma pista importante.

Um dos detetives encarregados, Maurice Osborne, da Scotland Yard, deduziu que o Stripper a colocou em um carro, estrangulou-a, tirou as roupas dela e a escondeu por 24 horas. E aqui cometeu um erro: deixou-a, durante esse tempo, em uma oficina de pintura. Depois levou-a para aquela viela da avenida Swincombe.

Só que, agora, o corpo de Helen Barthelemy apresentava algumas marcas de pintura spray.

Hannah Tailford, 30, também prostituta, deu à luz uma garotinha e conheceu um marinheiro que montou uma casa para ela e a filha. Tudo ia bem até que Hannah resolveu morar sozinha e mudou-se para Notting Hill.

Seu corpo foi encontrado às margens do Tâmisa, perto da ponte de Hammersmith, em 2 de fevereiro de 1964.

O corpo de Irene Lockwood foi encontrado em 8 de abril de 1964, em uma margem do Tâmisa não muito distante do local em que Hannah Tailford foi deixada. Também nua, também estrangulada, ela estava na água havia pelo menos 24 horas.

Mary Flemming chegou a Londres em 1955 e, entre outros endereços, teve um em Notting Hill.

Em 10 de julho de 1964, ela estava em um clube clandestino de bebidas de onde saiu às 5h. Seu corpo foi jogado entre 5h e 5h30 do dia 14 em uma rua do distrito de Chiswick. Tinha as mesmas características dos anteriores, inclusive a mais importante: marcas de tinta spray.

Nascida em Edimburgo, capital da Escócia, Francis Brown chegou a Londres em 1961. Foi logo presa por prostituição em locais públicos. No dia 23 de outubro de 1964, ela passou a maior parte da noite em um bar, bebendo com uma amiga, a também prostituta Kim Taylor. Por volta das 23h, elas abordaram dois homens, em dois carros parados em um semáforo. Acertando seus programas, as duas combinaram de encontrar-se mais tarde em um clube de jazz.

A irlandesa Bridget O´Hara, 28, foi encontrada morta no Heron Trading Estate, atualmente um grande centro de comércio e entretenimento, a apenas alguns metros da linha do metrô, em 12 de fevereiro de 1965. Nua, morta por asfixia, ela também tinha marcas de tinta.

Foi aqui, após a morte de O´Hara, que o detetive John du Rose, da Scotland Yard, entrou em ação.

Uma de suas primeiras ordens, é lógico, foi para que seus homens encontrassem a origem daquelas marcas de tinta. E, surpresa, elas vinham dali mesmo, da Heron Trading Estate, de uma estufa próxima de onde a última vítima havia sido encontrada, e por onde pelo menos outras três das garotas haviam passado.

Sete mil pessoas foram interrogadas, Du Rose se apressou a anunciar. Duzentos detetives e cem policiais fardados se movimentavam como uma gigantesca aranha por todo o distrito de Notting Hill e por bairros adjacentes. Du Rose imaginava seu alvo como um homem nos seus 40 anos, forte e viril.

Os assassinatos, então, pararam.

O detetive não identifica Jack the Stripper em sua autobiografia, mas ele tinha um forte candidato, que citou através de um nome de código, Big John, em um programa de TV da BBC em 1970.

Disse que era um respeitável senhor casado nos seus anos 40. Na verdade, Du Rose se referia a Mungo Ireland, um daqueles 7.000 entrevistados, todos funcionários da Heron Trading Estate, onde era um dos guardas de segurança.

Ireland nem chegou a ser acusado formalmente: não havia uma única prova contra ele. Foi levado à presença de Kim Taylor, a prostituta que estava com Mary Fleming quando as duas se separaram e entraram em dois carros. Kim não o reconheceu.

Mungo Ireland suicidou-se com o monóxido de carbono de seu carro ligado em garagem trancada. Deixou um bilhete para a mulher: "Não aguento mais. Para poupar você e a polícia de procurarem por mim, estarei na garagem".

Assim como Jack the Ripper, Jack the Stripper também é um homem sem rosto.


Anélio Barreto - Folha de São Paulo (4/9/2015)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A Dama Podre


Mary Ann Cotton (Mary Ann Robson, outubro de 1832, Low Moorsley, Condado de Durham – 24 de março de 1873) foi uma mãe que assassinou até 20 pessoas, inclusive 12 filhos, por envenenamento por arsênico.

Mary Ann nasceu no que hoje é a cidade de Sunderland. Seu pai Michael, um mineiro, foi um religioso fervoroso e um disciplinador feroz. Quando tinha oito anos, seus pais se mudaram com a família para a aldeia de Durham County Murton, County Durham, onde ela acabou entrando numa escola nova e encontrou dificuldades para fazer amigos. Logo após a mudança, seu pai caiu em uma mina que estava sendo escavada e morreu em Colliery Murton.

Quando tinha 14 anos, sua mãe casou com Robert Stott, com quem Mary Ann não se dava bem. Na idade de 16 anos, ela se mudou para tornar-se uma enfermeira domiciliar na casa de Edward Potter na aldeia vizinha de South Hetton. Depois de três anos lá, ela voltou para a casa de sua mãe com conhecimentos de costura.

Aos 20 anos de idade, se casou com William Mowbray Cotton, mudou-se para Plymouth e teve cinco filhos. Quatro destas crianças morreram de dores de estômago ou febre gástrica. O casal voltou para o Nordeste, onde ela teve mais três filhos. Todos eles morreram. Mowbray morreu de uma doença intestinal, também, em janeiro de 1865.

Mary Ann casou, e seu segundo marido, George Ward, também morreu de problemas intestinais. Dois de seus filhos restantes, também morreram. Depois uma outra criança também morreu, então, os jornais locais se interessaram pelo caso e a Scotland Yard, a polícia inglesa, designou um investigador para ir a Durham acompanhar o caso.

Uma vizinha bisbilhoteira de Mary Ann logo se prontificou a fazer um comentário. “Faz pouco tempo que a senhora Cotton mora aqui na região, mas, nas duas vezes em que eu a vi comprar arsênico para combater os ratos, dois de seus filhos adoeceram e morreram. Que Deus me perdoe. Ora, deve ser tolice minha, uma mera coincidência. Pobre senhora Cotton!”

Conforme ela andava no norte da Inglaterra, Mary Ann perdeu três maridos, sua mãe, um amante, um amigo e uma dúzia de filhos, todos morreram de problemas no estômago ou intestino. 

Após a exumação, o veneno foi encontrado em todos os corpos e Mary Ann, interrogada, acabou confessando os crimes.

“Matei todos para ganhar o seguro-enterro dado pela coroa. Ganha-se um bom dinheiro desse jeito. Eu sou uma pobre mulher e não tenho como me sustentar”, justificou-se a assassina diante do inspetor da Scotland Yard.

A opinião pública ficou chocada com a frieza de Mary, e logo a apelidou de “Dama Podre”. Em 24 de março de 1873, Mary Ann foi enforcada em County Durham Gaol, tinha 41 anos.


Fontes: Wikipédia; Mary Ann.

A Sádica Delphine LaLaurie


Delphine LaLaurie, também conhecida como Madame LaLaurie (nascida Marie Delphine Macarty), foi uma socialite americana e assassina em série, torturava e mutilava escravos negros por pura diversão e vaidade. 

Delphine Macarty nasceu por volta de 1775. Seus pais eram Barthélemy Louis Macarty e Lecomte Vevue, membros proeminentes da comunidade Crioula branca de Nova Orleans. A mãe de Macarty foi supostamente morta em uma revolta de escravos. O primo de Delphine Macarty, Augustin de Macarty, foi prefeito de Nova Orleans entre 1815-1820.

Ela foi casada com Don Ramon y Lopez de Angulo, em 1800; ele morreu em Havana, Cuba, em 26 de março de 1804. Em 1808, ela casou com o traficante de escravos Jean Blanque, que morreu em 1816. Duas vezes viúva, casou-se com o médico Dr. Luís LaLaurie em 25 de junho de 1825. O casal comprou uma mansão na 1140 Royal Street em 1831, onde Delphine LaLaurie manteve uma posição central nos círculos sociais de Nova Orleans.

Embora ela organizasse festas suntuosas, com listas de convidados constituídas por algumas das pessoas mais proeminentes da cidade, a maneira pela qual Delphine LaLaurie torturava seus escravos é provavelmente a mais conhecida dos contos macabros do bairro francês da cidade.

Em abril de 1834, um incêndio tomou a cozinha de sua mansão e os bombeiros encontraram mais do que labaredas por lá.

Nos escombros, encontraram dois escravos acorrentados. A dupla – que havia começado o fogo pra chamar atenção – levou os bombeiros para o sótão, onde havia mais ou menos uma dúzia de outros escravos presos nas paredes e no chão.

Aparentemente, LaLaurie havia instalado uma filial do laboratório do Dr. Frankenstein. Suas vítimas estavam amputadas, tinham bocas costuradas e sexos trocados. Teve boatos de que ela até executou uma cirurgia bizarra para transformar um dos escravos em caranguejo, realocando os membros de seu corpo.

Infelizmente, a justiça tardou e falhou – Delphine nunca foi pega pelos seus crimes.


Fontes: Wikipédia; Superinteressante.

domingo, 22 de novembro de 2015

Os guerreiros azuis

Ilustração de John White ( 1585-1593 ): Guerreiro picto que segura uma cabeça humana.

Os pictos eram antigos habitantes da Escócia que estabeleceram seu próprio reino e lutaram contra os romanos na Britânia. Fontes romanas afirmam que os pictos teriam um poderoso reino com centro em Strathmore. Tiveram que enfrentar o advento de outros povos à Grã-Bretanha, entre eles os anglos da Úmbria do Norte; e os escotos procedentes da Irlanda, que formaram um reino na Dalriada.

As invasões nórdicas nos século VIII e IX parecem ter levado os pictos e escotos a se unirem, pois, em 843, Kenneth I MacAlpin, antes rei dos escotos, tornou-se também rei dos pictos. A partir de então, toda a Escócia reconhecia um só rei. Eles venceram os vikings e os anglo-saxões e criaram a Escócia.

Segundo um estudo efetuado pelo geneticista Bryan Sykes, os pictos seriam originários da península Ibérica.

Os pictos como povo constituem um enigma. Alguns especialistas defendem que seriam uma tribo celta, outros, por outro lado, crêem tratar-se de um povo mais antigo. Os escritores romanos sempre os distinguiram dos celtas da Escócia, surpreendendo-se pela sua ferocidade e o hábito barbárico de se pintarem ou tatuarem. Até o nome "pictos" não ajuda, na medida em que deriva da palavra latina picti, que significa simplesmente "pintados" - uma referência às suas pinturas ou tatuagens de guerra. O nome que os pictos davam a si mesmo perdeu-se.

As descrições dos pictos traçam um retrato de um povo pequeno, robusto mas delgado, pele amarelecida, de todo diferentes dos gauleses, cuja pele mais clara, altura e constituição impressionavam os escritores romanos.

O folclore escocês fala dos "pechs". Ao longo dos séculos estes foram tornando-se numa raça mágica de fadas e duendes, mas muitos especialistas crêem que se trata duma "memória popular" dos pictos, o que indica que seriam vistos pelos celtas da Escócia como uma raça separada e não apenas uma tribo separada. A juntar com as diferenças físicas, parece que os pictos poderiam ser os últimos vestígios da população pré-celtica da Grã-Bretanha, mas não há certeza.


Fonte: Wikipédia.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Os demônios das dores de dentes


O medo de dentista é um fenômeno conhecido há centenas de anos. As primeiras crônicas remontam à Idade Média, quando o imaginário popular relegava ao “Tiradentes” um papel inferior e mais ambíguo que o de seus “colegas” médicos. Ele era na maioria das vezes um ambulante: em companhia de ilusionistas, malabaristas e músicos, percorria feiras e mercados, de cidade em cidade, exibindo-se em palcos. Desse modo o público podia admirar a maestria do exercício de sua especialidade. De fato, naquele tempo, havia motivos reais para ter medo do dentista.

As dores de dentes eram atribuídas a três causas principais: demônios dentais, vermes dentais e alterações nos humores (desequilíbrios dos fluídos corporais).  Desta forma, a Odontologia seria mais bem praticada por sacerdotes e com o uso de orações.

Uma explicação sobre as dores de dentes está escrita numa tábua — uma precursora do Ipad? — Encontrada em Nínive, a capital do reino da Assíria, na margem esquerda do rio Tibre, na antiga Mesopotâmia. Nínive, cujo nome significava "bela", encontra-se próxima da atual cidade de Mossul, no norte do Iraque. Na Bíblia conta-se que, Jonas, após voltar do estômago do “peixe grande” que o havia engolido, é enviado a Nínive para converter o seu povo e, assim evitar a sua destruição (Jonas, 3, 1-10).

Voltemos à tábua de Nínive. É conhecida como “A Lenda do Verme Dental” e foi provavelmente uma cópia de um registro chinês mais antigo que falava da mesma causa para o problema. Um texto sumeriano de 5000 anos antes de Cristo descrevia um verme dental como causa das cáries. Há evidências que esta crença também estava nas culturas da Índia, Egito e Japão. Tal pensamento somente foi derrubado, em 1728, por Pierre Fauchard o pai da Odontologia Moderna.

O Nei Ching chinês classificava nove tipos de dores de origem dental que incluíam as dores devido às infecções e cáries. O tratamento chinês antigo para estes problemas era principalmente com drogas: romã, acônito, ginseng, alho, ruibarbo e arsênico. Palitos dentais e substâncias para limpeza eram usados e dentes com mobilidade eram fixados com amarras feitas com bambu. As coberturas com ouro tinham mais efeito estético que protetoras ou protéticas.

O primeiro dentista exclusivo parece ter sido o egípcio Hesi-Re, circa 3000 a.C.   Na sua câmara mortuária estava escrito “o maior entre aqueles que tratavam dos dentes”. Os achados mortuários egípcios mais antigos evidenciam que ocorriam grandes desgastes dentais que chegavam a expor a polpa dental, mas poucas cavidades cariosas. Algumas múmias humanas não tão antigas (ou pré-históricas) mostravam uma história pregressa de infecções, abscessos e cáries. As terapêuticas medicamentosas tentavam eliminar os ”vermes dentais”.

Na época em que Moisés liderava o êxodo dos judeus do Egito, circa 1500 a.C, os egípcios já faziam próteses substituindo dentes com peças semelhantes amarradas aos dentes ainda presentes com fios de ouro.

O papiro de Ebers, da mesma época acima, revelava conhecimentos médicos e odontológicos datados de circa 3000 a.C. Dois dos remédios citados, entre outros 700, eram incenso e mirra referidos entre os presentes que os sábios (ou magos) levaram para Jesus.

O Código de Hamurabi (circa 1900 a.C.) mostra que, em 2500 a.C., a profissão médica (incluindo a odontológica) foi regulamentada pelo governo central. A profissão tinha prestígio considerável e os honorários foram regulamentados pelo governo  baseados na posição social e econômica do paciente.

Sanções foram estabelecidas para negligências profissionais ou tratamentos sem sucesso. A pena final não era a morte, mas a remoção da mão do médico. O código não contém os detalhes do diagnóstico médico e correspondente tratamento. Os cirurgiões, que eram somente médicos estavam mais sujeitos a essas punições. O mesmo não acontecia com os médicos que tratavam com ervas e orações, pois eram também sacerdotes e o Código legislava em questões seculares e não nas questões religiosas.  

Aparentemente, o tratamento odontológico mais estava nas mãos destes tipos de médicos que dos cirurgiões.

Um baixo relevo hindu datado de 2000 a.C. mostra a extração dental executada num gigante feita com um fórceps. Entre os povos hindus antigos a prática da medicina era misturada com os rituais místicos e religiosos. Esta cultura chegou inclusive aos nossos dias.

Pouco antes do nascimento de Jesus, os romanos já usavam coroas de ouro nos dentes. Era uma técnica herdada dos primitivos etruscos. No apogeu romano antigo, uma boa parte dos médicos eram gregos. Na Grécia, Aristóteles, o aluno de Platão, foi o primeiro a fazer um estudo da anatomia comparada dos dentes e mencionou que a extração era feita puxando-se os dentes com um fórceps.

Circa 15 d.C., quando Jesus era um adolescente, o médico romano Archigenes declarou que uma das causas da dor de dente estava no interior do mesmo (pulpite). Ele fez uma broca especial para chegar ao interior da polpa dental e uma de suas recomendações foi a de colocar nela uma pomada constituída por minhocas torradas, nardo (planta medicinal) e ovos de aranhas esmagados dentro da cavidade feita.

Ao redor de 30 d.C., quando Jesus estava apenas começando seu ministério, Celsus, um grande médico romano, foi o primeiro a colocar um preenchimento feito com chumbo nas cavidades dentárias.  Ele não estava fazendo isso para salvar dentes, mas para aumentar suas resistências para poder removê-los sem fraturá-los.

Embora os médicos hebreus conhecessem os princípios médicos da época, pois muitos deles tinham estudado no centro cultural grego estabelecido em Alexandria e também faziam a ponte entre os conhecimentos gregos obtidos nesta cidade e os conhecimentos islamitas da sua região, pouco escritos deixaram relativos aos conhecimentos odontológicos. Sabe-se que os hebreus tinham preocupações quanto ao que chamamos hoje de biossegurança expressadas no Levítico bíblico e no Talmud.

Anos posteriores à morte de Jesus Cristo, em 249 d.C., Apolônia, uma parthenos presbytis (virgem dedicada: uma freira) depois tornada uma santa, foi torturada em Alexandria.  Segundo a lenda, sua tortura incluiu a remoção violenta de todos os seus dentes que foram arrancados ou quebrados. A causa de sua tragédia foi ter-se negado a repetir palavras ímpias, blasfemar contra jesus Cristo e repetir invocações a deuses pagãos.

Após esta tortura foi erguida, fora dos portões da cidade, uma pilha de lenha e seus algozes ameaçaram queimá-la viva. Apolônia, durante uma distração destes, saltou rapidamente para o fogo agora aceso que, milagrosamente, não a queimou. Ela acabou sendo decapitada.

Quase em todas suas imagens pictóricas, Apolônia parece com dentes e/ou fórceps e com um ramo de palmas nas mãos (um símbolo tradicional de sofrimento). Seu dia santo é em 9 de fevereiro.


Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/medo_de_dentista.html; Artigo do cirurgião dentista e estomatologista Prof. Assoc. Jayro Guimarães Jr.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Frango Mike viveu 18 meses sem ter cabeça


Era uma manhã como outra qualquer, no dia 10 de setembro de 1945, quando Clara Olsen viu aquele frango gorducho ciscando em seu terreiro, em Fruita, Colorado (EUA), e decidiu que ele iria para a panela. Ela apontou para vítima e deu ordem a seu marido, Lloyd Olsen, que levasse a tarefa a cabo. 

Lloyd sabia que sua sogra viria jantar com eles na noite seguinte e sabia também que a velha adorava chupar ossinhos de pescoço de frango. Por isso, quando colocou o bicho sobre um tronco, posicionou seu machado de modo que, ao decepá-lo, restaria uma porção bem generosa de pescoço para cozinhar.

O carrasco ainda não imaginava que surpresas o frango lhe reservava, mas não queria decepcionar a mãe de Clara.

- Era importante puxar o saco da sua sogra nos anos 40 do mesmo modo que é hoje.

Assim sendo, ele desferiu a machadada fatal e desencanou do frango que, aparentemente, voltou ao seu trabalho galináceo de ciscar pelo terreiro da fazenda – não importando o fato de não ter mais cabeça para isso.

Na manhã seguinte, para total espanto dos Olsen, o frango – apesar de um pouco desorientado – continuava vivo e abrigava sua cabeça debaixo da asa. Os Olsen então decidiram que, se Mike – eles deram este nome ao frango – estava tão decidido a viver, eles teriam que arrumar um meio de alimentá-lo. Isso era feito com um conta gotas contendo água e grãos cuidadosamente moídos.  

Depois de uma semana, Lloyd levou Mike em uma viagem de 400 km, rumo à Universidade de Utah, em Salt Lake City. Os cientistas mais céticos que haviam por lá estavam ansiosos para saber como é que Mike havia sobrevivido. Examinando o frango, eles descobriram que a culpada era a sogra de Lloyd e seu gosto por pescoço.

Por causa disso, Lloyd deu a machadada tão perto da cabeça que a base do cérebro de Mike permaneceu intacta e a lâmina não chegou nem a cortar a jugular – o que teria matado o frango em segundos.  Lloyd foi tão incompetente com o machado que deixou Mike com um dos ouvidos intocados e, como as funções básicas que um frango necessita para controlar seus movimentos ficam na base do cérebro, Mike conseguiu permanecer saudável por um bom tempo.

Nos 18 meses que permaneceu vivo, Mike, que pesava pouco mais de 1 kg quando tinha cabeça, terminou seus dias pesando 3,5 kg.

Seus donos também engordaram suas contas bancárias levando o frango descabeçado para outras cidades em que pessoas pagavam 25 centavos só para vê-lo. Mike – o “Frango Maravilha”, como foi chamado pelas revistas Life e Times – morreu em uma dessas viagens quando, aparentemente, engasgou e nem Clara nem Lloyd conseguiram alcançar o conta gotas a tempo para limpar seu esôfago.

Se o frango morreu, a memória permaneceu. Até hoje, os habitantes da cidade de Fruita fazem reuniões anuais e lembram a história de Mike, não tanto por ele não ter cabeça e mais pela sua exemplar vontade de viver.

A memória de Mike – o Frango Maravilha – é celebrada anualmente em todo terceiro fim de semana do mês de maio.

Veja mais no site oficial de Mike: www.miketheheadlesschicken.org.


Fontes: www.assombrado.com.br; Wikipédia; R7 - Notícias