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sábado, 26 de janeiro de 2013

Agathodemon

O "bom espírito" ou um demônio benevolente, oriundo provavelmente do Antigo Egito. Segundo o "Dicionário Mágico" é um termo grego, designando um demônio benéfico que acompanha a pessoa durante toda a vida, manifestando-se quando isso se faz necessário para proteger o indivíduo de um perigo, ajudá-lo a resolver uma dúvida, etc.

Afirmava-se que o filósofo Sócrates possuía um demônio desse tipo, de extraordinário poder.

Na antiga religião grega, Agathos Daimon ou Agathodemon (do grego ἀγαθὸς δαίμων, significando "nobre espírito") era um demônio ou espírito que preside a vinhas e searas. Um espírito companheiro, semelhante ao romano gênio, garantindo a boa sorte, saúde e sabedoria.

Embora seja pouco notado na mitologia grega (Pausanias, suspeitando que o nome era um epíteto meramente Zeus), ele foi destaque na religião. Era costume beber ou derramar algumas gotas de vinho para homenageá-lo em cada simpósio ou em banquetes. Um templo dedicado a ele foi localizado na estrada de Megalópoles para Maenalus em Arcádia.

Agathos Daimon foi o cônjuge ou companheiro de Tyche Agathe (Τύχη Ἀγαθή: Boa Fortuna; latim: Agatha). Sua presença pode ser representada na arte como uma serpente ou mais concretamente como um jovem carregando uma cornucópia e uma tigela na mão, e uma papoula e uma espiga de grão em outra. O Agathodemon mais tarde foi adaptado como o demônio da fortuna, particularmente da abundância contínua dos bens de uma família, como alimentos e bebidas.

No sincretismo religioso da antiguidade, a figura de Agathodemon está ligada aos amuletos egípcios de segurança e boa sorte: uma jóia esculpida com símbolos mágicos tem as imagens de Serapis com o crocodilo, o sol-leão e Osíris cercado por uma cobra com cabeça de leão.

Fontes: Wikipédia; Dicionário Mágico.

Adramelech

Adramelech é um dos dez sephiroths negativos (sephiroth, em hebreu, significa "contagem","números", "estatísticas"; as dez emanações de Ain Soph na cabala), comandados por Samael, o Anjo do Envenenamento. Seu culto teve origem provável na Síria, mais tarde sendo introduzido na Samária.

Nos cultos a Adramelech, crianças eram sacrificadas.

Na demonologia, Adramelech é considerado o grande embaixador do inferno, superintendente do guarda-roupa do demônio e presidente do supremo concílio do inferno. Ele freqüentemente aparece sob a forma de uma mula ou um pavão.

Na religião suméria de Adramelech (Adrammelech), ele era considerado o Deus-Sol sendo assim o centro da religião ,em sua descrição ele é tido como homem e faz uma espécie de contaraste com Anammelech, deusa-lua.

Adremelech faz aparições em diversos RPG's, como Final Fantasy Tactics Advance e Castlevania: Circle of the Moon.

Fontes: Dicionário Mágico; Wikipédia.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Jeannette Abadie


O folclore descreve  Jeannette Abadie como uma feiticeira francesa que viveu no povoado de Sibourne, na Gasconha francesa. Enquanto ela dormia, um demônio a carregou para um sabbath (reunião de feiticeiras), e quando ela se acordou achou-se cercada por numerosa companhia. 

Ela notou que o chefe dos demônios, como o deus romano Janus, possuía duas faces. Jeanette salvou-se da fogueira após confessar tudo que lhe havia acontecido e renunciar a feitiçaria.

Conta a história que a jovem menina foi supostamente atraída para a bruxaria e foi uma das principais testemunhas sobre a suposta práticas dos Sabbath. Essa historia está na narrativa da Pierre de Lancre, um conselheiro real do Bordeaux, que fez um estudo exaustivo sobre bruxaria, depois de sua história, tornou-se nomeado em 1609 para uma comissão para julgar pessoas acusadas de bruxaria.

Jeanette alegou ter sido abordado por uma mulher chamada Gratianne e levada para Sabbath das bruxas, presidida pelo próprio Diabo. Em contrapartida, Gratianne tinha recebido um punhado de ouro. Jeanette disse que o diabo assumiu a forma de um medonho homem de pele negra com seis ou oito chifres na cabeça, uma cauda grande, e duas caras, uma na frente e um atrás, semelhante à representação do deus romano Janus.

 Em seu primeiro sábado, ela era obrigada a renunciar a Deus, a Virgem Maria, seu batismo, a família, o céu, a terra, e todas as coisas mundanas, e também foi obrigada a beijar o diabo nas nádega. A todo o momento que fora atraida para o Sabbath, ela teve que repetir as renúncias, isso muitas vezes.

- "Também tive que beijar as nádegas do Diabo, e freqüentemente também o rosto, o umbigo e o pênis" - disse ela.

Jeanette afirmava que também havia crianças (filhos de bruxas) fazendo parte dessas cerimônias.

Fontes: Dicionário Mágico; Scientia Magus.

Abigor

Illustração de Collin de Plancy de Abigor, do Dictionnaire Infernal.

Demônio que comandava sessenta legiões infernais. Aparece como um famoso cavaleiro cavalgando um cavalo alado. Abigor conhece o futuro e todos os segredos da guerra.

Abigor (também Eligos ou Eligor) foi um mítico feiticeiro ou necromante, considerado pelos antigos como gênio infernal, uma espécie de “Demônio da Guerra”, e um comandante dos exércitos de Satanás.

Também é considerado um deus da honra e da glória, diz que na batalha do Juízo Final ele irá derrubar muitos anjos antes de cair diante do arcanjo Miguel.

É tido como detentor do todo o conhecimento da arte da guerra e de todas as guerras do passado, do presente e do futuro.

A história diz que Abigor voltará para a terra na forma de um jovem de beleza encantadora e única, não como ser possuído, mas fazendo parte do corpo e da alma, será temido e odiado, amado e desprezado, terá o dom da escrita e da fala, um corpo e um poder de sedução, seus olhos na lua cheia serão como tochas acesas ao luar, saberá convencer melhor que qualquer um e será conhecido como "Lex", o senhor da justiça.

Fontes: Wikipédia; Dicionário Mágico.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Diabo na Cultura Popular

As índias estavam nuas. E os portugueses chegavam cheios de apetite sexual. O Diabo estava feliz, com a faca e o queijo na mão. Depois, foi só cortar. E comer.

O Deus e o Diabo dos brancos chegaram ao Nordeste nas caravelas de Pedro Álvares Cabral. Enquanto Frei Henrique de Coimbra plantava a cruz da Fé celebrando a primeira missa, que também foi assistida pelos indígenas, o Diabo fazia das suas, desviando a atenção dos membros da expedição portuguesa para a nudez acobreada das mulheres nativas.

Há mais de 6 meses em alto-mar, os marinheiros de Cabral desembarcaram sob o domínio de forte apetite sexual. E "o europeu saltava em terra escorregando em índia nua. As mulheres foram as primeiras a se entregar aos brancos, as mais ardentes Indo esfregar-se nas pernas desses que supunham deuses. Davam-se ao europeu por um pente ou um caco de espelho", escreve o sociólogo a antropólogo Gilberto Freyre. Estava o Diabo com a faca e o queijo, com a fome e a vontade de comer, tentando os homens, ajudado pela ausência de mulheres brancas.

Naquele tempo, o Diabo estava no apogeu de sua fama, respeitado e temido no mundo inteiro, personagem central de tudo quanto ara lenda, estórias e crendices armazenadas desde o começo do mundo. Os tripulantes das caravelas trouxeram para cá estas crenças. Povo muito aventureiro, o português gostava de procurar novas terras, negociar com outros continentes, enriquecendo assim sua herança mística, fortalecendo o que já tinha de mítico no seu mundo interior onde se uniam o real e o imaginário. Cada um respeitava o temia o Diabo conforme o uso de sua província. No entanto, era generalizada a crença de que se alguém pronunciasse o nome do Diabo, ele poderia aparecer. Para que Isso não acontecesse, os portugueses inventaram apelidos para o Diabo, que eram uma maneira de enganá-lo.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Bíblia do Diabo


O livro contendo uma combinação de histórias antigas, curas medicinais e feitiços, com 90 cm de comprimento e pesando 75 kg, é o maior e mais bem conservado manuscrito medieval existente, o Códice Giga, que em Latim significa “O Grande livro”.

Essa obra que já foi considerada a oitava maravilha do mundo, é descrito por historiadores que o estudam como “O livro mais fascinante, peculiar, bizarro e inexplicável já escrito“, na verdade o Códice exerce uma atração quase sobrenatural, foi cobiçado por homens poderosos, roubado como espólio de guerra, e mantido em segredo por um Santo imperador romano por toda a sua história, o Códice inspirou medo e obsessão por sua posse.

sábado, 16 de abril de 2011

Ritual Romano

O Rituale Romanum (Ritual Romano em latim) é um livro litúrgico que contém todos os rituais normalmente administrados por um padre, incluindo o único ritual formal para exorcismo sancionado pela Igreja Católica Romana até finais do século XX.

Além do exorcismo de demônios e espíritos, esse manual de serviço para padres também contém instruções para o exorcismo de casas e outros lugares que se acredita estarem infestados por entidades malignas.

Escrito no ano de 1614 durante o papado do Papa Paulo V, o Rituale Romanum alertava os padres contra realizar os ritos de exorcismo em indivíduos que não estejam realmente possuídos. 

Mas com o avanço da ciência médica que podia diagnosticar com maior precisão doenças tanto físicas quanto mentais, os casos de possessão real – demoníaca (extremamente rara) e espiritual (comum) – tornaram-se muito mais difíceis de determinar.
Muito do que se acreditava ser possessão demoníaca agora é diagnosticado como sendo esquizofrenia, paranóia, distúrbio de múltipla personalidade, disfunções sexuais, histeria, e outras neuroses resultantes de obsessões e terrores da infância. Desde sua publicação inicial no século XVII, o manual permaneceu inalterado até 1952, quando duas pequenas alterações no texto do ritual do exorcismo foram feitas.

Essas revisões mudaram, por exemplo, o texto em uma linha que dizia "sintomas de possessão são sinais da presença do demônio" para "sintomas de possessão podem ser sinal de demônio". Em outra sentença original, referia à pessoas sofrendo de condições além da possessão demoníaca ou espiritual como "aqueles que sofrem de melancolia ou outras enfermidades", e foi modificada para "aqueles que sofrem de enfermidades, particularmente enfermidades mentais".

Ainda há alguns padres, em número cada vez maior, que continuam a acreditar na existência de possessão demoníaca e enumeram sinais que indicam sua presença. De acordo com esses membros do clero, se um indivíduo demonstra habilidades paranormais, manifesta força física sobre-humana e, principalmente, fala em línguas, então ele pode ser um candidato para o ritual de exorcismo. A Igreja pode considerar esse indivíduo possuído quando os sintomas citados anteriormente são acompanhados de repulsa extrema por objetos sagrados. Um padre treinado na expulsão de demônios e espíritos malignos é então convocado e, somente após receber permissão de um bispo, pode realizar o centenário ritual do exorcismo.

Exorcistas raramente ou nunca trabalham sozinhos. Normalmente são auxiliadas por, no mínimo, três outras pessoas. Uma delas é geralmente um padre mais jovem e menos experiente que está ou esteve sob treinamento para realização de exorcismos. Seu papel central é continuar o exorcismo e assumir o ritual, caso o exorcista fique muito fraco para continuar ou se ele morrer. 

A segunda pessoa que serve de assistente para o exorcista é, na maioria dos casos, um médico cuja responsabilidade é administrar qualquer medicação ou tratamento que a vítima da possessão precise, pois sob nenhuma circunstância o exorcista pode fazer isso. 

A terceira pessoa é tradicionalmente um homem parente da pessoa possuída – normalmente o pai, irmão ou marido. Em alguns casos pode ser um amigo de confiança da família. Mas, em qualquer caso, é imperativo que esteja em boas condições de saúde e seja forte – tanto física como mentalmente. Se a pessoa possuída é uma mulher, muitos exorcistas providenciam que outra mulher esteja presente durante o ritual para evitar escândalos.

Antes de realizar o ritual do exorcismo, é costumeiro que o padre faça uma boa confissão e seja absolvido de todos os seus pecados para o caso de o espírito ou demônio que ele enfrentará tente usá-los contra ele durante o ritual. Ele então veste os trajes necessários para os padres exorcistas (um sobrepeliz e um sudário púrpura) e inicia o ritual. Durante o exorcismo, certas orações prescritas, tais como o Pater Noster (o Pai-Nosso), as Litanias dos Santos e o Salmo 54, são recitadas sobre o individuo possuído, freqüentemente em latim, uma vez que se acredita que as orações são mais eficientes quando recitadas nessa antiga língua. 

Ao longo dessas recitações, o exorcista tradicionalmente faz o sinal-da-cruz, lê as escrituras e, às vezes, coloca suas mãos sobre a vítima. Ele também exige que o espírito maligno ou demônio que possuiu a pessoa revele seu nome e natureza, sucumba ao Filho de Deus e deixe sua vítima humana em paz. 

Quando o espírito maligno ou demônio finalmente parte, o exorcista reza a Jesus Cristo e pede que ele conceda sua divina ajuda e proteção à pessoa, que normalmente não retém memórias claras de sua possessão demoníaca ou do exorcismo.

Se, todavia, o ritual de exorcismo não é bem-sucedido em expulsar o espírito maligno ou demônio de sua vítima, ele é então realizado repetidamente até que a entidade deixe o local. Isso pode levar horas, dias ou até mais tempo.

Fonte: Wikipedia.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Astaroth


Astaroth é um demônio de primeira hierarquia que seduz por meio da beleza, da vaidade e filosofías racionalistas de ver o mundo; inspira matemáticos, pintores, artesões e outros artistas.

Dizem certos autores de demonologia que Astaroth é um grão duque do Inferno, sendo Satanás o imperador; seus principais ajudantes são três demônios chamados Aamon, Pruslas e Barbatos.

No Dicionário Infernal, Astaroth é representado como um homem desnudo com asas, mãos e pés de dragão e um segundo par de asas com plumas abaixo do principal, levando uma coroa, segurando uma serpente com uma mão e cavalgando sobre um lobo ou um cachorro.

De acordo com Sebastian Michaelis é um demônio de primeira hierarquia que seduz por meio da beleza, da vaidade, filosofías racionalistas de ver o mundo e seu adversário é São Bartolomeu, que pode proteger contra ele porque venceu as tentações de Astaroth.

Inspira aos matemáticos, artesãos, pintores e outros artistas liberais, pode dar invisibilidade aos homens, pode conduzir os homens a tesouros escondidos que tenham sido enterrados por feitiços de magos e contesta a qualquer pergunta feita em forma de letras e números em varias línguas.

De acordo com Francis Barret, Astaroth é o príncipe dos acusadores e inquiridores. Segundo alguns demonologistas do século XVI, os ataques deste demônio contra os humanos são mais fortes durante mês de agosto. 

Seu nome parece vir do da deusa Ashtart/Astarté, que na Bíblia Vulgata Latina é traduzida como Astharthe (singular) e Astharoth (plural). Esta última forma se transformou na Biblia do Rei Jaime em Ashtaroth. A forma plural foi tomada do Hebraico antigo por aqueles que não sabiam que era um plural nem que era o nome de uma deusa, o vendo só como o nome de outro deus a parte de Deus e, por tanto, um demônio....

Fonte: Wikipedia.

Incubus

Na lenda medieval ocidental, um íncubo (em latim inccubus, de incubare) é um demônio na forma masculina que se encontra com mulheres dormindo, a fim de ter uma relação sexual com elas.
O Incubus drena a energia da mulher para se alimentar, e na maioria das vezes o Incubus deixa a vítima morta ou então viva, mas em condições muito frágeis. Mulheres que ficavam grávidas fora do casamento frequentemente colocavam a culpa em um Incubus.

Algumas violações de mulheres dormindo foram atribuídas aos demônios pelos próprios estupradores a fim de escapar da punição. O sentimento de morte ao dormir é conhecido desde a antiguidade como pesadelo. O termo moderno para este estado é o coma.

Sucubus


Súcubo (do latim succubus) é um demônio com aparência feminina que invade o sonho dos homens a fim de ter uma relação sexual com eles para lhes roubar a energia vital.

O súcubo se alimenta da energia sexual dos homens, e quando invade o sonho de uma pessoa ele toma a aparência do seu desejo sexual e suga a energia proveniente do prazer do atacado. Estão associados a casos de doenças e tormentos psicológicos de origem sexual, pois após os ataques se seguiam pesadelos e poluções noturnas nas vítimas. A contraparte masculina desse demônio é chamada de íncubo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O diabo no corpo

"O diabo existe e seu papel ativo não pertence só ao passado e não pode ser reduzido ao espaço da fantasia popular. Na realidade, ele continua a induzir os homens ao dito "pecado". Agora um conto arrepiante sobre uma linda mulatinha: Manuelinha tinha 18 anos incompletos e era um verdadeiro modelo de mestiça bonita e apetitosa..."

Manuelinha era uma mulata dos seus 18 anos incompletos e um verdadeiro modelo de mestiça bonita e apetitosa.  Não tinha alta estatura; pelo contrário, era toda miudinha de corpo e de formas, porém enxuta de carnes, de braços e pernas roliças, anca refeita, seio agradavelmente espontado debaixo da chita do corpete, pescoço cilíndrico...

Os seus olhos eram grandes, amendoados, negros, vivos e pestanudos, a boca pequena, de lábios carnudos e guarnecida de dentes muito brancos e juntos, nariz perfeito, pele fina, macia, suavemente amorenada, cabeleira farta, sem ser crespa em demasia.

Muito viva, tinha movimentos brevíssimos, olhar ligeiro e petulante, adêmanes rápidos, e sabia rir-se de qualquer coisa com graça encantadora; o muxoxo na sua boca tinha um quê especial.

Demais Manuelinha tinha consciência da sua beleza e sabia fazê-la valer. Debalde muito cabra valente, num pé de viola, lhe tinha feito roda. Inutilmente os arrieiros faziam piegas nos seus cavalos aparelhados de prata, quando passavam junto à sua porta. Manuelinha olhava a todos por cima do ombro; e se algum mais ousado animava-se a dirigir-lhe uma graçola qualquer, por exemplo, um:

– Puxa, mulata, machucadeira de coração!.. – era infalível da sua parte um atrevido:

– Não se enxerga seu sujo?!

ou então:

– Vai te lavar na maré, pato choco!

E assim vivia Manuelinha, contente descuidosa, cortejada por todos, porém sempre esquiva e orgulhosa da sua beleza e da fascinação que exercia sobre todos os homens, que, nos dias de pagode em sua casa, nunca ali faltavam, como que atraídos pela interessante rapariga.

* * *

Toda a rapaziada da vizinhança derretia-se por Manuelinha. Mas dentre a chusma de seus adoradores um merece ser destacado com certo relevo, não só pelo importante papel que vai representar na seqüência desta história, como pela extravagância do tipo.

Esse apaixonado era, nada mais, nada menos que Pedro Camundá, africano com perto de 70 anos, e tio-avô da mulatinha.

Por artes do diabo, aquele "cação", como lhe chamava a malcriada mulatinha, enamorou-se perdidamente da sobrinha-neta, e lavava todo o santo dia a importuná-la, apesar das insolentes rebatidas da rapariga.

Pedro Camundá, ou antes, para dizer exatamente o seu nome com todos os seus estrambólicos apelidos, por ele mesmo forjados, Pedro Camundá Lopes Martins Júnior, Filho do Gama Pesca de Dia, de Noite Escama, Cócôriôcô, Galo Quando Canta É Dia, entendia lá no seu bestunto que, sendo-se tio-avô de Manuelinha tinha mais do que qualquer outro direito de possuí-la, e pouco se lhe dava a diferença de idade entre os dois e a repugnância que em geral a mulata sente pelo negro.

Pedro Camundá não refletia nisso. Era tio e essa consideração do parentesco julgava ele suficiente para destruir todos os obstáculos. Não desanimava, pois, de fazer render a rapariga à sua concupiscência.

É claro, porém, que a moça, por mais depravado que fosse o seu gosto, nunca poderia entregar-se voluntàriamente àquele urutu de venta esborrachada, carapinha enredada, cambaio, desdentado e de olhos sangrentos. Era, portanto, em vão, que Pedro Camundá Lopes Martins, etc., etc., ostentava para agradá-la diversas habilidades que possuía, tais como: tocar flauta de taquara pelo nariz, pegar cobras com a mão, tirar ponto de jongo e outras astúcias mais.

Manuelinha cada vez o aborrecia mais, e se não o enxotava de casa é que Pedro Camundá tinha fama de grande feiticeiro. Nessa qualidade ela o temia extraordinàriamente; maus tratos, porém, não lhe poupava, e a todo o momento lhe assacava epítetos os mais injuriosos.

* * *

Era de uso antigo em casa de Manuelinha festejar-se com uma grande pagodeira o dia de Nossa Senhora da Conceição, que era a madrinha celeste da mulatinha. Chegado o dia, começaram a afluir visitas de toda a parte, tanto homens como mulheres, pois essa festa tinha fama na vizinhança.

Cantava-se uma ladainha, ia-se depois para uma mesa bem servida de suculentas iguarias, e depois caía-se no batuque, que durava até amanhecer.

Entre outras pessoas estranhas que vieram pela primeira vez a essa pândega, notava-se o sr. Antônio Guimarães, ilhéu chegado pouco antes do Faial e hortelão de uma fazenda da vizinhança.

Era um sujeito grosso de corpo e de espírito, usando barba de varre-lama e de queixo e beiço raspado.

Ainda vinha metido na pesada saragoça de além-mar, com o clássico remendão nos fundilhos, e trazia atarracado à alentada pata o grosso tamanco de beiça grande e revirada, guarnecido de cravos fortes de cabeça chata.

Guimarães logo que pousou a vista na mulŽtinha, nesse dia vestida e penteada a capricho, começou a sentir umas comichões na garganta e pôs-se a mexer no banco, todo esquerdo, todo casmurro. Via-se logo que aquela alma ilhoa queria reza; mas, o que é mais singular, Manuelinha, a invencível mestiça, a tirana que havia orgulhosamente desprezado o amor da mais desempenada caipiragem, simpatizou igualmente com o forasteiro, e logo todos, inclusive Camundá, perceberam que os dois, no fim de meia hora, estavam de namoro trançado.

Muitos se arreliaram com isto. O negro velho. porém, encheu-se da maior das raivas, e os seus olhos, que pareciam duas postas de sangue, não se despregavam da sobrinha, como que ameaçando-a.

* * *

Todavia este incidente não desmanchou a festa.

Ao contrário, como Manuelinha parecia ainda mais alegre que de costume, a rapaziada fez vista grossa ao namoro com o ilhéu e entrou no batuque, desembaraçada de qualquer preocupação. Ora bolas! ela era senhora de gostar de quem quisesse.

Muitos, até, começaram logo a lançar os seus olhares para as outras raparigas, quando mais não fosse para moerem a impostora que tinha desprezado os seus patrícios e estava agora a derreter-se com um sujeito à-toa, vindo da Estranja ou de onde o diabo perdeu as botas, isto só porque o pé-de-chumbo era de sangue sem mistura.

– A negrinha quer limpar o sarro da senzala na barba do portuga, – diziam uns para os outros despeitados.

No entanto estrugia o sapateado e quando cessava era apenas para se fazer ouvir algum cantador que extravasava os seus queixumes ou os seus fingidos desdéns numa quadrilha estribilhada pelo Quero mana, lerê, quero mana! ou pelo Vai de roda, siá dona Geralda e outros.

Todos folgavam ou pareciam folgar com a maior alegria. Só Pedro Camundá, o preto velho, acocorado a um canto da sala, remoia a sua grande raiva concentrada.

* * *

Em um dos intervalos do batuque, e depois que alguns cantadores trocaram algumas trovas em desafio, Manuelinha chegou-se ao Guimarães, que não tirava os olhos de cima dela, e disse, com muitos requebros no corpo e doçura na voz e na fala:

– Cante alguma coisa para a gente ouvir seu Antônio.

Guimarães, assim rogado tão agradavelmente, ficou um tanto envergonhado, e a torcer a tramela da porta, para disfarçar a confusão, disse:

– Lá o cantar eu cantava, pois com a ajuda de Deus não nasci com a língua pregada, mas é que eu sei somente cantar à moda da minha terra e talvez as pessoas que aqui estão não gostem.

– Por que não se há de gostar? – disse a mãe de Manuelinha, uma mulata escura que outrora vivera amasiada com um português. – Por que não se há de gostar? Até tem mais graça porque é uma coisa nova.

– Decerto que sim, – confirmaram algumas outras mulheres. – A gente já anda tão enfarada dessas modas daqui.

– Cante seu Antônio, – rematou Manuelinha arrebitando o nariz. – Se alguém não gostar, não faltará quem lhe aprecie.

Ao ouvir tais palavras Guimarães entendeu que não devia mais resistir e assim falou:

– A sora dona Manuela manda em quem bem quer lhe servir. Benha daí uma biola. Lá pelas nossas terras antes dum homem se pôr a cantar bota pra baixo um bom picheI de vinho. Mas como ele não há por cá, mandem-me uma pouca de aguardente para desencatarrar o peito.

Sendo logo servido no que pedira, o Antônio tomou uma viola, afinou-a a seu jeito, e, ao som de um estabanado rasgado, cantou o seguinte:

Ai! belas manhãs da Lapa,
E eu fui aos caramujos,
Quando bejo mulher belha,
Tiro meu chapéu e fujo.

Sôra Maria,
Mestre Manel,
Quem mora na rua
Nan paga aluguel.

Riram-se todos a bandeiras despregadas com os versos do casmurro, e Manuelinha exultou de contentamento, por demonstrar àquela gente que o homem a quem distinguia não era pra aí qualquer pasmado. Todos gostaram dos versos, ou por muito estúpidos, ou simplesmente por serem novidade naquele meio, afeito às doçuras langues do Passo branco avoou e outras composições matutas. Todos gostaram, exceto, porém, Pedro Camundá. Esse sempre sentado, ao canto da sala tornava-se cada vez mais sério e embezerrado. Dir-se-ia que tinha ciúmes do triunfo que o português alcançava.

No entanto ninguém dava por isso, e Antônio Guimarães, animando-se aos poucos, destampou outra vez o peito e berrou:

Oh! munina da labada,
Rega o teu manjaricão,
Que hoje estou devoleto
Amanhã estarei ou não.

Senhor João do Norte
Bem todo ratado,
Co'as buxigas loucas
Do ano passado.

Novas gargalhadas acolheram tal destempero poético: a caipirada achava um cômico irresistível nos versos do ilhéu, e Manuelinha, interpretando os risos como sinais de admiração, no tamborete em que se achava, remexia-se de contentamento.

Pedro Camundá, cada vez mais enfiado, mastigava em seco no canto da sala, e Antônio Guimarães, impando de orgulho, e querendo mostrar à cabritada que era homem de recursos no braço de uma viola, variando a música e o ritmo despejou de um só fôlego toda essa embrulhada:

Quando Cristo frumou Judas,
Palácios de grande altura,
Muita gente lá morreu
Foram para a sepultura

Casa grande tem fartura
Andam lebres nos trigais,
Comem-n'as aves o milho,
Quaim paga são-n'os pardais.

Cabalo grande é trangola
Puquenino é perereca,
Pau furado é biola
De caracol é raveca.

E deixando pender o corpo todo para Manuelinha, que se achava sentada a seu lado, rematou por esta forma extravagante a sua lengalenga:

E agora, senhores meus,
Uma coisa bou dizeire,
Andam cabras pelo monte,
Muito custa um bem quereire.

Esta munina é minha
Compei-a numa audiência
Na Relação de Lisvôa
Na mesa da consciência.

Todos compreenderam perfeitamente a alusão que o português fazia à facilidade com que havia realizado a sua conquista amorosa, a despeito dos cabras que andavam por aquele monte, e Manuelinha mostrava estar satisfeita com aquela declaração brutal.

Um murmúrio surdo de indignação fez-se ouvir logo. Os caipiras olhavam uns para os outros, como se quisessem consertar algum plano contra o ilhéu, pois aquilo já estava cheirando a desaforo grosso, e Pedro Camundá, que tinha ouvido toda a versalhada do Guimarães, dando sempre os sinais mais visíveis de indignação, entendeu que devia mostrar a todos que também sabia cantar. Deslumbraria o português, e conjuntamente a mulatinha, que não podia deixar de preferir o seu canto.

* * *
Assim, logo que o português se calou, Pedro Camundá, como se houvesse sido mordido pela tarântula, pulou para o meio da sala e a desengonçar-se todo e a bater palmas, berrou descompassadamente na sua meia língua:

Eh! Eh! Eh! Eh!
Maria sobe moro,
Bunda teremê,
Coração min dóe.

Pedro Camundá não pôde continuar. Manuelinha, envergonhada e irritada com aquela entrada estapafúrdia do tio, tão fora de tempo e de propósito, foi ao seu encontro, e gritou-lhe com a insolência que lhe era própria:

– Cala a boca, burro.

– Burro não, sua malcriada. Mais respeito com seu tio! – retrucou Camundá enfurecido.

– Que tio! que nada! Vocemecê não vê que não sabe cantar? Para que está aborrecendo a gente com essa porcaria de jongo. Sempre mostra que é negro!...

Manuelinha não chegou a terminar bem a frase.

Pedro Camundá, enciumado e ferido no seu amor-próprio de modo tão público, desandou-lhe tão violenta bofetada, que a mulatinha estendeu-se a fio comprido no chão.

Levantou-se logo grande celeuma entre os foliões, e Antônio Guimarães, irritado com aquela ofensa à mulata, a qual já considerava como coisa sua, arrancou do pé o grosso tamanco ferrado de cravos de cabeça chata, e cibrou-o com toda a força na cabeça do negro, de onde escorreu pronto um fio de sangue.

Então ferveu o sarceiro. Diversos caipiras, querendo tornar-se agradável a Manuelinha, colocaram-se ao lado do português. Outros, porém, declararam-se em favor de Camundá, e o pau roncou deveras, fazendo as mulheres grande berreiro.

Quebraram-se diversas cabeças e muitos ficaram cheios de contusões, mas, afinal, todos se reconciliaram. Houve explicações de parte a parte, trocaram-se desculpas; e todos mostraram-se dispostos a recomeçar o pagode.

Quem não se acalmou, porém, foi Pedro Camundá. Recusando lavar o sangue que lhe escorria da cabeça lascada pelo tamancão do ilhéu, parecia endemoninhado, e vendo que todos se voltavam contra ele, pela sua obstinação em insultar a sobrinha, pôs arrebatadamente na cabeça o chapéu de palha, dirigiu-se à porta, e dali, cuspindo três vezes para dentro da sala e lançando à mulatinha um olhar terrível, disse:

– Negro, hein?! Negro?! Tu me pagarás!... – Acabando de pronunciar tais palavras, desapareceu na escuridão da noite, deixando todos sob o peso daquela terrível ameaça dirigida à rainha da festa.

* * *

Não era uma coisa à-toa esse projeto de vingança formulado pelo preto velho.

Todos o tinham por feiticeiro terrível, e sabia-se que ele fazia de rei nos canjerês arranjados pela negrada das fazendas vizinhas.

A sua habitação, uma choupana esburacada e mal coberta, metida no sambambaial da lomba de uma serra onde ele vivia sozinho com um gato preto e um bode velho, estava atulhada de coisas estranhas, e todos a evitavam com horror: eram cobras mansas, morcegos espetados pelas paredes, sapos, braços de crianças pagãs que desenterrava dos cemitérios, dentes de animais peçonhentos e outras bruzundangas.

Ali vivia ele desde que se libertara, e muita gente se queixava dos seus feitiços. Dizia-se que o seu olhar continha um fluido venenoso que matava os animais e causava moléstia nas criaturas. Pelas suas artes realizava desuniões nos casais. Mil outras perversidades se lhe atribuíam.

Por isso ficaram todos apreensivos com a sua ameaça. Pedro Camundá não era para graças; aquilo era negro danado, negro do couro azul, diziam os caipiras uns para os outros, comia brasa de fogo, fazia vez de cururu.

* * *

Decorreram alguns dias depois da pouco edificante cena que acabamos de descrever.

Assustada durante os primeiros dias com a ameaça do tio, afinal Manuelinha esqueceu-a completamente.

Guimarães pouco e pouco foi se insinuando cada vez mais no espírito da gentil mestiça, sabendo conquistá-la, seduzi-la, até que veio a assenhorear-se completamente do seu coração, dos seus desejos, das suas vontades, chegando a possuí-la. Falava-se num futuro casamento, mas ninguém acreditava nele, porquanto o português já quase que morava em casa de Manuelinha, dormindo lá nos sábados, passando o domingo todo, para só se retirar na segunda-feira.

A ameaça de Pedro Camundá não fora entretanto vã, e durante certo tempo veio transtornar a paz em que a rapariga vivia.

Num domingo pela manhã, achando-se em casa o Guimarães, como de costume, Manuelinha pôs à cabeça um pote de barro e dirigiu-se à fonte, a fim de trazer água para cozinhar o almoço.

A fonte era pouco distante da casa. Descia-se apenas uma pequenina ribanceira, e ela surgia, a jorrar cristalina água, cantante, muito clara, muito fresca, deslizando por entre imensas pedras limosas, e toda cercada pelas largas folhas de inhames e de taiobas.

A moça chegou ao puríssimo veio d'água, lavou o rosto e os braços, encheu o pote, e preparava-se para pô-lo à cabeça, quando sentiu um ruído nas folhas secas do matal vizinho.

Tornando a descansar o pote no chão, procurou observar o que se passava e, agachando-se, para olhar por baixo da ramaria, avistou um moleque muito preto, coberto de andrajos, e com grande quantidade de latas velhas amarradas pelo corpo.

Assim que os seus olhos pousaram sobre ele, o moleque começou a fazer-lhe trejeitos e caretas. A moça, assustadíssima, correu para casa a relatar o que tinha visto à mãe e ao amante.

Guiados por Manuelinha correram os dois à fonte. Apenas chegados, a mulatinha, muito nervosa, gritou, apontando para o mato:

– Lá está o moleque, mamãe! Veja, seu Antônio! T'esconjuro, diabo!...

A mulata velha e o português olharam atentamente para o lugar indicado por Manuelinha, porém nada viram.

– Onde? onde? – perguntaram os dois ao mesmo tempo.

– Ali, gente! mesmo em frente de nós. É moleque muito preto, todo coberto de molambos e com uma porção de latas velhas penduradas pelo corpo. Ouçam como batem as latas umas nas outras!...

– Eu não bejo nada! – exclamou Guimarães esfregando os olhos já cansados de tanto olhar.

– Nem eu! – disse a mulata velha.

– Ó homem! vocês estão cegos? – disse Manuelinha tornando-se cada vez mais agitada. – Credo! o moleque virou num sapo muito grande e com cada olho! Aquilo é coisa mandada com certeza. Olhem como o sapo está inchando?!...

– Raios parta o sapo mal-o o moleque! –disse Guimarães já um tanto aborrecido. – Pelas cinco chagas de Cristo que eu nãn bejo nada!

– Xi... – continuou a mulatinha. – O sapo virou numa cobra vermelha. T'arrenego, coisa ruim!

– Tu estás douda, rapariga! – exclamou Guimarães. – Ali não há cobra, nem cousa biba nenhuma! Tu não estás voa, com certeza!

– Pois você não vê ali uma cobra tamanhona! Olhe, veja bem como ela se enrosca nos paus e dá botes para todos os lados. Ai, meu Deus! virou agora num lagarto. E lá vem ele para cima de nós. Foge, seu Antônio, foge mamãe... Aquilo é coisa mandada!

E não pôde dizer mais nada. Caiu redondamente no chão e entrou a estrebuchar em convulsões medonhas. Num momento as roupas lhe ficaram em tiras, e ela, com a barriga e as pernas nuas, torcia-se doidamente pelo chão, a ferir-se no saibro da vereda.

Os olhos viraram-lhe para trás, a boca torceu-se e dos cantos dos lábios começou a borbulhar uma espuma esverdeada.

– Meu Deus! que é isso que estou vendo? – disse a mãe, tomada de assombro. – Minha filha que é isso? Fala, responde a tua mãe.

Entrementes, Guimarães observava atentamente todos os movimentos da rapariga e transformações que se operavam no seu semblante transtornado. Dir-se-ia um médico embaraçado com um diagnóstico difícil.

Afinal bateu com a pesada mão no ombro da mãe de Manuelinha e disse, possuído da maior convicção:

– Bocemecê quer saber que tem sua filha?

– Diga, seu Antônio, pelo amor de Deus!

– Sua filha está com o diabo no corpo. São as artes do tal negro belho.

* * *

Depressa correu por toda aquela redondeza que Manuelinha, a flor das mulatinhas do sertão, estava com o diabo no corpo; e à sua casa começou a afluir visitas de mulheres e homens. Todos queriam verificar com os próprios olhos aquele caso estranho, e depois que examinavam a enferma, saíam plenamente convencidos de que a infeliz era presa de um demônio que se comprazia em torturá-la. E choviam as maldições sobre Pedro Camundá. Pois quem, a não ser ele, seria capaz de tamanha perversidade?

Na verdade os sintomas da moléstia eram muito singulares. A barriga começou a crescer-lhe de um modo espantoso, dir-se-ia em adiantada gravidez, e nas crises agudas ela torcia-se como uma possessa na cama, injuriava a todos, proferia obscenidades, e, o que é mais singular, às vezes ficava suspensa no ar durante um ou dois minutos. Nesses momentos, os seus olhos viravam mostrando somente o branco, a boca entortava, e dela escorria copiosa espuma.

Outras vezes discutia com o demônio que em si encerrava, e ao qual dava o nome de Caviru. Insultava-o ou rogava-lhe que a deixasse. Outras ainda a sua voz mudava: parecia a de uma outra pessoa e começava a dizer frases incoerentes ou de sentido misterioso.

Vieram muitos curandeiros visitar a inditosa rapariga. Várias mulheres fizeram-na engolir drogas nauseabundas mas ninguém fazia melhorar a pobre moça que de dia para dia definhava sobre o catre.

Todos se condoíam do lastimável estado da pobrezinha, e Antônio Guimarães estava inconsolável.

* * *

Essa triste situação durou algumas semanas e a moça ia cada vez a pior, quando veio visitá-la uma preta velha, que era a sua madrinha de apresentação.

Manuelinha, assim que a madrinha assomou à porta começou a gritar horrivelmente, como se a cruciassem dores pungentíssimas.

Todos se admiraram com o que estavam presenciando, porém tia Maria não se abalou e disse aos mais que ficassem tranqüilos, pois ela ia tirar o diabo do corpo de sua afilhada.

– O coisa-ruim já me conhece. Agora vai ele ver o ruço comigo.

– Quando ele, o estapoire saire, logo se conhece: a rapariga há de daire um grande bufa.

– É tal e qual, – confirmou tia Maria.

E dizendo isso a preta agarrou a afilhada pelos pulsos e gritou:

– Caviru! Caviru! quem te mandou para o corpo desta menina? Fala coisa-ruim!

A moça torceu-se toda, porém seus lábios não se descerraram.

– Você fala ou não fala, Caviru?

Nada; nenhuma resposta se ouviu.

– Ah! – disse a preta, – essa Peste está reinando! Vão buscar uma vara de guiné e um galho de arruda. Ah! negro velho caborgeiro, eu bem conheço as tuas maldades! Fazer isso com a pobre da minha afilhada!

E a velha pôs-se a rezar e a benzer a sobrinha em todas as direções.

Daí a pouco trouxeram-lhe a vara de guiné e o galho de arruda.

– Vão agora buscar um gato preto, para o diabo passar para o corpo dele.

– E só quando a rapariga der um bufo é que ele sai.

Enquanto procuravam o gato, tia Maria amarrava com um largo cinteiro o galho de arruda sobre o roliço ventre da rapariga, e chegando o gato, ordenou ao Guimarães que o sugigasse.

* * *

Todos acompanhavam esses preparativos com o maior interesse, e tia Maria, depois de riscar três cruzes com o dedo molhado em azeite, sobre os seios da moça, que se achava completamente nua sobre a cama, pegou da flexível vara de pau-guiné e gritou de novo:

– Caviru! Caviru! quem te mandou para o corpo desta menina?

Como das outras vezes nenhuma resposta se fez ouvir. Então a preta velha vibrou com a vara de guiné uma forte vergastada nas nádegas carnudas da rapariga.

Manuelinha deu um grande grito e espernegou na cama.

– Anda, peste! – tornou de novo tia Maria. – Quem te meteu aí?

Ainda nada de resposta e a vara de guiné tornou a silvar no ar e a cair sobre as carnes da moça.

– Fala, desgraçado! Quem foi que te meteu aí?

E como o demônio se obstinasse em não dar resposta, a velha amiudou as varadas, aos gritos da infeliz que pinoteava no leito, até que afinal a rapariga, como que fazendo um grande esforço sobre si mesma, gritou convulsivamente:

– Foi Pedro Camundá!

– Eu nãn lhes havia dito que era aquele estapaire! – disse logo Guimarães.

– Segure o gato, seu Antônio! – exclamou a preta. – Caviru já obedece, agora ele tem que sair, quer queira quer não.

E toca a zurzir a vara nas nádegas da moça, aos berros de Sai! sai maldito!

A moça, já com as carnes todas lanhadas, cada vez gritava mais.

– Segure o gato, seu Antônio! O bicho está aqui, está fora. Segure o gato, seu Antônio!

– Cá o tainho bem preso pelo toutiço.

Entrementes a vara não descansava. A mãe de Manuelinha segurava-a pelos braços, uma outra agarrava-lhe as pernas. Guimarães, no meio do quarto, segurava o gato pelo cangote.

De repente a rapariga inteiriçou-se toda no catre e exalou um suspiro. Ao mesmo tempo o seu ventre, que até então se conservara duro como o diafragma de um zabumba, emurcheceu subitamente e um forte cheiro de gás ácido sulfúrico, acompanhado de estrondo, espalhou-se pelo aposento.

– Solte o gato, seu Antônio!

Guimarães soltou o bicho dizendo:

– Eu nãn lhes disse que o estapoire só sairia do corpo da rapariga, quando ela desse uma grande bufa?

O gato, assim que se viu livre das garras do ilhéu, ganhou a janela de um salto e a miar como um desesperado fugiu para o mato com a cauda erguida e o pêlo todo eriçado.

– Vai-te, excomungado; vai-te para as areias gordas, – gritava tia Maria. – Graças a Nossa Senhora da Conceição, saiu o diabo do corpo de minha afilhada. Ah! Pedro Camundá! feiticeiro danado! No inferno tu hás de pagar esta grande maldade. Te, esconjuro, coisa ruim!

Todos ficaram convencidos de que o tinhoso escapulira do corpo da rapariga; e, por conseguinte, estavam terminados os seus sofrimentos.

Efetivamente Manuelinha, caindo primeiro numa grande prostração, foi depois se restabelecendo a poder de gordos caldos de galinha, e no fim de algumas semanas estava completamente curada.

Guimarães, daí a uns seis meses comprou um pequeno sítio, e lá foi viver com a mulatinha. Dentro de anos juntou alguns cobres, porém tinha sempre no nariz e nos ouvidos a grande bufa que a rapariga soltara, quando o diabo lhe saiu das entranhas.

(Padilha, Viriato. O livro dos fantasmas. Rio de Janeiro, Spiker, 1956, p.239-251)

sábado, 1 de novembro de 2008

O Exorcista

Karras: -Eu entendo. Bem, então. vamos nos apresentar. Eu sou Damien Karras.
Regan: -Eu sou o diabo. Agora, seja bondoso e solte estas tiras!
Karras: -Se você é o diabo, por que não faz as tiras desaparecerem?
Regan: -É muito vulgar uma exibição de poder, Karras.
Karras: -Onde está Regan?
Regan: -Aqui...conosco.

"O que há de comum entre A Noite dos Mortos-Vivos (1968), A Morte do Demônio (1983) e O Exorcista (1973)? Na minha opinião, são três dos maiores de todos os filmes de horror da história.

A Noite dos Mortos-Vivos (The Night of the Living Dead, em vídeo pela VTI) é um clássico da produção B, filmado em preto & branco por George Romero e um dos precursores do splatter. A Morte do Demônio (The Evil Dead, em vídeo pela Look), do talentoso diretor Sam Raimi, é um insuperável show com as mais fantásticas cenas repugnantes vistas no cinema.

E O Exorcista (The Exorcist, em vídeo pela Warner), que é uma das mais assustadoras histórias de possessão demoníaca já filmadas, amparado por uma grande produção e direção de William Friedkin.

Eu nunca me esqueço quando fui assistir a O Exorcista pela primeira vez, em 1984, num cinema barato e já extinto chamado "Cine Londres", no centro do bairro de Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Eu tinha 16 anos e o filme era proibido para menores de 18. Consegui entrar assim mesmo e a sessão já havia começado.

Quando entrei no cinema e estava tentando me acostumar com o escuro, olhei para a tela e... a cena que estava se passando era justamente a da garota possuída pelo demônio se masturbando violentamente com um crucifixo, rasgando a sua vagina e espalhando sangue por todos os lados, vociferando com uma voz que parecia vir do próprio inferno, "Deixe Jesus te foder!". À sua frente, a mãe olhava horrorizada para a inesperada atitude da filha de apenas 12 anos de idade, que ainda agarrou sua cabeça e esfregou na vagina ensanguentada gritando freneticamente "Me chupe! Me chupe!". Levei um susto tão grande, que quase me arrependi de ter entrado no cinema, porém a atração pelo horror foi maior.

Foi a mais cara produção de horror da época (hoje já são normais as grandes produções como por exemplo o recente Drácula, de Francis Ford Coppola) e que trouxe às telas o livro homônimo de William Peter Blatty, sobre um padre católico que batalha com um demônio.

O filme começa com o padre Lankester Merrin (Max Von Sydow, envelhecido) desenterrando uma estátua no Iraque e libertando um demônio luxuriante chamado Pazuzu, que eventualmente se apossa lentamente do corpo de uma pequena jovem, Regan Theresa MacNeil (Linda Blair), que vive com sua mãe (Ellen Burstyn), uma atriz divorciada, em Georgetown, nos arredores de Washington.

Aos poucos, a garota começa a tornar-se selvagem e passa a cometer atos estranhos, como urinar na frente de convidados, vociferar palavras de baixo calão, se masturbar com um crucifixo e levitar sobre a cama, vindo a se transformar fisicamente em um pútrido demônio coberto de tumores, que é amarrado com cordas em sua cama. Uma vez indiferente aos médicos e últimos equipamentos da medicina, a família é obrigada a chamar um padre psiquiatra, Damien Karras (Jason Miller), que tenta ajudar. Ao não obter sucesso, eles recorrem então à Igreja e é chamado o padre Merrin, para juntos tentarem o exorcismo. A voz rouca do demônio, produzida pela atriz veterana Mercedes McCambridge, é fenomenal e assustadora, o que não aconteceu na versão dublada exibida pela televisão brasileira, que foi uma voz artificial, sintetizada, forçada e ridícula.

Algumas das melhores sequências foram as vomitadas e escarradas de Regan possuída na cara dos padres, um líquido verde viscoso que lembra uma bílis de leite com abacate; as blasfêmias ditas pelo demônio ao padre Karras como "sua mãe chupa pênis no inferno"; e quando aparecem grandes vergões na barriga da garota enquanto dorme em quase estado de coma, dizendo "Ajudem-me".

Os trabalhos de maquiagem de Dick Smith são fantásticos, ao envelhecer Max Von Sydow, transformando-o num verdadeiro octogenário; e na garota possuída, transformando seu rosto num amontoado de feridas abertas e úlceras pestilentas. Dick Smith é até hoje um dos melhores profissionais da área em todo o mundo, juntamente com Rick Baker (de Um Lobisomem Americano em Londres e O Incrível Homem que Derreteu), Tom Savini (de Sexta-Feira 13 e O Dia dos Mortos), e Screaming Mad George, o mais recente mago dos efeitos de maquiagem no cinema.

Os atores tiveram ótimas performances, com Ellen Burstyn, Max Von Sydow, Jason Miller, Lee J. Cobb (como o tenente de polícia William Kinderman), e Linda Blair, que até hoje é lembrada pelo papel de Regan, apesar das cenas com a garota possuida serem feitas por uma dublê. Porém, a carreira cinematográfica de Blair não decolou, se restringindo apenas a aparições em pequenos filmes B.

A música tema, uma pequena balada de piano, é imortal e eternamente associada ao filme. Ela foi utilizada na introdução da música The Exorcist, da extinta banda de Death Metal Possessed, em 1985.

O Exorcista foi o único filme de horror até aquela época (1973), a ganhar o cobiçado prêmio Oscar, nas categorias técnicas de roteiro adaptado, de William Peter Blatty, e de som. Atualmente as obras de horror ganham até o prêmio de melhor filme, como aconteceu em 1991 com O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme.

O ponto mais alto do filme certamente foi a grande e antológica sequência do exorcismo que no final, como sempre no cinema politicamente correto, o Bem prevalece sobre o Mal, com o demônio sendo derrotado, libertando a jovem garota, mas às custas das mortes dos padres, em especial, a do padre Karras, que desaba violentamente de uma enorme escadaria, mergulhando para a morte, agonizando numa imensa poça de sangue.

O Exorcista é até hoje considerado um dos grandes filmes da história da produtora Warner e certamente está na lista dos melhores filmes da horror de todos os tempos, com seu impressionante argumento de possessão demoníaca. E completará 30 anos em 2003, mantendo o seu prestígio ao longo do tempo e merecendo ser revisitado e homenageado sempre." (por Renato Rosatti).

Ficha Técnica

Título Original: The Exorcist
Gênero: Terror
Origem/Ano: EUA/1973
Direção: William Friedkin
Roteiro: William Peter Blatty, baseado em seu livro homônimo
Produção: Noel Marshall, William Peter Blatty e David Salven
Música: Krzysztof Pendercki
Fotografia: Owen Roizman e Billy Williams
Sonoplastia: Jean-Louis Ducarme
Direção de Elenco: Louis DiGiaimo, Nessa Hyams e Juliet Taylor
Efeitos Sonoros: Ron Nagle, Doc Siegel, Gonzalo Gavira e Bob Fine
Efeitos Especiais: Marcel Vercoutere
Efeitos Visuais: Marv Ystrom
Maquiagem: Dick Smith e William A. Farley
Cenografia: Jerry Wunderlich
Cenários: Jerry Wunderlich
Montagem: Bud Smith; Evan A. Lottman e Norman Gray
Elenco: Ellen Burstyn (Chris MacNeil), Max von Sydow (padre Merrin), Jason Miller (padre Karras), Linda Blair (Regan), Lee J. Cobb (tenente Kinderman), Kitty Winn (Sharon Spencer), Jack MacGowran (Burke Dennings), Mercedes McCambridge (voz do demônio Pazuzu), Reverendo William O'Malley, Barton Heyman, Pete Masterson, Rudolf Schundler.

Sinopse

Baseado no best seller de William Peter Blatty, além de divertido, é um primor de efeitos especiais e sonoros. Estrelado por uma endiabrada Linda Blair, o filme eletrizou platéias, que desmaiavam e entravam em transe quando a personagem possuída pelo diabo gargalhava, rodava o pescoço em 360 graus e vomitava na cara do padre que queria exorcizá-la. Teve duas continuações, ambas inferiores.

Prêmios

Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e Som. Indicações para Melhor Filme, Diretor, Atriz (Ellen Burstyn), Ator Coadjuvante (Jason Miller), Atriz Coadjuvante (Linda Blair), Fotografia, Direção de Arte e Edição.

Fontes: Webcine - O Exorcista; Boca do Inferno - O Exorcista.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O Bebê de Rosemary

1968 não foi apenas um ano de grandes agitações políticas e sociais, mas também de grandes momentos para o universo do terror: George Romero fez levantar, literalmente, os mortos para atacar os vivos no clássico A Noite dos Mortos-Vivos (Night of Living Dead), mostrando que o horror explícito e orçamento mínimo poderiam gerar uma obra-prima do cinema; os Rolling Stones colocavam Satã na ordem do dia com a música "Sympathy For The Devil", onde o "Príncipe do Mal" era retratado como um Anti-Herói e suas maldades serviam como contraponto à ordem social "careta" e ao Establishment, imagens típicas da Contracultura da época; e o diretor polonês Roman Polanski trouxe nada mais nada menos do que o filho do Demônio, o próprio anti-Cristo, às telas no clássico O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby).

Baseado no livro de grande sucesso de Ira Levin, a história é simples e apavorante: jovem recém-casada, Rosemary (Mia Farrow), muda-se com seu marido, Guy (John Cassavetes), um ator desempregado, para um edifício soturno (Dakota) em Nova Iorque. Logo, ela começa a desconfiar que seu marido está envolvido com magia negra (junto com os vizinhos, um "simpático" casal de velhinhos) e, em troca do sucesso, quer entregar seu filho para rituais macabros. O filme, então, narra a luta de Rosemary para manter a criança longe de seus perseguidores, reservando-lhe uma trágica surpresa: seu filho não era de Guy, mas sim do Demônio.

Produzido pelo legendário especialista em filmes de terror William Castle (que faz uma "ponta" como o homem que vai na cabine telefônica e assusta a fugitiva Rosemary), o primeiro filme de Roman Polanski nos Estados Unidos conseguiu criar um suspense intenso: utilizando-se de pequenos espaços num apartamento fantasmagórico (sombras, pessoas passando sem serem notadas, vozes vindas da parede, etc.), Rosemary fica presa completamente - mesmo numa cidade gigantesca como Nova Iorque, as "redes" podem ser fechadas e não existe lugar para fugir.

O filme tornou-se uma obra-prima do terror psicológico, apesar de apresentar momentos fortíssimos, como as impressionantes cenas do Demônio transando com Rosemary; a fragilidade dela sofrendo de inexplicáveis dores de gestação; o clima de perseguição que a faz ficar paranóica; e o final chocante (Rosemary, com uma faca, invade o apartamento do lado, descobre a real natureza de seu filho - Polanski acrescentou vários fotogramas da "criança", destacando os olhos horripilantes - e aceita ser sua mãe), entre outras.

Tais cenas provocaram polêmica - a Igreja Católica classificou o filme como "blasfemo", assim como outras religiões, que procuraram impedir a exibição do filme - e grande sucesso de bilheteria. O filme e o livro abriram uma série de trabalhos sobre cultos e demônios na época. Podemos também colocar este filme como o precursor direto dos futuros clássicos O Exorcista (The Exorcist) e A Profecia (The Omem).

Além da direção criativa de Polanski, nada disso seria possível sem a fantástica interpretação do elenco: Mia Farrow está perfeita como a frágil Rosemary, sofrendo todos os terrores possíveis para proteger seu "filho"; John Cassavetes está perfeito como o marido que entrega tudo ao Demônio; Ruth Gordon, a velhinha simpática e demoníaca, ganharia o Oscar de atriz coadjuvante.

E, como todo clássico que se preze, também apresentou suas "maldições": um ano depois do lançamento do filme, a esposa de Roman Polanski, a belíssima atriz Sharon Tate, foi assassinada brutalmente pela "comunidade" liderada por Charles Manson (ele misturava passagens da Bíblia com letras do "Álbum Branco" dos Beatles, num dos episódios mais violentos da década de 60 e que ajudaria a destruir a Contracultura); em 1980, na frente do mesmo edifício Dakota onde o filme foi rodado, o ex-beatle John Lennon foi assassinado. O diabo andou às soltas, sem dúvida (por Orivaldo Leme Biagi).

Ficha Técnica

Título: O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby, Estados Unidos, 1968). 136 minutos
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski, a partir de romance escrito por Ira Levin
Produção: William Castle; Dona Holloway
Fotografia: William A. Fraker
Música: Christopher Komeda
Edição: Sam O'Steen; Bob Wyman
Desenhos de Produção: Richard Sylbert
Direção de Arte: Joel Schiller
Elenco: Mia Farrow (Rosemary Woodhouse); John Cassavetes (Guy Woodhouse); Ruth Gordon (Minnie Castevet); Sidney Blackmer (Roman Castevet); Maurice Evans (Edward 'Hutch' Hutchins); Ralph Bellamy (Dr. Abraham Sapirstein); Victoria Vetri (Terry Gionoffrio - como Angela Dorian); Patsy Kelly (Laura-Louise); Elisha Cook Jr (Mr. Nicklas - Elisha Cook); Emmaline Henry (Elise Dunstan).

Sinopse

Alugando um apartamento em antigo prédio de Nova Iorque, os recém-casados Rosemary e Guy Woodhouse (Farrow e Cassavetes) organizam suas vidas com pequena ajuda dos vizinhos Minnie e Roman Castevet (Gordon e Blackmer). Guy é ator e luta por um papel de destaque, enquanto Rosemary decora com ar mais alegre o apartamento onde anteriormente foi cometido um crime. Guy consegue um papel graças a um acidente com o ator titular e, logo depois, Rosemary tem um pesadelo no qual é possuída pelo demônio. Passado algum tempo, Rosemary descobre que está grávida e é tratada por Minnie e o médico desta, Dr. Sapirstein (Bellamy), com vitaminas especiais. Fatos estranhos levam Rosemary a desconfiar que todas estas pessoas estão envolvidas com magia negra, começando a suspeitar que o marido, um ator que, literalmente, venderia a alma ao diabo para conquistar o sucesso, mantém ligações perigosas com vizinhos praticantes de bruxaria, que desejam possuir o filho dela que vai nascer.

Prêmios

Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (Ruth Gordon) e indicação para Melhor Roteiro Adaptado.

Fontes: Boca do Inferno: Bebê de Rosemary; Webcine: O bebê de Rosemary.