terça-feira, 12 de abril de 2016

A Coleção de Bonecas


Julieta desfez o embrulho, primeiro o laço de cetim, depois a caixa colorida e o enchimento de papel de seda. A boneca de porcelana jazia ali em silêncio, olhos azuis escancarados, quase perdida entre os panos do vestido.

O pai sorria satisfeito.

— Esta boneca é uma raridade. Item de colecionador.

E Julieta se enquadrava justamente nesta categoria: nas paredes de seu quarto, centenas de bonecas semelhantes vigiavam seu sono, uma mais linda do que a outra, de todas as partes do mundo, desde as de pouco valor até as mais incomuns.

— Obrigada, papai! Ela o abraçou, para enfim desaparecer escada acima, boneca debaixo do braço, mal se contendo para admirá-la.

Jogou-se na cama e acomodou o presente ao seu lado. Deslizou o dedo pela face fria e reluzente, cuidou cada detalhe da roupinha dela, e realizou o último dos rituais — batizá-la.

— Princesa Elizabeth, Julieta decidiu. A boneca tinha ares aristocráticos, nada melhor do que receber também um título nobiliárquico.

Princesa Elizabeth ganhou um lugar de destaque nas prateleiras, bem aos pés da cama de Julieta — o que significou degredo para Carmen, a bonequinha espanhola, realocada num dos cantos vazios —, para que a dona pudesse observá-la ao se deitar.

Mas o olhar de Princesa Elizabeth era incômodo, Julieta logo descobriu. Parecia que ele o acompanhava pelo quarto, enquanto ela se trocava após o banho, ou ao estudar para a prova na escola naquela semana. De sobre sua prateleira, a boneca vigiava, altiva, em silêncio, imóvel.

— Pare! Julieta resmungou para Princesa Elizabeth — Pare de me olhar!

No entanto, a boneca não obedeceu, cada vez menos discreta, nem ao menos escondendo o ódio que brotava através dos dois vidros azuis.

Julieta até chegou a pensar em se desembaraçar dela, jogando-a no baú, para longe da vista, mas teve medo. Não tinha certeza o que exatamente temia, mas suas mãos não conseguiriam tocá-la de novo, uma vez que ela havia sido posta em seu lugar de destaque. Como uma soberana, Princesa Elizabeth havia sido coroada, não seria uma mera súdita quem a deporia.

A menina se deitou com a luz acesa.

No entanto, desta fugidia proteção — a claridade do quarto — Julieta seria privada quando seu pai passou diante do cômodo.

— Quer que eu apague a luz, filha?

Envergonhada do próprio medo, receando um riso sardônico do pai, Julieta concordou.

E assim que a luz se esvaiu, dois lumes pequenos, redondos, azulados, brotaram da prateleira, fitando Julieta. Tomada de calafrios, ela buscou alguma explicação, talvez um feixe de luz vindo da rua através da cortina, para o reflexo nos olhos de Princesa Elizabeth. Não encontrou explanação para isto, tampouco para as piscadelas a cada alguns segundos — a boneca estava viva!

Julieta também passou a ouvir uma respiração lenta e profunda, que se contrapunha a seu arfar em pânico.

— Quem está aí? Julieta sussurrou. Quem está aí?

Sempre sem resposta alguma, sempre senão o silêncio.

E esta agonia se repetiria pelos dias e semanas seguintes: o mesmo olhar frio a cuidá-la, a mesma respiração lenta e impiedosa, a sensação de não estar só, de que algo maligno e terrível a circundava.

No entanto, numa destas noites de desespero, Julieta ouviu um outro som. Alguém cantarolava uma melodia. Na escuridão, violada apenas pelos olhinhos brilhantes de Princesa Elizabeth, Julieta sentiu a presença de alguém.

A garota enfiou a mão sob o travesseiro e retirou uma pequena lanterna — com a qual iluminava sua cabana de lençóis quando queria se esconder. Acendeu-a e a apontou em direção à penteadeira, donde provinha a cantoria.

O feixe de luz revelou uma moça, de costas, penteando longos cabelos negros, mas, no reflexo do espelho nada havia.

— Quem é você? Julieta balbuciou.

A moça se voltou lentamente. Julieta pôde perceber então sua pele flácida e esverdeada, as olheiras negras, o olhar baço.

— Quem é você? A moça da penteadeira retrucou — O que você faz no meu quarto?

Ela perguntou, levantando-se.

— Este é o meu quarto! O meu quarto! Me deixe em paz... Julieta chorava, acuada, afastando-se da criatura que vinha em sua direção.

— Não. Veja, até minha boneca favorita está ali, e a moça apontou para Princesa Elizabeth. — Este é o meu quarto. E você vai embora agora!

***

— Que coisa mais horrível! As senhoras sussurravam no velório — Uma menina tão nova morrendo desta maneira estranha.

— Ouvi dizer que ela foi encontrada no canto do quarto, toda encolhida, olhar de desespero, boca escancarada. Ninguém soube explicar a causa da morte, outra dizia.

— Parece que o pai da pobrezinha leiloará a coleção de bonecas dela. Estima-se algo em torno de vinte mil dólares.

Curiosamente, quando o leilão veio a ser realizado, os lances mais altos foram para Princesa Elizabeth — todos queriam para si aquela preciosidade, atraídos pelo irresistível magnetismo que dela emanava. A jóia de qualquer coleção.

Nova York
15/08/2008


Fonte: Fantasmas, Vampiros, Demônios e histórias de outros Monstros — Henry Alfred Bugalho — Oficina Editora, 2013.

O Segredo do Porão


Todos nós escondemos nossos monstros em algum lugar. No dia a dia, sentimo-nos obrigados a fingir ser melhores do que realmente somos, para sermos aceitos, para sermos queridos, para sermos respeitados. Se um dia expuséssemos nossos demônios interiores, simplesmente não existiria mais vida na Terra, nós nos mataríamos uns aos outros.

Mas leva muito tempo para chegarmos a esta constatação, temos de fazer uma autoavaliação e trazermos à tona os nossos maiores medos. Foi o que descobri depois de me casar com Julia.

Nós nos conhecemos na escola, dois adolescentes aprendendo o que é amor. Brigamos várias vezes e, ocasionalmente, namorávamos outras pessoas, mas sempre retornávamos um para os braços do outro até que, um dia, resolvemos tornar sério o nosso relacionamento; assumimos para todos os amigos e jurávamos que nos casaríamos.

Terminei o colégio e comecei a trabalhar num escritório. Estávamos com o dia do casório marcado quando o pai e a mãe de Julia morreram tragicamente num acidente de carro, atingidos por um caminhão com um motorista bêbado no volante. Julia ficou devastada, mal conseguia erguer-se da cama e, num de seus momentos de razão, ela me disse:

— Por favor, venha morar comigo na casa dos meus pais. Ela é grande e tenho medo de ficar sozinha lá.

Então peguei as minhas tralhas e eu e Julia passamos a morar juntos. O casamento havia sido adiado por tempo indeterminado.

Ela havia feito questão que eu me sentisse à vontade, como se estivesse na minha própria casa e não demorou para que eu ficasse confortável. A única ressalva que ela me fez foi:

— Só não vá ao porão. As coisas dos meus pais estão lá embaixo e quero deixá-las lá. Por favor, jure que não descerá até lá.

Prometi de pés juntos, sem questionar, afinal aquela havia sido a casa dos finados, não me custaria respeitar este limite.

No entanto, depois de algumas semanas, reparei que Julia descia ao porão todas as manhãs e permanecia vários minutos lá embaixo. Primeiro, pensei que ela remexia as coisas dos pais, tentando matar as saudades deles, mas, depois, fiquei com a pulga atrás da orelha. À noite, ouvia ruídos e gritos vindos de abaixo, como se alguém estivesse aprisionado no porão.

Julia era a pessoa mais meiga do mundo, portanto, jamais poderia imaginar que ela fosse daqueles tipos de psicopatas que fazem estas coisas, como aquele austríaco que manteve a filha presa nos fundos da casa por décadas, estuprando-a, e que tivera com ela uma meia dúzia de filhos incestuosos. Julia jamais faria isto!

Mesmo assim, as descidas diárias ao porão e os gritos abafados à noite me inquietavam.

— O que tem lá embaixo mesmo? — perguntei a ela.

— Já lhe disse: as coisas dos meus pais.

— Que tipos de coisas?

— Retratos, móveis, roupas, pertences pessoais... Você sabe, objetos deles — Julia gaguejou, ela mentia para mim.

Algum tempo depois, Julia teve de ir a um congresso da universidade e passaria uma noite fora, retornando na manhã seguinte.

— Cuide-se — ela me disse, cheia de uma estranha preocupação, quando nos despedimos na rodoviária — Amanhã estou de volta.

Ao sair do trabalho, aproveitei para encontrar-me com alguns amigos num bar e pôr a conversa em dia. Cheguei tarde em casa, já havia passado da meia noite e estava preocupado que Julia já houvesse me ligado. Levaria uma bela mijada dela, caso isto houvesse ocorrido. Até podia escutá-la dizendo: “é só eu sair de casa por uma noite que você já cai na gandaia!”. E eu teria de inventar mil explicações, suplicar perdão e dizer- lhe um trilhão de vezes que a amava.

Tomei um banho rápido e me joguei na cama, mas logo comecei a ouvir os sons e gritos vindos do porão.

Julia não está em casa, que mal faria descer e ver o que ela esconde de mim?, pensei. Se já estava ferrado por ter saído para beber com os amigos, adicionar mais esta infração na lista seria apenas um detalhe. Assim, fui até a cozinha e tentei abrir a porta para o porão, que estava trancada. Dei alguns murros na porta e ela parecia ser de metal, como aquelas portas corta-fogo, ou seja, sem a chave eu não teria como abri-la. Depois das pancadas, ouvi alguns berros e murmúrios, realmente era como se alguém estivesse lá embaixo, num cativeiro, e esta ideia me atormentou por várias horas naquela noite.

Tentei dormir, mas não conseguia. Refleti que, se eu não descobrisse o que havia lá embaixo naquela oportunidade, com Julia fora de casa, talvez não tivesse outra tão cedo.

Por isto, revirei as gavetas de Julia e encontrei um molho com várias chaves. Retornei à cozinha e testei chave por chave, já estava quase desistindo quando uma delas se encaixou na fechadura e consegui destrancá-la. Meu coração disparou.

Fiquei cogitando as possibilidades: e se realmente houvesse uma pessoa sequestrada ali embaixo, o que eu faria? Delataria Julia à polícia? Talvez não, tornando-me assim cúmplice dela. Eu seria obrigado a ajudá-la, a encobrir os rastros de seu crime e quem sabe o que mais decorreria disto.

Criei coragem e desci, degrau por degrau, lentamente.

O porão estava escuro, havia apenas uma pequena lâmpada num canto, onde havia também uma cama. Não era um cômodo entulhado como eu imaginava, havia bem pouca coisa ali excetuando a lâmpada e a cama, onde, aparentemente, alguém dormia.

Fiquei aterrorizado. A família de Julia era uma quadrilha de sequestradores! Nestas horas, ponderei que a melhor decisão seria soltar a vítima e chamar a polícia. Era a única decisão sensata possível.

Aproximei-me da cama e vi uma moça com os braços e pernas amarradas.

Parecia estar dormindo, com uma respiração pesada, quase um ronco, e vestida apenas com uma camisola. Chegando mais perto, reconheci seus traços, apesar da pele branca e do corpo magérrimo, quase um esqueleto. Havia visto algumas fotos de Julia com uma outra jovem, sua irmã, morta por causa de alguma doença rara vários anos atrás.
Fiz uns cálculos mentais e supus que aquela moça deveria estar presa no porão há mais de seis anos, e os pulsos e tornozelos arroxeados e em carne viva confirmavam a minha hipótese.

— Bárbaros — resmunguei — como fazem isto com a própria filha!

Então cutuquei a jovem, tentando acordá-la.

— Está tudo bem com você? — perguntei.

Ela abriu os olhos num segundo e tentou morder a minha cara. Berrava, urrava, debatia-se como um animal selvagem. Seus dentes podres e olhar negro avançavam em minha direção, enquanto os braços tentavam se soltar das amarras.

— Maldito! — ela gritava — Maldito! Eu quero a sua alma desgraçada!

Recuei, apavorado, caindo de costas no chão.

A moça remexia-se na cama, quase arrancando-a do chão. Eu me arrastava para trás.

Vendo que sua estratégia não havia funcionado, a moça mudou de abordagem. Sussurrando, quase sibilando, ela me chamou:

— Perdão... Não queria assustar você. Por favor, solte-me... Solte-me.

Levantei-me e cheguei até a sentir pena dela.

— Como você é lindo — ela me disse, lambendo os lábios — Venha, solte-me e me foda... Venha e me coma.

— Não posso... — murmurei — Não posso...

— Miserável! — a voz dela engrossou — Vou matá-lo, rasgarei sua garganta e tomarei sua alma. Vou matá-lo!

Deixei-a gritando e corri para a cozinha. Procurei por uma faca e estava decidido voltar e acabar com o sofrimento daquela jovem.

Por que teriam mantido-a tanto tempo presa lá embaixo? Não seria mais fácil ter procurado ajuda médica? Um exorcista? Uma equipe de parapsicólogos?

No entanto, depois pensei que talvez eles até houvessem tentado tudo isto sem sucesso. Quem era eu para julgá-los?

Tranquei a porta do porão e devolvi a chave no exato lugar onde a havia encontrado. Nunca disse nada a Julia sobre aquela noite, também nunca mais perguntei sobre as das dela ao porão.

A irmã endemoniada continua lá embaixo, berrando, contorcendo-se e amaldiçoando-nos. Tenho medo que um dia ela se solte das cordas e mate-nos a nós dois. Tenho medo, medo de verdade, mas meu amor por Julia é maior. E ela jamais poderá me repreender, um dia, quando descobrir quais são os monstros que também guardo no porão.

Buenos Aires
26/11/2011



Fonte: Fantasmas, Vampiros, Demônios e histórias de outros Monstros — Henry Alfred Bugalho — Oficina Editora, 2013.

Psi Animal


"Os animais são amigos bastante agradáveis — não fazem perguntas, não nos criticam." — George Eliot

Definição: Diz-se que psi animal é a comunicação extrassensorial entre espécies, ou seja, entre os homens e os animais; ela também se refere à capacidade dos animais de pressentirem eventos futuros, e à conexão mental e comunicação entre eles.

O que os crentes dizem: Os animais podem ler nossa mente; podem pressentir o perigo e prever a morte; podem viajar milhares de quilômetros guiados apenas por poderes psíquicos.

O que os céticos dizem: Os animais não podem ler a mente humana; todas as suas ações de aparente "compreensão" são meros resultados de comportamentos arraigados, registrados em sua psique por simples relações de recompensa e punição entre eles e seus donos; todos os outros momentos de uma aparente percepção precisa por parte dos animais ou de uma comunicação entre espécies são obra do acaso e nada mais.

Qualidade das provas existentes: Excelente.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Bem Alta.

Os animais podem ler nossa mente? Podemos conversar com nossos bichinhos de estimação através do pensamento? Será que um animal sabe quando alguém vai morrer? Será que eles conseguem viajar por milhares de quilômetros através de territórios desconhecidos a fim de localizar seus donos?

A resposta a todas essas perguntas parece ser um improvável "sim".

Há inúmeras histórias de animais que demonstram comportamentos que não seriam possíveis sem algum tipo de habilidade extrassensorial. E muitas dessas histórias resultam de experiências científicas, com técnicas controladas e válidas.

Notícia: Uma cadela e seu filhote foram condicionados a se encolher de medo sempre que um jornal era levantado. Eles nunca apanhavam com o jornal, mas haviam sido treinados a sentir medo do gesto ameaçador. Como parte da experiência, a cadela foi trancada em um cômodo revestido de cobre. Seu filhote foi posto em outro aposento semelhante, a uma distância suficiente para que não conseguisse escutar a mãe. O pesquisador levantou um jornal enrolado diante da cadela … e o filhote encolheu-se de medo.

Notícia: Uma mulher e seu boxer de estimação foram colocados em diferentes aposentos revestidos de cobre, impossibilitados de ver ou escutar um ao outro. O coração do cachorro estava sendo monitorado por um eletrocardiograma. Um homem desconhecido entrou de repente no aposento onde a mulher se encontrava, gritou com ela e a ameaçou com violência. O coração do cachorro começou a bater acelerado assim que sua dona se viu em perigo. Ele estava sozinho em seu aposento no momento, sem poder escutar ou ver nada do que estava acontecendo no outro.

Notícia: Um homem andava a cavalo por uma floresta quando o animal parou e empacou, sem dar importância às chicotadas do cavaleiro. Passou-se um minuto e, de repente, um relâmpago espocou no céu e atingiu o chão em frente ao cavalo — exatamente onde eles estariam caso o cavalo tivesse continuado em vez de parar.

Notícia: Em agosto de 1923, o collie Bobbie perdeu-se de seus donos enquanto viajavam por Indiana. Bobbie e sua família viviam no Oregon. Em fevereiro de 1924, Bobbie pulou na cama onde seu dono dormia, na casa deles no Oregon, e lambeu-lhe alegremente o rosto. Ele estava esquelético, com as patas tão machucadas que era possível ver os ossos através das almofadas, mas sobrevivera. A Sociedade Humanitária do Oregon acabou rastreando a rota percorrida pelo bicho, e descobriu que ele havia viajado quase cinco mil quilômetros para chegar em casa. O cachorro havia cruzado as Montanhas Rochosas, atravessado o rio Missouri e até mesmo dividido um cozido de carne com legumes com um bando de mendigos. Bobbie caçava e comia coelhos, e conseguiu evitar a morte ou ser pego pela carrocinha. Além disso, no decorrer de sua jornada, não seguiu exatamente a rota dos donos, mas, em vez disso, atravessou territórios que nunca vira antes, e dos quais não possuía conhecimento algum. Bobbie acabou recebendo uma coleira de ouro e as chaves de diversas cidades quando a notícia de sua incrível jornada veio a público.

Como podemos explicar de forma lógica, e com a dose certa de ceticismo, essas histórias sem reconhecermos a existência de uma percepção extrassensorial nesses animais?

A resposta? Elas não podem ser explicadas sem reconhecermos a existência de uma percepção extrassensorial nesses animais.

Os donos de animais de estimação conhecem há muito tempo a capacidade dos bichos de ler sua mente. Eu próprio já experimentei esse tipo de ligação com meus bichos no decorrer dos anos.

O processo não é semelhante a uma conversa telefônica entre espécies; resume-se simplesmente em saber como seu animal irá reagir, ou, de forma inversa, em ele saber o que você irá planejar a seguir. Será que isso pode ser explicado pelo hábito e pelo treinamento? Até pode. Mas nem sempre.

Tive um gato que nunca lambia minha testa quando queria demonstrar carinho. Ele me lambia o pescoço. No entanto, havia exceções a essa regra, o que acontecia quando eu estava com enxaqueca. Sempre que eu sofria com uma dor de cabeça terrível, ele pulava no braço da poltrona e lambia minha testa, da mesma forma como as fêmeas lambem os machucados de suas crias. Será que ele sabia que eu estava com dor de cabeça? Acredito piamente que sim.

Acredito que a psi animal seja real e que deva ser estudada. Contudo, teremos um problema real se os homens se tornarem adeptos a conversar com os bichos. Podemos acabar entendendo-os melhor e — sejamos honestos — será que desejamos realmente saber o que os animais (e não estou falando dos bichinhos de estimação) pensam e sentem, levando em conta o modo como os tratamos? 


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

Anjos - Debate

Anjo da Guarda - Ilustração de um livro inglês de hinos religiosos de 1858.

"Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa."

Definição: Os anjos são imortais, seres espirituais que auxiliam a Deus; são guardiões divinos.

O que os crentes dizem: Os anjos são mensageiros e servos de Deus criados de modo divino que podem exercer uma influência direta e específica nas relações humanas. Visitam o nosso universo terreno com regularidade. Muitos já os viram e experimentaram suas bênçãos.

O que os céticos dizem: Os anjos são criaturas imaginárias com os quais as pessoas sonham no intuito de explicar reviravoltas aparentemente inexplicáveis, tais como momentos de intervenção divina. A crença nos "anjos da guarda" nada mais é do que uma projeção da necessidade inata do homem de se sentir protegido.

Qualidade das provas existentes: Boa.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Alta.

Aqueles que acreditam em anjos dizem que eles estão à nossa volta e que em geral aparecem em momentos de crise e perigo para ajudar seus protegidos terrenos. Há pouco tempo escutei uma história a respeito de uma mulher cujo carro enguiçou numa rodovia deserta no meio de uma tempestade de neve. O carro morreu e, ao girar a chave, o motor não pegou. Não havia outros carros na estrada, a neve caía forte e ela não tinha um celular. Quando estava a ponto de entrar em pânico, um homem surgiu subitamente em sua janela, bateu no vidro e gritou: "Se você acelerar por cinco segundos, o carro vai pegar." Ela fez como sugerido e o carro realmente pegou. Procurou pelo homem que a tinha ajudado e não viu nenhum carro parado em lugar algum. Até hoje, a mulher acredita que o homem foi um anjo enviado para ajudá-la.

Todas as culturas do mundo contam histórias sobre anjos, até mesmo quando tratam de algo tão cientificamente racional quanto as viagens espaciais. O exemplar da revista Parade de 5 de janeiro de 1986 conta que o cosmonauta russo Oleg Atkov viu anjos do lado de fora da janela do Salyut 7 em 1985, em seu 155° dia em órbita. Há uma citação amplamente reproduzida sobre o incidente que diz: "Vimos sete figuras gigantes na forma de homens, mas com asas e auréolas difusas, tal qual a descrição clássica dos anjos. Seus rostos estavam marcados com grandes sorrisos querúbicos."

A história do anjo espalhou-se (infelizmente) pelo mundo e ninguém se deu ao trabalho de questionar criticamente sua veracidade. Quando comecei minha pesquisa com relação a este capítulo, deparei-me com esta história em várias obras de referência respeitáveis, e ela foi sempre apresentada como uma história verdadeira.

Em dezembro de 2002, contatei o dr. Atkov, já então um cardiologista clínico de Moscou, e perguntei a ele se a história era verdadeira. Sua resposta? "Caro sr. Spignesi, essa 'história celestial' é totalmente falsa. Dr. O. Atkov."

Será que alguém mais se deu ao trabalho de perguntar ao dr. Atkov se a história era verdadeira? Parece que não, e acredito que isso ocorreu em parte devido ao fascínio global pelos anjos. Verdadeira ou não, não faz diferença: a história de cosmonautas vendo anjos no espaço era fantástica demais para não ser publicada. Da mesma forma, circula hoje em dia uma história sobre o fato de o telescópio Hubble tirar fotos de seres angelicais iluminados, de a Nasa possuir as fotos e de existir uma aura de segredo que impede a publicação delas. O Vaticano tem conhecimento da existência dessas fotos, mas a posição oficial é: "Sem comentários."

Será que a história do Hubble é verdadeira? Quem sabe? Muitos acreditam nela. Na verdade, estudos recentes revelam que a grande maioria dos americanos acredita na existência de anjos.

Muitas pessoas sentem-se confortadas pela possibilidade da existência de anjos. A Enciclopédia católica nos diz que os anjos são seres espirituais que atuam como intermediários entre os homens e Deus. Eles são imortais e muitas vezes são citados como mensageiros. Seu trabalho consiste em comunicar a vontade de Deus aos homens e oferecer auxílio a nós, mortais (como mostrado anteriormente, na história da estrada). O catolicismo também nos diz que cada pessoa tem um anjo da guarda pessoal.

Outros fatos interessantes a respeito de anjos incluem …

O Corão supostamente teria sido revelado a Maomé por ninguém mais que o anjo Gabriel.

Satanás é um anjo caído que desafiou a autoridade de Deus.

Um anjo apareceu a Maria para lhe contar que ela seria a mãe de Cristo.

Há vários livros no mercado contendo relatos em primeira mão de pessoas que dizem ter visto anjos. Em uma resenha sobre livros recentemente publicada na revista Fate, um crítico escreveu: "Se você, tal como este crítico, já viu algum anjo, todas as pesquisas do mundo são desnecessárias para convencê-lo de sua existência."

Segundo a tradição, há nove tipos de anjos, organizados em três "coros", a saber:

A Hierarquia dos Anjos

Primeiro Coro

Serafins: Eles possuem seis asas e aparentemente são os únicos seres sagrados com permissão para permanecer na presença de Deus. Serafim é a "posição mais alta" entre os anjos.

Querubins: Eles possuem asas grandes, uma cabeça humana e corpo de um animal.

Tronos: A Bíblia é vaga no tocante à descrição dos Tronos, mas eles são mencionados na Epístola aos Colossenses 1:16 ("Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na Terra, as criaturas visíveis e invisíveis. Tronos, Dominações, Principados, Potestades: tudo foi criado por ele e para ele"), e presume-se que ajudem os serafins e querubins em determinados casos.

Segundo Coro

Dominações: Os anjos mais altos da segunda hierarquia. Também são mencionados na Epístola aos Colossenses.

Virtudes: Anjos abaixo das Dominações.

Potestades: Anjos abaixo das Virtudes e que também são mencionados na Epístola aos Colossenses.

Terceiro Coro

Principados: Um anjo com poder sobre os arcanjos e anjos.

Arcanjos: Um anjo chefe, responsável pelos anjos. São arcanjos: Gabriel, Rafael e Miguel.

Anjos: Seres sobrenaturais envoltos em túnicas brancas. Possuem um par de asas e são mais poderosos e inteligentes do que os homens. Em geral, recebem a incumbência de vigiar e ajudar os humanos no dia a dia.

E então, anjos são reais? Classificamos a qualidade das provas existentes como Boa devido ao fato de as inúmeras histórias sobre encontros entre homens e seres angelicais serem bastante convincentes. Há relatos inacreditáveis feitos por pessoas confiáveis, e muitos deles são bem verossímeis. Será que todas essas pessoas estão loucas ou enganadas? Todas?

A fé tem seu papel, mas uma avaliação razoável dos muitos relatos sobre anjos nos leva a classificar a probabilidade de sua existência e de sua natureza paranormal como Alta.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

Cabelo de Anjo


A substância é descrita como "teias de aranha" — só que cai em flocos, ou em "flocos ou fragmentos com cerca de dois centímetros e meio de largura e 13 a 15 de comprimento". Além disso, esses flocos são feitos de uma substância razoavelmente pesada — "eles caem com certa velocidade". A quantidade é grande — o menor lado do espaço triangular tem quase 13 quilômetros de comprimento. — Charles Fort

Definição: O cabelo de anjo é uma substância sedosa e grudenta que cai do céu em fios finos que, por vezes, parecem teias de aranha. É muito instável e degrada em contato com o oxigênio.

O que os crentes dizem: O cabelo de anjo é uma espécie de manifestação de outra dimensão, ou de um universo sobrenatural, ou é uma substância que se desprende dos OVNIs. Alguns médiuns dizem sentir a presença de espíritos durante e após a manifestação do cabelo de anjo.

O que os céticos dizem: O cabelo de anjo é feito de silicone, magnésio, cálcio e boro, e é uma espécie de anomalia atmosférica, cuja origem ainda nos é desconhecida.

Qualidade das provas existentes: Boa.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Moderada a Boa.

Você pode tocá-lo, mas não pode segurá-lo sem que passe pelo processo de sublimação. Pode vê-lo, embora muitas vezes ele não seja visível nas fotos. Parece uma teia de aranha, ainda que nunca vejamos aranha alguma quando ele aparece. Em geral surge após alguém ver um OVNI, embora muitas pessoas que jamais viram OVNIs digam tê-lo encontrado em seus jardins. Algumas manifestações ocorrem na presença de várias testemunhas; outras são relatadas por uma única pessoa. Charles Darwin disse tê-lo visto cair sobre seu navio, o Beagle, em 1832.

O fenômeno é chamado de "cabelo de anjo" e se manifesta na Terra há centenas de anos, talvez milhões. Um dos relatos mais antigos data do início do século XVIII (21 de setembro de 1741); aparições recentes são lugar-comum, ainda que nem sempre relatadas. Algumas pessoas o veem o tempo todo; outras sequer ouviram falar dele. Algumas vezes, cai sobre uma cidade inteira; noutras, aparece nas casas das pessoas. Pode cair em quantidade suficiente para cobrir um carro ou um campo inteiro, ou pode surgir como um único fio delgado.

Em outubro de 1955, um marinheiro da reserva disse ter visto dez bolas prateadas cruzarem o céu da Carolina do Norte, seguidas de uma chuva de cabelos de anjo que cobriu um campo e as linhas telefônicas.

Em 21 de setembro de 1997, algumas pessoas em Santa Cruz, na Califórnia, disseram ter visto filamentos de cabelo de anjo caindo do céu. Uma testemunha os descreveu como "filamentos de cerca de 90 centímetros … de uma substância fibrosa e translúcida".

Num domingo, 9 de agosto de 2001, em Quirindi, South Wales, na Austrália, várias testemunhas viram aproximadamente 20 bolas prateadas atravessando o céu, seguidas de uma chuva de cabelos de anjo.

Há vários outros relatos dessa substância esquisita caindo do céu, e o que quase todos têm em comum é o fato de serem feitos por pessoas confiáveis, e em geral corroborados por outras testemunhas.

Então, que negócio é esse? E de onde ele vem?

Algumas pessoas conseguiram preservar uma amostra de cabelo de anjo antes que ele se dissolvesse. Destas, algumas fizeram testes em laboratórios, que muitas vezes mostraram uma composição de silicone, magnésio, cálcio e boro — embora a origem da substância tenha sido sempre definida como "Inconclusiva". Os elementos presentes no cabelo de anjo são comuns na Terra, mas a substância em si é uma anomalia que ainda precisa ser conclusivamente identificada e sua origem, determinada.

Será que poderiam ser teias de aranhas migratórias? Aranhas não voam, mas, ainda assim, os céticos afirmam que elas são carregadas pelo vento a uma boa altura e que soltam suas teias no ar. Há relatos de cabelos de anjo cobrindo quintais inteiros e decorando como enfeites grandes trechos de cabos elétricos. Seriam necessárias muitas aranhas (talvez milhões) flutuando juntas pelo ar para criar tamanha chuva de teias. De minha parte, jamais vi nuvens gigantescas de aranhas voadoras. Talvez alguém já tenha, mas ainda não há registros de relatos desse tipo.

Será que o cabelo de anjo poderia ser um tipo de substância criada dentro dos tornados ou dos vórtices de plasma, carregada por uma boa distância e depois liberada? Talvez, mas existem muitos, muitos relatos de cabelos de anjo caindo em dias de tempo calmo, sem nenhuma notícia de tempestades por quilômetros de distância.

Será que o cabelo de anjo é descarregado por OVNIs? A conexão entre aparições de OVNIs e uma subsequente chuva de cabelos de anjo é forte. Ainda assim, ninguém jamais afirmou ter visto um OVNI soltando essa coisa, nem ninguém jamais fotografou tal evento.

Diz-se que o véu que separa outras dimensões e universos é fino e que por vezes surgem buracos, permitindo a algumas pessoas verem e experimentarem coisas consideradas desconhecidas ao nosso mundo. Fantasmas, OVNIs, manifestações da Virgem Maria, aparições de criaturas de outras dimensões como o Pé-grande e o monstro do lago Ness; dizse também que todas as informações canalizadas vêm de uma dimensão paralela, ou talvez de uma acima ou abaixo de nossa própria.

Será que o cabelo de anjo vem de um desses universos?

Será que estamos vendo coisas que sem dúvida nos são desconhecidas, mas que podem ser um lugar-comum em "algum outro lugar", tal como é a chuva para nós aqui?

Ou será que isso nada mais é do que teias de aranhas voadoras?


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

O Filme da "Autópsia Alienígena"


"Se o que você está prestes a ver é real, essa é a filmagem mais impressionante da história. Embora permaneçamos céticos, alguns especialistas acreditam que esta é uma filmagem autêntica de uma forma de vida alienígena. Real ou não, preciso avisar-lhe: parece uma autópsia verdadeira. Parte do filme que irá ver na próxima hora é bem pavorosa. Fique conosco enquanto levantamos a questão: autópsia alienígena: fato ou ficção?" — Jonathan Frakes

Definição: O filme da "autópsia alienígena" é um filme preto-e-branco, com imagem granulada, supostamente produzido pelos militares dos Estados Unidos, em 1947, que mostra uma autópsia sendo realizada em um dos três alienígenas resgatados da queda de um OVNI em Roswell, em julho desse mesmo ano.

O que os crentes dizem: O filme mostra a autópsia de um ser extraterrestre.

O que os céticos dizem: O filme da "autópsia alienígena" é uma farsa grosseira; ainda que uma farsa muito bem produzida.

Qualidade das provas existentes: Muito Boa.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Nenhuma (que é menos do que Desprezível).

Ao realizarem uma autópsia, os patologistas de verdade seguram suas tesouras com o polegar e o dedo médio. Eles usam o dedo indicador para apoiar as lâminas quando necessário. Patologistas de verdade saberiam disso, atores não. No filme da "autópsia alienígena", os "patologistas", de jaleco e máscara, seguram suas tesouras com o polegar e o dedo indicador, exatamente do jeito que uma "pessoa comum" o faria.

A filmagem da autópsia alienígena foi supostamente feita em 1947 por um cinegrafista com uma câmera portátil sem foco automático, que era o padrão das câmeras da época. Isso sem dúvida explica a imagem ficar meio desfocada de vez em quando, mas também garante certa fluidez às cenas. Se a câmera para de filmar durante uma determinada sequência, ao recomeçar, a cena vista deveria mostrar um intervalo na ação. Há uma cena no filme em que a câmera focaliza em um dos médicos levantando a ponta de um tecido escuro que recobre o olho esquerdo do alien. A ponta da pinça é vista segurando o tecido, até que de repente a cena muda para um close do olho (o corte é notório) e mostra o médico levantando e soltando a membrana. O problema é que o close começa no momento exato em que termina a cena panorâmica. Como o cinegrafista poderia ter conseguido o zoom sem mostrar o progresso da ação? Não poderia, a menos que os atores tenham parado de se mover durante a aproximação da lente e o reajuste do foco — e em seguida recomeçado do mesmo ponto.

Esses são apenas dois dos problemas com o filme da autópsia alienígena (a propósito, onde o corpo estava apoiado?) que deixaram os espectadores em dúvida e que, por fim, confirmaram a farsa elaborada.

O filme da autópsia alienígena foi divulgado pela primeira vez em meados da década de 1990, quando o produtor musical Ray Santilli anunciou tê-lo comprado do cinegrafista que o fizera. Era supostamente um dos rolos remanescentes da extensa filmagem militar sobre a autópsia que o governo dos EUA jamais tomara do cinegrafista.

Santilli participou de diversos vídeos, livros e documentários a respeito do filme. A controvérsia no tocante à sua autenticidade apenas aumentou o interesse nele (assim como a venda dos livros e vídeos, além de garantir uma boa audiência aos programas televisivos).

O filme da autópsia alienígena de Santilli é uma autópsia encenada de um alienígena falso. Especialistas em efeitos especiais fizeram duplicatas quase idênticas do filme e, embora tenham pesquisado profundamente (usando, por exemplo, equipamentos e um telefone antigo), ele é uma farsa.

De forma interessante, a divulgação da natureza fantasiosa do filme não diminuiu o interesse no incidente de Roswell. Na verdade, alguns sérios entusiastas do ocorrido em Roswell acreditam que o filme foi parte de uma campanha maciça do governo dos EUA para desacreditar o fato. Isso é mais do que irônico: muitos dos que insistem em dizer que uma nave alienígena caiu de verdade em Roswell em 1947 e que os corpos dos aliens foram resgatados, acreditam que o governo provavelmente realizou uma autópsia bem semelhante à mostrada na farsa. A natureza complicada dessa teoria de conspiração, porém, acabou por concluir que o governo encenou e divulgou uma autópsia falsa obviamente fajuta, a fim de fazer com que a ideia de uma autópsia verdadeira (a qual, é claro, realmente aconteceu, certo?) fosse tão forçada a ponto de afastar os pesquisadores do caminho da verdade.

O filme, aliado à declaração oficial dos militares sobre o "incidente de Roswell", divulgada em 1997 — dizendo que nada havia acontecido —, resumiu a tentativa do governo de colocar uma pá de cal sobre o problema de Roswell de uma vez por todas.

Recado para o governo dos EUA: se isso é tudo verdade, não funcionou.

Será que o filme da autópsia alienígena mostra como deveria ser uma verdadeira autópsia de um ser extraterrestre? Sim, se você aceitar que o boneco alienígena do filme representa, pelo menos, uma das espécies de extraterrestres; e sim, se você aceitar que a autópsia ocorreu em 1947 e foi realizada por patologistas que não sabiam o que estavam fazendo.

Isso é pedir muito, mas ainda assim existem, hoje em dia, pessoas dispostas a aceitar o filme como verdadeiro.

Ele foi, e ainda é, uma verdadeira máquina de fazer dinheiro, mas isso é só.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

Edgar Cayce (1877-1945)



"Pois a mente é o construtor e com ela o que pensamos podem vir a ser crimes ou milagres. E os pensamentos são as coisas e, à medida que seu fluxo atravessa as imediações da experiência de uma entidade, estes se tomam barreiras ou pedras no caminho, dependendo da maneira como foram arrumados." — Edgar Cayce

Definição: Edgar Cayce foi o maior paranormal da América e era conhecido como o "profeta sonolento", por sua experiência em entrar num transe semelhante ao sono durante suas leituras. Diz-se que ele era capaz de penetrar o Registro Akáshico, o grande campo de energia que se dizia cercar o planeta, contendo a história de todas as experiências da humanidade.

O que os crentes dizem: Cayce era um precognitivo extraordinário, assim como um talentoso curandeiro paranormal cujo índice de sucesso com as leituras e os diagnósticos a longa distância pôde ser visto e confirmado inúmeras vezes por observadores isentos.

O que os céticos dizem: Não há provas de que Cayce tivesse qualquer tipo de poder paranormal. É bastante improvável que as supostas "curas" fossem decorrentes de sua intervenção ou de precognição, e não há nada que comprove isso, exceto pelos depoimentos de alguns.

Qualidade das provas existentes : Excelente.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal : Muito Alta.

Os dons paranormais de Edgar Cayce surgiram ainda na infância. Aos seis anos, ele contou aos pais que era capaz de conversar com parentes falecidos e anjos. Já um pouco mais velho, surpreendeu os professores ao memorizar todas as palavras de seu livro de soletrar apenas dormindo sobre ele, em vez de lê-lo. Tempos depois, Cayce contou sobre a visita de um ser angelical que lhe perguntou o que ele pretendia fazer da vida. Ele falou que esperava ser capaz de ajudar a curar os doentes, e, como resposta, o ser lhe disse que seu desejo seria atendido.

Cayce percebeu pela primeira vez que tinha sensibilidade para compreender as aflições físicas ao perder a voz enquanto trabalhava como vendedor de livros e seguros em parceria com seu pai, Leslie Cayce. Seu trabalho o obrigava a viajar, e ele já ganhava o suficiente para acalentar sonhos de casamento. Certo dia, aos 23 anos, Cayce tomou um analgésico para tratar uma dor de cabeça e, pouco depois, apareceu com um caso sério de laringite. Sua voz tornou-se pouco mais do que um sussurro, mas, a princípio, ele não ficou preocupado, pois sabia que muitas pessoas perdiam a voz por breves períodos de tempo. A voz, porém, não voltou, e, após meses de tratamento médico e consultas a especialistas sem sucesso, Cayce teve de largar o trabalho e procurar por alguma ocupação que não o obrigasse a falar.

Por fim, encontrou trabalho em sua cidade natal, Hopkinsville, no Kentucky, como fotógrafo assistente. Nessa época, ele já estava resignado a nunca mais conseguir falar normalmente, mas encontrou conforto em sua noiva, Gertrude, na família e na leitura diária da Bíblia.

Certo dia, um hipnotizador em viagem chamado Hart, o Rei Risonho, apareceu em Hopkinsville. Alguém na cidade que conhecia o trabalho de Hart com a hipnose contou-lhe da perda de voz crônica e aparentemente incurável de Cayce, e Hart propôs fazer uma experiência com Edgar. Ele concordou e foi hipnotizado por Hart. Para surpresa de todos os presentes, Cayce conseguiu falar de modo normal e claro durante a hipnose. Tão logo acordou, porém, sua voz voltou a ser um fraco sussurro. A experiência foi repetida diversas vezes e, a cada vez, a voz de Cayce desaparecia assim que ele acordava do transe hipnótico.

13 de março de 1901. Hart, o Rei Risonho, há muito tinha partido e Edgar Cayce ainda estava sem voz. Contudo, ele ainda não perdera as esperanças de recuperar a voz e insistiu com um morador da cidade com habilidades em hipnose para que o ajudasse.

Cayce entrou em transe e imediatamente começou a falar de forma normal. Ele logo identificou a perda de voz como uma "condição psicológica que produzia um efeito físico". Disse então a si mesmo como curá-la: precisava aumentar o fluxo de sangue na garganta e na parte superior do tórax. Enquanto todos assistiam, o pescoço e a parte superior do tronco de Cayce adquiriram um vermelho vivo à medida que ele bombeava o sangue para as áreas afligidas.

Ao acordar, sua voz havia retornado.

Esse incidente foi o começo da vida de Edgar Cayce dedicada à "leitura" para pessoas de todos os lugares do mundo. Mesmo sem uma educação formal, tampouco treinamento médico, Cayce era capaz de identificar o que havia de errado com as pessoas e lhes dizia o que fazer para ficarem curadas. Muitas vezes, bastavam o nome e o endereço do doente. Cayce deitava-se num sofá, entrava num estado de fuga que era uma combinação de sono e transe, e em seguida respondia às perguntas que lhe eram feitas. Dizia não se lembrar do que tinha dito enquanto estava nesse "estado", e muitas vezes se admirava com as palavras que usava durante uma leitura. Sua secretária, Gladys Davis, transcrevia tudo o que ele dizia durante suas Leituras de Vida, a maioria conduzida e guiada por sua mulher, Gertrude.

Hoje em dia, todas as leituras de Cayce encontram-se guardadas na Associação para Pesquisa e Iluminação de Virgínia Beach (A. R. E., em inglês), na Virgínia, e estão disponíveis em CD-ROM. Estima-se que Cayce tenha respondido a perguntas sobre mais de dez mil assuntos diferentes durante essas leituras. Seu índice de sucesso era extraordinariamente alto e excedia em muito os caprichos do acaso e da coincidência.

A fama de Cayce espalhou-se pelo mundo e ele foi investigado tanto por céticos quanto pela polícia devido a seus "conselhos médicos" e à suspeita de práticas de adivinhação. Certo escritor católico que visitou Virgínia Beach na intenção de "desmascarar" Cayce acabou escrevendo uma aclamada biografia sobre ele.

E, então, Edgar Cayce era um verdadeiro paranormal? Um profeta? Um vidente? Ou teria sido apenas incrivelmente sortudo?

As evidências comprovam de modo estarrecedor que Cayce era um verdadeiro clarividente. Alguns fundamentalistas afirmam aos berros que suas leituras são obra do Diabo, alegando que ele promovia a demonologia e o ocultismo. Essa é uma postura curiosa de se assumir com relação a uma pessoa que não demonstrou outro interesse que não o de ajudar pessoas e que leu a Bíblia de cabo a rabo todos os anos de sua vida.

Para resumir, eis aqui uma passagem do artigo "A percepção extrassensorial de Edgar Cayce: quem foi ele, o que ele disse e como tudo se tornou verdade", por Kevin J. Todeschi. Ela aparece no site da A. R. E. e é uma prova de que Cayce era exatamente o oposto de um corruptor da humanidade com influências demoníacas:

"No decorrer de sua vida, Edgar Cayce jamais alegou ter alguma habilidade especial, e tampouco se considerava uma espécie de profeta do século XX. As leituras nunca ofereciam um conjunto de crenças a ser adotado, muito pelo contrário: elas focalizavam no fato de que cada pessoa devia testar na própria vida os princípios apresentados. Ainda que o próprio Cayce fosse cristão e lesse a Bíblia de cabo a rabo todos os anos, seu trabalho enfocava a importância de um estudo comparativo entre os sistemas de crenças de todo o mundo. O princípio subjacente das leituras é a unicidade da vida, a tolerância para com todos e a compaixão e a compreensão por todas as principais religiões do mundo." 


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

Os Monumentos da Ilha de Páscoa


As próprias pedrinhas não propalam para onde eu vou …

Definição: Os monumentos de Páscoa são antigas cabeças misteriosas conhecidas como moai, encontradas em uma ilha do Chile, no Pacífico Sul, a cerca de 3.700 quilômetros da costa oeste do continente. A ilha de Páscoa, conhecida no local como Rapa Nui, foi descoberta por exploradores holandeses na Páscoa, em 1722, e é famosa por suas antigas ruínas de origem desconhecida, incluindo tábuas com hieróglifos e cabeças colossais entalhadas em rocha vulcânica, as quais acredita-se datarem de aproximadamente 1400.

O que os crentes dizem: Nenhum ser humano poderia ter entalhado 887 estátuas monolíticas gigantescas e as espalhado por toda a ilha sem usar nada além de madeira, cordas e lubrificantes naturais. Visitantes extraterrestres têm de estar envolvido, e, provavelmente, ou eles próprios construíram as estátuas ou forneceram alguma forma de tecnologia de transporte antigravitacional que levou os moai flutuando até seu lugar definitivo.

O que os céticos dizem: As estátuas da ilha de Páscoa foram entalhadas, transportadas e erigidas por seres humanos. Embora não se conheça o método utilizado no transporte, os cientistas e arqueólogos têm discutido vários meios para transportar os moai que, sem dúvida, teriam funcionado com tempo e força de trabalho suficientes. (Veja a descrição dos métodos de transporte a seguir.)

Qualidade das provas existentes: Muito Boa.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Fraca.

Estariam eles apenas entediados? Será possível que os nativos de Rapa Nui tenham passado anos entalhando as centenas de cabeças de pedra que circundam a ilha e depois transportado muitas delas até seu local definitivo porque não tinham nada melhor para fazer?

Qual o propósito desses monumentos?

Alguns dizem que as cabeças foram construídas para intimidar famílias e tribos rivais.

Há também a teoria de que as estátuas foram construídas para comemorar a visita de extraterrestres e que os "chapéus" vermelhos em muitas das cabeças representam capacetes espaciais.

Teriam os nativos recebido a visita de alienígenas, os quais, é claro, acharam que fossem deuses descidos dos céus?

Recentes pesquisas e experiências mostram que esse cenário é pouco provável.

Desde meados da década de 1950, arqueólogos e historiadores vêm tentando simular o transporte dos moai até seu lugar definitivo, no perímetro da ilha.

O grande explorador Thor Heyerdahl (da famosa Kon-Tiki, a expedição que provou que os nativos da ilha de Páscoa poderiam ter viajado do Peru até lá) descobriu um modo de transportar as cabeças amarrando-as em um trenó feito com um tronco em forma de garfo, para depois puxá-lo com cordas. Seriam necessários 180 nativos para mover um moai de dez toneladas. Heyerdahl calculou que seriam necessários 1.500 homens para transportar o mais pesado dos moai, com 82 toneladas.

Em 1986, Heyerdahl tentou outro método para mover as estátuas. Ela era girada de um lado para outro, de modo a ir "andando" pelo chão. Esse método, experimentado pela primeira vez na Tchecoslováquia em 1982, também funcionava, mas causava um dano considerável à base da estátua, dano este que não se vê nos moai sobreviventes, portanto a experiência foi abandonada.

Outro método foi experimentado no Wyoming na década de 1980: dois trenós colocados sobre rodas de madeira. Esse método também funcionou e uma equipe de 25 homens foi capaz de mover uma réplica de concreto de dez toneladas e 45 metros de altura de um moai em apenas dois minutos.

Mas e quanto aos aliens?

Em seu livro "The Space Gods Revealed", Erich von Däniken lista as principais razões para os monumentos da ilha de Páscoa não poderem ser um produto da força de trabalho de seres humanos:

Eles são grandes demais para terem sido entalhados por homens.

A pedra local é dura demais para ser entalhada sem uma tecnologia avançada.

As pedras não poderiam ter sido transportadas da canteira até o local onde se encontram.

Não havia árvores na ilha com as quais fazer as supostas rodas de madeira usadas para mover as estátuas.

Os "chapéus vermelhos" são capacetes espaciais.

Não seria possível erigir as estátuas após levá-las até seu local definitivo.

Todos os machados de pedra e as outras ferramentas de entalhar encontradas levam a crer que o trabalho não foi feito pelos nativos, mas sim que eles abandonaram até as tentativas de continuarem a entalhar outras estátuas depois da partida dos aliens.

As cabeças encontradas no chão ficaram ali porque os nativos não puderam transportá-las e erigi-las após a partida dos aliens.

Sabemos agora que realmente havia meios de os simples mortais conseguirem transportar as estátuas, que a pedra era de lava vulcânica relativamente macia e fácil de entalhar, que os chapéus vermelhos provavelmente simbolizavam o cabelo vermelho dos nativos e que as estátuas abandonadas estavam, na verdade, a meio caminho de seus locais definitivos, mas, por alguma razão desconhecida, os moradores da ilha não conseguiram acabar de arrumar todas elas.

Os monumentos da ilha de Páscoa são artefatos arqueológicos muito antigos. A ânsia de muitos em atribuir a construção a extraterrestres é uma prova da habilidade, do empenho e do comprometimento desses antigos construtores, homens que personificaram o espírito humano visto hoje em nossos mais altos arranha-céus e nas mais longas pontes.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

Dragões



"Louve o Senhor da Terra: os dragões e todas as coisas inexplicáveis; fogo e granizo, neve e vapores: vento e tempestade, tudo corrobora Sua palavra."

Definição: O dragão é um monstro lendário tradicionalmente representado por um réptil gigante com garras de leão, rabo de serpente, asas, hálito de fogo e pele escamosa. Histórias de dragões aparecem em quase todas as culturas da Terra.

O que os crentes dizem: Os dragões eram, e são, criaturas reais. Eles são raros, solitários e mortais. Podem ser uma espécie sobrevivente de tempos pré-históricos ou talvez criaturas de outra dimensão. No entanto, qualquer que seja a verdade, eles existem, e já foram vistos inúmeras vezes no solo e nos céus de nosso planeta.

O que os céticos dizem: Os dragões são 100 por cento míticos. Quem quer que afirme ter visto um dragão ou deu um depoimento enganado a respeito de um pássaro, um réptil ou algum outro animal real ou está mentindo. Criaturas como dragões não existem, não obstante o que dizem os contos de fadas e o Hobbit.

Qualidade das provas existentes: Moderada.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Moderada.

O estudioso e naturalista romano Plínio, o Velho, escreveu sobre um dragão sendo morto na Colina do Vaticano no primeiro século d.C., durante o reinado do imperador Cláudio. Quando abriram o dragão, o corpo de uma criança foi encontrado dentro.

Em 1903, dois caçadores em Utah viram uma gigantesca criatura alada e escamosa com a cabeça de um crocodilo e "dentes grandes e poderosamente afiados" voando em direção a uma caverna com um cavalo na boca. Eles ficaram escutando enquanto a besta devorava o "esmagado e deformado" equino.

Como esses dois exemplos ilustram, relatos sobre a observação de dragões se espalham pelo decorrer da história humana oficial. Dragões foram vistos éons atrás; dragões têm sido vistos neste século.

Mas será que o que as pessoas viram e relataram eram realmente dragões, assim como os percebemos — criaturas gigantes, aladas, semelhantes a serpentes, que soltam fogo pela boca e têm escamas capazes de quebrar uma espada?

O editor da Strange Magazine Online e da Fate, Mark Chorvinsky, estuda a lenda e a cultura dos dragões há décadas. Na edição de novembro de 2002 da revista Fate, ele resume o "problema do dragão":

Estudar os dragões é um problema complicado devido à grande variedade de descrições.

Há dragões do ar, do mar e da terra; com duas pernas, quatro ou mais; alados ou não; venenosos, respiradores de fogo e com ferrões; amigáveis e furiosos. A descrição de dragões aéreos tem levado os ufólogos a imaginarem se essas entidades celestes não eram na verdade OVNIs, e não animais. Já a observação de dragões aquáticos tem levado os criptozoólogos a sugerirem que os tais dragões relatados talvez fossem serpentes marítimas ou monstros lacustres.

A pergunta-chave com relação à existência ou não de dragões é quase a mesma que devemos fazer com relação aos OVNIs: se os dragões não são reais, então o que todas essas pessoas estão vendo nos céus?

Sabemos que lendas fantásticas surgem quando eventos e observações aparentemente inexplicáveis ocorrem e são testemunhados ou vividos por seres humanos. A lenda das sereias provavelmente surgiu de visões de focas ou dugongos. Já a do lobisomem, das histórias de esquizofrênicos que também sofriam de hipertricose. Mas que animal real é maior do que cinco elefantes, pode voar, nadar e comer um cavalo de uma só bocada?

É aí que mora o problema com os dragões. No decorrer dos séculos, muitos dos relatos sobre dragões são tão fantásticos que os criptozoólogos e outros cientistas encontram bastante dificuldade em descobrir uma explicação lógica para o que as pessoas afirmam ter visto.

Sem dúvida, há répteis como o dragão-de-komodo e serpentes como a jiboia que possuem características semelhantes às dos relatos sobre traços físicos e habilidades dos dragões. Mas não existe criatura alguma que reúna todos os poderes e atributos físicos como os dos dragões vistos.

Então, seriam essas criaturas reais, só que, na verdade, sobreviventes atávicos e resistentes de épocas pré-históricas? Seriam os dragões que as pessoas veem hoje em dia, a exemplo dos que elas diziam ver há séculos, realmente dinossauros voadores que de alguma forma resistiram à extinção? Talvez eles sejam criaturas que estavam em cavernas bem profundas quando um asteroide nos atingiu durante a Era Mesozoica e, graças a seus incríveis poderes natos de hibernação, conseguiram se manter aqui na Terra por, ahn, cerca de 150 milhões de anos. Talvez …

Há muito os dragões têm um enorme significado simbólico. Na Bíblia, eles são a perfeita encarnação do mal. No Livro do Apocalipse, o arcanjo Miguel e seus guerreiros lutam com Satanás, que assume a aparência de um dragão durante a batalha:

"Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o dragão. O dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles. Foi então precipitado o grande dragão, a primitiva serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na Terra, e com ele seus anjos."

No folclore sumério, o dragão simboliza o caos. Na mitologia russa, o dragão é o guardião dos portões que ligam ao reino do além.

Na tradição chinesa, o dragão é uma criatura benevolente que ajudou a criar o universo.

Acreditava-se que os imperadores chineses eram descendentes de dragões.

E, é claro, há a lenda simbólica de são Jorge (leia-se: cristianismo) que derrotou um dragão (leia-se: paganismo) para salvar a filha de um rei (leia-se: gerações futuras) e que se tornou o santo patrono da Inglaterra.

Os relatos sobre dragões não chegam nem de perto a ser tão abundantes quanto os de OVNIs, mas, ainda assim, por todo o mundo, há depoimentos sobre estranhas criaturas aladas que muitos acreditam serem os dragões das lendas. (O relato mais recente de um "dragão" foi feito em outubro de 2002, no Sudeste do Alasca. Seria o animal apenas um predador gigante? Ainda não se chegou a uma conclusão.)

Quem sabe um dia a verdade venha à tona. Até lá, alguns de nós talvez decidam manter os olhos pregados no céu … por mais de uma razão.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

Hidroscopia


"Hidroscopia. Comumente conhecida como adivinhação pela água. Isso é bruxaria. Ninguém pode dizer que, devido a alguma afinidade química ou bioquímica, uma varinha entorta na mão quando encontra água subterrânea. A varinha só entorta nas mãos de um mago. Isso é bruxaria. Assim, embora alguns cientistas reconheçam sua existência, há muitos outros que jamais reconhecerão." — Charles Fort

Definição: A hidroscopia é a ação de procurar e, por vezes, localizar água subterrânea, minerais, minas subterrâneas ou objetos enterrados por meio de uma varinha mágica, que em geral é um galho ou um bastão bifurcado feito de madeira de nogueira, freixo ou sorveirabrava, e que entorta para baixo quando segurado sobre uma fonte. As vezes, também se usa um pêndulo suspenso acima do chão ou sobre um mapa.

O que os crentes dizem: Os rabdomantes de sucesso são extremamente sensíveis a certas energias orgânicas — elétrica, magnética, bioquímica ou indefinida — que cercam, permeiam e irradiam de depósitos subterrâneos, e conseguem ler esses "campos" no intuito de localizar com precisão as áreas.

O que os céticos dizem: A hidroscopia não funciona. Cientificamente, não existe prova empírica alguma que comprove sua eficácia. Quaisquer "acertos" decorrem da sorte ou de conhecimento prévio acerca dos filões subterrâneos.

Qualidade das provas existentes: Muito Boa.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Alta.

A hidroscopia existe há séculos; existem relatos registrados sobre sua prática na Inglaterra e no Egito antigo que chegam a datar de 3.000 a.C. Ela tornou-se comum durante os séculos XIV e XV na Europa, onde as "bruxas d'água" eram muitas vezes chamadas para localizar lençóis subterrâneos ou veios de minério para a indústria de mineração medieval. (Muito embora Reginald Scot, ao escrever seu The Discouerie of Witchcraft [1584], tenha descrito as varinhas rabdônicas como "meros brinquedos para zombar dos símios", declarando que elas "não tinham nenhum propósito louvável".) Na literatura sobrevivente, a primeira menção à hidroscopia data de 1540.

A hidroscopia é realizada com várias ferramentas, dentre as quais um bastão em forma de Y (a ferramenta mais conhecida), um bastão em forma de L (um pedaço de arame é entortado num determinado ângulo e gira na mão do rabdomante; em geral, ele segura um em cada mão) ou um pêndulo (usado sobre o chão ou sobre um mapa). Algumas vezes, rabdomantes experientes simplesmente caminham ao redor de uma área tentando sentir os depósitos subterrâneos.

A hidroscopia é uma dessas práticas marginais com as quais a ciência parece não saber o que fazer. Ou melhor, devido ao fato de a ciência não entender totalmente como a hidroscopia funciona, a postura oficial é que ela não pode ser realizada. No entanto, tem sido realizada com bastante eficiência há séculos.

Um depoimento encontrado no Dicionário dos céticos, de Robert Todd Carroll, conta a respeito de uma série de testes de hidroscopia bem-sucedidos realizados por um cientista alemão chamado Hans-Dieter Betz. A equipe de Betz registrou uma taxa extremamente alta de testes bem-sucedidos sob circunstâncias controladas. Ainda assim, isso não convenceu Carroll. Ele escreve:

O terceiro teste foi uma espécie de desafio entre o rabdomante e uma equipe de hidrogeólogos. A equipe de cientistas, sobre os quais não sabemos nada de importante, estudou uma área e escolheu 14 lugares para perfurar. Em seguida, após a equipe ter feito suas escolhas, o rabdomante percorreu a mesma área e optou por sete pontos… Uma área de onde brotassem 100 litros por minuto era considerada boa. Os hidrogeólogos acertaram três boas fontes; o rabdomante, seis. Sem dúvida, o rabdomante venceu o desafio. Todavia, esse teste não prova nada a respeito da hidroscopia. [Ênfase acrescentada.]

Mesmo?

A taxa de sucesso dos hidrogeólogos foi de 21 por cento, a do rabdomante, 85 por cento, e, ainda assim, isso não prova nada?

Se a ciência não aceita a hidroscopia como uma habilidade válida, ainda que por ora inexplicável, então por que os militares dos Estados Unidos utilizavam os rabdomantes para localizar as minas durante a Primeira Guerra Mundial?

Além disso, por que as tropas americanas usaram a hidroscopia no Vietnã para procurar e localizar minas, armadilhas e morteiros enterrados?

E mais: por que as empresas multinacionais de petróleo, gás, mineração e minérios pagam aos rabdomantes para complementar suas análises geológicas convencionais?
Em Wild Talents, Charles Fort conta a história do cientista do Departamento de Agricultura dos EUA, dr. Charles Albert Browne, que testemunhou um dos mais famosos rabdomantes alemães localizar um lençol subterrâneo, traçar suas dimensões, relatar sua profundidade e assegurar que a água era potável, tudo mais tarde confirmado através de testes científicos oficiais.

Assim, será que a hidroscopia nada mais é do que uma resposta física ideomotora, disfarçada sob séculos de superstições, rituais, costumes locais e depoimentos?
Ou seria uma habilidade psicoenergética genuína, em que a estranha sensibilidade de certas pessoas a vibrações emitidas de lençóis de água subterrâneos, dos minerais e outros objetos e substâncias tem sido usada para localizar toda sorte de "tesouros enterrados"?

Testes científicos e dados observacionais são os critérios de avaliação da verdade. Mesmo assim, a ciência muitas vezes chega atrasada no tocante à confirmação de sabedorias centenárias ou milenares.

As pessoas já aplicavam cataplasmas de pão embolorado em locais infectados muito antes de a ciência reconhecer que o fungo do pão era fonte de penicilina.

Outras mastigavam a casca do álamo ou do salgueiro muito antes de a ciência reconhecer que tal casca era fonte de aspirina.

Repetindo: o fato de não entendermos completamente como a hidroscopia funciona não faz com que ela seja de fato ineficiente.

Basta perguntar ao soldado vietnamita que não perdeu as pernas por pisar numa mina localizada por um rabdomante se ela funciona.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004