Mostrando postagens com marcador bizarro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador bizarro. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Gente Enlatada - O Escândalo de 1906

Esta aqui é só carne enlatada mesmo... ou será? - Imagem: Shutterstock
Livro que revela o total horror da indústria de carnes levou à criação da vigilância sanitária moderna - Por Fábio Marton

O presunto está estragado? Sem problemas! Elzbieta, uma imigrante lituana, faz o seu trabalho diário: coloca o presunto podre numa cortadeira, a duas mil rotações por minuto. Junte meia tonelada de presunto bom, ninguém nem nota. A linguiça importada da Europa está branca e mofada? Bórax e glicerina e está novinha. Funcionários precisam lavar as mãos antes de sair? Para isso está lá o tanque de água da salmoura para os embutidos. A carne caiu no chão, onde funcionários com tuberculose escarram o dia inteiro? Acidentes acontecem, mas para que desperdiçar?

Ratos surgem no depósito escuro de carne destinada a salsichas? Coloque-se pão com veneno. Os bichos podem morrer sobre a carne,  mas é escuro demais para separar. Para dentro da máquina eles vão, carne, rato e pão com veneno. Que seja uma lição para os ladrõezinhos!

Receita de presunto em lata:

1) Pontas de carne defumada pequenas demais para serem cortadas com máquina;
2) Tripa, tratada com produtos químicos para não parecer branca e revelar sua origem;
3) Restos de presunto e carne em lata recolhidos do chão;
4) Pelanca de bife;
5) Temperos o suficiente para ter gosto de alguma coisa.

Alguém perdeu um dedo numa serra? Bem... quem se candidata a procurar?

Por fim, uma tragédia. E, nesta, vamos deixar o autor explicar: "às vezes, os funcionários caíam nos tachos; e, quando eram pescados dali, nunca havia o suficiente deles que pudesse ser exibido - por vezes, isso era ignorado por dias, até que tudo menos os ossos era lançado no mundo como Banha Pura Durham!". Banha que, vale lembrar, não só era vendida diretamente, como adicionada a outros produtos já citados. Gente em lata. Linguiça de gente.

E você pergunta, onde estão os fiscais? No escritório do chefe, recebendo uma colaboração para o leite das crianças.

Um dia normal na indústria de carne de Chicago.

Local de processamento de alimentos no início do Século XX nos Estados Unidos – Fonte: Phshygiene.com

Autor frustrado

Essas são passagens do livro A Selva, do então jovem de 28 anos Upton Sinclair. Em 1905, ele havia recebido uma encomenda do jornal socialista Appeal to Reason: fazer um exposé, uma denúncia, da indústria de Chicago. Por meses, ele se disfarçou de trabalhador para ver de perto, entrando nas fábricas sem ser notado e conversando com os "colegas". O resultado foi uma ficção sobre uma família de imigrantes lituanos e suas agruras na indústria - inclusive uma morte por intoxicação alimentar. Um dos livros mais chocantes da História.

Inicialmente publicado como folhetins no jornal, ao se tornar um livro, em 1906, contra a vontade do autor, foi um best seller instantâneo, vendendo 25 mil exemplares em seis semanas. E criando um escândalo nacional, repercutido por todos os jornais. O que exigiu uma resposta do presidente. Theodore Roosevelt achava Sinclair um socialista maluco, mas leu seu livro mesmo assim. Decidiu mandar o comissário do trabalho Charles P. Neil e o assistente social James Bronson investigarem as alegações do escritor.

As fábricas foram avisadas de antemão e fizeram uma faxina urgente. Ainda assim, os dois investigadores saíram revoltados. Disseram ao presidente que a única coisa que não viram foi gente caindo em tachos de gordura - isto é, talvez gente inteira não estivesse indo parar nas latas, mas os pedaços perdidos para a serra estavam.

Roosevelt então se voltou contra a indústria e, em 30 de junho de 1906 - 4 meses e 4 dias após o lançamento do livro - entrava em vigor o Ato das Drogas e Alimentos Puros, que criou a FDA - Food and Drug Administration (Administração de Alimentos e Drogas). Em março de 1907, também entrava em vigor o Ato de Inspeção de Carnes.

Era o começo de uma nova era na indústria de alimentos. Quem quisesse exportar para os EUA, teve de lidar com a FDA. Assim, leis e sistemas de inspeção mais duros e científicos foram criados no mundo inteiro. Se eles podem ser burlados, como estamos vendo, é outra história - mas, quando são, a resposta internacional é fulminante.

Quanto a Sinclair, ele detestou tudo. Em primeiro lugar, seu livro era para ser uma peça de propaganda socialista, pelos direitos dos trabalhadores - seus personagens se convertem ao socialismo no final. Os leitores, porém, não deram a mínima para o ser humano que caía no tacho, se revoltando apenas com o fato que havia ser humano no tacho. "Eu apontei para o coração do público e acidentalmente atingi o estômago", lamentou o autor.

O estilo de jornalismo investigativo de Sinclair virou moda. E ganhou um nome pejorativo pela grande imprensa: muckracking, algo como "catar esterco".


sábado, 18 de novembro de 2017

A Indústria do Roubo de Corpos - Os Ressurrecionistas


Durante séculos escolas de medicina dependeram de ladrões de túmulos; famílias tinham que construir grades sobre as sepulturas para preservar os despojos de seus entes queridos

William Hare a sua esposa eram donos de uma pensão em Edimburgo, na Escócia, onde também viviam William Burke e sua amante. Um dia, um velho que morava ali morreu, deixando o aluguel sem pagar. Para recuperar o prejuízo, Hare vendeu o corpo para uma escola de medicina. Robert Knox, que dava aulas de anatomia, pagou 7 libras pelo cadáver, uma fortuna para a época. Foi a deixa para que Hare, com o auxílio de Burke, buscasse novos cadáveres. Eles atraíam para a pensão pessoas sem família, como mendigos e prostitutas, os embebedavam e depois os sufocavam com travesseiros para não deixar marcas nos corpos. Entre 1827 e 1828, a dupla matou 16 pessoas. Havia suspeitas de que Knox sabia a origem dos corpos que usava em suas aulas, mas por falta de provas foi inocentado. Hare negociou com a polícia e foi libertado em troca da confissão que levou à condenação de Burke, o único executado pelos crimes. Seu corpo foi, muito apropriadamente, dissecado durante uma aula de anatomia numa escola de medicina.

Muita gente via a dissecção como um desrespeito ao morto e, por isso, muitas vezes elas eram feitas em segredo. Leonardo Da Vinci, por exemplo, manteve as anotações de seus estudos anatômicos escondidas em lugares tão seguros que elas só foram ser descobertas 300 anos depois. No Reino Unido, entre os séculos 16 e 17, as escolas de anatomia utilizavam em suas aulas corpos de criminosos condenados à forca, para os quais a dissecção era vista como punição adicional. Além disso, a esses criminosos era negado funeral religioso, e em certos casos eles não tinham funeral nenhum: seus esqueletos eram mantidos nas universidades e expostos ao público. Isso não ajudou a melhorar a imagem do estudo de cadáveres. Pelo contrário, as pessoas tinham horror a imaginar os corpos de parentes sendo abertos em escolas de medicina.

Nos séculos seguintes, o número de estudantes de medicina só fez aumentar (200 em 1793, subindo para mais de mil em 1823, só em Londres), e o número de cadáveres disponíveis estava longe de ser suficiente para atender às necessidades. Não eram apenas os estudantes que precisavam de mortos: cirurgiões praticavam em cadáveres antes de encarar um paciente vivo. Vale lembrar que as operações eram feitas sem anestesia e que os cirurgiões precisavam ser muito rápidos.

Mórbida inspiração: Os matadores de mendigos

John Bishop e Thomas Williams eram parte de uma gangue de ressurrecionistas que em 12 anos havia roubado entre 500 e mil corpos para vender às escolas de medicina. Depois de ouvir falar das atividades de Burke e Hare em Edimburgo, a dupla resolveu fazer o mesmo em Londres: alugaram um barraco em uma favela na região de Shoreditch, para onde atraíam suas vítimas, na maioria mendigos, que eram drogados até ficarem inconscientes e então mortos.

Os assassinos foram descobertos em 1831 quando, depois de comprar o corpo de um menino de cerca de 14 anos, um anatomista percebeu que o cadáver não havia sido enterrado. A polícia foi chamada e ao investigar o barraco de Bishop e Williams descobriu roupas e pertences de várias vítimas. Os dois acabaram sendo condenados e enforcados.

Para complicar ainda mais a situação, o número de condenações à forca caiu muito (de cerca de 500 por ano no século 18 para 50 por ano no século 19). Como qualquer empreendedor pode perceber, a demanda por corpos humanos em bom estado era muito maior que a oferta, e o novo nicho de mercado oferecia excelente oportunidade de negócios. Foi o que aconteceu, com o surgimento de uma nova categoria de prestadores de serviço: os ladrões de corpos ou, como eram chamados popularmente, ressurrecionistas. A lei britânica na época tinha penas severas para ladrões de sepulturas, mas isso só se aplicava a quem roubasse os pertences do morto. A lei não falava nada sobre roubar os próprios mortos.

Os ladrões de túmulos invadiam os cemitérios, cavavam perto de um corpo enterrado havia pouco tempo - a localização da sepultura era descoberta por espiões que se infiltravam em enterros - até conseguir abrir a parte do caixão onde ficava a cabeça. Passavam então uma corda ao redor do pescoço e puxavam o corpo. Retiravam toda a roupa, joias e o que mais houvesse de valor (para não correr os risco de serem presos), colocavam tudo de volta no caixão, cobriam com terra, punham o cadáver num saco e se dirigiam para a escola de medicina mais próxima.

As famílias dos mortos, com medo de que os corpos acabassem sendo usados para o que consideravam um fim desonroso, faziam vigília durante as noites ao lado da sepultura, por tempo suficiente para garantir que o cadáver começasse a se decompor e deixasse de ser interessante para os ladrões. Os mais abastados usavam caixões revestidos de ferro ou chumbo. Outros colocavam as chamadas mortsafes, grades sobre os túmulos.

Mortsafes na Escócia (Wikimedia Commons)

Mesmo com todas as precauções, o negócio dos ressurrecionistas ia de vento em popa. De acordo com Simon Chaplin, que foi curador do Hunterian Museum do Colégio Real de Cirurgiões, as autoridades faziam vista grossa para o tráfico de corpos e para o envolvimento dos médicos. Afinal, a formação de novos e competentes cirurgiões era vista como questão de interesse público.

Como não havia jeito de refrigerar os cadáveres e os ingleses não dominavam as técnicas de embalsamento (como injetar cera nas veias, por exemplo), os corpos duravam muito pouco. Para garantir um fornecimento regular, em bom estado, às escolas de Londres havia diversas gangues organizadas.

A mais famosa provavelmente foi a London Borough Gang. Em atividade de 1802 até 1825, segundo pesquisa feita por Julia Bess Frank, da Universidade de Yale, o grupo chegou a fazer "greve" em 1816, suspendendo o fornecimento de corpos para o Saint Thomas Hospital School, até que aceitassem um aumento no preço dos cadáveres. Quando os cirurgiões começaram a comprar corpos de ressurrecionistas "freelancers", a gangue invadiu salas de dissecção ameaçando estudantes e mutilando corpos que estavam sendo usados.

Logo alguns indivíduos concluíram que havia uma maneira de conseguir cadáveres frescos e em bom estado sem precisar ir aos cemitérios. Era só colocar as mãos nos corpos enquanto eles ainda estavam vivos e providenciar o resto. A população ficou indignada com os assassinatos, direcionando sua raiva aos compradores dos corpos - os estudantes e cirurgiões. Em 1832 o Reino Unido aprovou a Anatomy Act, lei que facilitou e regularizou o uso de corpos para o estudo de anatomia - e permitia o uso de cadáveres para dissecção a menos que o próprio morto, ou sua família, explicitamente se opusessem a isso. O aumento na quantidade de corpos legalmente disponíveis, levou ao fim dos ressurrecionistas.

E o roubo continua...

Ainda há casos de profanadores de túmulos que afanam cadáveres

O roubo de cadáveres não é exclusividade de séculos passados. Na China, o roubo de corpos pode acontecer por razões, digamos assim, sentimentais. É o caso dos casamentos fantasma, tradição que sobrevive em áreas rurais do país. Quando um rapaz morre, a família pode procurar uma noiva para fazer companhia a ele no além. Para isso, arranja-se o casamento com uma moça que também esteja morta e que depois da cerimônia é enterrada ao lado do noivo. Embora o acordo costume ser feito entre as próprias famílias, a prática cria todo um mercado de intermediários, o que inclui ladrões de cadáveres. Corpos de moças jovens, em bom estado e mortas recentemente, são os mais valorizados. Em 2007, o camponês Song Tiantang foi acusado de assassinar mulheres para vendê-las para esse tipo de cerimônia. Segundo ele, "matar era mais fácil e rápido do que cavar para desenterrar os corpos".

Em 2005 uma empresa nos EUA foi envolvida em contrabando de ossos, tendões e pele para implantes e operações. Michael Mastromarino, dono da Biomedical Tissue Services Ltd, foi preso por liderar uma quadrilha que incluía o dono de uma funerária. O grupo roubava partes de corpos humanos antes que fossem cremados ou substituía os ossos por canos de PVC (eles descartavam o material usado, como luvas e aventais, dentro do próprio corpo). Também falsificavam autorizações de uso dos tecidos. A operação vendeu partes de mais de mil cadáveres e rendeu milhões de dólares. Alguns dos pacientes que receberam os implantes tiveram problemas de saúde. Os tecidos podiam vir de pessoas com câncer, HIV ou hepatite.

Saiba mais: Death, Dissection and the Destitute: The Politics of the Corpse in Pre-Victorian Britain, Ruth Richardson, W&N, 2001


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Morte Bizarras IV


As mortes acontecendo de várias maneiras, menos por causas naturais. Parecem, alguns lances daquela série de filmes que, no Brasil, conhecemos pelo título de "Premonição". Vamos, então, para mais cinco casos:

O homem que caiu no tonel de chocolate (2009)

Vincent Smith era empregado de uma fábrica de chocolate em Camdem, New Jersey (EUA) e, em julho de 2009, estava descarregando chocolate quando escorregou e caiu dentro do tanque de mistura, repleto de chocolate derretido à temperatura de 50 graus. Smith foi atingido na cabeça por uma das pás gigantes que misturam o chocolate e ficou 10 minutos submerso em chocolate antes de ser resgatado.

Gamer Ultra Hardcore (2005)

O StarCraft é um jogo multiplayer online em que você comanda uma frota de guerreiros espaciais. O game é tão popular que jogadores profissionais (sim, jogadores profissionais) chegam a ganhar US$ 100 mil por ano. Em 2006, um coreano de 28 anos, identificado apenas pelo sobrenome Lee, passou mais de 50 horas quase ininterruptas na frente de um computador. O rapaz sofreu uma parada cardíaca minutos depois de parar de jogar. O vício era tanto que Lee chegou a abandonar o trabalho para ficar mais tempo jogando.

Diabo Fake

Onze pessoas pularam pela janela de um apartamento em Versailles, subúrbio de Paris, após acreditarem ter visto o diabo. O pânico tomou conta dos moradores do apartamento, no segundo andar de um prédio, quando um homem sonolento que andava nu pela casa foi confundido com o diabo. O incidente ocorreu de madrugada, e ao que parece, o homem levantou para alimentar o filho que chorava na cama. "Treze pessoas estavam no apartamento do segundo andar e por volta das três da manhã um dos ocupantes ouviu o filho chorar", explicou à AFP Odile Faivre, da promotoria de Versailles. “O homem em questão, de origem africana, se levantou para alimentar o filho e como estava totalmente nu, foi confundido com o diabo”.

“O grupo atacou o homem e o feriu com uma facada na mão, antes de expulsá-lo do apartamento, mas ele tentou voltar e foi aí, que tomados pelo pânico, pularam pela janela”, revelou Faivre. No incidente, um bebê azarado (por estar na presença desses malucos) de quatro meses morreu e outras sete pessoas sofreram traumatismos múltiplos.

A mulher que morreu atingida por uma placa de restaurante

Diane Durre, de Nebraska (EUA), morreu ao ser atingida por uma placa do restaurante Taco Bell. A placa ficava em um poste de 23 metros de altura e, por causa de uma ventania, arrebentou onde havia uma emenda soldada. Durre criava cães e tinha ido vender animais para um casal. Ela marcou de encontrar com os clientes às 13 horas e levou seu marido, Mark, com ela. Meia hora antes do horário marcado, ela já estava lá e foi justamente quando a placa arrebentou e caiu sobre o carro. Diane morreu na hora.

O advogado que quebrou o vidro inquebrável (1993)

Em 9 de julho de 1993, Garry Hoy, advogado de Toronto (no Canadá) caiu para sua morte diante de um bando de estudantes de direito. Para mostrar que os vidros do prédio eram inquebráveis, ele ficava dando pancadas com o ombro na janela. Era um truque que ele sempre repetia, ali, no 24º andar. O vidro não quebrou, mas desencaixou de sua moldura e despencou, junto com Hoy, em uma queda de 92 metros.


Fonte: Ah Duvido!

Mortes Bizarras III


Continuamos, então, a relatar casos macabros e de humor (negro), bizarros mesmo. "Dona Morte" brincando? Não. É que basta estar vivo para ir ... sei lá, para um lugar melhor (ou pior?). Leiam estes 5 casos verídicos:  

Pelotada de morte

Ray Chapman, jogador do Cleveland Indians, foi assassinado por uma bola de beisebol. Naquela época, os lançadores costumavam sujar a bolinha antes de lançá-la para que ficasse mais difícil de ver. Em 6 de agosto de 1920 num jogo contra o New York Yankees, Carl Mays, lançador dos Yankees, lançou uma pelota suja contra Chapman, que não a viu e recebeu o golpe fatal bem no meio da testa.

Lixo, muito lixo

Homer e Langley Collyer eram arquivistas compulsivos. Os dois irmãos tinham medo de desfazer-se de qualquer coisa, e colecionaram obsessivamente diários e outros lixos em sua casa. Inclusive prepararam armadilhas nos corredores e portas para proteger-se dos intrusos. Em 1947, um telefonema anônimo denunciou que tinha uma pessoa morta na casa dos irmãos, e após enfrentar grande dificuldades para entrar, a polícia encontrou o corpo de Homer Collyer. Duas semanas mais tarde, após a retirada de cerca de 100 toneladas de lixo, finalmente encontraram o corpo de Langley Collyer parcialmente decomposto, a alguns poucos metros além de onde tinham encontrado seu irmão. Aparentemente, Langley estado tentando levar comida para Homer engatinhando sobre os túneis entre pilhas de diários quando disparou uma de suas armadilhas. Dias depois, Homer morreu de fome.

Uma notícia nada agradável

Christine Chubbuck foi a primeira e única apresentadora de noticiário a suicidar-se durante um programa ao vivo. Em 15 de julho de 1974, aos oito minutos de programa, a deprimida repórter disse:

– “Para manter a política do canal 40 de trazer-lhes o último em matéria de sangue e violência, ao vivo e a cores, aqui têm outra primícia: uma tentativa de suicídio”. – E a seguir, Chubbuck sacou um revólver e disparou contra a própria cabeça.

Por afogamento numa festa de salva-vidas

Em 1985, para celebrar seu primeiro ano sem ter que lamentar nenhum afogado, os salva-vidas do departamento de recreação de Nova Orleans decidiram fazer uma festa. Quando a festa terminou, um convidado de 31 anos chamado Jerome Moody foi encontrado morto no fundo da piscina do clube.

Olha no que dá imitar os outros (1991)

Em 1991, uma mulher tailandesa de 57 anos chamada Yooket Paen estava caminhando por sua fazenda quando escorregou em um monte de bosta de vaca, se agarrou em um fio da cerca viva (que mantinha o gado confinado) e foi eletrocutada até a morte. Dias depois de seu funeral, sua irmã estava mostrando aos vizinhos como tinha sido o acidente quando ela também escorregou agarrou o mesmo cabo, e morreu igual a sua irmã.


Fonte: Ah Duvido!

Os 8 Homens Mais Difíceis de Matar


Se você acha que aquela história de levar vários tiros, ser atropelado por uma colheitadeira e continuar vivo só acontece com os vilões do cinema, saiba que isso não é verdade.

Na imagem, da esquerda para a direita, Morte, Mortana e tio Caronte, aguardando, impacientes, que uma das pessoas citadas neste artigo, exalem seu último suspiro. Por segurança, vão em três ...

Confira na nossa lista oito homens que desafiaram as leis da natureza e sobreviveram a múltiplas tentativas de assassinato, bombardeios, quedas de avião e várias outras quase-mortes.

8 – Gabriel García Moreno


Teve a mão decepada, levou 5 tiros e ainda teve tempo de gritar que "Deus não morre".

Moreno foi presidente do Equador em 1861 e foi reeleito três vezes – na terceira vez, ele considerou que aquilo seria sua sentença de morte, e até pediu a benção do Papa. Em 6 de agosto de 1875, ficou provado que Moreno estava correto: ao sair da igreja que ele frequentava, um grupo de homens o atacou: Faustino Rayo, líder do grupo, atacou Moreno com um facão, enquanto o resto do grupo abria fogo contra o presidente. Caído no chão com a cabeça sangrando, o braço esquerdo decepado e com o braço direito destruído pelos golpes, ele ainda conseguiu reconhecer os homens que o atacavam. Alguns relatos dizem que ele suspirou as últimas palavras, outros dizem que ele gritou, mas todos concordam que elas foram “Dios no muere” – “Deus não morre”.

7 – Alexander II da Rússia:


Depois de várias tentativas, morreu com plano que contava com bombas-reserva.

Alexander II foi Czar da Rússia de 1855 até seu assassinato, em 1881. Em 1866, ele sofreu a primeira tentativa de assassinato. Para comemorar a sua sobrevivência, que ele chamada de “o evento de 4 de abril de 1866”, foram construídas várias capelas e igrejas em várias cidades russas. Na manhã de 1879, o czar sofreu uma tentativa de assassinato em uma praça, quando um homem atirou várias vezes contra ele, sem acertá-lo. Em dezembro do mesmo ano, o grupo revolucionário Narodnaya Volya organizou uma explosão em uma linha ferroviária, mas não acertaram o trem em que o czar estava. Em 1880 um membro do mesmo grupo revolucionário causou uma explosão em que onze pessoas morreram e 30 ficaram feridas – mas o czar não se feriu, pois estava atrasado para o jantar onde a explosão ocorreu. Finalmente, em 13 de março de 1881, Alexander morreu: por muitos anos, ele visitava a Guarda Real nos domingos de manhã. Ele viajava em uma carruagem fechada, com vários seguranças. No caminho a Manezh, um membro do Narodnaya Volya jogou uma bomba sobre a carruagem do czar, que machucou o cocheiro e pessoas na calçada e matou um dos seguranças, mas não causou nada ao czar. Alexander saiu da carruagem, seguindo instruções de seus seguranças, que diziam para ele sair da área do ataque. Foi então que outro membro do grupo revolucionário jogou outra bomba, que caiu aos pés do czar, e finalmente o matou. Depois a polícia descobriria que havia um terceiro revolucionário no meio da multidão, munido de mais uma bomba, caso os outros dois fracassassem.

6 – Yasser Arafat:


Escapou ileso de inúmeros bombardeios e a um acidente aéreo.

Mohammed Abdel Raouf Arafat al-Qudwa Al-Husseini, mais conhecido como Yasser Arafat, foi um dos líderes mais destacados dos palestinos. Em 1985, ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato quando a força aérea israelense bombardeou a sede do seu governo, que deixou 73 pessoas mortas. Ele também sobreviveu a um acidente de carro e outro aéreo, quando seu avião caiu devido a uma tempestade de areia no deserto da Líbia e, 1992. Apesar de todas as tentativas, o líder palestino morreu aos 75 anos, em 2004, em um hospital em Paris. Ainda assim, como a causa da morte nunca foi divulgada, existem várias teorias conspiratórias sobre a morte de Arafat.

5 – Zog da Albânia:


Sofreu 55 tentativas de assassinato.

Zog I, Skanderbeg III foi rei da Albânia desde 1928 até 1939. Durante seu curto reinado, ele sobreviveu a 55 tentativas de assassinato. Uma delas ocorreu em 1931, quando ele visitava uma casa de ópera em Viena. Ele só sobreviveu a esse ataque ao atirar contra as pessoas que atiravam contra ele, com uma arma que sempre carregava.

4 – Hussein da Jordânia


Sobreviveu a 12 tentativas de assassinato e uma vez foi salvo por uma medalha em seu bolso.

Hussein bin Talal foi rei da Jornânia desde a abdicação ao trono de seu pai, em 1952, até a sua morte, em 1999. Durante o seu reinado, ele sofreu ao menos 12 tentativas de assassinato, a maioria durante as décadas de 50 e 60. A primeira tentativa ocorreu em 1951, quando um extremista palestino abriu fogo contra Hussein e seu avô, que morreu. Hussein perseguiu o atirador, que atirou novamente contra ele, que só sobreviveu por causa de uma medalha que tinha em seu uniforme. Em 1970, o rei sobreviveu novamente a outra tentativa de assassinato a tiros. Depois de várias tentativas de assassinato frustradas, Hussein morreu de câncer aos 63 anos, em 1999.

3 – Fidel Castro:


Sobreviveu a 638 tentativas de assassinato – até agora.

Fidel Castro é definitivamente um dos homens mais difíceis de matar no planeta, ou pelo menos um dos que sofreram mais tentativas de assassinato. Fabian Escalante, que trabalha como segurança pessoal do presidente de Cuba há muito tempo, estima que as tentativas e esquemas de assassinato planejadas pela CIA, agência de inteligência estadunidense, somam 638. Algumas das tentativas incluem um charuto explosivo, um maiô infectado com fungos e um clássico tiroteio do estilo mafioso. Uma das tentativas foi feita pela ex amante de Castro, Marita Lorenz, que ele conheceu em 1959. Ela concordou em ajudar a CIA e colocar uma comida envenenada no quarto de Castro. Quando ele percebeu a farsa, ele teria dado uma arma a ela e falado para ela atirar – o que ela não teve coragem de fazer. Castro uma vez disse que “se sobreviver a tentativas de assassinato fosse uma prova olímpica, eu ganharia a medalha de ouro”. Aos 83 anos e aposentado, é pouco provável que Castro sobreviva à tentativa n° 639, mas nunca se sabe …

2 – Grigory Rasputin 


Foi envenenado e espancado, levou 4 tiros e finalmente morreu afogado.

O místico Rasputin se inseriu na família real russa no início do século XX, e ganhou a confiança da czarina Alexandra Frdorovna ao supostamente salvar seu filho da hemofilia. As lendas sobre a sua morte são tão misteriosas quanto a sua vida. A primeira tentativa de assassinato sofrida por Rasputin foi em 29 de junho de 1914, quando ele foi atacado por Khionia Guseva, uma ex-prostituta. Ela deu uma facada no abdômen do místico, e suas entranhas saíram do corpo, no que parecia ser uma ferida mortal. Entretanto, depois de uma cirurgia, Rasputin se recuperou do ferimento. Já em 16 de dezembro de 1916, um grupo de nobres que acreditava que a influência de Rasputin sobre a czarina estava muito intensa tentou matá-lo novamente. Desta vez, serviram a ele bolo e vinho cheios de cianeto, suficiente para matar cinco homens. Como isso não foi suficiente para acabar com a vida de Rasputin, o príncipe Felix Yusupov, um dos conspiradores, atirou nas costas do inimigo, que caiu no chão. Quando o grupo de conspiradores voltou, Rasputin abriu os olhos e atacou Yusupov, tentando escapar. Yusupov e os outros então perseguiram o mágico,  atiraram nele mais duas vezes e espancaram-no. Para terem certeza que ele não tentaria escapar novamente, os homens amarraram Rasputin em um cobertor e o jogaram no rio Neva. Seu cadáver foi encontrado com o braço direito para fora da amarração, o que mostra que ele ainda estava vivo quando caiu na água, e ainda tentou se salvar. Uma autópsia mostrou que a causa da morte foi afogamento e que somente o veneno deveria ter sido suficiente para matá-lo.

1 – Adolf Hitler:


Sobreviveu a mais de 50 conspirações de assassinato.


Líder dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler foi responsável pelo assassinato de aproximadamente seis milhões de judeus, além de dois milhões de poloneses e quatro milhões de pessoas consideradas “indignas da vida”, como pessoas com deficiências físicas e mentais, homossexuais, romenos e muitos outros. Portanto, não é surpreendente que ele tenha sofrido tantas tentativas de assassinato: a primeira delas aconteceu em 1921, quando atiraram contra ele depois de um discurso. Na Varsóvia, em 5 de outubro de 1939, o exército polonês tentou explodir o carro de Hitler, mas a bomba não explodiu. Outra curiosa tentativa de assassinato foi a de soldados estadunidenses, que planejavam jogar material pornográfico para Hitler, tentando deixar o puritano louco. Este plano não foi levado até o fim, e nenhum dos outros funcionou para matar o ditador. Acredita-se que Hitler tenha cometido suicídio junto a sua esposa, Eva Braun, no dia 30 de abril de 1945.


Fonte: HypeSicence

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Mortes Bizarras II


Continuando a segunda parte dos casos de fins bizarros, reafirmamos que a Dona Morte tem um senso de humor negro. Confiram:

Morreu de “bueiro”

Essa morte bizarra e triste é um bom exemplo de má sorte trágica. Em 2008, um canadense morreu depois de tentar recuperar sua carteira roubada de uma boca de lobo. A carteira e alguns pertences foram roubados depois que o homem de 57 anos os deixara em um posto de gasolina. Ele chamou a polícia antes de encontrar a carteira jogada num bueiro próximo. O homem tentou sem sucesso alcançá-la pouco antes da polícia chegar, e esta o aconselhou a não tentar novamente. Mas o homem voltou depois, removeu a grade do bueiro e fez uma nova tentativa. Quando o policial que estava investigando o crime percebeu que o caminhão do homem tinha voltado, ele foi checar o bueiro e descobriu o homem preso pela cabeça vários metros abaixo da rua. A vítima ainda estava viva e assim ficou até que os bombeiros a tiraram de lá. Infelizmente, ele morreu no hospital logo.

Morreu de “desodorante”

Em 1998, um garoto de 16 anos morreu na Inglaterra de ataque cardíaco depois de ser exposto a muito gás de desodorante. Na época da morte, a BBC afirmou que, desde 1971, mais de 130 pessoas haviam morrido depois de inalarem propositalmente gás de desodorante aerosol. Parece que ele era obcecado por higiene pessoal e cheiro de frescor, por isso ele vaporizava seu corpo todo com desodorante ao menos duas vezes por dia. O garoto exagerava tanto, que às vezes sua família podia sentir o cheiro no andar de baixo da casa. Apesar disso, eles nunca pensaram que o garoto estivesse em perigo. A autópsia revelou que ele tinha 10 vezes a quantidade letal de butano e propano em sua corrente sanguínea. Acontece que o garoto usou o desodorante em um espaço relativamente confinado, embora as embalagens recomendassem o uso em áreas bem ventiladas.

Morreu de “barba”

Em novembro de 2008, um professor canadense chamado  Sarwan Singh entrou para o livro Guinness por ter a barba mais longa que qualquer homem vivo. Ela pendia por impressionantes 2,36 m a partir do queixo. No entanto, ele não teve muito problema com sua barba. O mesmo não pode ser dito de um austríaco do século 16. A barba de Hans Steininger tinha só 1,4 m, mas foi suficiente para levá-lo à morte. Hans costumava manter sua barba enrolada em uma bolsa de couro, mas esqueceu-se de fazê-lo em um dia de 1567. Um incêndio estourou em sua cidade naquele dia e ele ficou enrolado na barba enquanto tentava escapar. Há relatos conflitantes sobre se Steininger quebrou o pescoço ou se morreu no incêndio, mas as duas mortes são bizarras.

Morreu de “ovelha”

Ovelhas são criaturas bastante dóceis. Se você visitar uma fazenda de ovelhas, provavelmente vai encontrar criaturas lanosas em movimento errante ruminando grama. Infelizmente, em 1999, uma mulher na Inglaterra descobriu que as ovelhas podem ter um lado agressivo, assim como muita fome. Betty Stobbs era mulher de um fazendeiro e tinha 67 anos na época do trágico encontro. Ela estava levando um delicioso jantar de feno para  o rebanho de ovelhas da família usando um veículo de quatro rodas com um pequeno trailler acoplado. As ovelhas estavam em um campo com vista panorâmica da presa. Quando Stobbs chegou com o jantar, o rebanho agrediu-a e pulou para dentro do veículo, jogando-a da cabine. A triste ironia dessa tragédia é que ela não morreu da queda em si. Ela poderia até ter sobrevivido, mas as ovelhas tombaram o veículo, esmagando Stobbs.


Fonte: Ouroboros

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Mortes Bizarras I



Podemos afirmar, após lermos esses casos bizarros, que a Dona Morte realmente tem senso de humor. Confiram:

O que a falta de uma geladeira faz

Francis Bacon foi uma das pessoas mais influentes do século XVI. Político, filósofo, escritor e cientista, inclusive houve rumores que havia escrito algumas das obras de Shakespeare. Porém todo esse brilhantismo não o salvou de uma morte um tanto quanto idiota. O sujeito morreu recheando uma galinha com neve. Em uma tarde de 1625, Bacon estava olhando uma tormenta de neve e pensou que a neve poderia conservar a carne da mesma forma que o sal. Decidido a provar, comprou uma galinha em uma vila próxima, a matou e foi para fora de casa para ver como a galinha coberta de neve se congelava. A galinha nunca se congelou, mas Francis Bacon sim. A façanha resultou em uma pneumonia que o levaria a morte.

Por abraçar o reflexo da lua

O poeta chinês Li Po é considerado um dos dois maiores da história literária chinesa. Era muito conhecido por ser um bebedor inveterado e sabe-se que escreveu muitos de seus grandes poemas enquanto estava bêbado. E “bebaço” estava à noite em que caiu de seu barco se afogou no rio Yangt-ze ao tentar abraçar o reflexo da lua na água.

Pela barba

O austríaco Hans Steininger ficou famoso por ter a barba mais longa do mundo (de quase um metro e meio) e por morrer por causa dela. Num dia de 1567 teve um incêndio em sua cidade e na fuga Hans esqueceu-se de enrolar sua barba, pisou sobre ela, perdeu o equilíbrio, tropeçou e quebrou o pescoço.

Segurando o xixi

O nobre e astrônomo dinamarquês Tycho Brahe era um personagem interessante. Tinha um alce treinado como animal de estimação e também perdeu a ponta de seu nariz num duelo com outro nobre dinamarquês e teve que usar um nariz falso feito de prata e ouro, mas essa é outra história. Diz-se que Tycho teve que segurar a vontade de ir ao banheiro durante um banquete particularmente extenso em 1601 (levantar-se no meio de um jantar era considerado como algo realmente ofensivo), a tal ponto que sua bexiga, levada ao limite, desenvolveu uma infecção pela qual morreu. Análises posteriores sugeriram que Tycho morreu em realidade por envenenamento com mercúrio, mas essa conclusão não é tão interessante como a história original.

Gordice

O rei Adolfo Federico da Suécia amava comer e morreu por isso. Conhecido como “O rei que comeu até morrer”, faleceu em 1771 com 61 anos por causa de um problema digestivo depois de comer, literalmente, “mais que a barriga”. O jantar do comilão era composto de lagosta, caviar, chucrute, sopa de repolho, cervo defumado, champanhe e catorze pudins de leite recheados com amendôas, seu doce preferido.


Fonte: Ouroboros

sábado, 18 de junho de 2016

O Faquir e Seus Segredos


Que domínio possui a nossa mente sobre as funções do corpo? Fora meia dúzia de ações que são comandadas voluntariamente, como andar ou comer, a maioria das pessoas não tem controle nenhum sobre o funcionamento de seu corpo. 

Mas, reza a lenda, há até quem consiga induzir um estado cataléptico.

São as fantásticas histórias dos faquires indianos, homens supostamente sagrados, iniciados na ordem sufi do islamismo, que fizeram voto de pobreza e andam de aldeia em aldeia demonstrando seus poderes absurdos e recolhendo alguns trocados.

Há documentos históricos de casos muito intrigantes. Em 1835, o marajá de Lahore ouviu falar de um homem que tinha sido enterrado vivo por quatro meses e sobrevivera. Mandou chamar o faquir e o desafiou a repetir o feito nos jardins de seu palácio. Depois de uns dias com uma alimentação especial e exercícios de limpeza do organismo, o asceta teria começado a meditar. Em poucos segundos, seu pulso se tornou indetectável. Foi, então, enterrado. Em volta de sua sepultura, se ergueu um muro, vigiado por guardas. Depois de 45 dias, o faquir foi desenterrado. Em menos de uma hora, ele estava em pé. Pode ter sido truque, mas o faquir não foi pego em nenhum deslize.

Parece haver uma relação entre a meditação e o controle de funções que normalmente são automáticas no corpo humano. Daí talvez a capacidade de dominar a dor, para se deitar em uma cama de pregos, andar sobre o fogo ou se pendurar por ganchos.

Mas há muito de folclore em torno dos supostos poderes desses homens-santos. Muitos dos que se dizem faquires são apenas ilusionistas. Há até um caçador de faquires que os segue pela Índia, revelando o que há por trás de cada truque. Basava Premanand diz que, em 50 anos de andanças pelo país, nunca viu um milagre real.

Definição e Origens

Faquir (do persa Faqīr, "pobre ou encubado de voar", por sua vez do árabe faqr, "pobreza") é um asceta que executa feitos de resistência ou de suposta magia, como caminhar sobre fogo, engolimento de espada ou deitar-se sobre pregos.

Originalmente o termo se referia exclusivamente ao islamismo; os faquires eram dervixes sufis, eremitas, que sobreviviam da mendicância. O uso idiomático do termo foi desenvolvido durante a era Mugal da Índia, quando a palavra árabe Faqīr, "pobreza", foi trazida aos idiomas locais pelo persa falado pelas elites islâmicas; adquiriu o sentido místico da necessidade espiritual de Deus - o único a ser autossuficiente.

Utilizado para se referir aos milagreiros sombrios sufistas, com o tempo seu uso se estendeu aos diversos tipos de ascetas do hinduísmo, eventualmente substituindo termos como gosvāmin, bhikku, sadhu, e até mesmo guru, swami e yogi.

O termo se tornou comum nos idiomas urdu e hindi para descrever um mendigo. Embora ainda sejam menos influentes nas áreas urbanas, devido à expansão da educação e da tecnologia, os faquires ainda possuem muita influência sobre as pessoas de certas aldeias do interior da Índia. Entre os muçulmanos as principais ordens sufistas dos faquires são Chishtīyah, Qādirīyah, Naqshbandīyah, e Suhrawardīyah.


Wikipédia / Tânia Nogueira

segunda-feira, 13 de junho de 2016

O Circo Humano

Joseph Merrick carte de visite photo c. 1889.

No século XIX principalmente, muitos dos casos clássicos da teratologia – o estudo dos defeitos congênitos – foram também estrelas de circos. Se o estigma do problema físico impedia que o indivíduo pudesse seguir uma profissão convencional, a humilhante – e às vezes lucrativa – alternativa era explorar o fascínio e a ignorância do público, exibindo-se sob a lona dos freak shows (“espetáculos de aberrações”).

O caso mais conhecido é o de Joseph Merrick, nascido em Leicester, Inglaterra, em 1862. Ele tinha 2 anos quando sua mãe notou que a pele do filho crescia de modo estranho, formando calombos na cabeça e no pescoço. Os defeitos tornaram-se cada vez mais acentuados à medida que o menino crescia. O lado direito de sua cabeça cresceu de forma desproporcional. Seu braço direito também era enorme, e o crescimento irregular inutilizou sua mão. Joseph teve de deixar a casa cedo, por incompatibilidade com o padrasto.

Tentou a vida como vendedor de rua e operário, mas o abuso por parte dos colegas era demais. Acabou se empregando com um promotor de espetáculos, que lhe deu o apelido pelo qual ficaria conhecido: Homem-Elefante. Merrick foi então “descoberto”pelo doutor Frederick Treves, que mais tarde seria o médico da família real britânica. Treves exibiu seu paciente célebre nas sociedades científicas da época. Merrick ainda voltaria ao circo, mas acabou sendo acolhido em caráter permanente por um hospital de Londres. Morreu de asfixia, em 1890, ao deitar-se para dormir – o peso de sua cabeça esmagou a traquéia. Sua história inspirou um filme de David Lynch, O Homem-Elefante (1980).

Os médicos da época diagnosticaram a condição de Merrick como elefantíase, problema do sistema linfático que causa inchaço no corpo. Mais tarde, o consenso científico foi de que o Homem-Elefante sofria de um caso extremo de neurofibromatose, moléstia congênita que causa crescimento anormal do sistema nervoso. No final dos anos 90, exames radiológicos do esqueleto de Merrick, conservado até hoje no Hospital Real de Londres, revelaram que o crescimento ósseo era incompatível com os casos conhecidos de neurofibromatose – o Homem-Elefante não tinha, por exemplo, a espinha curvada que é típica desses casos. O diagnóstico mais aceito hoje é de que Merrick sofria de síndrome de Proteu, um distúrbio de crescimento raríssimo que só foi identificado em 1979.

Os siameses Chang e Eng Bunker.

Os gêmeos conjugados são chamados de siameses por conta da fama de Chang e Eng Bunker, naturais do Sião (atual Tailândia). Ligados na altura do esterno, hoje os dois provavelmente poderiam ser separados cirurgicamente, mas quando nasceram, em 1811, a medicina não tinha muito o que lhes oferecer. Chang e Eng fizeram carreira nos Estados Unidos como atrações do célebre circo Barnum and Bailey.

Cansados da vida nos picadeiros, acabaram se estabelecendo como fazendeiros no estado da Carolina do Norte. Cortejaram e se casaram com duas irmãs da comunidade local. Os dois morreram com 63 anos, deixando 21 filhos (11 de Eng e 10 de Chang).

Bem mais triste foi o destino de Julia Pastrana, a mulher barbada que causou sensação ao ser exibida como uma espécie intermediária entre o ser humano e o macaco. Consta que Pastrana era um índia mexicana, nascida em 1834, mas os dados sobre sua origem são duvidosos. Tinha pêlos abundantes e grossos não só no rosto, mas também nos braços. Com pouco mais de 20 anos, ela excursionou pelos Estados Unidos, exibida como a “Maravilha Híbrida”.

Atravessou o oceano Atlântico em 1857 para começar sua carreira europeia, em um espetáculo em Londres que incluía canto e dança. Seu empresário, Theodore Lent, levou-a em seguida a uma longa excursão pela Europa continental. Apesar dos pêlos abundantes, Julia era descrita como uma mulher delicada, talentosa e inteligente. Talvez seduzido por esses encantos, Lent, o empresário, casou-se com ela. Ou talvez tenha sido uma estratégia para preservar seu ganha-pão: Julia sofria por ter uma aparência como aquela e falava a amigos de sua vergonha por ser exposta como uma aberração.

Julia Pastrana

O casal estava em Moscou quando descobriu que Julia ficara grávida. Os médicos temiam que o parto fosse difícil, pois a pélvis dela era muito estreita. Em 1860, deu à luz um menino igualmente peludo, que viveu só 35 horas. Ela mesma morreria cinco dias depois. A história fica particularmente bizarra a partir daqui. Lent vendeu Julia e o bebê para um anatomista russo que os embalsamou com muito capricho. Mais tarde, alegando direitos de marido e pai sobre os dois corpos, Lent tomou-os de volta. Voltou a excursionar pela Europa para exibir as múmias.

Depois de sua morte, sua segunda mulher – que também era barbada! – doou Julia e o bebê a um empresário alemão. A partir daí, as múmias seguiriam um triste périplo, passando de um a outro museu de curiosidades. Em 1990, foram redescobertas no porão de um instituto médico legal em Oslo, Noruega. O médico Jan Bondeson examinou Julia e o filho.

Em seu livro Galeria de Curiosidades Médicas, ele revela que a índia mexicana não só tinha crescimento anormal de cabelos, mas também sofria de deformações dentárias, com hiperplasia da gengiva. Bondeson acredita que essas características encontradas em Julia Pastrana são parte de uma síndrome genética rara.


Por Jerônimo Teixeira (Superinteressante)

Barnum: O Rei das Fraudes

P. T. Barnum
Ele já foi chamado de “pai do pop”, “príncipe da falcatrua”, “avô da publicidade”. Amado por uns, odiado por outros, P.T. Barnum foi uma lenda em seu tempo. Empresário multimídia muito antes de existirem tantas mídias, Barnum chocou, entreteu e enganou o público por boa parte do século 19.

Phineas Taylor Barnum nasceu em 1810 no interior de Connecticut. Aos 25 anos foi tentar a vida em Nova York. Aceitava qualquer trabalho até descobrir que podia ganhar muito fazendo o que mais gostava: pregar peças nos outros.

A primeira grande falcatrua foi Joice Heth, uma escrava que dizia ter 161 anos. Barnum lançou-se como seu empresário e saiu em turnê exibindo “a mulher mais velha do mundo”, “ex-babá do presidente George Washington”. Sucesso total!

Reclame da escrava de 161 anos
Quando o interesse pela escrava começou a diminuir, Barnum enviou uma carta anônima a um jornal dizendo que a velha era uma fraude. Aliás, não era humana, e sim uma máquina feita de osso de baleia e couro velho. A mentira atraiu milhares que queriam ver de perto a mulher-robô. Barnum ficou rico e aprendeu uma lição: o público gosta de ser enganado.

Barnum viajou com aberrações até 1841, quando abriu um museu de curiosidades em Nova York. Uma das peças mais famosas eram os restos mortais da “Sereia de Fiji” – na verdade um torso de macaco costurado num rabo de peixe.

Ao longo de todo esse tempo, o público tinha se decepcionado três vezes. Em primeiro lugar, apesar dos anúncios mostrarem a sereia como uma mulher jovem e bonita, a criatura era bem menos atraente. Tinha o corpo murcho de um macaco e o rabo de um peixe seco. Como o correspondente do jornal “Charleston Courier” colocou:

“É uma ilusão… a visão da maravilha foi para sempre roubada de nós – jamais teremos novamente o discurso, mesmo na poesia, da beleza da sereia, nem conquistaremos uma sereia mesmo em nossos sonhos – pois a senhora Fiji é a própria encarnação da feiúra”.

Os restos mortais da “Sereia de Fiji”.


A fama do museu fez de Barnum uma das figuras públicas mais conhecidas da época. Um de seus personagens, o anão “General” Tom Thumb, que dançava, cantava e fazia piadas, viajou o mundo e ganhou fãs como Abraham Lincoln e a rainha Vitória, da Inglaterra.

P.T. Barnum também é conhecido como o criador do circo moderno. Em 1867 ele montou sob uma tenda um show itinerante chamado de “O Maior Espetáculo da Terra”, que sobrevive até hoje no “Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus”. Sua principal atração era o elefante Jumbo, apresentado como o maior do mundo. Quando o animal morreu atropelado, Barnum mandou empalhar o bicho e continuou a apresentá-lo como se nada tivesse acontecido. A moda do elefante passou, mas seu nome tornou-se sinônimo de “grande” em inglês.

Quando outros falsários se apresentaram, Barnum ultrapassou-os. George Hull, um arqueólogo que forjou a descoberta do gigante de Cardiff – supostamente um fóssil humano, na verdade uma escultura de gesso corroída por ácido – teve sua obra superada por um similar apresentado como “o verdadeiro” gigante. Ao ver as filas na porta do museu de Barnum para visitar a falsificação da falsificação, Hull disse a frase que entraria para a história como sendo de Barnum: “Nasce um trouxa a cada minuto”.

No final da vida Barnum foi prefeito de Bridgeport, Connecticut. Continuou ativo até morrer, em 1891.

O gigante de Cardiff ainda é exibido em Nova York, a 9 dólares por cabeça, enquanto a réplica de Barnum está num museu em Michigan. Algumas coisas não mudam: o público ainda gosta de ser enganado.


Fontes: Cris Siqueira (Superinteressante); As Sereias.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Sete Vezes Sete


Quando o falecido jornalista e escritor inglês Arthur Koestler (foto) publicou “As Razões da Coincidência”, um estudo de curiosas simultaneidades no tempo e no espaço, foi bombardeado por cartas de pessoas que haviam tido experiências similares.

A mais consistente e coincidente de todas foi, provavelmente, a que veio de Anthony S. Clancy, de Dublin, Irlanda, nascido no sétimo dia do sétimo mês do sétimo ano do século, e, também, por coincidência, o sétimo dia da semana.

"Fui o sétimo filho de um sétimo filho", escreveu ele, "e tenho sete irmãos; o que resulta em sete setes."

Na verdade, isso resulta em oito setes, se contarmos o número de letras de seu prenome, mas vamos continuar: no dia de seu 27º aniversário, de acordo com o próprio Clancy, ele foi ao hipódromo. O cavalo número sete do sétimo páreo chamava-se Seventh Heaven (Sétimo Céu). As apostas contra Seventh Heaven eram de 7 contra 1, mas Clancy apostou sete xelins assim mesmo. Seventh Heaven chegou em sétimo lugar.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Vice-Versa


Allan Falby era capitão da County Highway Patrol de El Paso, Texas, nos anos 30, quando colidiu sua moto contra um caminhão em alta velocidade e quase morreu.

Sua vida esvaía-se lentamente por uma artéria rompida em sua perna quando um transeunte, Alfred Smith, parou para prestar-lhe socorro. Smith amarrou a perna que sangrava e Falby sobreviveu, embora somente alguns meses depois tenha se recuperado totalmente para reassumir seu cargo.

Cinco anos mais tarde, foi Falby quem chegou ao local de um outro acidente na área. Um homem batera seu carro contra uma árvore e sangrava profusamente por uma artéria rompida em sua perna direita.

Antes da chegada da ambulância, Falby conseguiu amarrar um torniquete e salvar a vida do homem. Só então é que percebeu que a vítima era seu próprio salvador de cinco anos atrás, Alfred Smith. Falby comentou sobre o incidente como um verdadeiro profissional:

- Isso prova que um bom torniquete merece outro.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

terça-feira, 7 de junho de 2016

O Homem que Não Podia Ser Enforcado


Nos degraus do cadafalso erigido para sua execução, o carrasco perguntou a John "Babbacombe" Lee se ele tinha um último pedido a fazer, antes de morrer.

- Não - respondeu. - Vamos logo com isso.

A data era 23 de fevereiro de 1885, e Lee estava para ser enforcado pelo assassinato de sua empregadora, Emma Ann Keyes, de Exeter, Inglaterra, que fora encontrada com a garganta cortada e a cabeça esmagada por uma machadinha. Agora a justiça estava para ser feita. O carrasco enfiou um saco na cabeça de Lee e apertou o nó corrediço em seu pescoço. Em seguida, deu o sinal para que fosse aberto o alçapão. Nada aconteceu.

O nó corrediço foi tirado do pescoço de Lee, e o mecanismo do alçapão examinado, em busca de defeitos. Nada de errado foi encontrado. Então, o prisioneiro foi colocado diante do carrasco outra vez. A ordem foi dada e, novamente, o mecanismo não funcionou. Dessa vez, as bordas do alçapão foram aplainadas para assegurar um funcionamento perfeito. Mas, pela terceira e, finalmente, quarta vez, o alçapão recusou-se a se abrir.


Sem saber o que fazer, o xerife levou Lee de volta a sua cela. O caso chegou às primeiras páginas dos jornais e até mesmo a Câmara dos Comuns uniu-se aos debates sobre o que fazer com "o homem que não podia ser enforcado".

Finalmente, a pena de Lee foi comutada para prisão perpétua. Depois de 22 anos atrás das grades, o homem de mais sorte do mundo foi posto em liberdade condicional, em dezembro de 1907.

Lee viveu pelo menos outros 35 anos, e parece que morreu em Londres em 1943. Embora sua milagrosa fuga do laço do carrasco tenha sido freqüentemente ressuscitada por repórteres, que gostam do fantástico e do inusitado, nenhuma explicação satisfatória jamais foi encontrada para a alçapão defeituoso.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

sábado, 4 de junho de 2016

Devorador de Pecados


"Depois de levarem o caixão para fora da casa e colocá-lo em um esquife perto da porta, era hábito, antigamente, para os parentes do falecido, distribuir pão e queijo para os pobres, tendo o cuidado de entregá-los a cada um sobre o caixão. Estes pobres, na expectativa desses alimentos, se engajavam ativamente na coleta de flores e ervas para enfeitar o funeral. Às vezes, a doação era complementada pela oferta de um pão ou queijo com dinheiro (ou moeda) colocado no seu interior. Em seguida era apresentado um copo com bebida, e o receptor era obrigado a beber um pouco imediatamente." — Texto e gravura sobre o folclore galês extraídos do livro de Wirt Sikes "British Goblins: Welsh Folk-lore, Fairy Mythology, Legends and Traditions" (1880).

A deusa asteca Tlazolteotl, da terra, da maternidade e da fertilidade, tinha uma função redentora nas práticas religiosas da civilização Mesoamérica. No final da vida de um indivíduo, ele é autorizado a confessar seus crimes a esta divindade, e segundo a lenda ela limpa sua alma "devorando a sua sujeira".

No estudo do folclore galês (céltico), "devorador de pecados" é considerado uma forma de magia religiosa, referindo-se a uma pessoa que, através de meios rituais, por meio de comida e bebida assuma os pecados de outra, muitas vezes por causa de uma morte recente, assim absolvendo a alma e permitindo que o falecido descanse em paz.

No filme "Violação de Privacidade" ("The Final Cut", de 2004), o termo "devorador de pecados" foi descrito como sendo uma pessoa que sobre o leito de morte do moribundo, colocava em seus olhos duas moedas, e sobre o seu peito um pedaço de pão e uma porção de sal, após a sua entrega assumindo os pecados do moribundo, para que esse fosse para o paraíso livre do purgatório que deveria estar indo, o "devorador de pecados" recebia como pagamento pelos seu serviço as moedas, o pão e o sal, utilizados em seu ritual.

Este ritual é dito ter sido praticado em partes da Inglaterra e Escócia, e supostamente sobreviveu até final do século XIX ou início do século XX no País de Gales e os adjacentes Welsh Marches de Shropshire e Herefordshire, bem como certas partes da Appalachia na América.

Tradicionalmente, era realizada por um mendigo, e algumas aldeias mantinham seus próprios devoradores de pecados. Eles seriam levados para o leito do moribundo, onde um parente colocaria um pedaço de pão no peito do moribundo e passava uma tigela de cerveja para ele sobre o cadáver. Depois de rezar ou recitar o ritual, ele, então, bebia e pegava esse pão para comê-lo, atos que iriam remover o pecado da pessoa que estava morrendo e levá-lo para dentro de si.

Uma lenda local, em Shropshire, Inglaterra, diz respeito ao túmulo de Richard Munslow, que morreu em 1906, disse ser o último devorador de pecados da área:

"Ao comer pão e beber cerveja, e fazendo um breve discurso ao lado da sepultura, o devorador de pecados tomou sobre si os pecados do defunto". O discurso foi escrito como: ".... Eu dou servidão e descanso agora a ti, querido homem. Não venham em nossas vias ou nos nossos prados. E para a tua paz eu comprometo minha própria alma. Amém."

O livro "Funeral Customs" (práticas funerais), de Bertram S. Puckle (1926), menciona o devorador de pecados:

"O professor Evans do Colégio Presbiteriano, Carmarthen, realmente viu um devorador de pecados no ano de 1825, que vivia perto de Llanwenog, Cardiganshire. Abominável pelos aldeões supersticiosos como o imundo, o devorador de pecados cortou todas suas relações sociais com seus semelhantes por causa da vida que havia escolhido; ele viveu como uma regra em um lugar remoto por si mesmo, e aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo o evitavam como se fosse um leproso. Este infeliz foi detido por bruxaria, encantamentos e práticas profanas; apenas quando a morte lhe ocorreu que eles o procuraram, e quando seu propósito foi realizado queimaram a tigela de madeira e do prato de onde ele havia comido o alimento entregue em todo, ou colocado sobre o cadáver de seu consumo."

Howlett menciona o devorador de pecados como um velho costume em Hereford, e, portanto, descreve a prática:

"O cadáver sendo retirado da casa, e posicionado em um esquife, um pedaço de pão que fica sobre o cadáver é dado ao devorador de pecados, também uma tigela, cheia de cerveja. Estes consumidos, uma taxa de seis pence foi-lhe dado por consideração de ter tomando sobre si os pecados do falecido, que, assim, liberto, não queria vagar após a morte."

A Encyclopaedia Britannica 1911 afirma em seu artigo sobre o "devorador de pecados":

"A sobrevivência simbólica do que (o devorador de pecados) foi testemunhada recentemente, em 1893, Market Drayton, Shropshire. Depois de um serviço preliminar foi realizada sobre o caixão na casa, uma mulher derramou um copo de vinho para cada portador e entrega um 'biscuit funeral'. Na Alta Baviera o devorador de pecados ainda sobrevive: um bolo de cadáver é colocado sobre o peito do morto e, em seguida, comido pelo parente mais próximo, enquanto na península balcânica uma imagem do felecido num pão pequeno é feito e consumido pelos sobreviventes da família. Os dead-cake holandeses marcados com as iniciais do falecido, introduzidos na América no século 17, foram por muito tempo dado aos atendentes em funerais na antiga Nova York. Os bolos de enterro que continuam a ser feitos em partes da Inglaterra rural, por exemplo, Lincolnshire e Cumberland, são quase certamente uma relíquia do devorador de pecados".


Fontes: British Goblins: Welsh Folk-lore, Fairy Mythology, Legends and Traditions, by Wirt Sikes; "Last 'sin-eater' to be celebrated with church service". BBC News. 19 September 2010; The Sin Eaters' Grave at Ratlinghope. BBC News. 23 May 2010; Funeral Customs, by Bertram Puckle; Encyclopaedia Britannica.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

O Carneiro com Dentes de Ouro


George Veripoulos, um sacerdote ortodoxo grego que mora em Atenas, teve uma grande surpresa em 1985, quando sentou-se para comer um prato de "kefalaki" - cabeça de carneiro cozida. Ele já estava se preparando para degustar seu repasto, preparado por sua irmã, quando notou uma coisa estranha. Os dentes inferiores do carneiro estavam obturados com ouro.

O sacerdote levou a cabeça a um ourives, que confirmou que os dentes haviam sido obturados com ouro no valor de 4.500 dólares. Veripoulos relatou sua estranha descoberta a seu cunhado Nicos Kotsovos, que imediatamente inspecionou o resto de seu rebanho - quatrocentos carneiros. Nenhum deles tinha dentes similares. Um veterinário local foi consultado, mas ele, também, ficou perplexo pelos dentes de ouro.

Finalmente, até mesmo o Ministério da Agricultura da Grécia foi chamado a intervir no caso. Um porta-voz do ministério declarou posteriormente aos repórteres:

- Foi encontrado ouro também na mandíbula. Como é que vocês explicam isso? Eu não tenho nenhuma explicação. Estou completamente atônito.

Todo mundo também ficou aturdido. Mas em Atenas os fazendeiros locais passaram a inspecionar as bocas de seus carneiros com muita atenção.

Uma explicação mais plausível, racional, depois de lermos essas linhas estapafúrdias, extraídas de um site:

"Embora turistas ou visitantes, que muitas vezes pediam aos pastores para olharem um dente de ouro de alguma das ovelhas ou mesmo tomar um deles, eles não permitiam ou relutavam em fazê-lo. Os pastores do planalto de Nida (Creta), que estão mais familiarizados com o fenômeno, deram, com isso, uma solução mais lógica a este "incidente".

A planta, uma erva chamada "nevrida", consumida pelas ovelhas, é responsável, por um processo químico,  que torna os dentes desses animais na cor dourada e, na verdade, se pensava (os pastores) que o animal mais velho tinha dentes de ouro, e por isso um sinal de velhice. Os recém-nascidos tinham dentes brancos, em seguida, eles iam se tornando amarelos e, depois, "ouro", e aí era a hora em que os pastores os abatiam." Pobrezinhos ... que dó!


Fontes: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz; The sheep with the golden teeth.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Cadáveres Incorruptos

Bernadette Soubirous morreu em 1879, aos 35 anos.

Ao som da última trombeta, os mortos ressuscitarão incorruptíveis.— 1 Coríntios 15:52

Definição: A incorruptibilidade é a ausência de decomposição em cadáveres humanos ou partes de corpos por semanas, meses e até mesmo anos (algumas vezes, séculos), mais notavelmente em corpos enterrados sem embalsamamento e em covas onde se esperaria uma rápida deterioração.

O que os crentes dizem: Cadáveres incorruptos são um sinal de Deus com respeito à santidade do falecido e também um chamado para que os devotos busquem essa santidade.

O que os céticos dizem: A incorruptibilidade é uma combinação de vários fatores mundanos, biológicos e geológicos, nenhum dos quais de natureza divina. A temperatura, a quantidade de oxigênio e a ausência ou presença de fungos e bactérias representam seu papel no tempo que um corpo leva para se decompor. Além disso, é possível que a Igreja Católica tenha embalsamado em segredo muitos dos "incorruptos" a fim de promover uma grande aceitação de sua divindade.

Qualidade das provas existentes: Moderada.

Probabilidade de o fenômeno ser autêntico: Moderada.

A carne apodrece.

Assim que a essência da vida é removida de um corpo, a precipitação rumo à decomposição é inevitável. Tão logo o fluxo de sangue quente, cheio de oxigênio, para de fluir, e os órgãos do corpo são privados de sua condição sine qua non, não tarda para que o corpo seja absorvido pela biosfera, dessa vez pelo lado inanimado do paradigma vida e morte.

Com certeza, essa decomposição pode ser evitada pelo embalsamamento, refrigeração e sepultamento em túmulos livres de oxigênio. Alguns corpos exumados, enterrados há milhares de anos, mostram uma preservação notável.

Mas a carne apodrece. E, no final, tudo o que vive um dia irá morrer, e tudo o que está morto se tornará pó. Pode levar éons ou até mais, como podemos ver ao encontrarmos corpos intactos de mastodontes pré-históricos, preservados apenas por terem sido rapidamente congelados logo após a morte.

Há muito, a Igreja Católica permite a veneração de corpos, e até mesmo de partes, como mãos ou corações de santos já falecidos.

Um dos incorruptos mais venerados é santa Bernadete Soubirous, a santa para quem, segundo os registros, a Virgem Maria apareceu em Lourdes, na França, em 1858. Bernadete morreu em 1879, aos 35 anos. Ela foi enterrada do modo como morreu, sem ser embalsamada ou preservada de forma alguma.

O corpo de Bernadete foi exumado em 1909, 30 anos após sua morte. Segundo testemunhas, quase não havia sinal de decomposição, além do fato de o corpo estar um pouco "emaciado". Seus lábios haviam encolhido ligeiramente, de modo que os dentes ficavam parcialmente visíveis, e o nariz também encolhera um pouco. Segundo os registros, suas mãos estavam perfeitamente conservadas e a pele era de um branco fosco. O rosário que ela segurava havia enferrujado. Suas roupas estavam úmidas, mas o corpo não exalava nenhum cheiro de putrefação. As freiras removeram sua indumentária, lavaram o corpo e vestiram-na com um hábito limpo. Ela então foi novamente enterrada, junto com um documento detalhando as especificidades da exumação.

Dez anos depois, com o processo da canonização de Bernadete correndo a todo vapor (ela foi, por fim, canonizada em 1925), seu corpo foi mais uma vez exumado. Ele encontrava-se no mesmo estado que dez anos antes, exceto por uma leve descoloração do rosto, fato atribuído à lavagem durante a primeira exumação. Bernadete foi novamente enterrada na presença do bispo.

Em 1925, o ano de sua canonização, o corpo de Bernadete foi exumado pela última vez.

Dessa vez, ele não seria novamente enterrado, mas exibido para que todos os devotos pudessem vê-la e venerá-la.

Uma fina máscara de cera foi colocada sobre seu rosto e mãos, visto que os olhos e as bochechas haviam encolhido um pouco. Há também rumores de que injetaram fluido embalsamador em seu corpo para prevenir uma futura decomposição, embora não haja provas quanto a isso. Tampouco as declarações sob juramento de médicos, freiras e testemunhas, coletadas após as exumações, mencionam qualquer espécie de proteção, afora a lavagem do corpo.

No entanto, além da lavagem e da preparação do corpo para exibição, os médicos, a pedido do bispo de Nevers, realizaram também uma autópsia em Bernadete. Eles removeram a parte de trás das quinta e sexta vértebras, pedaços do diafragma e do fígado (o qual, segundo os registros, mostrava-se macio, com uma consistência "quase normal"), as duas rótulas e fragmentos dos músculos externos das coxas. Todos esses pedaços foram considerados relíquias sagradas e entregues à Igreja Católica.

Bernadete foi então colocada sob uma redoma de vidro fechada a vácuo e exposta na capela do Convento de Saint Gildard, em Nevers, na França. Seu corpo permanece ali até hoje, mais de 75 anos depois, ainda em perfeito estado, "incorrupto".

Seria a incorruptibilidade de Bernadete um sinal de Deus?

Os crentes dizem "sem dúvida". Os céticos: "Dificilmente. Sua preservação decorre de condições fortuitas à época do primeiro sepultamento e, para os que acreditam em conspiração, da possibilidade de que 'a simples lavagem' do corpo seja 'qualquer coisa, menos isso'."

Todavia, as explicações científicas não satisfazem totalmente os curiosos. Há relatos de corpos enterrados sob condições extremamente "favoráveis à decomposição" — túmulos escavados em solo úmido, enlameado etc. — e de corpos de santos que permanecem intactos, sem o menor sinal de deterioração.

Os santos católicos não são os únicos que permanecem incorruptos após a morte. Há registros de homens e mulheres considerados santos em outras religiões que foram encontrados em perfeito estado após várias décadas enterrados.

Um sinal de Deus? Ou apenas um acaso feliz da biologia que ainda não entendemos?

A resposta a essa questão depende — quase totalmente — de para quem você pergunta.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

sábado, 7 de maio de 2016

Russell Colvin

Ilustração do suposto assassinato de Russell Colvin.

Quando Russell Colvin desapareceu de Manchester, Vermont, em 1812, sem deixar rastro algum, a suspeita de crime, compreensivelmente, caiu sobre seus cunhados, Jesse e Stephen Boorn, que haviam trabalhado com ele na fazenda do pai dos dois. 

Os irmãos Boorn não faziam segredo de seu desdém para com o marido de sua irmã. Na verdade, eles haviam reclamado que muitas vezes Colvin, um habitué do bordel local, largava do serviço para visitar a famosa casa.

Apesar da suspeita generalizada de que os irmãos Boorn haviam matado Colvin, nada aconteceu no caso até sete anos mais tarde, quando Amos Boorn, um tio dos suspeitos, afirmar que Colvin tinha aparecido ao seu lado durante um sonho. O fantasma confirmou, tal como tinha sido amplamente comentado, que ele havia sido assassinado. Ele não identificou seus algozes, mas disse que seus restos mortais foram colocados em um buraco da antiga adega de um campo de batatas na fazenda dos Boorn.

À luz do sonho, o buraco da adega foi escavado. Nele foram encontrados pedaços de louça quebrada, um botão e um canivete - mas não restos humanos. A esposa de Russell Colvin, Sally Boorn Colvin, irmã dos suspeitos, prontamente identificou os itens - botão e canivete - como pertencentes ao seu marido.

Logo após a escavação da adega, um misterioso incêndio destruiu o celeiro da fazenda Boorn, dando origem a rumores de que o fogo estava de alguma forma relacionado com o crime. Então, alguns dias depois, debaixo do coto de uma árvore queimada nas proximidades, um cão descobriu vários fragmentos de ossos carbonizados que três médicos da região diagnosticaram como sendo humanos, o que levou os os irmãos Boorn a serem acusados pelo assassinado de Colvin.

É preciso lembrar que já haviam passado sete anos e pese a isto, ambos confessaram seu crime quando foram interrogados.

Jesse foi sentenciado à prisão perpétua e Stephen foi condenado à morte na forca.

No entanto, em uma inesperada mudança de eventos, o fantasma não passava de uma mera ilusão, pois Colvin estava vivo, morando em Nova Jersey, e fez um aparecimento público em Manchester para salvar os irmãos Boorn de seu destino.


Fonte: Northwestern University Pritzker School of Law - First Wrongful Conviction.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Chuvas Estranhas

Chuva de peixes em Singapura (16/02/1861).

Chuvas de animais, carne ou sangue, são fenômenos aparentemente lendários, relativamente raros, que aconteceram em algumas cidades ao longo da história. Os animais que costumavam cair do céu eram peixes e sapos, e por vezes pássaros. Em certas ocasiões os animais sobreviviam à queda, principalmente os peixes.

Em muitos casos, no entanto, os animais morriam congelados e caiam completamente encerrados em blocos de gelo. Isto demonstra que foram transportados a grandes altitudes, onde as temperaturas são negativas. A violência deste fenômeno é palpável quando caem apenas pedaços de carne, e não animais inteiros.

Na literatura antiga abundam os testemunhos de chuva de animais, ou de chuvas de diversos objetos, alguns deles orgânicos.

Poder-se-ia remontar ao Antigo Egito se se der crédito ao papiro egípcio de Alberto Tulli (cuja própria existência é controversa) e do qual se diz que registraria fenômenos estranhos, como o surgimento daquilo que a literatura sobre fenômenos paranormais interpreta como um OVNI. De modo particular, registra-se também a queda de peixes e pássaros do céu.

Na Bíblia narra-se como Josué e o seu exército foram auxiliados por uma chuva de pedras que cai sobre o exército amorita. A Bíblia evoca outras intervenções celestiais deste tipo, como o surgimento de rãs, numa das dez pragas do Egito (Êxodo 8:5,6).

No século IV a.C., o autor grego Ateneu menciona uma chuva de peixes que durou três dias na região de Queronea, no Peloponeso. No século I, o escritor e naturalista Plínio, o Velho descreveu a chuva de pedaços de carne, sangue e outras partes animais como rã. Finalmente, na Idade Média, a frequência do fenômeno em certas regiões levou as pessoas a crer que os peixes nasciam já adultos nos céus, e em seguida caíam no mar.

Graças à imprensa escrita, na época moderna produziam-se muitos testemunhos, proferidos por um número cada vez maior de pessoas, o que lhes aumenta sua plausibilidade. Indicamos alguns exemplos:

Em 1578, grandes ratos amarelos caíram sobre a cidade norueguesa de Bergen.

Segundo um tal John Collinges, uma chuva de sapos fustigou a aldeia inglesa de Acle, em Norfolk. O taverneiro do lugar retirou-os às centenas.

Numa cidade do Essex, Inglaterra, aconteceu uma chuva de peixes como salmões, arenques e pescadas. Os peixes foram vendidos pelos comerciantes locais.

Em 11 de Julho de 1836, um professor de Cahors enviou uma carta à Academia de Ciências Francesa, que dizia:

"Esta nuvem trovejou sobre o caminho, a umas sessenta toesas de onde estávamos. Dois cavalheiros que vinham de Toulouse, nosso destino, e que estiveram expostos à tormenta, viram-se obrigados a usar os seus abrigos; mas a tormenta os surpreendeu e os assustou, já que se viram vítimas de uma chuva de sapos! Aceleraram a sua marcha e apressaram-se; ao encontrar a diligência contaram-nos o que lhes acabava de acontecer. Vi então que a sacudir seus abrigos diante de nós, caíram pequenos sapos." — Fragmento da carta de M. Pontus, professor de Cahors, dirigida a M. Arago.

A 16 de fevereiro de 1861, a cidade de Singapura sofreu um sismo, seguido de três dias de abundantes chuvas. Após o final das chuvas, nos charcos havia milhares de peixes. Alguns afirmaram tê-los visto cair do céu, embora outros se mostrassem mais reservados ao dar o seu testemunho. Quando as águas se retiraram, se encontraram outros peixes nos charcos que tinham secado, notavelmente em lugares que não tinham sofrido inundações.

A revista “Scientific American” registra um aguaceiro de serpentes que chegavam às 18 polegadas de comprimento (cerca de 45 cm) em Memphis, em 15 de janeiro de 1877.

Nos Estados Unidos, se registraram mais de quinze eventos de chuvas de animais, apenas no século XIX.

Em junho de 1880 abateu-se uma chuva de codornas sobre Valência.

Em 7 de setembro de 1953, milhares de rãs caíram do céu sobre Leicester, em Massachusetts, Estados Unidos.

Em Birmingham ocorreu uma chuva de sapos em 1954.

Em 1968, os diários brasileiros registraram uma chuva de carne e sangue, numa área relativamente grande.

Canários mortos caíram na cidade de St. Mary's City em Maryland, Estados Unidos, Janeiro de 1969. Segundo o diário Washington Post de 26 de janeiro desse ano, o voo dos canários interrompeu-se subitamente, como se tivesse acontecido uma explosão, que ninguém viu nem escutou.

Em 1978, choveram caranguejos na Nova Gales do Sul, na Austrália.

Em 2002, choveram peixes numa aldeia nas montanhas do interior da Grécia. O diário "Le Monde" escreveu:

"Atenas não é sempre bela, e menos ainda o são as montanhas no norte de Grécia. Mas as tormentas têm às vezes o bom gosto de ajudar a sorrir e a sonhar. Na terça-feira choveram centenas de pequenos peixes na aldeia de Korona, nas altas montanhas" — Georges, Pierre. Poissons volent. Le Monde, 13 de dezembro de 2002

Em 2007, choveram pequenas rãs em El Rebolledo (província de Alicante, Espanha).

Em 2010, choveram pequenos peixes brancos, muitos deles ainda vivos, em Lajamanu, localidade de 669 habitantes, no norte da Austrália.

Na noite de passagem de ano de 2010 para 2011, mais de três mil aves da espécie tordo-sargento caíram mortas em Beebe, no Arkansas, possivelmente devido ao pânico que o fogo-de-artifício causou nos animais.

Teorias científicas

Um tornado pode ser o responsável pela captura de animais e a posterior queda a grandes distâncias do seu lugar de origem.

Contrariamente à generalidade dos seus colegas contemporâneos, o físico francês André-Marie Ampère considerou que os testemunhos de chuva de animais eram verdadeiros. Ampère tentou explicar as chuvas de sapos com uma hipótese que depois foi aceita e refinada pelos cientistas. Perante a Sociedade de Ciências Naturais, Ampère afirmou que em certas épocas os sapos e as rãs vagabundeiam pelos campos em grande número, e que a ação dos ventos violentos pode capturá-los e dispersá-los a grandes distâncias.

Mais recentemente, surgiu uma explicação científica do fenômeno, que envolve trombas marinhas. Os ventos que se acumulam são capazes de capturar objetos e animais, graças a uma combinação de depressão na tromba, e da força exercida pelos ventos dirigidos no seu sentido.

Em consequência, estas trombas, ou mesmo tornados, poderão transportar animais a alturas relativamente grandes, percorrendo grandes distâncias. Os ventos são capazes de recolher animais presentes numa área relativamente extensa, e deixam-nos cair, em massa e de maneira concentrada, sobre pontos localizados.

Mais especificamente, alguns tornados e trombas poderiam secar completamente um pequeno lago, para deixar cair mais longe a água e a fauna contida nesta, na forma de chuva de animais.

Esta hipótese aparece reafirmada pela natureza dos animais destas chuvas: pequenos e leves, geralmente surgidos do meio aquático, como batráquios e peixes. Também é significativo o fato de que, com frequência, a chuva de animais seja precedida por uma tempestade. No entanto, há alguns pormenores que não puderam ser explicados. Por exemplo, que os animais por vezes estejam vivos mesmo depois da queda, e alguns em perfeito estado. Outro aspecto é o de que normalmente cada chuva de animais se manifeste com uma só espécie de cada vez, quase nunca as misturando nem incluindo algas ou outras plantas. Como nota William R. Corliss:

"... o mecanismo de transporte, qualquer que seja a sua natureza, prefere selecionar uma só espécie de peixe ou rã, ou aquele animal que esteja no menu do dia."

Em alguns casos, certas explicações científicas negam a existência de chuvas de peixes. Por exemplo, no caso da chuva de peixes em Singapura de 1861, o naturalista francês Francis de Laporte de Castelnau explica que o aguaceiro ocorreu durante uma migração de peixes-gato, e que estes animais são capazes de se arrastar sobre a terra, para ir de um charco a outro; como as enguias, que podem percorrer vários quilómetros nos prados úmidos, ou os lúcios que vão reproduzir-se nos campos inundados. Além disso, explica que o fato de ter visto os peixes no solo imediatamente após a chuva não é mais que uma coincidência, já que normalmente estes animais se deslocam sobre o solo úmido rastejando, depois de uma chuvada ou de uma inundação.

Rãs e sapos se deslocam pulando, em meio a um tornado esse comportamento pode tornar mais fácil a "captura" destes animais pelos fortes ventos, o que não ocorreria por exemplo com mamíferos que se escondem das tempestades em tocas. Quanto ao fato das chuvas serem sempre restritas a uma determinada espécie de animal e de não ser acompanhada pela queda de outros organismos aquáticos, dois fatores devem ser levados em consideração.

O primeiro que muitas espécies de uma mesma família taxonômica (ranidae por exemplo) competem entre si, não habitando uma mesma área, onde porventura ocorreria a captura. O segundo que animais de espécies muito diferentes teriam densidades e aerodinâmicas também muito diferentes o que faria com que, caso fossem capturadas juntas por fortes ventos ou trombas d’água, seria grande a possibilidade de que caíssem sobre a terra em pontos diferentes.

Pluie de poissons, gravure d'O. Magnus, 1555

Explicações antigas

Desde há muito tempo, a ciência tem descartado muitas das explicações que são dadas; são consideradas exageradas, pouco viáveis ou não comprováveis.

Em 1859, um testemunho de uma chuva de peixes na aldeia de Mountain Ash, em Gales, enviou uma espécie ao Jardim Zoológico de Londres. J. E. Gray, diretor do Museu Britânico, declarou que "a luz dos fatos, o mais provável é que se trate de uma partida: um dos empregados de Mr. Nixon lhe esvaziou em cima um balde cheio de peixes, e este último pensou que caíam do céu".

Logicamente, as chuvas de animais estiveram sem explicação científica durante muito tempo, enquanto se desenvolviam hipóteses que iam desde as tentativas lógicas de explicar o fenômeno, até às mais absurdas. No século IV a.C., o filósofo grego Teofrasto negou a existência de chuvas de sapos, explicando simplesmente que os sapos não caem durante a chuva, mas esta última os faz sair da terra.

No século XVI, Reginald Scot aventurou-se a dar uma hipótese. Segundo ele, "é certo que algumas criaturas são geradas de maneira espontânea, e não necessitam de pais. Por exemplo, (....) estas rãs não vinham de nenhuma parte, foram transportadas pela chuva. Estas criaturas nascem dos aguaceiros…".

No século XIX pensava-se que a evaporação da água levava os ovos de rã para as nuvens, onde eclodiam e caíam à terra num aguaceiro.

Chuva de cães, gatos e garfos. Caricatura inglesa do séc. XIX

Explicações contemporâneas alternativas

Entre as explicações não científicas do fenômeno, se encontram as interpretações sobrenaturais. Ainda assim persistem as que alegam intervenções de seres extraterrestres. Nas hipóteses sobrenaturais, que podem ser de natureza religiosa, dependendo do tipo de objeto ou animal que cai na terra, o fenômeno é perceptível e seria um castigo, como o caso das pedras que caíram sobre o exército amorita no Antigo Testamento, ou como um sinal providencial de bondade divina, quando se trata de animais comestíveis.

Algumas das hipóteses, impossíveis de provar, são sobre a intervenção de entes extraterrestres, e descrevem estes visitantes reconhecendo grandes quantidades de animais como lastro, para depois os deixar cair antes de abandonar o nosso planeta. As chuvas de sangue e carne estariam vinculadas a uma seleção feita pelos visitantes, para aligeirar os seus armazéns.

Igualmente esotéricas, há hipóteses baseadas na existência de várias dimensões e planos espaço-temporais. Estas hipóteses aceitam a priori a possibilidade do teletransporte, para tentar explicar o porquê dos animais se encontrarem ali onde não deveriam estar. O jornalista Charles Hoy Fort propôs algumas destas hipóteses.

Segundo Fort, existiu no passado uma força capaz de transportar os objetos de modo instantâneo, que já não se manifesta senão em ações desordenadas, como as chuvas de peixes. Outra hipótese com força tem por base a suposta existência de um "mar superior dos Sargaços", uma espécie de reservatório celestial que aspira e esculpe os objetos terrestres.

Referências a chuvas de animais na linguagem e arte

A referência mais conhecida do fenômeno é a expressão em língua inglesa "it's raining cats and dogs" (chove gatos e cães) que se encontra pela primeira vez na forma escrita na obra de Jonathan Swift, "A Complete Collection of Polite and Ingenious Conversation", publicada em 1738, mas cuja origem permanece incerta. Uma explicação será dada pelo francês arcaico "catadoupe" (queda de água, cascata). Outra explicação será a de que na Idade Média, as fortes chuvas varriam os corpos de gatos e cães mortos no cimo dos telhados, fazendo-os cair na rua...

Muitas línguas possuem igualmente expressões deste tipo, mas nada prova que estas expressões sejam inspiradas na realidade. Mesmo assim, o galês tem uma expressão que se pode traduzir por chovem velhas e paus, em alemão há chuva de cachorros e em polaco de rãs.

Literatura e cinema

A documentação mais completa de chuvas de animais deve-se ao jornalista Charles Hoy Fort (natural dos Estados Unidos) que consagrou a sua vida de jornalista aos fenômenos inexplicados. A Biblioteca nacional de Nova Iorque conserva mais de 60 000 fichas feitas por este autor, das quais muitas sobre casos de chuva de animais.

No cinema, Paul Thomas Anderson levou a tela uma chuva de sapos no seu filme "Magnolia". Assiste-se igualmente a uma chuva de peixes no primeiro longa-metragem do realizador francês Luc Besson, "Le Dernier Combat", e na adaptação cinematográfica de "Chapeau melon et bottes de cuir" de Jeremiah Chechik.

No seu livro "Sido", a romancista Colette conta-nos uma chuva de rãs, esquentadas:

"Ao passarem as nuvens, tomei um banho sentada, Antoine molhado, e a capa cheia de água, uma água quente, uma água a dezoito ou vinte graus. E quando Antoine quis virar a capa, o que encontramos? Rãs minúsculas, vivas, pelo menos trinta trazidas pelos ares por um capricho do Sul, por uma tromba de água quente, um desses tornados que em espiral reúne e leva a cem lugares um penacho de areia, sementes, insetos …".

Em "Le Capitaine Pamphile" de Alexandre Dumas, a evocação da chuva de sapos nos jornais suscita um delírio imaginativo de uma das personagens:

"... lembrava-se de ter lido, alguns dias antes, sobre o episódio de Valenciennes, que esta cidade fora local de um fenômeno fortemente singular: uma chuva de sapos caíra com trovoada e relâmpagos, e em tal quantidade, que as ruas da cidade e os tetos das casas estavam cobertos. Imediatamente depois, o céu, que duas horas antes era cor de cinza, era agora azul índigo. O contratado do Constitutionnel olha para cima, e, vendo o céu negro como tinta e Tom no seu jardim, sem saber o modo como ele tinha entrado, começou a acreditar que um fenômeno parecido com o de Valenciennes estava a ponto de se repetir, com a única diferença de que em vez de sapos, choveria ursos. Um não era mais surpreendente que outro; o granizo era mais grosso e perigoso: e é tudo." — Alexandre Dumas, Le Capitaine Pamphile, cap. VIII.




Texto extraído e adaptado do link Wikipédia - Chuva de Animais, onde se encontra toda a referência bibliográfica sobre o assunto.