terça-feira, 15 de março de 2011

A história de Lady Godiva

A bela Lady Godiva teve pena do povo de Coventry, que sofria com os altos impostos do marido. Tanto apelou ao duque, que ele aceitou conceder alterações e reduzir os impostos, mas sob uma condição: que ela cavalgasse nua pelas ruas de Coventry.

Lady Godiva (990? – 1067) foi uma aristocrata anglo-saxônica, esposa de Leofric (968–1057), Duque da Mércia, e que de acordo com a lenda cavalgou nua pelas ruas de Coventry, Inglaterra. Também figura nas Crônicas de Ely, que a descrevem como uma viúva, na ocasião do seu casamento com Leofric.

O verdadeiro Indiana Jones

Coronel Fawcett
Percy Harrison Fawcett (1867 – 1925) foi um famoso arqueólogo e explorador britânico que desapareceu ao organizar uma expedição para procurar por uma civilização perdida na Serra do Roncador, Brasil. Nasceu em 1867 na cidade de Devon, Inglaterra.

Era também um agente do serviço secreto inglês,o MI6 e estava como agente duplo servindo a organização secreta The Seven Circle,recrutado pelo controvertido spymaster, o mágico MaskMelin, desde que esteve no Ceilão e tomou contato com os sábios que decodificaram a estatueta que lhe fora presenteada pelo escritor H. Rider Haggard.

Era também amigo do escritor Arthur Conan Doyle, que mais tarde utilizaram suas histórias como base para escreverem a obra "Lost World". Suas histórias também serviram de inspiração supostamente para a criação de aventuras envolvendo o personagem Indiana Jones.

A primeira expedição de Fawcett na América do Sul ocorreu em 1906 quando ele viajou ao Brasil para mapear a amazônia em um trabalho organizado pela Royal Geographical Society. Ele atravessou a selva, chegando em La Paz, na Bolívia em junho desse mesmo ano.

Fawcett realizou sete expedições entre 1906 e 1924. Ele tinha a habilidade de conquistar os povos que habitavam os locais explorados dando-lhes presentes. Retornou a Inglaterra para servir ao exército britânico durante a Primeira Guerra Mundial, mas logo após o fim da guerra retornou ao Brasil para estudar a fauna e arqueologia local.

Na fronteira Bolívia/Brasil em 1906, Fawcett escreveu que atirou em uma sucuri de 19 metros.
Em 1925 convidou seu filho mais velho, Jack Fawcett, para acompanhá-lo em uma missão em busca de uma cidade perdida, a qual ele tinha chamado de "Z". Após tomar conhecimentos de lendas antigas e estudar registros históricos, Fawcett estava convencido que essa cidade realmente existia e se situava em algum lugar do estado do Mato Grosso, mais precisamente na Serra do Roncador. Curiosamente antes de partir ele deixou uma nota dizendo que, caso não retornasse, nenhuma expedição deveria ser organizada para resgatá-lo.

O seu último registro se deu em 29 de maio de 1925, quando Fawcett telegrafou uma mensagem a sua esposa dizendo que estava prestes a entrar em um território inexplorado acompanhado somente de seu filho e um amigo de Jack, chamado Raleigh Rimmell. Eles então partiram para atravessar a região do Alto Xingu, e nunca mais voltaram.

Muitos presumiram que eles foram mortos pelos índios selvagens locais. Porém não se sabe o que aconteceu. Os índios Kalapalos foram os últimos a relatar terem visto o trio. Não se sabe se foram realmente assassinados, se sucumbiram a alguma doença ou se foram atacados por algum animal selvagem.

Durante as décadas seguintes, foram organizadas várias expedições de resgate, porém nenhuma obteve resultado positivo. Tudo o que conseguiram foram coletar histórias dos nativos. Alguns disseram que eles foram mortos por indígenas hostis ou que animais selvagens os atacaram. Ouviram também algumas versões mais fantásticas dentre as quais destacam-se a história de que Fawcett teria perdido sua memória e estaria vivendo como chefe de uma tribo de canibais ou de que eles realmente encontraram a cidade perdida, mas foram impedidos de retornar para manter o segredo da existência de tal local.

Ao todo, cerca de 100 exploradores morreram tentando procurar pelos membros da expedição de Fawcett. Três expedições de resgate também desapareceram na mesma região, que continua praticamente inexplorada até os dias atuais.

Em 1952, seis anos depois do primeiro contato com os índios Kalapalo, os índios confidenciaram a história dos exploradores que haviam sido mortos muitos anos antes quando passavam na região. A narrativa levava a crer que os exploradores eram Percy Harrison Fawcett, Jack Fawcett e Raleigh Rimmell.

O Cel. Fawcett teria advertido crianças da aldeia que, por sua curiosidade, ficavam perto de seu acampamento tocando nos objetos pessoais dos exploradores. A conduta do coronel, no entanto, não teria agradado os pais das crianças resolvendo, assim, responder àquela conduta ofensiva do visitante. Jack e Rimell teriam sido flechados e descartados no rio. O Cel. Fawcett teria sido morto com golpes de borduna e enterrado numa cova raza rente a uma árvore.

Diante desta declaração, Cláudio e Orlando Villas Bôas localizaram o local onde teria sido morto o explorador inglês. Lá foram achados ossos humanos e objetos pessoais evidentemente de nossa sociedade como: faca, botões e pequenos objetos metálicos. Teria, assim, terminado o mistério do desaparecimento do explorador inglês.

A ossada passou por inúmeros testes, no Brasil e Inglaterra, mas não se chegou a uma conclusão satisfatória. Atualmente, os ossos achados em 1952 pelos Villas Bôas encontram-se no Instituto Médico Legal da Universidade de São Paulo. Foi realizado o exame de DNA mitocondrial mas a família Fawcett se recusa a submeter-se a este exame.

Em 1996 os índios da tribo Kalapalo capturaram uma expedição que visava solucionar o mistério e somente os liberaram após eles declararem desistência.

Fonte: Wikipedia.

Unicórnios

O unicórnio, também conhecido como licórnio, é um animal mitológico que tem a forma de um cavalo, geralmente branco, com um único chifre em espiral. Sua imagem está associada à pureza e à força. Segundo as narrativas são seres dóceis; porém são as mulheres virgens que têm mais facilidade para tocá-los.

Tema de notável recorrência nas artes medievais e renascentistas, o unicórnio, assim como todos os outros animais fantásticos, não possui um significado único.

Considerado um equino fabuloso benéfico, com um grande corno na cabeça, o unicórnio entra nos bestiários em associação à virgindade, já que o mito compreende que o único ser capaz de domar um unicórnio é uma donzela pura. Leonardo da Vinci escreveu o seguinte sobre o unicórnio:

"O unicórnio, através da sua intemperança e incapacidade de se dominar, e devido ao deleite que as donzelas lhe proporcionam, esquece a sua ferocidade e selvageria. Ele põe de parte a desconfiança, aproxima-se da donzela sentada e adormece no seu regaço. Assim os caçadores conseguem caça-lo."

A origem do tema do unicórnio é incerta e se perde nos tempos. Presente nos pavilhões de imperadores chineses e na narrativa da vida de Confúcio, no Ocidente faz parte do grande número de monstros e animais fantásticos conhecidos e compilados na era de Alexandre e nas bibliotecas e obras helenísticas.

É citado no livro grego Physiologus, do século V d.C, como uma correspondência do milagre da Encarnação. Centro de calorosos debates, ao longo do tempo, o milagre da Encarnação de Deus em Maria passou a ser entendido como o dogma da virgindade da mãe de Cristo: nessa operação teológica, o unicórnio tornou-se um dos atributos recorrentes da Virgem.

Representações profanas do unicórnio encontram-se em tapeçarias do Norte da Europa e nos cassoni (grandes caixas de madeira decoradas, parte do enxoval das noivas) italianos dos séculos XV e XVI. O unicórnio também aparece em emblemas e em cenas alegóricas, como o Triunfo da Castidade ou da Virgindade.

Pinturas rupestres em Lascaux - Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia

A figura do unicórnio está presente também na heráldica, como no brasão d'armas do Canadá, da Escócia e do Reino Unido. Na astronomia, o unicórnio é o nome de uma constelação chamada Monoceros.

O unicórnio tem sido uma presença frequente na literatura fantástica, surgindo em obras de Lewis Carroll, C.S. Lewis e Peter S. Beagle. Anteriormente, na sua novela A Princesa da Babilônia, Voltaire incluí um unicórnio como montada do herói Amazan.

Modernamente, na obra de J. K. Rowling, a série Harry Potter, o sangue do unicórnio era necessário para Voldemort manter-se vivo, porém o ato de matar uma criatura tão pura para beber-lhe o sangue dava ao praticante de tal ação apenas uma semi-vida - uma vida amaldiçoada. No livro diz-se que o unicórnio bebê é dourado, adolescente prateado e adulto branco-puro. Também é interessante observar, ainda na obra de Rowling, que a varinha do personagem Draco Malfoy possui o núcleo de pêlo de unicórnio.

Noutro livro, "Memórias De Idhún", de Laura Gallego García, o unicórnio é uma das personagens principais da história, sendo parte de uma profecia que salva Idhún dos sheks. Em Memórias De Idhún, o unicórnio está no corpo de Victoria.

Em 2008 um "unicórnio" nasceu na Itália. O animal, obviamente não é parte de uma nova espécie. Mas sim uma corça (pequena espécie de cervídeo europeu), que nasceu com somente um chifre. Pesquisadores atribuem o corrido a um "defeito genético".

A Virgem e o Unicórnio - Afresco de Domenico (1605)
História e lendas

Acredita-se que o Elasmotherium deu origem ao mito moderno do Unicórnio, como descrito por testemunhas na China e Pérsia.

Apesar de provavelmente ter sido extinto na pré-história, de acordo com a enciclopédia sueca Nordisk familjebok, publicada de 1876 a 1957, e com o cientista Willy Ley, o animal pode ter sobrevivido o suficiente para ser lembrado em mitos do povo russo como um touro com um único chifre na testa.

Ahmad ibn Fadlan, viajante muçulmano cujos escritos são considerados uma fonte confiável, diz ter passado por locais onde homens caçavam o animal. Fadlan, inclusive, afirma ter visto potes feitos com chifres do unicórnio.

Em 1663, perto de uma caverna na Alemanha, foi encontrado o esqueleto de um animal que, especulava-se, seria um unicórnio. As ossadas encontradas na Alemanha eram possivelmente de Mamute com outros animais, montados por humanos de forma equivocada.

A caveira estava intacta e com um chifre único no meio, preso com firmeza. Cerca de 100 anos depois, uma ossada semelhante foi encontrada perto da mesma caverna. Os dois esqueletos foram analisados por Gottfried Leibniz, sábio da época, que declarou que (a partir das evidências encontradas) passara a acreditar na existência de unicórnios.

As presas de narvais capturados nas águas do Ártico circulavam por toda a Europa medieval como prova da existência de unicórnios. Tais presas seriam dotadas de poderes mágicos e curativos.

Fonte : Wikipedia.

Grifos

Grifo é uma criatura lendária com cabeça e asas de águia e corpo de leão. Fazia seu ninho perto de tesouros e punha ovos de ouro sobre ninhos também de ouro. Outros ovos são frequentemente descritos como sendo de ágata.

A figura do grifo aparentemente surgiu no Oriente Médio onde babilônios, assírios e persas representaram a criatura em pinturas e esculturas. Voltaire incluiu na sua novela, A Princesa da Babilônia, dois enormes grifos amigos de uma fénix, que transportaram a princesa na sua viagem.

Na Grécia acreditava-se que viviam perto dos hiperbóreos e pertenciam a Zeus. Filóstrato, escritor grego, referiu, na Vida de Apolônio de Tiana (livro VI. I), que os grifos da Índia eram guardiões do ouro.


John Milton, no Livro II do Paraíso Perdido escreveu sobre os Arimaspos que se tentavam apoderar do ouro dos grifos. Também foi referido na poesia persa de Rumi.

Na Idade Média Sir John Mandville escreveu sobre estes animais fabulosos no capítulo XXIX do seu célebre livro de viagens. Em tempos mais recentes, sua imagem passou a figurar em brasões pois aparentemente possui muitas virtudes e nenhum vício.

Como diversos animais fantásticos, incluindo centauros, sereias, fênix, entre outros, o Grifo simboliza um signo zodiacal, devido ao senso de justiça apurado, o fato de valorizar as artes e a inteligência, e o fato de dominar os céus e o ar, simboliza o signo de libra, a chamada balança.

Os grifos são possíveis confusões de fósseis de Protoceratops
Os grifos em geral cruzam com éguas. Desse cruzamento damos o nome de hipogrifo, mas tais cruzamentos são, de forma, raros. Também são retratados em moedas, por exemplo, na lira italiana tem, entre outros desenhos, o de um grifo.

Os grifos são possíveis confusões de fósseis de Protoceratops, dinossauros ceratopsídeos que viviam na Mongólia.

Fonte: Wikipedia.

Ninfas

As ninfas (nýmphês, em grego, nymphae em latim), são divindades femininas secundárias da mitologia grega que habitam o campo, principalmente junto às fontes e estão ligadas à terra e à água. Nymphe significa também "moça", "mulher jovem", em grego e parece estar etimologicamente ligado ao verbo latino nubere, "casar-se" (em relação à mulher), a núpcias e ao adjetivo núbil.
Segundo Junito Brandão, as ninfas podem ser consideradas uma extensão da Terra-Mãe em união com a água. Desses dois elementos, surge a força geradora que preside à reprodução e à fecundidade da natureza tanto animal quanto vegetal. Desse modo, as ninfas seriam a própria Géia em suas múltiplas facetas.

Sereias

No folclore, as sereias são seres aquáticos com a cabeça e o torso de uma mulher e a cauda de um peixe. Romances modernos de fantasia às vezes fazem suas metades inferiores serem mais semelhantes à de um golfinho.

A palavra "sereia" deriva do grego Σειρήν, Seirến, nome de um ser mitológico de aparência muito diferente, mas que também é chamado pelo mesmo nome. Os equivalentes masculinos das sereias são chamados de tritões nome de seres da mitologia grega que eram representados como homens-peixes e não estavam relacionados às antigas sirenas.

Centauros

Centáurides coroam Afrodite", mosaico romano, Thurburbo Majus (Tunísia)
Os centauros são seres representados como parcialmente humanos e parcialmente eqüinos. Desde as mais antigas representações gregas, são pintados com um torso humano unido pela cintura à nuca de um cavalo. Às vezes, têm também as orelhas compridas e pontudas e os narizes chatos característicos dos sátiros.

São vistos muitas vezes como seres semi-animalescos, divididos entre uma natureza humana e outra animal. Outras vezes, também são vistos como encarnação da natureza selvagem, como em sua batalha com os lápitas. Entretanto, alguns centauros, como Quíron, fazem o papel de sábios mestres de heróis.

Ariadne

Ariadne em Naxos, de Evelyn de Morgan (1877)
Ariadne, Ariagne, Ariane ou Ariana era a filha de Minos, rei de Creta e Pasífae. Apaixonou-se por Teseu e ajudou-o a derrotar o Minotauro, mas foi por ele abandonado. Entretanto, o deus Dioniso a viu e por ela se apaixonou, tornando-a sua esposa. Seu nome parece derivar de ari hadnê, "a mais sagrada"; a variante Ariagne significa ari hagnê, "a mais honrada". Em Roma, foi sincretizada com Líbera, a esposa de Líber, deus do vinho sincretizado com Dioniso.

Segundo a versão mais conhecida do mito, narrada por Ovídio, quando Teseu chegou a Cnossos para ser sacrificado ao Minotauro no intrincado Labirinto, mas com a esperança de derrotá-lo, Ariadne apaixonou-se pelo herói ateniense.

Ariadne deu-lhe, a conselho de Dédalo, um novelo de fios para que pudesse, após liquidar o Minotauro - também conhecido como Astérios e irmão de Ariadne -, encontrar o caminho de volta, façanha quase impossível. Teseu deveria desenrolá-lo, à medida que explorasse o Labirinto, o que lhe facilitaria a saída. Em troca, prometeu desposá-la e levá-la para Atenas.

Fênix

A fênix era um pássaro sagrado do fogo na mitologia greco-romana, provavelmente inspirada pelo pássaro Bennu, garça divina da mitologia egípcia. A palavra "fênix" também tem sido usada como tradução de nomes de aves lendárias mais ou menos similares de outras culturas, tais como o pássaro de fogo das lendas russas, a fenghuang chinesa, a hou-ou japonesa e a simurgh da mitologia persa e sufi, à qual também foi atribuída a característica de incendiar-se e renascer.

Os árabes mencionavam ainda a ave cinomolgus, provavelmente derivada da fênix, que construía seus ninhos de canela no alto das árvores. Contava-se que pessoas tentavam jogar pedras ou lançar flechas para derrubar o ninho e apoderar-se da valiosa canela.

Uma lenda também relacionada à fênix é a da ave avalerion, supostamente existente na Índia, da qual haveria um só casal que produziria dois ovos a cada 60 anos. Quando os ovos chocavam, os pais se afogavam voluntariamente.

Sátiros


Os sátiros, na mitologia grega, eram divindades menores da natureza com o aspecto de homens com cauda e orelhas de asno, narizes chatos, lábios grossos, barbas longas e órgãos sexuais de dimensões acima da média, muito freqüentemente mostrados em ereção.

Viviam nos campos e bosques e tinham relações sexuais com as ninfas (principalmente as mênades, que a eles se juntavam no cortejo de Dionísio ou Dioniso), mas também com mulheres e rapazes humanos. Apreciavam a companhia de Dionísio, o vinho, a música e as orgias. Dançavam ao som de flautas (auloi), címbalos, castanholas e gaitas de foles.

Dezoito deles eram servos de dioniso: Pomenio (pastores), Thiaso (tropa religiosa), Hipcéros (grande chifre), Oréstes (montanhas), Flégraios (paixão ardente), Napeus (vales), Gemon (carregador), Licos (lobos), Fereus (bestas), Petreu (rochedos), Lamis (covas), Lenóbios (pisador de uvas), Ecirtos (satador), Oistros (frenético), Pronomios (antes da pastagem), Férespondo (oferta de bestas), Ampelos (videira) e Cisseus (coroa de heras).

Sátiros envelhecidos, representados calvos e barrigudos, eram chamados de silenos (seilenoi, em grego), cujo nome talvez derive do trácio zílai, "vinho".

Sileno, o líder ou pai dos sátiros e silenos, é freqüentemente representado montado num burro sobre o qual se equilibra com dificuldade, por estar sempre bêbado. Seus filhos eram: Astreu (brilho estelar), Maron (cinza puro) e Leneus (vinho forte).

Filho de Pã e de uma melíade ou, segundo outra versão, nascido como as melíades do sangue de Urano que caiu na Terra, Sileno foi encarregado de cuidar de Dioniso quando criança. Depois, quando o deus já estava adulto, acompanhou-o em suas viagens.

Regressando da Índia, Sileno estabeleceu-se na Arcádia, onde seu caráter jovial e brincalhão atraiu a simpatia e o afeto dos pastores, que lhe construíram um templo. Andava, em geral, coroado de hera, com uma taça de vinho na mão. Os sátiros gostavam de carregá-lo e as ninfas o amavam por sua bondade. Dizia-se que esse velho voluptuoso, nos seus momentos de sobriedade, era um grande sábio e profeta.

Um mito conta que, certa vez bêbado e perdido na Frígia, foi encontrado por camponeses e levado ao rei Midas, que o tratou com bondade. Dioniso ofereceu ao rei uma recompensa e Midas escolheu o poder de transformar tudo que tocasse em ouro.

Os sátiros eram personagens obrigatórios dos "dramas satíricos", peças leves que o teatro grego apresentava como complemento e alívio cômico de uma trilogia trágica em honra de Dioniso, que abordava o tema central da série de tragédias sob um aspecto mais leve. Nos dramas satíricos, os heróis agem de maneira séria, mas seus atos são satirizados por comentários irreverentes e obscenos dos sátiros que os acompanham.

Nas traduções do Antigo Testamento (notadamente Isaías 13:21 e 34:14), o termo "sátiro" é às vezes usado como tradução do hebraico se'irim, "peludos", também traduzido como "demônios" ou "bodes". No folclore dos antigos hebreus, se'irim era um tipo de daimon ou ser sobrenatural que habitava lugares desolados. Existe uma alusão à prática de realizar sacrifícios aos se'irim em Levítico, 17:7. Essas entidades podem estar relacionados ao "demônio peludo dos passos montanhosos" (azabb al-akaba) das lendas árabes.

Os romanos identificaram os sátiros gregos com o deus Fauno e com os faunos da mitologia latina. Suas características eram originalmente diferentes, mas a literatura e a arte clássica da Europa moderna trataram os dois termos como sinônimos e misturaram suas características.

Os sátiros tinham aspecto mais humano, salvo pela cauda e orelhas de asno, mas eram lascivos e bêbados. Os faunos tinham aspecto mais animalesco, mas eram de comportamento mais digno.

O resultado desse sincretismo são entidades com o comportamento dos sátiros gregos e o aspecto dos faunos latinos, chamadas indiferentemente de faunos ou de sátiro, mas na verdade mais semelhante aos pãs gregos. É com esse aspecto e conceito que os sátiros foram imaginados, descritos e pintados desde a Renascença, geralmente na forma de machos lúbricos.

Dessa concepção de sátiro, vêm termos como "satiríase", "satirismo" ou "satiromania" (desejo sexual excessivamente forte nos homens). Vale notar, porém, que a palavra "sátira" não está etimologicamente relacionada aos sátiros.

"Sátira" provém do latim satira "mistura de prosa e verso, sátira, gênero satírico", forma tardia do latim satura "sátira, mistura", que segundo os gramáticos latinos é abreviação do latim lanx satura "prato cheio, prato com vários tipos de frutos reunidos", de lanx "prato" e satŭra, feminino de satur "cheio, abundante", de satis "muito, bastante".

A semelhança formal entre os vocábulos latinos satĭra e satyrus "sátiro" gerou uma grafia satyra, etimologicamente incorreta, baseada na suposição errônea de que o latim satĭra derivaria do grego sátyros, em alusão ao coro de Sátiros, que emprestou seu nome ao drama satírico grego.

Fonte: Fantastipédia.

Afrodite

O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli (1482–1486
A divindade Afrodite (do grego Ἀφροδίτη, Aphroditê) é a deusa grega do amor, do prazer e da beleza, identificada pelos romanos como Vênus. A murta, a romã, a maçã, a pomba, o pardal e o cisne são consagrados a ela .
Afrodite é uma deusa de características orientais, cujo culto foi provavelmente introduzido na Grécia pelos fenícios, a partir das suas feitorias. Uma delas estabeleceu-se na ilha de Cítera, próxima do Peloponeso. Os fenícios tiveram também uma colônia em Pafos, Chipre.

Atena

Atena é a deusa grega da bravura, da sabedoria e dos trabalhos femininos, cujo nome pode estar relacionado com o proto-indo-europeu atta, "mãe". Os romanos a sincretizaram com sua deusa Minerva. Sua ave predileta era a coruja, simbolo de reflexão que domina as trevas e sua árvore favorita era a oliveira. Era descrita como alta, de traços serenos, mais solene e majestosa que bela. Era sempre descrita como de olhos garços (de cor clara, azul, verde ou cinzenta), característica considerada fisicamente pouco atraente por gregos e romanos.

Uma tabuinha em linear B, datando de 1500 a.C., menciona uma Atana potinija, antecipando-se em sete séculos à pótnia Athênaíê ("Atena Soberana") de Homero e sugerindo que ela era já a senhora das cidades em cuja Acrópole figurasse o seu Paládio.

Segundo a versão mais conhecida do mito, narrada por Hesíodo e enriquecida por detalhes acrescentados por Píndaro e Estesícoro, Zeus estava em guerra com os Gigantes, quando sua primeira esposa, Métis, ficou grávida. A conselho de Urano e Gaia, o senhor do Olimpo a engoliu pois, segundo a predição de seus avós se Métis tivesse uma filha e esta um filho, o neto arrebataria de Zeus o poder supremo.

Comunicação telebruxólica

"Mulheres bruxas terrículas e selenitas comunicando-se da terra para a lua e vice-versa, sentadas sobre os famosos elementos representantes da superstição através de linhas telefônicas cósmicas, transcendentais, colocadas em postes aéreos sobre satélites, que também se beneficiam do serviço telebruxólico." (F. Cascaes, 1970)


Franklin Joaquim Cascaes (São José, 16 de outubro de 1908 — Florianópolis, 15 de março de 1983), pesquisador da cultura açoriana, folclorista, ceramista, gravurista e escritor brasileiro. Dedicou sua vida ao estudo da cultura açoriana na Ilha de Santa Catarina e região, incluindo aspectos folclóricos, culturais, suas lendas e superstições. Usou uma linguagem fonética para retratar a fala do povo no cotidiano. Seu trabalho somente passou a ser divulgado em 1974, quando tinha 54 anos. Obras: Balanço bruxólico; Nossa Senhora, o linguado e o siri, A Bruxa metamorfoseou o sapato, Balé das mulheres bruxas, Mulheres bruxas atacando cavalos, O Boitatá, Mulheres dando nós em caudas e crinas de cavalos.

Bruxas metamorfoseadas em bois

O Policarpo Estevo possuía, para seu trabalho de lavoura, um carro de bois muito bem feito e duas juntas de bois, uma malhada e outra rosilha, domados para carro e engenhj. Na época de colonização da Ilha de Santa Catarina pelos açorianos - em 1748 - já um pouco avançado em anos, o carro de bois era o veículo que servia para o transporte de casamentos, batizados, passeios, mudanças, enterros e também para transporte de mandioca, cana-de-açúcar e lenha para os engenhos de fabricar farinha de mandioca, açúcar e também para os alambiques.

Numa manhã de sol ilhéu muito claro, bateram palma no terreiro da casa do Estevo, que ficava na Ponta das Pedras, atualmente Morro das Pedras, parte sul da Ilha de Santa Catarina.

Estevo atendeu prontamente. Era o Zé Jão Santa Cruz, morador da vargem do Queitaninho, um famoso médico curandeiro, natural de antanho, da Ilha de Santa Catarina, e que pensava em mudar-se para a Ponta das Pedras.

O Zé Jão nasceu numa Sexta-Feira Santa às 18:00 horas do dia, sob as vistas vigilantes da parteira aparadeira, a Sinhá Larica, da Praia Mole.

A madame História popular previne que, quando uma criança nasce na Sexta-Feira Santa, deve-se apanhar um grilo verde, colocá-lo dentro da mão esquerda dela e apertá-la até o bichinho morrer. Este cuidado, a parteira Larica cumpriu, e o Zé Jão tornou-se o maior médico curandeiro milagreiro da Vila do Desterro.

Certa feita, ele havia tomado parte numa conversa ao pé do fogo de trempe, onde, entre outras coisas de assombração, falaram que, na Ponta das Pedras, no meio daquele aglomerado de pedras miúdas que fica entre a Praia das Areias e a Praia do Mandu - uma delas se destaca em altura e é conhecida como Pedra da Feiticeira -, bandos de mulheres bruxas metamorfoseadas em ardentes fachos de fogo dançantes se divertiam a ainda se divertem a valer, após terminarem as estrepolias que praticavam nas comunidades nas sextas-feiras às desoras.

Como grande batalhador que era contra o reino da bruxaria e suas filiadas, o Zé Jão não podia, de forma alguma, deixar de oferecer combate sem quartel àquelas mulas-sem-cabeça, petulantes e descaradas, que vinham judiando dos adultos e das inocentes criancinhas indefesas da Ponta das Pedras, pois o que ouvira da boca dos comentaristas era simplesmente aterrorizador. Retirou-se, pensou calmamente no caso, entrou em êxtase captador de ultramundos e voltou ao ambiente onde as pessoas estavam reunidas comentando os acontecimentos e afirmou para todos, com voz cortante e ameaçadora: "Combaterei uma por uma, sem trégua nem légua!" E pensou: "Pra que eu pratique tal ato piedoso em defesa das pessoas deste lugá, perciso ter certeza da verdade verdadeira dos fatos que osvi através dos curados dos mos osvidos".

Na casa do Policarpo, entre as conversas importantes que o Zé Jão teve com ele, a que mais importância lhe atingiu foi a conversa ao pé da trempe, quando ele ouviu falar com relação às atividades bruxólicas ali praticadas por mulheres de poderes diabólicos muito chegadas ao reino de Lúcifer.

O Policarpo afirmou-lhe, com precisão incisiva, que a conversa que ele ouvira lá no Retiro da Lagoa da Conceição era eivada só de verdades verdadeiras das estórias ilhoas, como nas Ilhas dos Açores, aqui também conhecidas.

Depois de um gole de café tomado na porta, justamente onde ele estava sentado in riba do portal da mesma, pois não quis entrar porque estava fazendo muito calor, ocorreu-lhe um pensamento de alugar uma casa ali na Ponta das Pedras e mudar-se com a família. O Policarpo prontamente cedeu à vontade dele e falou-lhe que tinha uma casa de moradia junto a um engenho de farinha, bem ao lado da saída do caminho velho, na Lagoa do Peri.

Firmaram o negócio, e o Zé Jão deixou-o apalavrado com sete fios de sua barba como reféns documentários e partiu de volta para a sua casa lá na Vargem do Queitaninho, no norte da ilha. Naqueles tempos memoráveis do início de nossa colonização açoriana, os homens arrancavam um dos fios de sua barba e o davam como documento em troca de casas, gêneros, animais etc.

Quando chegou em casa, após um descanso entre goles de café e indagação da família das coisas cá do Sul da Ilha, o Zé Jão adiantou-se:

- Penso em mudar-me para lá, pois já dexê uma casa apalavrada e assinada com fios de minha barba.

A família concordou e trataram de preparar o espírito para levarem a cabo a mudança. Passados alguns dias depois de seu regresso lá daquelas bandas do sul da ilha, ele recebeu a visita de um cavalheiro bem apessoado com uma montaria muito bem organizada, que o procurou para curar uma filha de 16 anos, que estava sendo vítima passiva de um encosto espiritual meio confuso. O Zé convidou o homem para entrar no seu consultório curandeirista, apanhou um banco de madeira, ofereceu para seu cliente sentar-se e colocou-se de prontidão para ouvi-lo.

- Antão, mo sinhôri - indagou o Zé Jão - o que é que faz aqui por esta banda da Vargem do Queitaninho?

Respondeu o seu cliente:

- Me dissero que o sinhô é um dos maió médico curandeirista de antanho que mora aqui in riba das terra da ilha de Santa Catarina. Como eu tenho necessidade de pricurá uma pessoa qui nem o sinhô, que é munto intindido das coisa dos otros mundo, eu pricurê viajá inté aqui pra mo de consurtá vossa mecê. So Zé Jão, eu tenho uma fiia de dezasseis ano que tá sendo aperseguida por um máli munto istranho. Toda noite ela iscuta a voz dum isprito esfomeado que chama ela pro mato. Só ela osve a voz e sabe o que é que ele qué, mági não pode contá pra ninguém sinão ele mata ela. Sinhô! Duns tempo pra cá, ela anda meio desquarada, das perna e barriga inchada e munto pensativa. Eu tive falando pra minha muié que os isprito e encosto de agora tão ficando munto otoritaro, pois inté proíbe a gente, que é pai, de acompanhá as fiias que eles tão usando como veículos povoadô.

O Zé Jão escutou as lamúrias povoadoras do cliente com muito carinho e apanhou um cigarro papa-terra, que estava guardado atrás da orelha, acendeu, colocou na boca para receber a atuação da vontade inspiradora do vago simpático, apanhou um punhal de prata que estava junto da sua ferramenta cirúrgica anti-bruxólica, benzeu o cliente no peito e nas costas, bocejou demais devido à força do malvado encanto de olhado que ele carregava e diagnosticou com exatidão exata:

- Mo sinhôri, o esprito que chama sua fiia no mato é pai de seu neto, que vai chegá na sua casa por estes dias. Ele está viajando há nove meis e uns dôs o treis dia e, a qualqué hora, ele bate na porta de seu vovô. Trate de arranjá um padre pra mó de casá a sua fiia, pra que o soneto não encontre o pai chamado morando no mato ainda, desde o dia em que ele ganhô viage fetal pra adespôs engajá neste mundo estrambólico.

O homem achou o Zé Jão um grande adivinho, embora meio envergonhado pela clareza dos fatos expostos, mas despediu-se muito agradecido. Como o tal homem morasse na Ponta das Pedras, Zé Jão aproveitou a oportunidade para pedir-lhe que ele transmitisse um recado ao Policarpo pra mó de vir na Vargem do Queitaninho buscar-lhe a mudança para a Ponta das Pedras. Um detalhe, porém: ele esqueceu-se de pedir ao homem avisar ao Policarpo que não fizesse a viagem durante a noite, para evitar aborrecimentos bruxólicos.

O Policarpo recebeu o recado de Zé Jão com muito carinho, chamou o Cipriano da Muca, jungiram os bois à canga do carro e, às sete horas da noite, partiram rumo à Vargem do Queitaninho. O Policarpo pôs-se de chamador na frente dos bois, calçado de tamancas e com uma aquilhada muito comprida sobre o ombro, enquanto que o Cipriano, também de aguilhada em punho, pôs-se de gajeiro atrás do carro. Entraram pelo caminho de Mato Dentro, Lagoa do Jacaré, viajando sem novidades; porém, logo que começaram a descer o morro do Badejo, avistaram uma porção de chamas de fogo boiando nos ares que se deslocavam na direção deles. De repente, aquele mundo de fogo se jogou dentro do carro de bois. Num repente, o chamador e o gajeiro acharam-se metamorfoseados em bois, orelhas (1) furadas, uma corda amarrada em cada furo e jungidos à canga. Os bois dentro do mesmo, guiando-os como se fossem criaturas de argila humana crua com cérebro e tudo. Isto significou os fabulosos poderes do mal, donde o Policarpo e o Cipriano, o chamador e o gajeiro, metamorfoseados em bois e os bois metamorfoseados em Policarpo e Cipiano, através do poder quase ilimitado de mulheres bruxas, que enfeixam, na sina de seus poderes diabólicos, as leis rubras do Reino de Satanás.


Depois delas haverem judiado muito com eles por caminhos tortuosos, buracos, subidas de morros, abandonaram-nos lá na única praia da Lagoa da Conceição, hoje sepultada com barro, asfalto e lajotas, com quatorze sepulturas com cruzes de coqueiros. Ali o Policarpo e o Cipriano perderam o encanto acidental e os bois também, sentados na areia da praia da ex-praia única da Lagoa da Conceição. Entreolharam-se, benzeram-se, rezaram o Creio em Deus; embora muito abatidos física e moralmente, tomaram depois o caminho do Canto da Lagoa e mandaram-se para a casa.

Ao chegaram em casa, bateram na porta e avisaram para a pessoa que os atendeu que não acendesse luzes e que aguardasse um pouquinho a razão, pois logo em seguida a comentariam.

É crença popular que, quando se é atingido por assombrações e consegue-se fugir dos seus poderes mortíferos, ao se procurar abrigo, este não deve receber a vítima com luzes acesas.

Durante a noite, eles tiveram pesadelos horríveis e, até certo ponto, difíceis de criaturas humanas os analisar. Enquanto eles sofriam essas horríveis torturas em suas casas aqui na Ponta das Pedras, o Zé Jão, lá na Vargem do Queitaninho, também não foi dispensado. Durante a noite, o bando de megeras mulheres bruxas pintaram o Judas por riba da casa dele, das matas, com os animais que berravam, cães que latiam e uivavam, galos que cacarejavam, cavalos que relinchavam, sapos que coaxava, rasga-mortalhas que voavam e deixavam no ar rasgos de agoiros predizendo a presença da morte.

A casa do Zé Jão, nem a família dele, nem nada que lhe pertencia foram atingidos pela vingança bruxólica das megeras bruxas que, ele bem sabia e tivera conhecimento, estavam infestando a Ponta das Pedras. Dormiu descansado e, no dia seguinte, montou o cavalo e partiu para a casa do Policarpo. Ora, é lógico, curandeiro inato que era, espiritualmente ele tomou conhecimento, durante a noite, de tudo o que havia passado sobre sua casa e com os dois amigos, o Policarpo e o Cipriano.

Ele sabia, ora se sabia, e tinha plena certeza de que as megeras estavam preparando uma cilada para derrotá-lo. Isto porque sua bisavó, há muitos anos, lhe havia avisado, pois quando ela ainda era bruxa, tomou parte de uma reunião bruxólica, nos rochedos da Ponta das Garças, Praia da Joaquina, que foi convocada especialmente para tratar do seu prestígio curandeiro aqui no Desterro.

A velha havia sido uma autêntica bruxa, parte nos Açores e parte aqui na Ilha, pois ela mudou-se para cá com aproximadamente vinte anos de idade. Para sua felicidade, ela foi apanhada numa armadilha feita com um baú de folha de flandres e uma vela benta na Sexta-Feira Santa, ocasião em que perdeu a triste sina do fato.

Vamos ao caso.

O Zé Jão apareceu na casa do Policapro urrando que nem leão ferido. Cada uma das vítimas apresentou suas queixas contra os fatos acontecidos e juraram vingar-se das megeras.

O Zé Jão, ao anoitecer, apanhou um pouco de mostarda e colocou-as no bolso da calça; na boca colocou um dente de alho vestido com a casca e partiu, muito seguro, para junto das Pedra de Feiticiera da Ponta das Pedras.

Num repente, quando ele se aproximou da pedra e olhou-a de frente, notou que ela ficou coberta de chamas e luzes de várias cores e formas do mundo objetivo das coisas que fandangadeavam, cachimbavam, uivavam, latiam, lancinavam, gargalhavam, debochando da presença dele ali.

A princípio o Zé Jão se acovardou com o quadro sinistro e aterrorizador diante de seus olhos humanos, embora de um curandeiro de alta capacidade espiritual, protegido pelas virtudes milagrosas curandeiristas naturais ganhas de sua madrinha parteira aparadeira, através do sacrifício e morte de um inocente grilo verde. Antes de iniciar o combate para enfrentar corpo a corpo a luta contra o poder das chamas diabólicas do inferno que se haviam colocado em riba da Pedra da Feiticeira, ele pensou sete vezes por onde devia iniciar. Sim! Recuperando as forças físicas num pialo, meteu a mão no bolso da calça, apanhou as mostardas e atirou-as contra o fogaréu bruxólico, que, num abrir e fechar d´olhos, se extinguiu rapidamente. E o que aconteceu? O resultado foi o de um bando de mulheres nuas enfeitando as pedras pequenas onde ele se achava e pedindo-lhe clemência e proteção, à moda ilhoa. Entre o bando das ex-bruxas, estava uma, que havia sido namorada do Policarpo e depois noibv durante sete anos.

O Policarpo deu uma gola nela numa festa do Divino da Freguesia do Ribeirão. Ela já era bruxa quando foi namorada dele, porém ele não sabia e nem desconfiava. Devido à gola dada por ele, ela procurou vingar-se e justamente na ocasião em que ele mais o Cipriano dirigiam-se à Vargem do Queitaninho para apanharem a mudança do Zé Jão para a Ponta das Pedras, atualmente Morro das Pedras. Ela sabia, e isso ela comunicou para a sua chefe, que o Policarpo está interessadíssimo em trazer o Zé Jão cá pro sul da Ilha, com a finalidade exclusiva de dar-lhe combate.

Com o alcance dessa vitória, o Zé Jão firmou-se no conceito das comunidades ilhoas desterrenses com o título de maior médico curandeiro até então acontecido aqui nesta ilha (já denominada) de Iurumirim, Los Perdidos, dos Patos, de Nossa Senhora do Desterro, de Santa Catarina de Alexandria e dos muitos discutidos casos e incomparáveis ocasos raros.


(1) Segundo o depoimento de várias pessoas consultadas, a junção entre os bois de uma parelha se faz não pelas orelhas mas pela ponta das aspas, o que favorece a hipótese de um equívoco do narrador (O. Furlan)



Franklin Joaquim Cascaes (São José, 16 de outubro de 1908 — Florianópolis, 15 de março de 1983), pesquisador da cultura açoriana, folclorista, ceramista, gravurista e escritor brasileiro. Dedicou sua vida ao estudo da cultura açoriana na Ilha de Santa Catarina e região, incluindo aspectos folclóricos, culturais, suas lendas e superstições. Usou uma linguagem fonética para retratar a fala do povo no cotidiano. Seu trabalho somente passou a ser divulgado em 1974, quando tinha 54 anos. Obras: Balanço bruxólico; Nossa Senhora, o linguado e o siri, A Bruxa metamorfoseou o sapato, Balé das mulheres bruxas, Mulheres bruxas atacando cavalos, O Boitatá, Mulheres dando nós em caudas e crinas de cavalos.

Estatueta negra

Esta estatueta feita de basalto negro com aproximadamente 25cm, teria sua origem numa antiga civilização da pré-história e foi encontrada na região do Mato Grosso.
O ídolo que representava a figura de um homem (ou um deus) sustentava uma placa com 24 estranhos caracteres que não puderam ser traduzidos pelos especialistas do início do século passado. Destes indecifráveis símbolos, 10 seriam parecidos com os das cerâmicas encontradas nos sítios arqueológicos pelo Brasil.

Além dos caracteres enigmáticos, a estatueta possuía algo descrito na época, como extraordinário: Todos que tocavam em seu corpo sofriam com um choque elétrico. As pessoas mais sensíveis, mal conseguiam segurá-la por muito tempo, as vezes sentiam náuseas. Mistério este que peritos não conseguiram explicar.

Certa vez foi consultado um psicometrista (sensitivo que consegue ler impressões energéticas em objetos) para tentar descobrir a origem do ídolo. O Sensitivo estava em um ambiente totalmente escuro quando a estatueta foi colocada em suas mãos, nota-se que o pscicometrista nunca tinha visto a estátua antes.