terça-feira, 15 de março de 2011

Afrodite

O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli (1482–1486
A divindade Afrodite (do grego Ἀφροδίτη, Aphroditê) é a deusa grega do amor, do prazer e da beleza, identificada pelos romanos como Vênus. A murta, a romã, a maçã, a pomba, o pardal e o cisne são consagrados a ela .
Afrodite é uma deusa de características orientais, cujo culto foi provavelmente introduzido na Grécia pelos fenícios, a partir das suas feitorias. Uma delas estabeleceu-se na ilha de Cítera, próxima do Peloponeso. Os fenícios tiveram também uma colônia em Pafos, Chipre.

Afrodite e seu culto de origem semita parecem ter tomado, na Grécia, o lugar da deusa indo-européia Eos, a Aurora. Ainda que tenha sido identificada com a Afrodite grega, o nome romano de Vênus parece ser etimologicamente relacionado a Eos e sua equivalente indiana, Ushas. Já o nome "Afrodite" parece derivar do nome de alguma divindade hitita relacionada à semita Istar, Astarot ou Astarte, com a qual Afrodite foi freqüentemente assimilada.

Na Ilíada de Homero (750 a.C.), Afrodite é filha de Dione, deusa considerada consorte de Zeus no oráculo de Dodona. Daí, seu epíteto alternativo de Dioneia.

Já segundo a Teogonia de Hesíodo (700 a.C.), Afrodite nasceu da espuma branca das ondas, provocada pela queda no mar do esperma e dos genitais de Urano, castrado por Cronos. Essa versão parece derivar da etimologia popular que relacionou o nome da deusa com a palavra grega aphros, "espuma":

O pênis, tão logo cortando-o com o aço
atirou do continente no undoso mar,
aí muito boiou na planície, ao redor branca
espuma da imortal carne ejaculava-se, dela
uma virgem criou-se. Primeiro Citera divina
atingiu, depois foi à circunfluída Chipre
e saiu veneranda bela Deusa, ao redor relva
crescia sob esbeltos pés. A ela, Afrodite,
Deusa nascida de espuma e bem-coroada Citeréia
apelidam homens e Deuses, porque da espuma
criou-se e Citeréia porque tocou Citera,
Cípria porque nasceu na undosa Chipre,
e Amor-do-pênis porque saiu do pênis à luz.
Eros acompanhou-a, Desejo seguiu-a belo,
tão logo nasceu e foi para a grei dos Deuses.
Esta honra tem dês o começo e na partilha
coube-lhe entre homens e Deuses imortais
as conversas de moças, os sorrisos, os enganos,
o doce gozo, o amor e a meiguice.

Segundo a Dionisíaca de Nonnus (século V d.C.), porém, a deusa não nasceu simplesmente da espuma, mas de sua conjunção com Talassa, deusa do mar.

Com o epíteto de Anadiômene, "a que surge" das ondas do mar, de um famoso quadro do pintor grego Apeles (século IV a.C.), tão logo nasceu, a deusa foi levada pelas ondas ou pelo vento Zéfiro para Cítera e em seguida para Chipre, terras consideradas como a pátria de Afrodite e que lhe deram os epítetos de Citeréia e Cípris.

Uma concepção tardia dividiu Afrodite em duas deusas distintas, Afrodite Urânia, "Celestial", nascida sem mãe, do esperma de Urano; e Afrodite Pandemos, "De Todos os Povos" ou "De Todo o Povo", nascida de Zeus e Dione.

Esse conceito encontra-se pela primeira vez no século V a.C., em Platão. Para os neoplatônicos e seus intérpretes cristãos, Afrodite Urânia, ou Vênus Celestial, representa o amor espiritual, enquanto Afrodite Pandemos era associada ao amor físico. Outras concepções davam a primeira como deusa do amor lícito, matrimonial e a segunda como a do amor desregrado, principalmente com prostitutas.

A representação de Afrodite Urânia com um pé descansando em uma tartaruga foi interpretada como um emblema de discrição nos conflitos conjugais. A imagem é creditada a Fídias em uma escultura criselefantina (de ouro e marfim) feita para a cidade de Élis e notada por Pausânias. No seu culto eram proibidas oferendas e libações de vinho.

Afrodite Pandemos foi representada em Élis, por Scopas, cavalgando um carneiro. Afrodite Pandemos também era cultuada em Megalópolis, na Arcádia e e Tebas. Um festival em sua honra foi mencionado por Ateneu e a ela eram oferecidos sacrifícios de cabras brancas.

Originalmente, Afrodite Pandemos representava simplesmente a união dos povoados, os "demos", em um só corpo político, como os que formaram cidades-estados maiores como Atenas e Megalópolis. Era venerada em Atenas junto com Peito ("Persuasão") e seu culto teria sido instituído por Teseu quando unificou as comunidades da Ática. A transição para a interpretação como "Afrodite Popular", "Afrodite Vulgar" ou "Afrodite Promíscua" pode ter-se relacionado ao fato de seu santuário, que teria sido mandado construir por Sólon, estar situado na popular Ágora, a praça do mercado, ou de as hetairas terem custeado sua construção.

Afrodite foi, sucessivamente, representada envolta em finos véus, seminua e mais tarde totalmente nua (a partir de Escopas e de Praxíteles, século IV a.C.).

Os artistas apresentaram-na, geralmente, cercada de suas flores preferidas, a rosa e a murta, e acompanhada dos seus animais favoritos, as pombas, que ela atrelava ao seu carro. Também lhe eram consagrados os pomos em geral, incluindo a maçã, a lima e o marmelo, mas mais especificamente a romã. Era especialmente ligada às conchas (principalmente vieiras e amêijoas), que representavam os órgãos sexuais femininos. Cisnes e delfins são também freqüentemente associados a essa deusa.

Afrodite costuma ser acompanhada de um cortejo de servidores e de servas que encarnam os prazeres e o encanto do mundo, das quais a mais importantes são as Cárites e as Horas. As ninfas oréadas também costumam acompanhá-la.

Sendo a ilha de Cítera sua primeira pátria e um dos centros mais tradicionais de seu culto, a expressão "viagem a Cítera" tornou-se uma metáfora usual para a paixão amorosa e para o ato sexual.
Culto Editar a secção CultoEditar

No templo de Afrodite no alto do Acrocorinto (antes da destruição da cidade pelos romanos em 146 a.C.), ter relações sexuais com suas sacerdotisas ou hieródulas era uma das maneiras de cultuar Afrodite. O mesmo costume existia em templos de Afrodite em Chipre, Cítera e na Sicília, seguindo a tradição dos cultos a Inana, Ishtar, Astarot ou Astarte dos povos da Mesopotâmia, Síria, Fenícia e Palestina.

Essas sacerdotisas entregavam-se nos templos da deusa aos visitantes com o fito, em primeiro lugar, de promover e provocar a vegetação e a fertilidade e, em segundo lugar, para arrecadar dinheiro para os próprios templos. No riquíssimo (graças às hieródulas) santuário de Afrodite no monte Érix, na Sicília, e em Corinto, nos bosques de ciprestes de um famoso Ginásio, chamado Craníon, a deusa era cercada por mais de mil hieródulas, que, à custa dos visitantes, lhe enriqueciam o santuário. Personagens principais das famosas Afrodísias de Corinto, todas as noites elas saíam às ruas em alegres cortejos e procissões rituais. Embora alguns poetas cômicos, como Aléxis e Eubulo, ambos do século IV a.C., tivessem escrito a esse respeito versos maliciosos, pedia-se às hieródulas que dirigissem as preces públicas a Afrodite também em momentos da maior gravidade, como nas invasões persas de Dario (490 a.C.) e Xerxes (480 a.C.).

Píndaro, um dos mais religiosos dos poetas gregos, celebrou com um skólion (canção convivial) um grande número de jovens hieródulas que Xenofonte de Corinto ofertou a Afrodite, em agradecimento por uma dupla vitória nos Jogos.

Fonte: Fantastipedia.

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