quinta-feira, 1 de novembro de 2012
A lenda da Procissão das Almas
A lenda conta que existia uma senhora chamada Maricota de Todos os Santos, muito maledicente, que vivia na janela de sua casa vigiando a vida alheia. Depois de aprontar muita confusão no bairro São Gonçalo, mudou-se para a Rua Dom Silvério, e receosa de ser novamente expulsa, só vigiava a rua depois que o sino da Casa da Câmara tocava às 21h, mandando que todos se recolhessem em suas casas.
Com calos nos cotovelos de ficar debruçada na janela, ficava ela observando quem ia e quem vinha. Até que em uma sexta-feira santa, ela que sempre foi muito religiosa, observou se aproximar uma procissão e ficou confusa de como poderia ela não estar sabendo. Resolveu então ficar na janela pra ver quem estava na tal procissão. Até que conseguiu ver de perto: eles usavam roupas pretas, todos com uma vela na mão, e o primeiro da fila segurava uma enorme cruz preta.
Além dos trajes, ela escutava um som pausado de bumbo, bem fúnebre, uma matraca, gemidos, gritos lancinantes e os cantos: “Reza mais, reza mais, reza mais uma oração; Reza mais, reza mais pra alma que morreu sem confissão” e “Reza mais, reza mais, reza novena e trezena; Reza mais, reza mais pra alma que morreu sem cumprir pena”.
Um pouco assustada com a estranheza da procissão, ela continuou na janela a observar, até que um dos participantes saiu de onde estava e foi em sua direção com a vela acesa, pedindo-lhe que guardasse a vela que ele logo voltaria para buscar: “Mulher, guarde sua língua, a noite é dos mortos. Guarde esta vela pra mim, eu volto pra buscar” e se juntou aos outros.
Quando a procissão voltou, o participante pede a vela e fala com ela: “Mulher, amanhã estaremos juntos em outras paragens, mas guarde sua língua, a noite é dos mortos”, e ao entrar em seu quarto, no lugar da vela guardada, ela se depara com um pedaço de um osso da perna de um defunto, passa mal e morre logo depois mesmo sendo socorrida pelo padre e por um médico.
O cortejo da Procissão das Almas em Mariana-MG, única no Brasil, acontece depois da meia noite para evitar confusões com a Igreja. As roupas brancas são por que quando a procissão foi reativada, há uns 25 anos atrás, a luz era fraca e o farol dos carros não era lá aquelas coisas. Desde 1850 ela acontece na noite de sexta da paixão, mais exatamente às 00h05 do sábado de aleluia, pelas ruas do centro histórico da cidade.
Fonte: Na ponta do lápis,
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