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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O Dia da Vingança


— Brasa do inferno! Pára! — berrou o barão de Santamorte alucinado. Far-te-ei lacerar as carnes pela roda de ferro, ou devorar pelos meus cães! Traz-me o meu filho! O meu filho! O meu filho!

Só se ouvia uma longa risada de escárnio e depois uma voz terrível descendo do alto da torre que dizia:

— Por todas as dores, os sofrimentos, as humilhações que infligiste a teus semelhantes, pelas infâmias que cometeste, hoje é o dia da vingança!


Existe ainda hoje entre os píncaros das montanhas do Cortonese, em terras de Florença, o pitoresco Castelo de Montecchio, todo ele enfeitado oe torres e de ameias altas, que lhe emprestam aquele seu ar de soberania que há séculos vem impressionando o transeunte e o turista curioso. Muitos foram os seus senhores desde o capitão de aventuras, o inglês Hawkwood, que trazia gravado em seu escudo o triste mote: “Inimigo de Deus e da Misericórdia”, até o feudatário florentino, ainda mais triste, que devido à sua natureza bestial, corpulento, sanguinário e barbudo, havia sido alcunhado “O Lobo de Santamorte”, pois quem lhe caísse nas garras tinha morte de santo, pelas crueldades que lhe eram infligidas.

A sua voz era constantemente irada; as mãos sempre prontas a golpear, a matar, a torturar. Os castigos que mandava administrar em suas terras tinham feito daquele homem uma espécie de monstro, que, em comparação, a fera da qual tinha o nome, bem poderia parecer um cordeiro.

E, no entanto, havia também ternura e bondade em sua alma negra, sentimentos, porém, que se tinham esgotado, secado e como que absorvido numa inesgotável revolta contra a sorte, quando lhe morreu a esposa idolatrada, jovem delicada e sensível, que morrera e o deixara abandonado em sua ira impotente contra tudo e contra todos, quando dera à luz o seu único filho Baldo, que o Barão de Santamorte passou a adorar com toda a força de sua alma selvagem e intransigente, reunindo na criança toda a sua faculdade de amar.

As primeiras vítimas de sua revolta contra um destino cruel foram o médico, as enfermeiras e as aias que não souberam defender contra a morte implacável a querida de seu coração e no dia do batizado do pequeno Baldo, ainda pendiam das torres do castelo, os corpos enforcados dos subalternos impotentes que não tinham sabido conservar em vida a suave esposa do seu bárbaro senhor. 

E a sua natureza foi dia a dia mais se enfurecendo e o único raio de sol em sua triste vida era o pequenino Baldo linda criança, inteligente e suave, que lhe lembrava a esposa desaparecida.

Certa madrugada do mês de setembro de 1385, um grupo de cavaleiros e de servos a pé, armados e segurando com força as correias das maltas de cães ganindo, subia por ásperos penedos entre bosques de árvores seculares, os montes do Cortonese.

Era o senhor de Montecchio que mais uma vez se ia entregar à sua preferida distração. Caçar o javali e o cabrito montês. Ao lado do barão cavalgava o pequeno Baldo, de nove anos apenas de idade, e um pouco atrás deles seguia, montando uma mula branca, uma linda jovem chamada Viola, florida camponesa já noiva de Quinto Borghetti (monteiro-mor do barão de Montecchio) e que este havia feito raptar na própria manhã de suas núpcias, pois o barão, prepotente e invejoso, havia declarado ao rapaz que “as mulheres bonitas em suas terras eram para ele e não para os seus súditos”.

Viola vivia assim no Caste1o de Montecchio com as regalias e as mortificações de uma cortesã e o sentimento desesperado de uma escrava impotente contra as odiosas exigências de um senhor execrando.

Depois dos guardas, à testa dos batedores e dos servos que conduziam os cães, marchava a singular figura de um homem moço, traços enérgicos, alto e espadaúdo. Era Quinta Borghetti, o “mestre-caçador”, ex-noivo da linda Viola.  O posto era importante para um rapaz tão novo ainda, mas ele tinha realmente grande capacidade e Lupo Montecchio lhe tinha dado também para recompensá-lo do rapto de Viola, embora o Barão de Santamorte pensasse (conforme a mentalidade da época) ter honrado o seu súdito roubando-lhe a noiva!

Era certamente uma brincadeira de muito mau gosto e pelos campos fora, nas granjas e nos casebres montanheses, todos admiravam que um rapaz forte e cheio de ardil como Quinto, se tivesse tão facilmente resignado sob tamanha afronta. Este, porém, procurava esconder até a própria expressão do olhar, sempre esquivo e isolado, sem falar com pessoa alguma, parecia só se ocupar da missão que lhe haviam confiado.

Quando a comitiva chegou finalmente ao lugar designado, dispôs-se imediatamente em atitude de ataque. A caça no devia estar longe, pois os cães começaram a ladrar desesperadamente e logo fizeram saltar fora do esconderijo um javali medonho, o pelo hirto e os dentes arreganhados. Enxotado pelos homens e perseguido pelos cães, o animal enveredou por um estreito caminho ao cabo do qual o senhor de Mortesanta, ladeado por alguns homens armados, esperava-o com a alabarda em punho.

A fera, no entanto, após ter estripado dois valentes rafeiros que tentaram agarrá-la, virou de repente para o lado direito do caminho e desapareceu entre o capim alto grunhindo desesperadamente. Era evidente a falta do mestre-caça, que havia deixado desguarnecido aquele sítio e o barão de Santamorte, enfurecido, vendo fugir a linda presa, prorrompeu aos berros:

— Por todos os demônios do inferno! Quem deixou abandonada aquela passagem? Onde está o maldito Quinto?

O rapaz saía justamente do mato quando, o barão investiu rudemente contra ele:

— Cão maldito de meus cães! Deixaste então aberta aquela passagem?

— Sim, senhor — respondeu calmo o interpelado.

— Insolente! Atrevido! Perdeste certamente o amor à vida, não?

Quinto, olhos fixos no semblante do amo, sorria com desprezo sem dar resposta.

— Ah! É assim? — E mais enfurecido ainda por aquele mudo desafio, o barão gritou para os servos:

— Agarrem-no e ponham-no de joelhos, o dorso desnudo. — E com um requinte de perversidade, voltando-se para Viola, disse-lhe: — Aqui tens o meu chicote... A ti a honra de desfechar o primeiro golpe... Mas com toda a força... Ouviste?

Quem poderia fugir à diabólica vontade daquele homem em tais circunstâncias?

Pálida como cera, a infeliz Viola desceu de sua montaria e aproximou-se daquele seu infame senhor e dono que lhe entregou o chicote.

Quinto não opunha resistência alguma, ajoelhou-se e esperou resignado, todo recolhido num pensamento só.

— Perdoa-me em nome de Deus! — murmurou a pobrezinha ao chegar perto de Quinto, enquanto abaixava o chicote sobre as costas do rapaz.

O golpe parecia mais ser uma carícia!

— Mãos de manteiga! — gritou Lupo Santamorte com uma risada. — Mas os golpes dos guardas eram rudes e logo o sangue começou a escorrer pelas costas de Quinto.

— Mais! Mais! Mais forte — gritava como um possesso o Senhor de Santamorte, seguindo com os olhos turvos e os lábios espumando, o rítmico levantar e abaixar dos chicotes.

O pequeno Baldo, olhos escancarados, olhava alternadamente para o pai e Quinto, sem compreender o que se estava passando.

Viola, apoiada ao tronco de um carvalho, chorava e gemia, sem poder simular todo o seu horror.

— Basta! — gritou de repente o barão — ajudem-no a levantar-se e vamos voltar!

Quinto ergueu-se sem auxílio, pálido, mas firme e seguiu a comitiva entre os homens de armas.

Chegaram ao castelo quando o sino da capela batia as doze badaladas. O sol a pino escaldava, tirando luzes das águas paludosas do vale. Depois de atravessada a ponte levadiça, a comitiva parou no vasto pátio interior que abraçava a torre altíssima, quadrada, dominando os altos muros do castelo. O barão de Santamorte parou o cavalo e voltando-se para Quinto que se achava ainda entre os guardas, gritou-lhe:

— Chega aqui!

Quando o rapaz se aproximou, de olhos baixos, o senhor perguntou-lhe em tom de escárnio:

— E agora, estás ainda tão seguro de ti?

— Sempre! Respondeu este, sem pestanejar.

Todos se entreolharam consternados ante tamanha audácia. O velho fâmulo que guardava a porta da torre desceu os poucos degraus que conduziam ao interior do edifício, deixando a porta escancarada: queria ver de perto o subalterno que ousava responder ao senhor com tanta segurança.

— Como? — berrou o barão de Santamorte, agitando-se sobre o selim como se uma cobra o tivesse mordido. — Como? Será que chegou o fim do mundo ou eu que entendi mal?

— Não, senhor! Vosmecê ouviu perfeitamente bem! — respondeu Quinto com áspera voz e olhando profundamente Viola, que branca como linho, parecia estar para cair de sua montaria.

Foi como um relâmpago! Quinto subitamente deu um salto de gato e agarrando o pequeno Baldo de sobre o seu cavalinho baio, atirou-o sobre os seus ombros como se fora uma rês a ser levada para a feira e correu para a torre.

— Pára! Pára! Prendam-no! Berrava o senhor de Montecchio, enquanto tirava uma balestra das mãos de um armeiro.

— Não! Não atirem que ele se cobre com o meu filho! Maldição! Deixa o meu Baldo! Não podes tocá-lo! Olhem, poltrões, que nada sabem fazer! Canalhas! Ele fechou a porta da torre! E assaltado enfim por um pensamento aterrorizador atirou-se de encontro à porta já por dentro trancada, esperando ainda poder perseguir o louco que lhe roubara o filho.

Instantes depois, como se tivesse voado da rês do chão ao alto do edifício sem tocar com os seus pés os mil degraus da interminável escada, Quinto apareceu entre as ameias da torre a mais de cem metros sobre os lajedos do pátio. Tinha Baldo nas mãos, agarrado pelas roupas, suspenso sobre o abismo, ao fim de seus braços estendidos. Ouvira-se o grito, como um gemido sair dos lábios da infeliz criança que se debatia tal um trapo humano:

— Brasa do inferno! Pára! — berrou o barão de Santamorte alucinado. Far-te-ei lacerar as carnes pela roda de ferro, ou devorar pelos meus cães! Traz-me o meu filho! O meu filho! O meu filho!

Só se ouvia uma longa risada de escárnio e depois uma voz terrível descendo do alto da torre que dizia:

— Por todas as dores, os sofrimentos, as humilhações que infligiste a teus semelhantes, pelas infâmias que cometeste, hoje é o dia da vingança!

O barão recomeçou a proferir injúrias e suas palavras loucas, o seu furor, os seus berros arrefeciam o sangue de quem assistia àquela cena dantesca:

— Ouve-me, maldito! Gritou subitamente o senhor de Santamorte como que tresloucado: — Traz-me o meu filho e serás perdoado, juro-te! Queres ouro? Muito ouro? Terás tudo o que me pedires! Queres a tua Viola? Eu a restituirei. Diz-lhe tu a mesma coisa, Viola! Partirei para longe, muito longe, juntos e carregados de ouro! Não nos veremos nunca mais!

A jovem, de olhos esbugalhados na face branca como cera, parecia estar crucificada de encontro ao muro.

— Barão de Santamoorte — recomeçou a voz implacável do alto da torre — Eu já perdi a minha vida, o meu amor e tudo! Mas só quero que Viola vos restitua as chicotadas que me mandastes dar! Ajoelhai-vos, tirai o gibão e a camisa, depressa, ou deixo cair o vosso filho!

Olhos injetados de sangue, tremendo pela ira e o pavor, Lupo de Santamorte ajoelhou- se no meio do pátio, o torso nu, gritando:

— Vem, Viola! Bate-me! Bate-me com toda força! Quero meu filho! Que se me restitua o meu filho!

A jovem parecia não ouvir mais coisa alguma como se estivesse em estado de sonambulismo.

— Anda maldita! Vem depressa! Tragam-na aqui! Que ninguém se recuse a obedecer! Aquele bandido é capaz de manter a palavra!

Dois armeiros levaram Viola para junto do barão, puseram-lhe o chicote na mão, mas ela não tinha a força de bater.

Lupo de Santamorte já nem gritava, uivava:

— Bate, maldita! Anda com isto! E finalmente, Viola como se despertasse de um pesadelo, bateu com o chicote no lombo nu do tirano.

— Forte! Mais forte! -- gritava Quinto do alto da torre. — Quero ouvir os golpes e ver o sangue escorrer como nas minhas costas!

Viola começou então a bater com todas as forças de suas mãos reunidas até cair desmaiada no chão pela emoção e o pavor.

O barão de Santamorte levantou-se cambaleando, o dorso sujo de sangue, mais derrotado pela vergonha e a exasperação do que pelas chicotadas.

No mesmo instante uma risada ainda mais escarnecedora e louca do que as primeiras ecoou no alto da torre e a mesma voz trovejou:

— Tenho fé nas tuas palavras e agora me rendo!

Dois corpos agarrados estreitamente um ao outro, caíram das ameias da torre descendo com a velocidade de uma pedra, vindo esboroar-se sobre as lajes do pátio numa poça de sangue nobre e plebeu!

A partir daquele trágico dia, o barão Lupo de Santamorte, encerrado em seu castelo, só viveu entre orações e esmolas os curtos dias que ainda viveu neste mundo de enganos.


Texto de Itala Gomes Vaz de Carvalho 

Fonte: A Noite Illustrada - Supplemento Semanal - 02/07/1946.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O julgamento do cadáver

Papa Estêvão VII (à esquerda) no Sínodo Cadavérico de Formoso (Jean-Paul Laurens, 1870).


O "Sínodo do Cadáver", também conhecido como Julgamento do Cadáver ou ainda, em latim Synodus Horrenda é o nome pelo qual ficou conhecido o episódio do julgamento póstumo do Papa Formoso que se deu na Basílica de São João de Latrão, Roma, em janeiro de 897. O corpo de Formoso (morto nove meses antes) foi exumado, vestido com insígnias e ornamentos e posto num trono e então, Estevão VI, seu sucessor, pode imputar ao cadáver as acusações, lendo-as diante do inerte corpo. O Sínodo do Cadáver é lembrado como um dos episódios mais bizarros da história do papado medieval.

Esse e outros eventos relacionados ocorreram durante um período de instabilidade política na Itália. Esse período, que durou de meados do século IX até meados do século X, foi marcado por uma rápida sucessão de pontífices. No ano em torno do Sínodo do Cadáver (872-965) houve 24 papas. Freqüentemente, estes breves reinados papais foram o resultado das maquinações políticas de facções locais romanas, sobre as quais poucas fontes sobrevivem.

Formoso foi bispo de Porto em 864 durante o pontificado de Nicolau I. Promoveu missões entre os búlgaros e teve sucesso, tanto que foi solicitado a ser o bispo dos novos convertidos. Não houve permissão de Nicolau I para tanto, já que para ser bispo na Bulgária teria Formoso que deixar sua sé de Porto e o 15°Cânon do Segundo Concílio de Nicéia proíbe um bispo de deixar a sua própria sede para administrar outra.

Em 875, logo após a coroação de Carlos, o Calvo, Formoso fugiu de Roma com medo do então Papa João VIII. Alguns meses depois, em 876, no concílio de Santa Maria Rotunda, João VIII trouxe uma série de acusações contra Formoso, acusou-o de ter influenciado negativamente os búlgaros a ponto destes não mais aceitarem o bispo enviado pela Sé de Roma; que Formoso conspirava para tomar o papado de João VIII e, por fim, que ele havia abandonado sua sede de Porto e conspirava contra Carlos. Formoso foi excomungado. 

Após a morte de João VIII em dezembro de 882, Formoso reassumiu o bispado de Porto onde permaneceu até ser eleito papa em 6 de outubro de 891. No entanto, essas antigas disputas com João VIII formaram o libelo acusatório do Sínodo do Cadáver. De acordo com o historiador do século X Liutprand de Cremona, Estevão VII perguntou ao cadáver por que ele desejou apoderar-se da sede da Igreja Universal (Roma) com tanta ambição após a morte de João VIII (de acordo com o papa João, Formoso tentou apoderar-se do papado quando João ainda vivia). Mais duas acusações foram feitas ainda: de ter cometido perjúrio e de ter exercido o ofício de bispo quando leigo, o que guarda relação com o referido juramento do concílio de Troyes.

Ao que tudo indica o Sínodo do Cadáver teve uma motivação política. Formoso coroou Lamberto de Espoleto co-regente do Sacro Império Romano-Germânico em 892. O pai de Lamberto, Guido III de Espoleto, havia sido coroado por João VIII. Em 893 Formoso, preocupado com as possíveis agressões de Guido III, convidou o carolíngio Arnolfo de Caríntia a invadir a Itália e receber a coroa imperial. A invasão de Arnolfo falhou e Guido III morre logo depois.

Em 895 Formoso convida novamente Arnolfo a invadir Roma e, no ano seguinte, Arnolfo cruza os Alpes e chega a Roma onde é coroado por Formoso como imperador do Sacro Império Romano, com isso o exército franco parte e Formoso e Arnolfo morrem logo depois em 896. Formoso foi sucedido por Bonifácio VI, que morreu semanas depois. Lamberto e sua mãe, a imperatriz Ageltrudes entram em Roma mais ou menos na mesma época em que Estevão VI é coroado papa. E aí tem lugar o Sínodo do Cadáver.

Provavelmente em torno de janeiro de 897, Estevão (VI) VII ordenou que o cadáver do seu antecessor Formoso fosse removido de seu túmulo e levado para a corte papal, para julgamento.

Formoso foi acusado de transmigração em violação do direito canônico, de falso testemunho, e de servir como um bispo, enquanto na verdade, um leigo. Liutprand e outras fontes dizem que Estevão tinha despojado do cadáver de suas vestes papais, cortou seus três dedos da mão direita usados para bênçãos, e declarou todos os seus atos e ordenações inválidas. O corpo foi finalmente sepultado em um cemitério para estrangeiros, apenas para ser desenterrado mais uma vez, ligado a pesos, e lançado no rio Tibre.

O espetáculo macabro fez a opinião pública em Roma voltar-se contra Estevão. Circularam rumores de que o corpo de Formoso tinha começado a fazer milagres em pessoas depois de estas se lavarem nas margens do rio Tibre. A revolta do público levou Estevão a ser deposto e encarcerado. Enquanto estava na prisão, em julho ou agosto de 897, ele foi estrangulado.

Em novembro de 897, o Papa Teodoro II (897) convocou um sínodo que anulou o Sínodo do Cadáver, reabilitou Formoso, e ordenou que seu corpo, que havia sido recuperado do Tibre, fosse enterrado na Basílica de São Pedro em paramentos pontifícios. Em 898, João IX (898-900) também anulou o Sínodo do Cadáver, e convoca dois sínodos (um em Roma e outro em Ravena), que confirmaram as conclusões do Sínodo de Teodoro II, ordenou que a ata do Sínodo do Cadáver fosse destruída, e proibiu qualquer julgamento futuro de uma pessoa morta.


Fonte: Wikipédia.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pedra Filosofal

Buscando a pedra filosofal - J. Wright (1771)
Obter uma pedra filosofal (Lapis Philosophorum) era um dos principais objetivos dos alquimistas humanos em geral na Idade Média. Com ela, o alquimista poderia transmutar qualquer "metal inferior" em ouro, como também transmutar seres do reino científico-biológico Animalia (reino animal) sem sacrificar algo que desse um valor considerável em troca.Com a pedra, também seria possível obter o Elixir da Longa Vida, que permitiria prolongar a vida "indefinidamente".

A busca por essas pedras são, em certo sentido, semelhantes à busca pelo Santo Graal das lendas arturianas. Em seu romance Parsifal, Wolfram von Eschenbach associa o Santo Graal não a um cálice, mas a uma pedra que teria sido enviada dos Céus por seres celestiais e teria poderes "inimagináveis".

Ao longo da história, criações de pedras filosofais foram atribuídas a várias personalidades, como Paracelsus e Fulcanelli, porém é "inegável" que a lenda mais famosa refere-se a Nicolas Flamel, um alquimista real que viveu no Século XIV.

Segundo o mito, Flamel encontrou um antigo livro que continha textos intercalados com desenhos enigmáticos. Porém, mesmo após muito estudá-lo, Flamel não conseguiria entender do que se tratava. Segundo a lenda, ele teria encontrado um sábio judeu em uma estrada em Santiago na Espanha, que fez a tradução do livro, que tratava de cabala e Alquimia, possuindo a fórmula para uma pedra filosofal.

Por meio deste livro, Nicholas Flamel teria conseguido fabricar uma pedra filosofal. Segundo a lenda, esta seria a razão da riqueza de Flamel, que inclusive fez várias obras de caridade, adornando-as com símbolos alquímicos.

Ao falecer, a casa de Flamel teria sido saqueada por caçadores de tesouros ávidos por encontrar pedras filosofais. A lenda conta que, na realidade, ambos, Flamel e sua esposa, não faleceram, e que em suas tumbas foram encontradas apenas suas roupas no lugar de seus corpos.

Fonte: texto baseado na Wikipedia.

terça-feira, 20 de março de 2012

Epidemia do Suor Inglês

O suor inglês conhecido como sudor anglicus, atacou a Inglaterra cinco vezes. Foi uma epidemia devastadora que entre 1485 e 1551 matou 3 milhões de pessoas. A epidemia sempre vinha no verão, o suor matava em até 24hrs, as vezes em apenas 3hrs.

O relato feito pelo italiano Polydore Vergílio em 1485, um dos primeiros conhecidos da doença, é assustador:

“Em 1485 uma nova doença atingiu todo o reino…uma pestilência de fato horrível…repentinamente um suor fatal ataca o corpo, devastando-o com dores na cabeça e no estômago agravadas pela terrível sensação de calor. Em decorrência disso, os pacientes retiravam tudo o que os cobria; se estivessem vestidos, arrancavam as roupas, os sedentos bebiam água, outros sofriam dessa febre fétida provocada pelo suor, que exalava um odor insuportável…todos morriam imediatamente ou pouco tempo depois do suor começar; de tal modo, que um em cada centena escapava”.


O relato do médico real John Caius, feito em 1552, logo após a última epidemia, é mais técnico, mas nem por isso menos assombroso:

“Primeiro a dor nas costas e nos ombros, dor nas extremidades, como braços e pernas, com ardor ou espasmo, como se apresentava em alguns pacientes. No segundo momento apareciam as dores no fígado e nas proximidades do estômago. Na terceira fase surgia uma dor de cabeça acompanhada de insanidade. Na quarta, o sofrimento do coração…pacientes respirando aceleradamente e com dificuldade…com a voz ofegante e lamuriosa…não resistiam mais do que um dia.”

Os tratamentos eram inúteis, as pessoas chegaram a "conclusão" que para salvar a pessoa, tinha que faze-la suar ainda mais para "expulsar" a doença. Com isso quando alguém apresentava o primeiro sintoma era coberto por roupas, mantas e cobertores. Em pouco tempo a pessoa tinha febre, muito suor e morria. Os familiares achavam que não tinham começado o "tratamento" a tempo.Lutero foi um dos poucos que contraiu a estranha doença e sobreviveu em 1529Em 1551 a doença desapareceu tão misteriosamente quanto havia se iniciado...

Fonte: Lendas e Mistérios.

sábado, 9 de julho de 2011

Praga da dança

O artista Henricus Hondius (1573-1610) retrata 3 mulheres acometidas pela praga
A 'Praga da dança’ matou centenas de habitantes de Estrasburgo em 1518. Fato que muitos acreditavam não passar de uma simples lenda, mas que recentemente adquiriu força com bases históricas comprovadas pelo historiador John Waller, que inclusive lançou recentemente um livro sobre o assunto.

Em julho de 1518, a cidade francesa de Estrasburgo, na Alsácia (então parte do Sacro Império Romano-Germânico) viveu um carnaval nada feliz. Uma mulher, Frau Troffea (dona Troffea), começou a dançar em uma viela e só parou quatro a seis dias depois, quando seu exemplo já era seguido por mais de 30 pessoas. Quando a febre da dança completava um mês, havia uns 400 alsacianos rodopiando e pulando sem parar debaixo do Sol de verão do Hemisfério Norte.

Lá para setembro, a maioria havia morrido de ataque cardíaco, derrame cerebral, exaustão ou pura e simplesmente por causa do calor. Reza a lenda que se tratava de um bloco carnavaleso involuntário: na realidade ninguém queria dançar, mas ninguém conseguia parar. Os enlutados que sobraram ficaram perplexos para o resto da vida.

Para provar que a epidemia de dança compulsiva não foi lenda coisa nenhuma, o historiador John Waller lançou, 490 anos depois, um livro de 276 páginas sobre o frenesi mortal: “A Time to Dance, A Time to Die: The Extraordinary Story of the Dancing Plague of 1518”. Segundo o autor, registros históricos documentam as mortes pela fúria dançante: anotações de médicos, sermões, crônicas locais e atas do conselho de Estrasburgo.

Um outro especialista, Eugene Backman, já havia escrito em 1952 o livro "Religious Dances in the Christian Church and in Popular Medicine". A tese é que os alsacianos ingeriram um tipo de fungo (Ergot fungi), um mofo que cresce nos talos úmidos de centeio, e ficaram doidões. (Tartarato de ergotamina é componente do ácido lisérgico, o LSD.)

Waller contesta Backman. Intoxicação por pão embolorado poderia sim desencadear convulsões violentas e alucinações, mas não movimentos coordenados que duraram dias.

O sociólogo Robert Bartholomew propôs a teoria de que o povo estava na verdade cumprindo o ritual de uma seita herética. Mas Waller repete: há evidência de que os dançarinos não queriam dançar (expressavam medo e desespero, segundo os relatos antigos). E pondera que é importante considerar o contexto de miséria humana que precedeu o carnaval sinistro: doenças como sífilis, varíola e hanseníase, fome pela perda de colheitas e mendicância generalizada. O ambiente era propício para superstições.

Uma delas era que se alguém causasse a ira de São Vito (também conhecido por São Guido), ele enviaria sobre os pecadores a praga da dança compulsiva. A conclusão de Waller é que o carnaval epidêmico foi uma “enfermidade psicogênica de massa”, uma histeria coletiva precedida por estresse psicológico intolerável.

Outros seis ou sete surtos afetaram localidades belgas depois da bagunça iniciada por Frau Troffea. O mais recente que se tem notícia ocorreu em Madagascar na década de 1840.

Fonte: http://aventureirododesconhecido.blogspot.com

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Mother Shipton

Ursula Sonhteil, mais conhecida como Mother Shipton, viveu de 1488 a 1561. Portadora de uma deformidade física, a jovem Ursula aprendeu a ler e a escrever com notável facilidade. Mas foi como profetisa que ganhou notável popularidade. Ela antecipou a morte de reis, a criação do automóvel, do submarino e do telefone.

Quanto à criação do automóvel profetizou:

"Carrugens sem cavalos trafegarão, e os acidente de angústia o mundo encherão."

Quanto ao advento do submarino e de navios de ferro:

"O homem sobre e sob as águas caminhará. O ferro na água flutuará."

Previu também o uso da televisão e do telefone por satélites:

"Por todo o mundo voarão os pensamentos com a rapidez de uns poucos momentos."

Ela também falou sobre a futura derrota da Invencível Armada espanhola em 1588:

"E os cavalos de madeira do monarca ocidental serão destruídos pelas forças de Drake, afinal."

Mother Shipton previu ainda, com exatidão, o dia e a hora de sua morte, com alguns anos de antecedência.

Fonte: http://www.assustador.com.br/relatos/profetisa.htm

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Castelos assombrados da Escócia

Castelo Glamis

O castelo assombrado mais famoso da Escócia é provavelmente o Castelo Glamis. Desde 1372 o castelo é a residência da familia Bowes-Lyon, os Condes de Strathmore e Kinghorne. A Rainha Mãe nasceu lá, era a filha caçula do 14º Conde, a princesa Margaret também nasceu alí (1930).

O castelo tem uma história repulsiva: no século 11, o rei Malcolm III foi assassinado lá… como o rei Duncan em Macbeth, amaldiçoado na peça de Shakespeare, que se passa alí.

No século 16, a viúva do 6º Senhor de Glamis, Lady Janet Douglas, foi queimada viva na estaca como uma feiticeira, porque tentou matar o Rei James V. Ela assombraria a capela do castelo como uma Dama Cinza.

De acordo com a lenda, o Conde Beardie que foi um hóspede do castelo, jogou cartas com Satã num quarto trancado, assombra o castelo, e ainda há um outro segredo terrível escondido. Algo a ver com uma criatura monstruosa que nasceu em Glamis, e viveu, segundo a lenda, por mais de cem anos… A criatura ainda assombraria o castelo também.

Na verdade, o alegado "monstro" se trata de Thomas Bowes-Lyon, primeiro filho de George Bowes-Lyon e Charlotte Grimstead, trisavós de Lady Elizabeth Bowes-Lyon, a Rainha Mãe. Ele nasceu e morreu em 21 de outubro de 1821.