sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Continentes Perdidos


A Atlântida não é o único continente mítico supostamente destruído e tragado pelo mar. Pessoas letradas e fabulistas falam de dois outros continentes perdidos - as lendárias terras de Lemúria e Mu.

O nome Lemúria vem de lêmures, primatas primitivos da família dos lemurídeos, e foi cunhado no século 19 pelo zoólogo inglês P. L. Sclater, devido à similar idade de fósseis desses primatas encontrados na região sul da Índia e na província de Natal, na África do Sul. Sclater postulou a existência de Lemúria, continente submerso que haveria no oceano Índico, ligando as regiões meridionais da África e também da Ásia.

A idéia de uma ponte tropical ligando as massas de terra existentes ganhou a fantasia e o apoio de nada menos que Thomas Huxley, cientista inglês e indiscutível autoridade na teoria da evolução. Na Alemanha, o biólogo Ernst Haeckel chegou a especular sobre a possibilidade de a antiga Lemúria ter sido o Jardim do Éden, o paraíso perdido, que serviu de berço para a raça humana.

O continente perdido de Mu também tem sido muito pesquisado por estudiosos do inexplicável. Ele surgiu, pela primeira vez, em uma série de livros de autoria de James Churchward, coronel inglês da reserva, que servira com os Lanceiros de Bengala, na Índia. Ao ser designado para um trabalho de assistência à população carente e faminta, ele conheceu um rishi, sábio hindu que tinha em seu poder grande quantidade de placas de pedra escritas em naacal, a língua nativa de Mu.

De acordo com a teoria de Churchward, baseada nas pedras escritas em naacal e nas tradições orais das ilhas do Pacífico e de regiões das Américas do Sul e Central, os primeiros seres humanos foram originados em Mu, há uns 200 milhões de anos. A ciência deles, inclusive a capacidade de manipular a gravidade, era muitas vezes mais adiantada do que a nossa. Não obstante, há aproximadamente 12 mil anos, a tragédia se abateu sobre os mus, na forma de uma gigantesca explosão de gás.

Arruinado, o continente de Mu submergiu no oceano Pacífico. Tudo o que restou da massa de terra de 8 mil quilômetros de comprimento por 5 mil quilômetros de largura foram algumas poucas ilhas dispersas acima das ondas. As gigantescas e inexplicáveis obras existentes em várias ilhas do Pacífico, bem como as grandes cabeças de estátuas na ilha de Páscoa, não poderiam ter sido construídas pela limitada mão-de-obra disponível nas ilhas, justamente por causa de suas dimensões atuais.

Além disso, convém notar que os havaianos nativos ainda dão a esse continente perdido o nome de Mu. Dos habitantes do antigo Mu, calcula-se que quase 64 milhões de pessoas tenham perecido na explosão cósmica. Os sobreviventes colonizaram os outros continentes.

Churchward morreu em 1936, com a idade de 86 anos, depois de ter escrito cinco livros sobre o continente de Mu. Mais referências por escrito a Mu devem ainda existir em alguns dos mosteiros localizados nas altas montanhas da Ásia central.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Modernas Profecias


A profecia é uma tradição muito apreciada. Assim, não há motivo para sermos levados a acreditar que não existam profetas aptos praticando sua presciência entre nós nos dias de hoje. Na realidade, talvez haja um número maior de profetas hoje do que na Idade Média, se considerarmos o aumento considerável da população mundial.

O romancista e pensador social inglês H. G. Wells (foto acima) errou na previsão do início da Segunda Guerra Mundial em um ano, e também no concernente à localização, uma estação ferroviária de Dantzig, embora tivesse acertado o país - Polônia (Os alemães, na verdade, usaram um transmissor de rádio como desculpa pelo ataque).

Homer Lee, comentarista militar, previu de modo preciso que os japoneses usariam a movimentação de tropas baseadas no golfo de Lingayen para invadir as Filipinas e impedir a passagem dos americanos em Corregidor, isso 32 anos antes de o fato realmente acontecer.

O problema, naturalmente, é que as profecias podem ser corretas, porém não terão nenhum efeito sobre eventos subsequentes se as pessoas não tomarem as necessárias providências. Temos, por exemplo, a previsão feita pelo médium profissional Cheiro, que aconselhou Lord Kitchener a não viajar por via marítima no ano de 1916. Kitchener ignorou a advertência e embarcou rumo à Rússia no Hampshire, no ano previsto. O navio foi de encontro a uma mina e afundou, levando o descrente lorde para as profundezas.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Profecias de Nostradamus


Dos profetas antigos e atuais, poucos conquistaram a imaginação do público como Michel de Nostre-Dame, ou Nostradamus, médico e astrólogo judeu nascido em Saint-Remy, França, em 1503.

Em 1555, ele publicou Centúrias Astrológicas, série de profecias escritas em três agrupamentos de uma centena de estrofes cada um e, quase que imediatamente, transformou-se no que, hoje em dia, chamaríamos de um best-seller.

A profecia responsável por sua reputação era colocada nos seguintes termos: "O jovem leão dominará o velho no campo de batalha, em um combate único; em uma jaula de ouro ele perfurará seus olhos, dois ferimentos em um, então morrerá em morte lenta e cruel".

Pouco depois da publicação das Centúrias Astrológicas, Henrique II, da Inglaterra, durante festividades de casamento, bateu-se em uma justa com o jovem Montgomery, cuja lança quebrou e perfurou o elmo de ouro de Henrique, atingindo-o no olho. Dez dias depois, o rei, que usava um leão como emblema, teve morte dolorosa.

A reputação de Nostradamus estava assegurada. Alguém poderá argumentar que a interpretação foi feita para se adaptar à previsão, especialmente porque se referia a eventos acontecidos em sua própria época. No entanto, as previsões de Nostradamus anteciparam pessoas, lugares e fatos que somente ocorreriam alguns séculos mais tarde, inclusive a Revolução Francesa, a trajetória infeliz de Luís XVI e de Maria Antonieta, que terminaram na guilhotina, a ascensão de Napoleão, a Segunda Guerra Mundial (ele chegou mesmo a fazer trocadilhos com os nomes de Hitler e Roosevelt), ataques aéreos sobre a Inglaterra, e até o uso de armas atômicas.

Que mistério existe hoje em dia nestes dois versos, por exemplo: "Um príncipe líbio ficará poderoso no Ocidente. A França ficará preocupada com os Árabes".

Não é preciso muita imaginação para descobrir o nome do príncipe líbio. Basta ler um exemplar de qualquer jornal recente.

A subida ao poder do aiatolá Khomeini e a queda do xá do Irã são misteriosamente previstas nesta estrofe: "Chuva, fome e guerra incessante na Pérsia. A fé excessiva trairá o rei. Terminará ali - começará na França".

Ainda nos lembramos que foi durante o exílio na França que o aiatolá estabeleceu as bases para a revolução contra o xá Reza Pahlevi, e para o próprio retorno ao Irã.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

OVNIs Nazistas


Alguns teóricos vêm, há muito tempo, tentando encontrar explicações plausíveis para os indefiníveis OVNIs. As similaridades entre o advento do moderno disco voador, no verão de 1947, e os avanços subsequentes na tecnologia aeroespacial, tanto dos soviéticos quanto do bloco ocidental, dizem eles, são muito surpreendentes para pensarmos em simples coincidência.

Na verdade, fontes dispersas indicam que a Luftwaffe (força aérea) de Hitler, que desenvolveu o primeiro caça a jato em todo o mundo, trabalhava arduamente no projeto de uma série de armas aéreas super-secretas, durante os últimos dias da Segunda Guerra Mundial.

De acordo com relatório publicado em 13 de dezembro de 1944, por Marshall Yarrow, correspondente da Reuters, "os alemães produziram uma arma secreta, que poderá vir a ser usada no fim do ano. O novo dispositivo que, aparentemente, é uma arma de defesa aérea, parece as bolas que enfeitam as árvores de Natal. Elas já foram vistas pairando no ar sobre a Alemanha, algumas vezes sozinhas, outras em grupo. A cor dessas bolas é prateada e elas são, aparentemente, transparentes".

Seriam as bolas voadoras as Foo Fighters, tão famosas durante a Segunda Guerra Mundial, ou será que os engenheiros nazistas desenvolveram algo ainda mais sofisticado?

O pesquisador italiano Renato Velasco afirma que os alemães produziram uma máquina voadora em forma de disco, de perfil baixo, à qual eles deram o nome de Feuerball (Bola de Fogo), usada tanto como dispositivo anti-radar quanto arma de guerra psicológica contra as forças dos Aliados.

Uma versão melhorada, o Kugelblitz (Relâmpago de Fogo) substituiu o motor de turbina a gás da Feuerball por outro que empregava a propulsão a jato. De acordo com Velasco, o Kugelblitz foi o primeiro avião capaz de pousar e decolar verticalmente. Seu projetista foi Rudolph Scriever, e, ao que consta, o aparelho era produzido na fábrica da BMW, perto de Praga, em 1944.

A aeronave voou pela primeira vez em fevereiro de 1945, sobre o amplo complexo subterrâneo de pesquisas de Kahla, Turíngia, Alemanha. Foi também nessa área das montanhas Harz que, de acordo com informações confidenciais, Hitler pretendia construir seu último bastião, fortificado pelas novas "armas secretas" que Goering, comandante da Luftwaffe, vinha prometendo tanto.

O tempo foi implacável para o arsenal secreto dos nazistas. Mas se a União Soviética, bem como qualquer outra potência, conseguiu assimilar a tecnologia dos discos voadores, isso pode ter levado à experimentação e ao desenvolvimento de algo que deu origem aos frequentes relatos dos primeiros OVNIs, iniciados em 1947.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Um Pároco Cátaro


Ele deveria ter sido um modesto padre de uma paróquia insignificante. Em vez disso, François-Berenger Saunière procurou a companhia de uma linda estrela da ópera francesa, e acabou com quatro contas bancárias, com as quais financiou a restauração de uma obscura capela francesa em Rennes-le-Château.

A igreja foi decorada com uma estátua representando a figura do Diabo, o que levou todo mundo a se perguntar se a recente fortuna de Saunière viera de Deus ou de Satã.

A resposta pode ser encontrada entre as lendas de certa doutrina herética do século 13, conhecida como seita dos cátaros, que controlava a província francesa de Languedoc, no Mediterrâneo.

Os cátaros acreditavam no Demiurgo, nome dado pelos platônicos ao Deus que teria criado o mundo, utilizando para tanto a matéria já preexistente. O Demiurgo, deus inferior ou mesmo maligno, que devia ser derrotado para que se conseguisse a salvação, concedia favores a seus servos, assim como o Deus cristão.

No dia 2 de março de 1244, o último baluarte cátaro em Montségur foi derrubado por forças ortodoxas. No entanto, correram boatos segundo os quais o tesouro dos cátaros fora escondido antes da queda final. Seria aquele o mesmo tesouro que Saunière descobrira, logo após assumir a direção da pequena cidade de Sainte-Madelaine, em Rennes-le-Château, em 1885?

Pouco depois de sua chegada à cidade, Saunière visitou Paris, e a vida nunca foi mais a mesma para o pobre pároco do interior. Seus paroquianos ficaram atônitos, quando o humilde Saunière recebeu a visita de Emma Calve, a mundialmente famosa soprano, em Rennes-le-Château. Na verdade, ela continuou a se encontrar com o padre, até seu casamento com o tenor Gasbarri, em 1914.

Além de gastos desconhecidos, Saunière investiu mais de 1 milhão de francos na restauração da obscura igreja de Sainte-Madelaine, inclusive dos diabos de pedra.

Sobre o pórtico frontal ele mandou gravar as seguintes palavras: "Este é um lugar terrível".


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

A Maldição de James Dean

James Dean seguia ao volante de seu Porsche 550 Spyder para uma corrida em Salinas, na Califórnia, quando um veículo atravessou a pista na sua frente ao fazer uma conversão permitida.

Às vezes, é a própria coisa - uma jóia fabulosa ou um navio malfadado - que parece abrigar e perpetuar uma maldição. Outras vezes, uma figura pública pode vir a ser, inexplicavelmente, ligada a um objeto em particular, provocando a mão do destino.

Esse poderia ser o caso do Porsche em que James Dean, a lenda dos adolescentes rebeldes dos anos 1950, colidiu e morreu em 1955, terminando de forma trágica o que muitos consideravam como uma das carreiras mais brilhantes e promissoras de Hollywood de todos os tempos.

Independentemente de qual tenha sido seu pedigree anterior, o fato é que, a partir do momento em que James Dean morreu ao volante, aquele Porsche passou a sofrer sua própria fase de má sorte.

Depois da morte do ídolo, George Barris, entusiasta por carros esportes, comprou-o, mas, quando estava sendo tirado do guincho, o automóvel escorregou e quebrou a perna do mecânico. Barris vendeu o motor a um médico e piloto amador, que o instalou em seu carro. Algum tempo depois, o médico perdeu o controle da máquina durante uma competição e morreu. Outro piloto, na mesma corrida, ficou ferido numa colisão. Acontece que esse segundo carro estava equipado com o eixo cardã do Porsche de James Dean.

A carroceria e o chassi do Porsche ficaram tão irremediavelmente danificados no acidente do ídolo que acabaram expostos como parte da campanha de segurança nas estradas. Em Sacramento, o que restava do automóvel caiu da plataforma, quebrando a bacia de um adolescente que visitava a exposição. Em seguida, ao ser transportado para outra cidade em caminhão, a máquina provocou outro acidente. O motorista do carro que bateu na traseira do caminhão foi atirado para fora, atropelado e morto pelo Porsche maldito.

Certo piloto de corridas quase morreu, depois de usar dois pneus do carro fatídico de James Dean. Os pneus estouraram ao mesmo tempo. Enquanto isso, a exposição itinerante continuou a fazer das suas. No Oregon, o freio de emergência do caminhão que transportava o Porsche falhou, e o veículo foi de encontro à vitrine de uma loja comercial. Quando estava montado sobre suportes em Nova Orleans, o carro praticamente desintegrou, quebrando em onze partes.

O carro esporte de James Dean, bem como a maldição que o acompanhava, desapareceu quando o Porsche foi enviado de volta a Los Angeles, de trem.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Jack, o Stripteaser

Uma ilustração do que seria os bordéis de Londres no sec. XIX, com a figura de Jack, o Estripador.

A sequência de crimes, atenham-se, não se passa numa Londres vitoriana do final do século XIX, mas sim, nos anos 1960. Tanto que se referem a Jack, the Stripteaser, e não a Jack, the Ripper. Mas, vamos aos fatos.

Em uma madrugada que não se sabe bem se foi a de 22 ou de 23 de abril, em 1964, Helen Barthelemy, 22, estava conversando e dançando com garotos e garotas afro-caribenhos no Jazz Club de Westbourne Park Road, em Londres.

Então pediu a alguém que olhasse por sua bolsa, pois precisava dar uma saidinha.

A notícia seguinte que se teve dela é que foi encontrada nua em uma viela da avenida Swincombe, oeste de Londres, na manhã do dia 24. Morta.

Asfixiada, sua roupa estava torcida em torno do pescoço e, embora quatro de seus dentes estivessem faltando, nada sugeria que houvesse levado um soco. Marcas em volta da cintura indicavam que a calça que usava foi retirada com violência depois da morte.

Jack, the Ripper (Jack, o Estripador) e, 80 anos depois, Jack, the Stripper (Jack, o Stripteaser). O primeiro matou e esquartejou 11 prostitutas durante o reinado da rainha Vitória, no final dos anos 1800. Já o segundo matava as prostitutas com muita violência e as jogava por Londres, ou atirava no rio Tâmisa, completamente nuas. Foram seis vítimas, ou oito, o último ataque completando 50 anos. Nenhuma delas violentada sexualmente.

O detetive superintendente John du Rose foi um dos encarregados do caso. Mais tarde, ao referir-se a ele em sua autobiografia, Rose listaria como seis os "Nude Murders" (assassinatos nus, como o episódio também passou a ser tratado pela mídia). Alguns jornalistas e autores (livros foram escritos tratando do caso) consideraram oito.

O primeiro teve como vítima Elizabeth Figg, de 21 anos. Foi encontrada no distrito de Chiswick, ao lado do Tâmisa, em 17 de junho de 1959 – os crimes reconhecidos como do Stripper aconteceram entre 1964 e 1965. Figg foi estrangulada, como as outras, mas apenas os seus seios estavam nus.

A segunda vítima colocada em dúvida foi Gwynneth Rees, 22 anos, encontrada em 8 de novembro de 1963, estrangulada com uma gravata, em um depósito de lixo ao lado do Tâmisa. No corpo havia apenas as meias de náilon, puxadas até os tornozelos.

Notting Hill é um distrito do centro-oeste de Londres, atualmente um dos mais charmosos da cidade, mas já foi palco de muitos crimes, como estes de que tratamos, cometidos em suas proximidades. É claro que, sendo assim, eles passaram a ser chamados também de "The Notting Hill Murders" (os assassinatos de Notting Hill).

Entre os casos reconhecidos como do Stripper há o de Helen Barthelemy, o primeiro a apresentar uma pista importante.

Um dos detetives encarregados, Maurice Osborne, da Scotland Yard, deduziu que o Stripper a colocou em um carro, estrangulou-a, tirou as roupas dela e a escondeu por 24 horas. E aqui cometeu um erro: deixou-a, durante esse tempo, em uma oficina de pintura. Depois levou-a para aquela viela da avenida Swincombe.

Só que, agora, o corpo de Helen Barthelemy apresentava algumas marcas de pintura spray.

Hannah Tailford, 30, também prostituta, deu à luz uma garotinha e conheceu um marinheiro que montou uma casa para ela e a filha. Tudo ia bem até que Hannah resolveu morar sozinha e mudou-se para Notting Hill.

Seu corpo foi encontrado às margens do Tâmisa, perto da ponte de Hammersmith, em 2 de fevereiro de 1964.

O corpo de Irene Lockwood foi encontrado em 8 de abril de 1964, em uma margem do Tâmisa não muito distante do local em que Hannah Tailford foi deixada. Também nua, também estrangulada, ela estava na água havia pelo menos 24 horas.

Mary Flemming chegou a Londres em 1955 e, entre outros endereços, teve um em Notting Hill.

Em 10 de julho de 1964, ela estava em um clube clandestino de bebidas de onde saiu às 5h. Seu corpo foi jogado entre 5h e 5h30 do dia 14 em uma rua do distrito de Chiswick. Tinha as mesmas características dos anteriores, inclusive a mais importante: marcas de tinta spray.

Nascida em Edimburgo, capital da Escócia, Francis Brown chegou a Londres em 1961. Foi logo presa por prostituição em locais públicos. No dia 23 de outubro de 1964, ela passou a maior parte da noite em um bar, bebendo com uma amiga, a também prostituta Kim Taylor. Por volta das 23h, elas abordaram dois homens, em dois carros parados em um semáforo. Acertando seus programas, as duas combinaram de encontrar-se mais tarde em um clube de jazz.

A irlandesa Bridget O´Hara, 28, foi encontrada morta no Heron Trading Estate, atualmente um grande centro de comércio e entretenimento, a apenas alguns metros da linha do metrô, em 12 de fevereiro de 1965. Nua, morta por asfixia, ela também tinha marcas de tinta.

Foi aqui, após a morte de O´Hara, que o detetive John du Rose, da Scotland Yard, entrou em ação.

Uma de suas primeiras ordens, é lógico, foi para que seus homens encontrassem a origem daquelas marcas de tinta. E, surpresa, elas vinham dali mesmo, da Heron Trading Estate, de uma estufa próxima de onde a última vítima havia sido encontrada, e por onde pelo menos outras três das garotas haviam passado.

Sete mil pessoas foram interrogadas, Du Rose se apressou a anunciar. Duzentos detetives e cem policiais fardados se movimentavam como uma gigantesca aranha por todo o distrito de Notting Hill e por bairros adjacentes. Du Rose imaginava seu alvo como um homem nos seus 40 anos, forte e viril.

Os assassinatos, então, pararam.

O detetive não identifica Jack the Stripper em sua autobiografia, mas ele tinha um forte candidato, que citou através de um nome de código, Big John, em um programa de TV da BBC em 1970.

Disse que era um respeitável senhor casado nos seus anos 40. Na verdade, Du Rose se referia a Mungo Ireland, um daqueles 7.000 entrevistados, todos funcionários da Heron Trading Estate, onde era um dos guardas de segurança.

Ireland nem chegou a ser acusado formalmente: não havia uma única prova contra ele. Foi levado à presença de Kim Taylor, a prostituta que estava com Mary Fleming quando as duas se separaram e entraram em dois carros. Kim não o reconheceu.

Mungo Ireland suicidou-se com o monóxido de carbono de seu carro ligado em garagem trancada. Deixou um bilhete para a mulher: "Não aguento mais. Para poupar você e a polícia de procurarem por mim, estarei na garagem".

Assim como Jack the Ripper, Jack the Stripper também é um homem sem rosto.


Anélio Barreto - Folha de São Paulo (4/9/2015)