quinta-feira, 24 de março de 2016

Um Relâmpago em Forma de Bola


Uma série de aparições na pequena cidade de Levelland, Texas, na noite de 2 de novembro de 1957, pode ser classificada como um dos casos mais assombrosos nos anais da ufologia.

O primeiro a notificar as autoridades foi um colono "aterrorizado", chamado Pedro Saucedo. Ele e um amigo estavam passando pela Estrada 116, a pouco mais de 6 quilômetros de Levelland. Eram 22h30 quando um "relâmpago" iluminou um dos lados da estrada.

- Não pensamos muito naquilo - declarou Saucedo, posteriormente -, mas aí o relâmpago se elevou do campo e começou a vir em nossa direção, aumentando a velocidade. Quando chegou mais perto, os faróis de meu caminhão apagaram e o motor morreu. Pulei para fora e me deitei no chão, quando a coisa passou diretamente sobre o caminhão fazendo um barulho atordoante que mais parecia uma tempestade de vento. A coisa produziu um ruído semelhante ao de um trovão, e meu caminhão chegou a balançar. Senti um forte calor.

O que Saucedo chamou de "a coisa" era um objeto em formato de torpedo, com aproximadamente 60 metros de comprimento. O patrulheiro A. J. Fowler, que atendeu ao chamado, achou que Saucedo estivesse bêbado e não deu maior atenção ao fato. Mas, menos de uma hora depois, "a coisa" estava de volta. Dessa vez quem estava ao telefone era Jim Wheeler. Ele também estivera na Estrada 116 quando encontrou um OVNI em forma de ovo de 60 metros bloqueando a pista. Quando Wheeler se aproximou do objeto, seus faróis apagaram e o motor do carro morreu.

Antes do final da manhã do dia seguinte, cinco outros motoristas nas proximidades de Levelland relataram experiências similares: um grande objeto brilhante, semelhante a um ovo, pousado na estrada ou pairando ali por perto, e a falha do sistema elétrico de seus veículos, que voltaram a funcionar normalmente quando o OVNI foi embora.

O mais incrível dessas aparições lendárias de Levelland é o fato de que o Projeto Blue Book, da Força Aérea dos EUA, após um exame superficial, "solucionou" o problema atribuindo o fenômeno a um relâmpago em forma de bola!


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Chovendo Peixes

Uma gravura de 1555: chuva de peixes.

No século passado, a Academia Francesa de Ciências declarou que os meteoros não existiam. Os camponeses que declaravam ter visto pedras caindo do céu, disseram os acadêmicos, estavam simplesmente imaginando coisas.

O barão de Cuvier, naturalista francês que formulou as leis da anatomia comparada e lançou as bases da paleontologia animal, declarou categoricamente:

- Pedras não podem cair do céu, porque não existem pedras no céu.

Nos dias de hoje, a ciência responde de forma similar aos difundidos relatórios de peixes cadentes. Como não existem peixes no céu, objetam os cientistas ortodoxos, como eles poderiam cair das nuvens?

Se tais histórias forem verdadeiras, os peixes devem ter sido sugados para fora da água por um redemoinho de vento, transportados a pequenas e grandes distâncias, e então despejados no quintal de alguém.

O fato inegável é que peixes, realmente, caem do céu. A cidade de Cingapura, por exemplo, foi abalada por um terremoto no dia 16 de fevereiro de 1861 e, durante os seis dias seguintes, caiu uma chuva torrencial. Depois que o sol surgiu, no dia 22, o naturalista francês François de Castlenau olhou pela janela.

- Vi uma grande quantidade de malaios e chineses enchendo cestos com peixes, apanhados nas poças de água que cobriam o chão - declarou.

Ao perguntar àquelas pessoas de onde tinham vindo tantos peixes, elas simplesmente apontaram para cima. A "chuva de peixes", envolvendo peixes-gatos, uma espécie de peixes nematógnatos (sem escamas) encontrados no local, cobriu uma área de mais de 20 hectares.

Quase um século mais tarde, no dia 23 de outubro de 1947, o biólogo marinho D. A. Bajkov tomava seu café da manhã em Marksville, Louisiana, quando começou a chover.

Pouco depois, as ruas estavam repletas de peixes. Bajkov identificou-os:

- Eram peixes-luas, peixes fluviais de olhos saltados, e percas de até 23 centímetros de comprimento.

Esses peixes foram encontrados também nos telhados, já mortos, mas ainda comestíveis.

Os peixes não são a única matéria animada a cair do céu. Aqueles que registram esse tipo de anomalia também já relataram dilúvios de pássaros, rãs, ratos, cobras, sangue, e até mesmo pedaços de carne crua, sugerindo que os céus podem guardar outras variedades de alimentos, além do maná que, segundo a Bíblia, teria caído para alimentar os israelenses.


Fonte: Livro «O Livro dos Fenômenos Estranhos» de Charles Berlitz

Os Náufragos


Em "Os Náufragos", de 1944, o narrador recorda os desastres marítimos de sua infância. Quando havia gente rica a bordo, os naufrágios traziam alegria para a comunidade pobre. Eram dias de festa, com romaria e os pescadores cantando ...

A paisagem era baixa, escura e surda. Não se via logo o mar, mas desde longe pressentia-se a sua presença. E naquele lugar, onde eu sonhara tanto na minha infância, não havia dias, nem tardes, nem crepúsculos – não sei por que estranho acaso era sempre o mesmo tempo, a mesma hora indefinida, a mesma estabilidade na cor e a mesma doentia densidade nos minutos. Lembrava-me de coisas que decerto nunca tinham existido por ali: rochas, rochas bem nuas batidas pelo mar, palmeiras, areias claras como tantas vezes vira nas praias dos meus primeiros anos.

– Quem vem lá? – gritava eu assim que pressentia o menor rumor.

Às vezes não era ninguém, apenas o vento. Dir-se-ia que ali era ele mais forte e mais constante do que em todas as partes do mundo. O vento ali era soberano. Mas outras vezes, através daquele perpétuo entardecer que cobria a restinga, ouvia uma voz – um brado – alguém que se perdera, um caminhante ou um antigo conhecido de meu pai. Acendia então a lanterna e balançava-a para guiar melhor o visitante. Não raro, contavam-me histórias de naufrágios.

Às vezes histórias antigas, de vez em quando histórias modernas, o “Helena”, o “Duquesa Alisa”, “Abaeté” e outros, que povoam o mar de destroços e o lugar de um terror mais acentuado ainda. O “Duquesa Alisa” explodira não muito longe da rocha alta, a alguns quilômetros de distância, numa noite em que havia festa a bordo. Mais tarde, encontraram os corpos despedaçados, alguns ainda com joias, mulheres com diademas, homens com fraques pela metade.

Recolheram todos os anéis e todos os broches dos ricos que viajavam no navio sinistrado, levando-os mais tarde, em romaria, à Virgem Padroeira da restinga. Foi um dia de festa, os pescadores cantando, a caixa na frente, com as joias retiradas dos afogados. Por isto é que a Virgem, tão pequena, ostenta hoje um tão grande número de joias.

– Quem vem lá? – pergunto ainda quando acordo de noite e escuto o vento monótono, o eterno vento, passar acima do teto da cabana.

Ninguém responde. Há anos que ninguém responde coisa alguma. Meu avô, que também não dorme e acredita no castigo que nos espera além túmulo, tosse do seu canto e ri:

– Não é ninguém, menino, são os mortos do “Duquesa Alisa” que ainda procuram repouso.

Às vezes, para provar o que diz, ele sai em longas peregrinações pela praia, gastando nisto quase metade do dia – tão longe é o mar, tão grande é a praia. Volta com panos, madeiras, restos de embarcações, onde pinta em letras brancas e azuis, letras trocadas, conforme seu vocabulário: I – R – E – N – E. E outros nomes, como Maria Isabel, Julia, Marcelo, Joaquim e Teresa. Pergunto-lhe o que significam. Não me responde, apenas levanta os ombros e vai colocar as tábuas na cerca mais próxima, afirmando depois, quando está de bom humor, que assim pode auxiliar o espírito dos que morreram nos naufrágios, pois, depois de mortos, a única coisa que reconhecem são as letras dos nomes que usaram nesta vida.

Uma vez, vimos um navio grande apitar através da bruma. O mar, forte, fazia um rumor fora do comum.

– Deve estar em perigo – avisou meu avô.

Fomos até a praia, afrontando o vento e a neblina fria que vinha do mar. De novo ouvimos o apito, surdo, como se estivesse chamando por socorro.

– Estão talvez à procura de alguém, um barco de pescadores – disse de novo o meu avô.

Mas a cerração era muito forte e não víamos coisa alguma. Gastamos inutilmente várias horas, sem que nada conseguíssemos divisar. Só aquele apito surdo, intermitente, que às vezes rasgava a bruma e vinha até nós como uma sinistra advertência. Voltamos apreensivos, sem trocar palavra. Comigo mesmo imaginava que a Virgem da restinga ia ganhar mais algumas joias. E foi naquela noite, precisamente, que ouvimos falar na velha que provocava desastres.

– É ela quem comanda a Costa do Infortúnio – afirmou Simeão, descansando sua rede gasta num canto da sala.

Ainda não ouvira falar na misteriosa velha, por isto, com o coração trêmulo, aproximei-me da mesa, em torno da qual os velhos se reuniam. O rumor do mar era tão grande que as águas pareciam estar apenas a alguns passos de nós.


Os Náufragos - Lúcio Cardoso (publicado no jornal "A Manhã" em 1944)

Ladrões de Cadáveres - II

Roubo de sepultura em andamento ...

A fim de compreender a anatomia humana, estudantes de medicina devem ter acesso a cadáveres. Hoje isso é verdade, e era quando o Dr. McDowell começou a ensinar anatomia. Atualmente os estudantes de medicina têm acesso a cadáveres para dissecação - milhares de pessoas deixam seus corpos para a ciência cada ano. No século 18, bem, nem tanto.

O consenso geral do público, naquela época, era que os estudantes de medicina não deviam dissecar cadáveres humanos. Era considerado falta de respeito, beirando a blasfêmia. Mais tarde, depois de alguns anos, as escolas de anatomia obtiveram permissão para usar os corpos dos assassinos enforcados, ou cadáveres não reclamados. Mas não era suficiente. As escolas foram forçadas a recorrer a ladrões de corpos.

Dr. McDowell
Dr. Joseph Nash McDowell (01/04/1805 - 18/09/1868) foi um médico e um cirurgião altamente qualificado. Ele lecionava anatomia humana em uma faculdade de medicina localizada na 8th Street e Gratiot, próximo de Chouteau Pond, em St. Louis, Missouri. O lugar tinha má reputação. Histórias de arrepiar os cabelos e estranhas experiências médicas estavam ligados à faculdade, e diretamente ao Dr. McDowell. Multidões enfurecidas invadiram essa faculdade em duas ocasiões distintas.

McDowell teve uma reputação como ladrão de túmulos, e foi bem merecida. Considerando que alguns professores de anatomia enviavam seus alunos para fora do cemitério para fazer o trabalho sujo, McDowell levava os seus para dentro, tarde da noite, em expedições de remoção ilegal de cadáveres (Body Snatching). Uma tarefa perigosa, porque roubar corpos era (e é) completamente ilegal.

"Resurrection's Men" (homens-ressurreição), ladrões profissionais.

Mas nem todos os médicos eram tão corajosos assim. Alguns usavam os serviços de "Resurrection's Men" (homens-ressurreição), ladrões profissionais que atendiam a necessidade das escolas médicas para cadáveres. Essa terceirização nem sempre foi bem-sucedida.

Em 1828, Edimburgo, Escócia, um médico chamado Robert Knox combinou a compra de alguns cadáveres com um par de imigrantes irlandeses chamados William Burke e William Hare. Como se constata, Burke e Hare não foram desenterrar cadáveres, eles os estavam criando. Ao longo de cerca de dez meses, eles estrangularam 16 pessoas, e venderem seus corpos para Dr. Knox.

Gaiolas de ferro para caixão chamadas "mortsafes".

Tanto nos Estados Unidos e na Europa, as pessoas estavam bastante preocupadas com a possibilidade de seus entes queridos a serem roubados de suas sepulturas. Uma indústria de dispositivos de proteção cemitério surgiu. Eles variaram de uma laje pesada de pedra a ser colocada em cima do caixão, para gaiolas de ferro para caixão chamadas "mortsafes", para armadilhas com armas no cemitério e até mesmo bombas.

No século 20, os governos começaram a entender a importância de disponibilizar cadáveres para estudantes de medicina, e as diretrizes foram relaxadas. O sequestro de corpos é quase extinto agora, com a exceção estranha e ocasional de criminosos que roubam corpos na esperança de conseguir dinheiro do resgate de seus entes queridos.


Fonte: Mad Doctor McDowell

Ladrões de Cadáveres - I

Body Snatchers desenterrando um cadáver recém-enterrado (The Independent, EUA, séc. 19)

Antes da promulgação da Lei da Anatomia em 1832, os únicos cadáveres que se podiam usar para fins de estudo anatômico no Reino Unido eram os dos condenados a morte e dissecação pelos tribunais, ocasionando, assim, falta desse material para as escolas de medicina e anatomia.

No século XIX somente 55 pessoas foram condenadas a forca por ano, enquanto as escolas precisavam de pelos menos 500 corpos. Então, se recorreu aos ladrões de túmulos e assassinos de indigentes, para a obtenção de cadáveres, viabilizando o estudo de órgãos e tecidos por acadêmicos de medicina.

Roubar cadáveres era um delito menor, punível somente com multas e detenção. A venda de corpos era um negócio muito lucrativo e os infratores assumiam o risco de uma detenção, especialmente quando as autoridades fechavam os olhos, ao considerar que se tratava de um mal necessário.

Essa prática ficou tão comum nessa época, que não era raro parentes e irmãos de um recém falecido ficassem vigiando o corpo até o enterro, e que depois disso vigiassem também a tumba para evitar que a mesma não fosse violada. Os ataúdes de ferro começaram a ser usados com frequência, assim como uma armação de barras de ferro chamada de "mortsafe", se encontrando algumas bem conservadas na igreja de Geryfriars (Edimburgo).

Nos Países Baixos os hospícios costumavam receber uma pequena parte das multas que as empresas funerárias pagavam por infringir as leis sobre enterros e revender os corpos (normalmente daqueles que não tinham parentes) aos médicos.

Um método utilizado pelos ladrões de cadáveres ou "Body Snatchers", era cavar na frente de um túmulo novo, usando uma pá de madeira (mais silenciosa do que a de metal). Quando chegavam ao caixão (em Londres as sepulturas eram superficiais), o quebravam e amarravam uma corda no defunto e o puxavam. Tinham o cuidado de não se apossarem de joias ou roupas, para não transformar o pequeno delito em crime grave (essa última parte, no mínimo, curiosa ou difícil de se crer).

O "The Lancet", revista médica britânica, relatou um outro método: retirava-se uma parte do gramado que ficava a uns cinco ou seis metros da tumba, onde era escavado um túnel até o caixão, de onde o cadáver era removido. A vantagem desse método, era que os parentes que vigiavam as tumbas, não notavam nada de anormal. O artigo da revista sugere que o número de caixões vazios descobertos "prova além de qualquer dúvida de que, neste momento, o roubo de corpos era frequente."

Nos Estados Unidos, no final de 1800, a maioria das pessoas não estavam abertas à ideia de doar seus corpos para a ciência, e assim (como na Europa) era muito difícil para as escolas de medicina dessa época adquirir cadáveres frescos para os alunos dissecá-los e estudá-los.

Assim, toda uma indústria subterrânea foi desenvolvida na Costa Leste americana - uma indústria dedicada a roubar cadáveres e vendê-los para escolas médicas. Eram os "Body Snatchers", ou "Ressurreicionistas", como eles chamavam a si mesmos, que como abutres, rondavam os cemitérios à procura de escavações frescas e subornando agentes funerários para facilitar o roubo dos cadáveres.

Eles até entravam em asilos e se faziam passar por parentes de idosos que lá faleciam, para que pudessem reivindicar seus corpos.


Fontes: offbeat OREGON; Wikipédia; Bailey, J. B. (1896). The diary of a resurrectionist, 1811-1812. Londres: S. Sonnenschein & co.