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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O vale das sete mortes

Ainda hoje são muitas as regiões inexploradas do globo, e não é de se excluir que próximo de outros teatros de mistérios tremendas destruições sejam trazidas à luz do sol. Na Índia não deveriam ser poucos, tendo em vista as abundantes referências que se encon­tram nos livros antigos; e uma dessas plagas alucinantes poderia ser identificada com o "vale das sete mortes", cuja localização é mantida secreta pelas autoridades de Nova Délhi, na tentativa de evitar que algum louco, seduzido pelas lendas que falam de imensos tesouros, se entregue a uma aventura quase sempre fatal, como aconteceu aos companheiros de um tal Dickford, há setenta anos.

Graham Dickford era um daqueles aventureiros que pululavam no século passado, procurando alcançar riqueza de qualquer maneira, arriscando mesmo a própria vida ou, até mesmo, a dos outros.

Os funcionários britânicos na índia souberam da existência desse aventureiro em 1892, quando foi recolhido em míseras condições nos arredores de uma cidadezinha, e imediatamente internado num hospital. Em frases entrecortadas, Dickford contou ter escapado de uma experiência pavorosa: junto com outros colegas do seu tipo, o aventureiro conseguira localizar um misterioso vale no coração da selva e nele penetrar. Alguns indianos tinham-lhes contado que lá havia um templo abarrotado de fabulosos tesouros; mas ao invés da sonhada montanha de ouro e pedras preciosas, encontraram uma série de indescritíveis horrores.

Todos os seus companheiros morreram e, embora Dickford tivesse conseguido escapar aquele inferno, tinha as horas contadas: uma violenta febre o sacudia em contínuos tremores, sobre a cabeça ferida não restara um só fio de cabelo e o corpo estava coberto por terríveis queimaduras. Narrou a aventura em delírio, entremeado por gritos desesperados, falando num "grande fogo voador", de "sombras da noite", "fantasmas que matam com o olhar". As várias tentativas de se obter um relato compreensível foram vãs: de hora em hora a narrativa se tornava mais confusa e, três dias após ter sido encontrado, o aventureiro morria de maneira horrível, gritando e agitando-se a ponto de pôr em fuga, aterrorizados, os enfermeiros indianos.

A história de Graham Dickford foi a primeira notícia sobre o vale infernal. Ninguém o levou a sério, até que, em 1906, uma expedição organizada pelas autoridades britânicas confirmou o relatório do desditoso caçador de tesouros — pagando, no entanto, com duas vítimas a incursão ao que foi definido como "um caldeirão de bruxas da natureza".

Naquele ermo mortal reúnem-se os representantes das mais venenosas espécies de serpentes que a Índia hospeda, e também os monstros do reino vegetal se agrupam num amontoado de inúmeras plantas venenosas. Sobre esse horrível vale corre o "grande fogo voador" que o chefe da outra expedição assim descreve: "É suficiente acender uma pequena chama para que a terra seja sacudida por um estrondo infernal e nasça uma labareda que salta de um extremo ao outro do vale".

Muito estranha foi a circunstância em que os dois exploradores ingleses perderam a vida: descendo num estreito "funil", começaram a fazer movimentos curiosos, desordenados, para em seguida tombar no chão. Os companheiros se precipitaram em seu socorro, mas só puderam recuperar os cadáveres, tendo que abandonar rapidamente o local por causa do aparecimento de sintomas de atordoamento e sufocação. Durante a noite tiveram pesadelos terríveis, e um sentimento de inexplicável mal-estar se manteve por muitos dias.

Em 1911, uma segunda expedição penetrou no vale. Dos sete homens que entraram (todos veteranos da selva, habituados a qualquer perigo), somente dois voltaram: chegando ao centro de um espaço situado entre baixas colinas, os outros cinco de repente começaram a rodar em círculo, como autômatos, surdos aos chamados dos companheiros que se mantiveram fora da zona. Em seguida, caíram fulminados.

Um grupo de caçadores veteranos e decididos, que oito anos mais tarde entrou no "vale das sete mortes", encontrou 17 esqueletos humanos. Nem essa expedição saiu intacta: três de seus componentes se atiraram, sem motivo aparente (até a alguns minutos estavam brincando e rindo com os outros), do topo de uma parede rochosa, indo espatifar-se sobre as rochas.

Alguns estudiosos acreditam poder explicar os sinistros fenômenos que se verificam no "caldeirão das bruxas", atribuindo-os a gases naturais, uns inflamáveis, outros capazes de bloquear os centros nervosos provocando colapsos mortais, e mencionando também jatos de vapor de ácido carbônico que, em um clima peculiar, favoreceriam o desenvolvimento de plantas venenosas e o aparecimento de serpentes.

"Coisas demais num espaço pequeno demais", dizia Einstein, embora não a esse respeito. Os argumentos expostos, de qualquer ma­neira, não são absolutamente satisfatórios, sem contar que os "fantasmas" de Dickford, que "matavam com o olhar", não encontram sequer uma simples tentativa de explicação.

Devemos tentar com a "teoria espacial"? Poderíamos então pensar numa série de assombrosos fenômenos provocados pelo emprego daquelas armas termonucleares e daqueles engenhos ainda mais poderosos, que as descrições dos antigos textos indianos permitem entrever... e voltar ao Vale da Morte americano, aos seus répteis rastejantes, lá onde nenhuma outra forma de vida poderia sobreviver, às suas árvores monstruosas, aos vapores irrespiráveis, às fantasmagóricas luzes que — segundo nos conta o Doutor Martin — "surgem de repente do chão, tomam formas que lembram, às vezes, as humanas, deslizam na noite, ora muito lentamente, ora como relâmpagos, serpeiam, erguem-se como chamas, artelhos, de colunas de fogo branco, arremessam-se contra o céu..."
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Fonte: KOLOSIMO, Peter - Antes dos Tempos Conhecidos -  Edições Melhoramentos - 4.a Edição  - 1968.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

De Lemúria a Gondwana



Tentemos dirigir nossos olhos para o passado bem remoto da Terra: após relativa solidificação, veremos seu vulto mudar continuamente, atormentado por enormes cataclismos e convulsões horrendas. Continentes surgem do oceano inicial, transformam-se e, como plasmados por mãos gigantescas, de novo afundam, enquanto outros emergem, represam as águas entre seus monstruosos relevos, levando-as a formar enormes lagos que um sopro de fogo, do interior do globo, basta para fazer desaparecer em possantes colunas de vapor.

Instala-se afinal uma calma relativa: cerca de 1 bilhão de anos atrás, segundo muitos eminentes geólogos, dá-se a estabilização da superfície terrestre em uma única, grande massa continental: a Megagea (do grego: "grande terra"). Após 300 milhões de anos, o quadro muda mais uma vez: novas convulsões violentas provocam o aparecimento de abismos em vastíssimas regiões e delineiam continentes desconhecidos, destinados a desaparecer ou a mudar de as­pecto inúmeras vezes.

Umas dessas imensas formações teria ocupado grande parte do Oceano Pacífico, indo desde Madagáscar até o Ceilão, da Polinésia à Páscoa e à Antártida. Os estudiosos que aceitam essa hipótese chamam esse continente de Lemúria, afirmando que ele já existia no período Permiano (cerca de 250 milhões de anos) para desaparecer, após várias transformações, perto do início da era Terciária — devido a poderosos revolvimentos ocorridos há 60 milhões de anos. Os relevos de Lemúria poderiam ser identificados — além dos pontos citados para delinear, de maneira grosseira, seus limites — nas Ilhas Seychelles, Maldivas, Laquedivas, Quiagos, o banco de Sahia de Maiha e talvez também nas Ilhas Keeling. Entre os dados oferecidos para confirmação dessa hipótese, não podemos ignorar os relativos à afinidade da fauna e flora das regiões agora separadas pelas águas, mas que um dia constituíram parte integrante de vastíssimo continente.

Os estudiosos, — incluindo os que concordam em atribuir ao aparecimento da humanidade sobre a Terra uma data muito anterior à admitida até pouco tempo atrás pela ciência oficial — negam que a suposta Lemúria tenha hospedado formas de vida semelhantes à nossa. Entretanto, lendas polinésicas falam de "duas grandes ilhas" (continentes?) antiqüíssimas, habitadas uma por homens amarelos, outra por homens negros, que viviam em constante luta. Os deuses teriam tentado pacificá-los, mas afinal convencidos de que se tratava de inimigos inconciliáveis, teriam resolvido precipitar nos mares aquelas ilhas.

Mas há quem afirme conhecer mais: os cultores de ciências esotéricas, que acreditam poder reconstruir, com seus "estudos", a história não escrita da Terra. Podemos empreender com eles — como simples curiosidade — uma volta por aquilo que teria sido a Lemúria.

Acompanhando-os, chegamos a um continente rico em lagos e vulcões, sufocado sob um céu eternamente cinzento, nublado pela ininterrupta atividade de milhares de crateras. Aqui se movem criaturas de pesadelo que bem poderiam ter algum parentesco com os gigantes de Saurat e Bellamy: grotescas caricaturas de homens, seres com 3,5 m a 4,5 m de altura, exibindo no lugar da pele uma couraça moreno-amarelada — que lembra simultaneamente a do rinoceronte e a rugosa pele do crocodilo — braços e pernas muito longos, dobrados em amplo ângulo agudo, pois os cotovelos e os joelhos dispõem-se de tal maneira que os impedem de esticar completamente os membros. Mãos e pés são desproporcionadamente grandes, e o calcanhar mostra notável saliência traseira. Mas a parte mais assustadora desses lemurianos é sem dúvida a cabeça: o rosto é achatado, a mandíbula longa, os olhos pequenos e bem distanciados entre si, de maneira a permitir que seus donos enxerguem quer para a frente quer para os lados; mas não possuem somente um par de olhos: um terceiro, bem no meio da nuca, lhes permite dominar a paisagem que têm às costas. De cabelos, não há vestígio: se quiserem ter idéia do que é sua testa, peguem um tomate cheio de saliências, cortem-no pela metade em sentido horizontal e... divirtam-se!

Os senhores que parecem tão bem informados sobre a Lemúria acrescentam que, com o passar de milênios, essa raça teria melhorado de aspecto (e disso necessitava mesmo!) até perder a aparência monstruosa e adquirir o que seria o resultado de uma espécie de cruzamento entre macacos e bosquímanos: estes últimos, aliás, seriam realmente seus descendentes, junto com os aborígines australianos, os indígenas da Terra do Fogo e alguns outros grupos africanos ou indianos.

As primeiras choupanas desses seres teriam sido formadas com troncos amontoados de qualquer maneira; mais tarde, contudo, teriam construído pequenas cidades com blocos de pedra e lava, colocados de modo a constituir um cubo sem janelas, com uma porta e uma abertura superior para permitir a iluminação interna. Um desses centros se acharia a cerca de 30 milhas a oeste de Páscoa, no fundo do Pacífico, enquanto algumas ruínas poderiam ser encontradas nas selvas de Madagáscar.

É natural que nunca poderemos chegar à verdade sobre Lemúria, a exemplo do que ocorre com outro continente antiqüíssimo — o de Gondwana — também envolvido no mistério de alguns documentos, alguns dados científicos e muitas lendas. E quanto aos seus habitantes, a que os gregos se referem quando falam de "pré-selenitas"? Também poderia ser observado que os textos tibetanos assinalam-no florescente — quando nossa lua ainda não brilhava — povoado por seres muito sábios e evoluídos que construíram grandes "casas de cristal" (a ficção científica pensa em arranha-céus tipo "palácio de vidro"!).

Com pesquisas pormenorizadas sobre Gondwana, dedicaram-se a esse problema, de maneira especial, os geólogos Blandford e Süss, chegando a afirmar que esse continente teria tido geograficamente muitos pontos em comum com Lemúria: entre outros, a Ilha da Páscoa, África do Sul, Madagáscar e Ilha Central.

Teria Gondwana nascido do fracionamento da própria Lemúria, ou teria surgido como conseqüência das catástrofes que levaram esta última à destruição? Aqui temos também que nos satisfazer com fantasias sobre as migalhas que a ciência penosamente conseguiu juntar.
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Fonte: KOLOSIMO, Peter - Antes dos Tempos Conhecidos -  Edições Melhoramentos - 4.a Edição  - 1968.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A era dos gigantes

Monte Pelée é um vulcão situado no norte da Martinica e é mais conhecido pela erupção de 1902, uma das mais devastadoras de que se tem conhecimento, tendo causado a morte de quase 30.000 pessoas e a destruição total da cidade de Saint-Pierre, situada no sopé da montanha. Em 8 de maio de 1902, uma nuvem ardente se desprendeu do alto do vulcão e destruiu inteiramente a cidade. O fluxo piroclástico, uma cinza vulcânica com cerca de 300 °C, cobriu 20 km ao longo de toda cidade de Saint Pierre, seguida pela lava, de aproximados 1000 °C. O efeito do fluxo piroclástico é tão devastador que em três minutos exterminou aquele povoado, derreteu casas, prédios. Pessoas foram encontradas queimadas, contorcidas, explodidas. A figura mostra uma erupção em 1855.
Que efeitos poderiam ter a aproximação progressiva de um satélite da Terra? — perguntaram-se Saurat e Bellamy. Antes de tudo, a diminuição da atração terrestre, como conseqüência do aumento da atração lunar. E, como resultado disso, o alagamento de vastíssimas áreas continentais resultante da possante maré sem refluxo, além do aparecimento de criaturas de estatura muito desenvolvida.

Somente um fenômeno dessa natureza, sustentam os dois cientistas, pôde permitir a vida às grandes plantas e aos grandes animais que povoaram nosso globo. E com aqueles gigantes animais e vegetais apareceram também homens com estatura média de 5 metros: para tanto teria igualmente concorrido a intensidade aumentada dos raios cósmicos, aos quais os titãs teriam sido devedores de uma inteligência superior.

Sobre a ação dessas partículas já houve longas discussões que hoje ainda prosseguem animadamente. É claro que serão necessários anos e anos após as experiências iniciais para que possamos chegar a conclusões válidas.

"Como aconteceu com outras radiações" — diz por enquanto o Professor Jakob Eugster, o maior perito na matéria — "como as do rádio, dos raios X e outras, os raios cósmicos podem apresentar dois efeitos: provocar mutações, isto é, mudanças nos caracteres hereditários, e causar danos ou alterações aos tecidos."

Se houve efetivamente a destruição das luas e, conseqüentemente, um aumento da intensidade de bombardeamento de partículas radioativas às quais estamos expostos, esse último fator pode ter con­tribuído para o fenômeno do gigantismo.

Podemos ter uma idéia disso dando um pulo até Martinica. O que aconteceu naquela ilha parece apoiar as teorias que propõem estar o gigantismo ligado, de uma ou de outra maneira, a uma chuva radioativa mais violenta.

Essa ilha das Antilhas foi palco, em 1902, de pavorosa erupção vulcânica — a do Monte Pelée — que em poucos minutos dizimou 20 mil pessoas só na cidade de St. Pierre. No dia do desastre formou-se na cratera uma nuvem de cor violeta-escuro, resultante dos gases vulcânicos saturados pelo vapor de água. A nuvem se agigantou, espalhou-se por toda a ilha sem que o povo desse conta do perigo e, quando uma coluna de fogo de 400 metros saiu da cratera do Monte Peleé, a massa de gases incendiou-se, desenvolvendo um calor acima de 1.000°C, disseminando a morte. Apenas um homem sobreviveu: um preso, protegido pelas espessas paredes de sua cela subterrânea.

A cidade de Saint Pierre devastada em 1902.

Contrariando as expectativas, a vida voltou rapidamente à ilha, embora a cidade nunca mais tenha sido reconstruída. Novamente começou a crescer a vegetação, e a Martinica outra vez povoou-se de animais. Mas tudo ficou gigantesco: cães, gatos, tartarugas, lagartos — até os insetos aumentavam de tamanho e cresciam ainda mais nas gerações seguintes.

Chocados pelo estranho fenômeno, os franceses estabeleceram aos pés do vulcão uma estação para pesquisas científicas, chegando rapidamente à conclusão de que as mutações animais e vegetais eram devidas às radiações dos minerais deixados expostos pela erupção.

Os raios manifestaram seus efeitos também sobre os homens: o chefe da estação científica, Doutor Jules Graveure, cresceu 6 centí­metros, e seu assistente, Doutor Rouen, de 57 anos, aumentou 5 centímetros e meio.

Lançando mão de culturas protegidas contra as radiações, os es­tudiosos puderam realizar importantes comparações, observando, entre outras coisas, que um rebento exposto aos raios cresce três vezes mais depressa que o normal, e que em seis meses uma planta irradiada consegue um desenvolvimento para o qual seriam necessários dois anos, em condições normais. Os frutos chegavam à maturação muito mais depressa, embora com volume maior, e as cactáceas simplesmente dobravam de tamanho.

Como as plantas, também os animais inferiores se mostraram mais sensíveis às radiações: um lagarto venenoso, chamado "copa", que antes media no máximo 20 centímetros, tornou-se um dragão de meio metro, e sua mordedura, antes nem sempre fatal, é agora mais mortal que a picada de uma cobra.

O curioso fenômeno do crescimento desaparece quando os exemplares em exame são afastados da ilha. Também na Martinica, de qualquer maneira, a curva ascendente alcançou o máximo: a intensidade das radiações começa a diminuir e os "monstros" a encolher.
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Fonte: KOLOSIMO, Peter - Antes dos Tempos Conhecidos -  Edições Melhoramentos - 4.a Edição  - 1968.

Um túnel sob o Pacífico

Atahualpa foi executado por estrangulamento, garroteado em 26/07/1533. 


"Se os espanhóis, entrando em Cuzco, não tivessem agido com tamanha crueldade, trucidando Atahualpa, quem sabe quantos navios teriam sido necessários para transportar à Espanha todas aquelas riquezas que agora jazem sepultadas nas entranhas da terra e que talvez lá fiquem para sempre, pois os que as esconderam morreram sem revelar o segredo."

Assim escreve o historiador-soldado Cieza de León poucos anos após o assassinato do último imperador inca e as chacinas realizadas por Pizarro e suas hordas. E com toda razão, pois os aventureiros ibéricos, cegos pela cobiça de riqueza, portaram-se da maneira menos adequada para satisfazê-la.

Como se sabe, Pizarro aprisionou o Imperador Atahualpa e declarou que ia lhe devolver a liberdade contra a entrega total das ri­quezas dos incas. Antes de tomar uma decisão, a mulher do soberano consultou (ao que se diz) o oráculo solar e, sabendo que o cônjuge de qualquer maneira ia ser morto, suicidou-se após ter ordenado que as riquezas cobiçadas pelos insaciáveis espanhóis fossem escon­didas.

Onde? "Em galerias mais seguras do que fortalezas" — diz o arqueólogo inglês Harold Wilkins — "escavadas no coração das montanhas e ocultas por misteriosos hieróglifos que oferecem o "abre-te Sésamo!", e dos quais somente um inca em cada geração conhece o significado; em subterrâneos construídos há milhares e milhares de anos por uma civilizadíssima raça desaparecida".

A hipótese é viável: subterrâneos dessa natureza são extremamente numerosos, mas não apenas no território antigamente controlado pelo império inca. O mais conhecido é, todavia, formado por uma rede de galerias que comunicariam Lima com Cuzco, antiga capital do Peru, para em seguida continuar em direção sudeste, até o limite da Bolívia. Segundo antigos documentos, o túnel abrigaria riquíssima tumba real, e foi justamente esse pormenor que acendeu entu­siasmos que não poderíamos definir como estritamente científicos. Todavia, esperanças como essa deverão permanecer assim ainda por muitos anos: as pesquisas necessitariam verbas vultosíssimas, quer para desobstruir as galerias dos detritos que as entopem já a poucos metros da abertura, quer para purificar o ar empestado, estagnado lá dentro há vários séculos. Isso sem levar em conta os perigos que a cada passo esperam os exploradores: diz-se que os incas teriam preparado armadilhas mortais disparadas pela passagem de even­tuais intrusos, provocando desmoronamentos desastrosos.

Além do fascínio popular que despertam, aquelas galerias representam intrigante mistério arqueológico. Os cientistas que com elas se ocuparam estão de acordo em afirmar que os subterrâneos não podem ter sido cavados pelos incas: eles os teriam usado conhecendo sua existência, mas não sua origem. Trata-se de obras tão imponen­tes que não parece absurda a hipótese levantada por aqueles cien­tistas: são galerias cavadas por desconhecida estirpe de gigantes.

É curioso o fato de que quase todo nosso planeta é cortado por túneis dessa natureza, sobre os quais ainda teremos de falar. Encontramo-los, além de na América do Sul, também na Califórnia, Vir­gínia, Havaí (onde ligariam as diferentes ilhas dos arquipélagos), Oceania, Ásia e ainda na Suécia, Tchecoslováquia, Ilhas Baleares e em Malta. Uma enorme galeria, explorada por cinqüenta quilôme­tros, une a Península Ibérica a Marrocos, e é opinião corrente que através dessa passagem tenham chegado da África os macaquinhos (únicos no continente europeu) que se encontram perto do afamado penhasco.

Há até quem afirme que as ciclópicas galerias cavadas em tantos lugares põem em contacto pontos afastadíssimos de nosso planeta. Lembramos a respeito o episódio contado pelo jornalista John Sheppard, correspondente, no Equador, de um grande periódico americano. Ele narra ter encontrado no verão de 1944, na fronteira com a Colômbia, um mongol perdido em meditação, com uma "roda para orações" tipicamente tibetana. Seria nada mais, nada menos, que o décimo terceiro Dalai Lama, oficialmente morto em 1933, mas nunca sepultado na cripta destinada a seus restos mortais: porque o Lama (afirma-se em Lassa) não teria morrido, mas, por longa peregrinação subterrânea, ter-se-ia afastado para orar nos Andes, onde, segundo alguns sacerdotes, teria surgido a religião lamaísta antes de "se adaptar" ao budismo.

O conto não é, na verdade, daqueles que se aceitam de olhos fechados. Quem tentou aprofundar o problema com algum Lama erudito, obteve como resposta mais ou menos isto: "as galerias existem, cavadas pelos gigantes que nos deram sua ciência quando o mundo era jovem".

Sua ciência? Ouvindo Robert Charroux, quase acreditamos. "O engenheiro Eupalinos" — lembra ele — "dirigiu os trabalhos de escavação da galeria de Samos, que mandou começar pelas duas aberturas projetadas. O túnel tem 900 metros de comprimento, mas as equipes de operários se encontraram no ponto previsto; a própria galeria se apresenta absolutamente retilínea. Para realizar um trabalho semelhante, os italianos e franceses que perfuraram o Monte Branco tiveram que usar instrumentos eletrônicos de medida, radar, reveladores magnéticos e ultra-sons. Ora, parece que Eupalinos não dispunha sequer de uma bússola."

As conclusões semelhantes parecem nos querer levar muitas esculturas maravilhosas, sem idade, das cinco enormes cabeças de basalto encontradas em 1939 no meio da selva mexicana, estátuas que lembram outras — famosíssimas — da Ilha da Páscoa, as figurações andinas, certas estátuas asiáticas e outras oceânicas.

Assombrosa é uma montanha brasileira, na Gávea, bairro do Rio de Janeiro: apesar dos fenômenos de erosão que evidentemente ocorreram no tempo, tem-se nítida impressão de que ela foi esculpida em época muito remota, recebendo a forma de uma cabeça barbuda, coberta por um capacete com ponta. E não é tudo: sobre uma parede lisa, perfeitamente vertical, que dá origem a um abismo de 840 metros de altura, existe uma inscrição cuneiforme com 3 metros de altura. Como seus autores conseguiram gravá-la na parede é um mistério para cuja solução não existe sequer uma pálida hipótese.

Escritas semelhantes foram descobertas pelo arqueólogo Bernardo da Silva Ramos em várias outras localidades da América Latina. A esse cientista cabe também o mérito de nos ter revelado as monumentais ruínas de Marajó, ilha do Rio Amazonas, com suas imponentes salas subterrâneas ligadas entre si por galerias com paredes de pedra. E naquela localidade mais um quebra-cabeça se ofereceu à ciência: uma coleção de belíssimos vasos com desenhos que lembram muito de perto os etruscos.

A propósito de inscrições cuneiformes, enfim, não podemos esquecer as do planalto de Roosevelt, entre o Amazonas e Mato Grosso: encontram-se, com símbolos lamentavelmente indecifráveis, sobre gigantescos discos de pedra divididos em seis setores, que se acredita serem tabelas para cálculos astronômicos.

Poderíamos estender mais essa interessante resenha, mas, não que­rendo abusar da paciência do leitor, terminamo-la deslocando-nos pelos arredores de Bamian, cidadezinha do Afeganistão, a noroeste de Kabul, e atualmente em ruínas. Desenvolveu-se no meio de um vale circundado por cavernas naturais e artificiais, vigiada por cinco estátuas: a primeira tem 54 metros de altura, a segunda 38, a terceira 18, a quarta 4, enquanto a quinta não supera a estatura de um homem atual.

Pensou-se que esses monumentos fossem imagens de Buda, mas depois descobriu-se que essa interpretação é devida aos sacerdotes budistas que se instalaram nas cavernas ao redor de 100 d.C. As estátuas são, com efeito, muito mais antigas, conforme apontou o exame de uma espécie de capa feita de cimento e aplicada às costas do colosso de 54 metros, sabe-se lá quantos milhares de anos atrás. — Mas o que querem representar os cinco monumentos? Talvez o declínio dos gigantes, sua progressiva redução de estatura e, por fim, a passagem do poder ao Homo sapiens?

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Fonte: KOLOSIMO, Peter - Antes dos Tempos Conhecidos -  Edições Melhoramentos - 4.a Edição  - 1968.