terça-feira, 12 de abril de 2016

Hidroscopia


"Hidroscopia. Comumente conhecida como adivinhação pela água. Isso é bruxaria. Ninguém pode dizer que, devido a alguma afinidade química ou bioquímica, uma varinha entorta na mão quando encontra água subterrânea. A varinha só entorta nas mãos de um mago. Isso é bruxaria. Assim, embora alguns cientistas reconheçam sua existência, há muitos outros que jamais reconhecerão." — Charles Fort

Definição: A hidroscopia é a ação de procurar e, por vezes, localizar água subterrânea, minerais, minas subterrâneas ou objetos enterrados por meio de uma varinha mágica, que em geral é um galho ou um bastão bifurcado feito de madeira de nogueira, freixo ou sorveirabrava, e que entorta para baixo quando segurado sobre uma fonte. As vezes, também se usa um pêndulo suspenso acima do chão ou sobre um mapa.

O que os crentes dizem: Os rabdomantes de sucesso são extremamente sensíveis a certas energias orgânicas — elétrica, magnética, bioquímica ou indefinida — que cercam, permeiam e irradiam de depósitos subterrâneos, e conseguem ler esses "campos" no intuito de localizar com precisão as áreas.

O que os céticos dizem: A hidroscopia não funciona. Cientificamente, não existe prova empírica alguma que comprove sua eficácia. Quaisquer "acertos" decorrem da sorte ou de conhecimento prévio acerca dos filões subterrâneos.

Qualidade das provas existentes: Muito Boa.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Alta.

A hidroscopia existe há séculos; existem relatos registrados sobre sua prática na Inglaterra e no Egito antigo que chegam a datar de 3.000 a.C. Ela tornou-se comum durante os séculos XIV e XV na Europa, onde as "bruxas d'água" eram muitas vezes chamadas para localizar lençóis subterrâneos ou veios de minério para a indústria de mineração medieval. (Muito embora Reginald Scot, ao escrever seu The Discouerie of Witchcraft [1584], tenha descrito as varinhas rabdônicas como "meros brinquedos para zombar dos símios", declarando que elas "não tinham nenhum propósito louvável".) Na literatura sobrevivente, a primeira menção à hidroscopia data de 1540.

A hidroscopia é realizada com várias ferramentas, dentre as quais um bastão em forma de Y (a ferramenta mais conhecida), um bastão em forma de L (um pedaço de arame é entortado num determinado ângulo e gira na mão do rabdomante; em geral, ele segura um em cada mão) ou um pêndulo (usado sobre o chão ou sobre um mapa). Algumas vezes, rabdomantes experientes simplesmente caminham ao redor de uma área tentando sentir os depósitos subterrâneos.

A hidroscopia é uma dessas práticas marginais com as quais a ciência parece não saber o que fazer. Ou melhor, devido ao fato de a ciência não entender totalmente como a hidroscopia funciona, a postura oficial é que ela não pode ser realizada. No entanto, tem sido realizada com bastante eficiência há séculos.

Um depoimento encontrado no Dicionário dos céticos, de Robert Todd Carroll, conta a respeito de uma série de testes de hidroscopia bem-sucedidos realizados por um cientista alemão chamado Hans-Dieter Betz. A equipe de Betz registrou uma taxa extremamente alta de testes bem-sucedidos sob circunstâncias controladas. Ainda assim, isso não convenceu Carroll. Ele escreve:

O terceiro teste foi uma espécie de desafio entre o rabdomante e uma equipe de hidrogeólogos. A equipe de cientistas, sobre os quais não sabemos nada de importante, estudou uma área e escolheu 14 lugares para perfurar. Em seguida, após a equipe ter feito suas escolhas, o rabdomante percorreu a mesma área e optou por sete pontos… Uma área de onde brotassem 100 litros por minuto era considerada boa. Os hidrogeólogos acertaram três boas fontes; o rabdomante, seis. Sem dúvida, o rabdomante venceu o desafio. Todavia, esse teste não prova nada a respeito da hidroscopia. [Ênfase acrescentada.]

Mesmo?

A taxa de sucesso dos hidrogeólogos foi de 21 por cento, a do rabdomante, 85 por cento, e, ainda assim, isso não prova nada?

Se a ciência não aceita a hidroscopia como uma habilidade válida, ainda que por ora inexplicável, então por que os militares dos Estados Unidos utilizavam os rabdomantes para localizar as minas durante a Primeira Guerra Mundial?

Além disso, por que as tropas americanas usaram a hidroscopia no Vietnã para procurar e localizar minas, armadilhas e morteiros enterrados?

E mais: por que as empresas multinacionais de petróleo, gás, mineração e minérios pagam aos rabdomantes para complementar suas análises geológicas convencionais?
Em Wild Talents, Charles Fort conta a história do cientista do Departamento de Agricultura dos EUA, dr. Charles Albert Browne, que testemunhou um dos mais famosos rabdomantes alemães localizar um lençol subterrâneo, traçar suas dimensões, relatar sua profundidade e assegurar que a água era potável, tudo mais tarde confirmado através de testes científicos oficiais.

Assim, será que a hidroscopia nada mais é do que uma resposta física ideomotora, disfarçada sob séculos de superstições, rituais, costumes locais e depoimentos?
Ou seria uma habilidade psicoenergética genuína, em que a estranha sensibilidade de certas pessoas a vibrações emitidas de lençóis de água subterrâneos, dos minerais e outros objetos e substâncias tem sido usada para localizar toda sorte de "tesouros enterrados"?

Testes científicos e dados observacionais são os critérios de avaliação da verdade. Mesmo assim, a ciência muitas vezes chega atrasada no tocante à confirmação de sabedorias centenárias ou milenares.

As pessoas já aplicavam cataplasmas de pão embolorado em locais infectados muito antes de a ciência reconhecer que o fungo do pão era fonte de penicilina.

Outras mastigavam a casca do álamo ou do salgueiro muito antes de a ciência reconhecer que tal casca era fonte de aspirina.

Repetindo: o fato de não entendermos completamente como a hidroscopia funciona não faz com que ela seja de fato ineficiente.

Basta perguntar ao soldado vietnamita que não perdeu as pernas por pisar numa mina localizada por um rabdomante se ela funciona.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

Um comentário:

Bruna Miyazaki Furlan disse...

Um ótimo texto! Eu me lembro de meu avô usar essas varinhas para achar água para o poço.