Busto de Nefertiti - A rainha é considerada um símbolo de beleza até hoje. |
O ministro de Antiguidades do Egito, Mamduh al Damati, disse na quinta-feira (17/3/2016) que o enigma sobre a possibilidade de se encontrar os restos mortais da rainha Nefertiti na tumba do faraó Tutancâmon será resolvido “antes do final do ano”.
Em conversa com jornalistas, após uma conferência realizada no Cairo, o ministro afirmou que não tem dúvidas de que há “algo” por trás da câmara funerária de Tutancâmon – mas questiona a identidade de quem estaria nessa passagem. O egiptólogo britânico Nicholas Reeves defende a teoria de que Nefertiti, madrasta do faraó, esteja enterrada junto a ele.
“Não posso ter certeza de quem está por trás. Poderia ser Nefertiti, a rainha Meritaton (filha e mulher de Akenaton, pai de Tutancâmon) ou a mãe de Tutancâmon, Kiya”, assinalou o ministro, em declarações aos jornalistas depois de uma conferência realizada no Cairo.
Reeves, também presente na conferência, afirmou que acredita que o mausoléu de Tutancâmon tenha sido originalmente construído para Nefertiti e que a múmia da rainha está intocada em uma câmara secreta por mais de 3.000 anos.
Mistério de Nefertiti – A localização dos restos mortais de Nefertiti, que viveu entre 1380 a.C e 1345 a.C. e era conhecida por sua beleza, é um dos grandes desafios da arqueologia. Em 1922, o arqueólogo britânico Howard Carter descobriu o túmulo de Tutancâmon, filho do faraó Akhenaton, que foi casado com a rainha Nefertiti, intacto e em ótimo estado. A câmara, visitada por milhares de pessoas desde então, guarda mais de 5.000 artefatos, além da múmia e do sarcófago do faraó que morreu aos 19 anos. Mas a múmia de Nefertiti jamais foi encontrada.
Em artigo publicado no final de julho, Reeves, pesquisador da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, afirma que analisando imagens em 3D de alta resolução do complexo mortuário, notou que elas podem abrigar duas câmaras secretas que foram fechadas e camufladas. Uma delas guardaria a múmia de Nefertiti e a outra seria uma sala de armazenamento.
Os detalhes na parede foram confirmados nesta semana pelo governo egípcio. Reeves viajou ao Vale dos Reis, em Luxor, no fim de setembro para, junto com as autoridades egípcias, verificar sua hipótese.
Evidências – Após a conferência nesta quinta, Damati acrescentou que se deve “esperar de um a três meses” para a incerteza acabar, já que ainda falta “apresentar a proposta para obter a permissão do Comitê Permanente, as autorizações de segurança e depois realizar inspeções com um radar dentro do túmulo”.
Por sua vez, Reeves insistiu em sua teoria. De acordo com ele, são três evidências que indicam que Nefertiti está na câmara. Em primeiro lugar, a morfologia da câmara de Tutancâmon, que inclui um corredor em forma de “L” com uma curva para a direita, o que “normalmente é utilizado nas tumbas das rainhas”, disse Reeves. Em seguida, a cena achada atrás do muro norte da tumba, que é diferente e anterior às outras cenas da câmara de Tutancâmon, o que “parece identificar o proprietário do túmulo dessa rainha”. Como terceiro argumento, Reeves destacou que nessa cena podem ser vistas características que evidenciam que dois dos personagens representados são Nefertiti e seu enteado.
“Há uma pequena linha na comissura dos lábios que coincide com as características faciais de Nefertiti e, além disso, a figura do rei tem um pequeno duplo queixo, e o perfil de Tutancâmon é exatamente assim”, acrescentou o egiptólogo britânico.”Não encontrei nada que me tenha feito mudar de opinião, e encontramos mais informações que fazem com que pensemos que poderíamos estar no caminho certo. Só estou seguindo as pistas, que apontam que é Nefertiti, mas não posso ler o futuro. No entanto, as provas são suficientemente sólidas para mim. Acredito plenamente que algo está acontecendo.”
Independentemente de a pista de Reeves ser a certa – que é Nefertiti, Meritaton ou Kiya que supostamente está enterrada junto a Tutancâmon -, Damati destacou que a descoberta “será a mais importante do século” e que para os turistas “será algo único”.
Agência EFE
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