segunda-feira, 4 de abril de 2016

Comunicação com os Mortos



Os que estão mortos nunca se foram: / Eles estão na sombra que se espessa. / Os mortos não estão sob a terra: / Eles estão na árvore que se agita, / Eles estão no tronco que geme, / Eles estão na água que corre, / Eles estão na água que dorme, / Eles estão na cabana, estão na multidão: / Os mortos não estão mortos.

Definição: A comunicação psíquica com seres humanos que já morreram.

O que os crentes dizem: A consciência humana sobrevive à morte. Algumas pessoas estão sintonizadas psiquicamente com outras dimensões e podem receber informações de almas que já "fizeram a travessia".

O que os céticos dizem: Morto é morto. Não há provas de que alguém no "além" já tenha falado o que quer que seja com alguém daqui.

Qualidade das provas existentes: Moderada.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Moderada.

No famoso seriado "A Sete Palmos", da HBO, os personagens conversam com os mortos o tempo todo. Contudo, ao contrário dos métodos utilizados por espiritualistas (tabuleiro Ouija, sessões espíritas, escrita automática etc.), os mortos do programa parecem seres humanos normais e conversam com os vivos em nossa linguagem oral padrão.

No entanto, TV é TV e a verdadeira comunicação com os mortos fica muito além de ponderações desse tipo. Os céticos discutiriam o uso do termo "verdadeira comunicação"; contudo, o contato com os mortos tem sido um elemento comum a quase todas as religiões e culturas da Terra — desde sociedades tribais primitivas tentando compreender a sabedoria de seus ancestrais até versões televisivas modernizadas de sessões espíritas mediúnicas.

Mas será que algo disso é verdade?

Usando uma técnica chamada de "leitura a frio", os que se autodenominam paranormais oferecem informações sobre pessoas amadas falecidas com uma precisão assustadora. O truque é prestar atenção às respostas das pessoas, perceber a linguagem corporal, escutar "às escondidas" e falar de modo vago sobre coisas que se aplicam a todos. Tão logo um paranormal acerta o "alvo" com algum detalhe específico ("Estou escutando um velho chamado Thomas …"), ele pode então enfeitar os detalhes (sem ser muito específico) até o sujeito acreditar de verdade que o paranormal está em contato com seu falecido pai, irmão ou esposa.

A maioria dos que dizem ser capazes de se comunicar com os mortos é charlatã. O mágico David Blaine demonstrou certa vez a técnica de leitura a frio no programa de Howard Stern (tal qual a velha técnica de pegar garotas) e sua performance ilustrou como é fácil dizer algo com o qual muitas pessoas concordariam de imediato. "Às vezes você se sente um peixe fora d'água". "Você finge felicidade muitas vezes, mesmo quando está sofrendo por dentro". "Você não se sente muito apreciado por seus colegas de trabalho e por sua família". "Ninguém o entende de verdade".

A leitura a frio é feita o tempo todo em sessões privadas, em feiras paranormais e noutros lugares, e muitos acreditam nela piamente.

No entanto, a leitura a frio não é a mesma coisa que uma verdadeira comunicação com os mortos.

Será que algumas pessoas conseguem realmente se comunicar com as almas do além?

John Edward é o último de uma longa linhagem de paranormais que dizem conversar com os mortos. Existem inúmeros artigos impressos e na internet "explicando" (embora "desmascarando" seja uma palavra melhor) como ele faz o que faz, e, ainda assim, há coisas que ele disse e fez que não são tão facilmente explicáveis como parte de um truque de mágica barato.

Eu confio em Larry King, assim como muitos outros. Creio que seu programa é sincero e legítimo. Acredito que as ligações recebidas no ar por ele não são pré-planejadas. E é por isso que sou ambivalente com relação a John Edward. Durante uma entrevista no "Larry King Live", em junho de 1998, Edward recebeu uma ligação de uma mulher cujo marido havia falecido. Eis aqui uma transcrição resumida da conversa:

Larry King: Oi.

Mulher: Sou Sherri. Perdi meu marido há cerca de um ano e meio.

John Edward: Ele está me dizendo… isso é estranho, mas você o enterrou com um maço de cigarros?

M: Enterrei.

JE: Ele está me dizendo… sei que isso vai soar estranho… era a marca errada?

M: Era.

LK: Espera um pouco, espera um pouco. Ele foi enterrado com um maço de cigarros de marca diferente da que fumava?

M: Foi.

LK: Como você viu isso?

JE: Eles me mostraram os cigarros e colocaram uma linha sobre eles, com um círculo vermelho em volta, tipo um sinal de "não fumar" e… só que eu senti que precisava reconhecer que os cigarros estavam lá.

LK: Então isso não pode ser só um palpite.

A mulher pareceu chocada com o fato de ele saber aquilo, mas confirmou ser verdade.

Seria a mulher uma cúmplice de John Edward? Será que o telefonema havia sido uma encenação?

E aí que entra minha confiança em Larry King. Não acredito que ele aceitasse participar de tamanha farsa.

E se não teve participação, então como Edward sabia aquilo? Coincidência? Os céticos dizem que sim; os crentes, que não.

Tal qual muitos dos outros tópicos deste livro, a aceitação ou negação de um fenômeno (especialmente este) depende totalmente de a pessoa acreditar ou não na existência da alma e na vida após a morte.

Eu acredito em ambos e estou disposto a crer que algumas pessoas conseguem, de fato, se comunicar com aqueles que já "fizeram a travessia". Não estou falando de charlatães que se tornaram peritos em leitura a frio. Estou falando de pessoas espiritualmente conscientes que tentam, e talvez consigam, se comunicar com aqueles que escaparam ao tumulto vital.

Isso é um erro? Talvez, mas estou bastante disposto a errar em favor de uma mente aberta.


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004

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