sexta-feira, 22 de julho de 2016

Mary Celeste - Um Debate


Nossa embarcação está em ótimas condições. Espero que façamos uma boa travessia; mas, como nunca viajei nela antes, não sei como irá se comportar. — Benjamin Briggs

Definição: O mistério do Mary Celeste começou com a descoberta do bergantim abandonado boiando no Atlântico Norte; seu capitão, a família dele e a tripulação, desaparecidos. Não havia sinal de pirataria ou crime e o estoque de suprimentos para seis meses do navio estava intacto.

O que os crentes dizem: Algo bizarro aconteceu a bordo do Mary Celeste. O desaparecimento inexplicável da tripulação do navio rivaliza com o desaparecimento da colônia de Roanoke por seu mistério. Soluções paranormais para o enigma devem ser levadas em consideração, entre elas abdução alienígena, ataque de um monstro das profundezas ou algum tipo de distorção temporal.

O que os céticos dizem: O capitão, sua família e a tripulação abandonaram o navio por algum motivo desconhecido e se perderam no mar. Essa é a explicação mais lógica, embora insatisfatória, para que tenham encontrado o navio boiando no Atlântico Norte, com a carga e os equipamentos em perfeitas condições. Talvez nunca venhamos a descobrir o porquê de eles terem usado um pequeno bote salva-vidas, mas procurar a resposta em aliens ou monstros é ridículo.

Qualidade das provas existentes: Moderada.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Fraca a Inconclusiva.

O navio conhecido como "Mary Celeste" foi originalmente batizado como "Amazon" e não há outra forma de descrevê-lo que não como um barco azarado.

Uma embarcação pode ser sortuda ou azarada? Um navio pode ser amaldiçoado?

Os marinheiros e os atores compartilham algo em comum: são supersticiosos a respeito de sua profissão e de seus rituais e crenças. Uma pesquisa superficial da história do Mary Celeste rapidamente convenceria um marinheiro de que o navio estava fadado ao desastre.

Sua história é alarmante:

Dois dias após assumir o comando do Amazon, seu primeiro capitão morreu.

Em sua viagem inaugural, ele colidiu com uma barreira de pesca e danificou o casco.

Enquanto o casco estava sendo reparado, houve um incêndio a bordo, provocando ainda mais danos.

Após ser consertado, ele atravessou o estreito de Dover e logo colidiu com outro navio, afundando-o.

O quarto capitão do Amazon fez com que ele encalhasse na ilha do cabo Breton, provocando danos consideráveis.

Após ser resgatado (embora depois da série de calamidades envolvendo o Amazon a gente imagine por que alguém desejaria ter algo mais a ver com ele), ele foi comprado e vendido três vezes, até ir parar nas mãos de J. H. Winchester, que o rebatizou como Mary Celeste. Talvez Winchester tenha pensado que uma troca de nome confundiria os demônios do mar, os quais pareciam particularmente propensos a danificar o navio.

O Mary Celeste partiu de Nova York rumo a Gênova, na Itália, em 5 de novembro de 1872. A bordo, estavam o capitão, Benjamin Spooner Briggs, sua mulher, Sarah, e a filha de dois anos, Sophie Matilda. Uma tripulação de sete homens conduzia a embarcação (embora alguns relatos citem oito membros na tripulação). No porão, havia uma carga de álcool bruto, além de comida e água suficientes para uma viagem de vários meses.

Por 20 dias, a viagem do Mary Celeste correu aparentemente sem incidentes. Mas, no dia 25 de novembro, algo aconteceu, e o que foi isso tem sido objeto de debate (e de livros, sites e artigos) há décadas.

Na véspera de o Mary Celeste partir de Nova York, o capitão Briggs jantou com um amigo, Benjamin Morehouse, capitão do Dei Gratia, o qual se encontrava ancorado ao lado do Mary Celeste no porto de Nova York. Na manhã seguinte, Briggs partiu; dez dias depois, o capitão Morehouse seguiu para a colônia britânica de Gibraltar, na costa da Espanha.

Em 5 de dezembro, o capitão Morehouse avistou o Mary Celeste navegando desgovernado no Atlântico Norte, a meio caminho entre os Açores e a costa de Portugal. Após sinalizar repetidas vezes para o navio, sem receber resposta, ele decidiu mandar seus homens subirem a bordo para investigar.

O que eles encontraram?

Um mistério que perdura até hoje.

E o mais importante: não havia ninguém a bordo. O capitão Briggs, sua família e a tripulação não estavam em lugar algum. Além disso:

Duas velas estavam faltando.

A caixa na qual ficava a bússola do navio (a bitácula) fora aberta e a bússola, esmagada.

Havia água na coberta, mas não o suficiente para afundar o navio.

Os armários da tripulação continuavam trancados e seus pertences, intactos.

O diário de bordo e os instrumentos estavam faltando; o diário do capitão continuava ali.

Os suprimentos de comida e água estavam intactos.

A última entrada no diário do capitão era datada de 25 de novembro e fornecia as coordenadas do navio, as quais revelavam que ele viajara aproximadamente 1.100 quilômetros em dez dias sem ninguém a bordo.

E, finalmente, o bote salva-vidas estava faltando.

Por alguma razão, Briggs e todos os outros haviam abandonado o navio — às pressas — no dia 25 de novembro. Isso foi extremamente intrigante para o capitão Morehouse e seus homens: o Mary Celeste era, sem dúvida, navegável. Não havia chance de ele afundar, então por que todos tinham deixado a segurança da embarcação em troca dos perigos de um bote pequeno em mar aberto?

Eis aqui as teorias mais comumente citadas com relação ao que aconteceu, e os argumentos que as contradizem:

O capitão pensou que o navio estivesse afundando e o abandonou. Por que ele pensaria que o navio estava afundando com tão pouca água na coberta?

A tripulação pegou o álcool bruto, se embebedou, amotinou-se e o capitão fugiu com a família, após o que a tripulação se afogou. O álcool bruto teria deixado os homens doentes, e não bêbados, e os experientes marinheiros do Mary Celeste saberiam disso.

Um tornado (tromba-d'água) acertou o navio e fez o capitão pensar que eles estivessem afundando. Assim, ele teria abandonado o navio. Por que eles achariam que seriam capazes de escapar de uma tromba-d'água num pequeno bote e não no Mary Celeste?

O capitão e seu sócio combinaram de abandonar o navio para pegar o dinheiro do seguro. Eles ganhariam menos dinheiro do seguro do que vendendo o navio direto.

Então só sobra abdução alienígena, certo? Ou teriam eles atravessado um portal do tempo? Ou cometido suicídio em massa?

Até hoje, ninguém sabe a verdade. Houve muita especulação sobre o que aconteceu com o Mary Celeste após a publicação do conto sensacionalista (e totalmente impreciso) de J. Habakuk Jephson, pseudônimo de Arthur Conan Doyle.

O que sabemos é que o Mary Celeste foi abandonado, provavelmente devido ao pânico, e que todos morreram no mar.

"Por quê?" é a pergunta que até hoje não foi respondida.

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