quinta-feira, 31 de março de 2016

O Mito Atlântida


Way down… below the ocean… where I wanna be… she may be.
— Donovan

Definição: Atlântida foi uma ilha lendária no oceano Atlântico, a oeste de Gibraltar, a qual, segundo Platão, existiu em cerca de 9000 a.C. e sucumbiu ao fundo do oceano durante um terremoto.

O que os crentes dizem: Atlântida foi real e seus habitantes eram seres superiores, dos quais a humanidade herdou todo o seu conhecimento técnico avançado, assim como suas línguas e religiões.

O que os céticos dizem: Atlântida é um mito criado por Platão como parte de um diálogo de Sócrates para ilustrar o que acontecia quando uma sociedade entrava em decadência (Atlântida), em comparação com uma sociedade que exercitava a justiça, o respeito e a dignidade (Atenas).

Qualidade das provas existentes: Fraca.

Probabilidade de o fenômeno ser paranormal: Nenhuma.

O quão popular é a lenda de Atlântida? Uma pesquisa recente no banco de dados cinematográfico da internet (www.imdb.com) levantou 40 filmes, quatro seriados televisivos e seis jogos com o tema "Atlântida". Uma pesquisa nos livros mostrará centenas de títulos; milhares, se contarmos com títulos que já não são mais editados.

O que há de tão interessante na história dessa antiga cidade para atrair o homem moderno?

Precisamos agradecer ao filósofo grego Platão pela lenda de Atlântida. Em seus diálogos socráticos do século IV a.C., Timeu e Crítias, Platão cria um cenário no qual uma sociedade perfeita é subitamente exposta a grandes dificuldades, inclusive um ataque por um inimigo bárbaro, acompanhado de todo conflito e confusão associados a tal agressão. Em seus diálogos, Atenas era uma sociedade idealizada; Atlântida, seu hostil agressor. Antes dos escritos de Platão, não existe menção em lugar algum na literatura a respeito de tal ilha e civilização antiga.

Além de ser um dos grandes pensadores de todos os tempos, Platão era também um excelente contador de histórias: Agora, nesta ilha de Atlântida havia um grande e maravilhoso império que governou toda a ilha e várias outras, e partes do continente, e depois os homens de Atlântida dominaram as partes da Líbia, das Colunas de Hércules até o Egito e da Europa até a Tyrrhenia. Este vasto poder, reunido num só, empenhou-se em subjugar de um só golpe nosso país e os seus, e toda a terra nos limites do estreito; e então, Sólon, seu país brilhou à frente de todos, na excelência de sua virtude e força, entre toda a humanidade.

Mas a história contada por Platão não se baseava na realidade. Era uma alegoria.

Platão estava tentando transmitir uma lição moral a seus discípulos ao contar a história de Atenas e Atlântida.

Ele a inventou — provavelmente utilizando um antigo mito egípcio como fonte.

Ninguém menos que Aristóteles, discípulo de Platão, confirmou que a história era uma fábula escrita para ressaltar um ponto de vista.

Ainda assim, a lenda de Atlântida sobrevive até hoje.

Mitologias bem desenvolvidas e inacreditavelmente detalhadas foram criadas para incluir o mito da Atlântida na trama histórica da humanidade. Revisar as muitas interpretações sobre a lenda literalmente reescreverá a história que conhecemos.

Atlântida está supostamente ligada a, ou é a origem de: as pirâmides do Egito, o dilúvio de Noé, a invenção do papel, todas as leis humanas, as artes e religiões, as ciências da matemática, astronomia, agricultura, metalurgia, balística, arquitetura e engenharia, e também as artes ocultistas, tais como adivinhação e magia.

Segundo aqueles que acreditam que Atlântida realmente existiu como uma ilha de verdade destruída por terremotos cataclísmicos, toda a nossa civilização deve seus… bem, deve tudo aos antigos atlantianos. O fato de a cronologia do desenvolvimento de nossa civilização não coincidir com a cronologia atlantiana não parece incomodar os entusiastas.

Será que existe um quê qualquer de verdade nessa história ou em Atlântida?

Os defensores de Atlântida há muito procuram comprovar a história, a fim de validar sua versão. "Ela pode estar lá; ela pode estar lá" é repetido como um mantra todas as vezes que uma nova teoria sobre sua provável localização "naufraga". Todavia, a geofísica talvez seja o "desqualificador" mor dessa história.

O estudo das placas tectônicas, o movimento da crosta terrestre em grandes espaços de tempo, já confirmou que os continentes de hoje eram provavelmente um único e gigantesco pedaço de terra que se dividiu no decorrer de éons devido a atividades vulcânicas, terremotos e outras forças. Na verdade, não é preciso ser um especialista para, ao olhar o mapa do mundo atual, perceber o quão perfeitamente a costa nordeste da América do Sul se encaixaria na costa centro-oeste da África, como uma peça de quebra- cabeça. Ou como a Indonésia e a Austrália poderiam facilmente ser a parte mais baixa do Sul da China.

Em teoria, quando a deriva continental é revertida, e todos os atuais continentes postos de volta em seu lugar de origem, recriando o continente solitário original de nosso planeta, não sobra espaço para um pedaço de terra do tamanho de Atlântida.

Mesmo assim, essa prova irrefutável não altera em nada a ideia dos crentes.

Para eles, Atlântida foi, e continua a ser, real, e a convicção de sua crença baseia-se no fato de que todos saberão que eles estão certos quando suas ruínas forem finalmente descobertas, da mesma forma que os arqueólogos acabaram localizando as ruínas de Troia.

Assim, continuam a surgir livros e filmes sobre Atlântida, e a história segue sendo contada. 


Fonte: Os 100 Maiores Mistérios do Mundo - Stephen J. Spugnesi - Difel 2004.

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