domingo, 28 de fevereiro de 2016

O Sabá das Bruxas - Parte 5

The Witches' Sabbath, Claude Gillot (1673-1722), gravura (detalhe). Paris, Bibliothèque Nationale De France

Pierre de Lancre — Bruxaria em Labourd

Outro francês, Pierre de Lancre, conselheiro do rei, juiz do parlamento de Bordeaux, ingressou, em 1609, em uma comissão encarregada de apurar acusações de bruxaria em Labourd, distrito das províncias bascas, região célebre por suas bruxas e aparentemente, pelo baixo nível de moralidade de seus habitantes. Labourd é um lugar isolado e seus moradores conservaram suas antigas superstições com grande tenacidade.

De Lancre investigou a natureza dos demônios e a razão pela qual os residentes de Labourd eram tão ligados à feitiçaria. As mulheres locais, eram de temperamento naturalmente lascivo, coisa que se podia ver na maneira de vestir e arranjar os cabelos, singularmente indecentes, expostas sem a menor modéstia. O principal produto agrícola era a maçã, curiosa associação com o aspecto pecaminoso de Eva. De Lancre ficou quatro meses estudando a situação de Labourd e, depois de tudo que tinha visto e ouvido, resolveu dedicar-se ao estudo da bruxaria e, no devido tempo produziu seu grande trabalho sobre o tema: Tableau de l'Incosntance des Mauvais anges et Démons.

De Lancre escreve honestamente e acredita no que diz. Seu livro tem valor pelo grande número de informações que contém incluindo confissões de bruxas transcritas nas próprias palavras das depoentes. Um segundo livro foi dedicado totalmente aos detalhes do Sabá.

A pesquisa de revelou algumas contradições e mudanças. Nos tempos antigos, as noites de segunda-feira eram as noites de Assembleia. Na época do estudo, estas noites eram as de quarta e sexta-feira. Algumas bruxas disseram que seguiam para o lugar do encontro ao meio dia. A maioria, entretanto, afirmou que meia-noite era o horário certo.

O lugar do Sabá era, de preferência, uma encruzilhada, mas não obrigatoriamente. Era suficiente um lugar isolado, um sítio mais selvagem, no meio de uma charneca, especialmente longe de habitações humanas ou de lugares assombrados.

Ali, na região de Labourd, esse lugar era chamado Aquelarre, significando Lane de Bouc ou Mata do Bode, uma referência à forma caprina assumida por Satanás nestes Sabás.

Na mesma região, outros lugares, ainda, teriam sido cenários de Sabás: "Mais de cinquenta testemunhas nos asseguraram que tinham estado em uma 'Mata do Bode' para o Sabá na montanha de La Rhune, algas vezes, em uma abertura da montanha [uma caverna? ], outras vezes, na capela do Espírito Santo, que fica no cume; algumas vezes o Sabá foi realizado na igreja de Dordach, nos limites de Labourd. Em outras ocasiões, ainda, a Assembleia se reunia em casas, residências particulares.

Porém, o mais usual é que o Diabo escolha para os Sabás as entranhas da mata, as casas velhas, abandonadas, ruínas de antigos castelos, especialmente se ficam no alto das montanhas. Um velho cemitério pode servir, se é isolado, e o mesmo se aplica às capelas, ermidas, o topo de um rochedo debruçado sobre o mar, como aquele onde fica a capela de Saint Jean de Luz, Puy de Dome em Perigord e locais semelhantes.


Fonte: The Witches' Sabbath — O Sabá das Bruxas de Thomas Right | tradução & adaptação: ligiacabus

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