quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Fenômenos Luminosos


O sangue dos cadáveres dos santos, passados anos sobre a sua exumação, deverá ser considerado de natureza humana ou sobrenatural?

Os bioquímicos que o analisaram em laboratórios atestam tratar-se de sangue humano, mas esbarram com fato incompreensível: como é que o sangue se mantém, se renova, não coagula?

Esta pergunta atordoa e fica sem resposta. Em certos casos desencadeiam-se sentimentos descontrolados, noutros, porém, é a resposta embebida em amor e em certeza. Inquietação, para outros tantos...

Não há provas irrefutáveis, apenas fenômenos inexplicáveis como que a interpor um véu entre o homem e a natureza secreta do milagre.

Por exemplo, o caso de manifestações luminosas: J. Moschus, depois de ter feito um inquérito entre monges do Oriente, testemunha:

«Há sete anos vimos à noite, no cume da montanha, luz que parecia um incêndio. Pensamos que fosse para afugentar certos animais, mas durou tantos dias que acabamos por subir até lá. Não encontramos o mais pequeno sinal, nem algum ponto de luz ou algo queimado na floresta. Na noite seguinte, voltamos a ver a mesma claridade, repetindo-se durante todo um trimestre. Decidimo-nos então fazer-nos acompanhar de alguns companheiros e, munidos de armas, voltamos a subir a montanha na direção da tal claridade. Ficamos até de manhã. Vimos então aí uma pequena gruta onde logo entramos, deparando com um anacoreta morto. Vestia um casaco feito de corda e segurava um crucifixo de prata. Perto dele uma folha onde se escrevera: Eu, pobre Jean, morri na quinta indicação. Fizemos então o cálculo e chegamos à conclusão de que teria morrido havia sete anos. Pois o seu estado de conservação era como se tivesse morrido no dia em que o descobrimos! »

Voltamos a encontrar estes fenômenos de luzes noturnas nos pormenores miraculosos que envolveram a morte do padre Charbel Makhlouf, eremita maronita, que morreu a 24 de dezembro de 1898 no Líbano.

Por exemplo: na noite seguinte a ser sepultado e nas quarenta e cinco que se seguiram apareceram sempre sinais luminosos à volta do seu túmulo.

Também o irmão George Emmanuel Abi-Sassine testemunhará junto das autoridades religiosas, no dia 14 de julho de 1926:

«Nós podíamos ver diante de nós a pouca distância, para Sul, uma luz brilhante sobre o túmulo, mas uma luz no gênero da luz elétrica apagando e acendendo. Manteve-se tanto tempo assim que foi possível observá-la bem. A cúpula do mosteiro, e todo o lado oposto ao túmulo, a Oriente, pareciam iluminados pela claridade do dia. Dirigimo-nos ao mosteiro e contamos aos monges o que se passara, sentindo, porém, que a nossa história não lhes merecia qualquer credibilidade. Voltamos a ver o mesmo espetáculo maravilhoso sempre que em noites de vigília passávamos junto do túmulo, assim como o observaram todos aqueles que nos acompanhavam. »

A 15 de Abril de 1899 abriu-se o túmulo na presença das autoridades eclesiásticas e de dez testemunhas civis. Todos disseram que devido às chuvas o túmulo do irmão Charbel era um imenso lamaçal.

O corpo flutuava na lama, e sob a água que do alto caía em abundância. Apesar de tudo continuava flexível, sem rigidez de membros. De mãos postas sobre o peito segurava um crucifixo. No rosto e nas mãos havia sinais de bolor, que Saba Moussa retirou, reaparecendo aos nossos olhos como que um homem apenas adormecido... sangue encarnado vivo misturado com água escorreu do seu lado...

«O corpo flexível, transpirando sangue, nenhum sinal de corrupção, como que acabado de ser enterrado nesse momento. » (Testemunho do irmão Elie Abi-Ramia.)

Passado um ano sobre a sua morte, declara o professor Teófilo Maroun: «um curandeiro tirou-lhe as vísceras a fim de pôr termo àquela transpiração aquo-sanguínea. Mas foi em vão...»

Em 1900 o corpo do irmão Charbel foi exposto ao Sol durante seis meses no terraço da Igreja esperando-se que secasse. Em vão, novamente, pois que nos sete anos a seguir o cadáver manteve a mesma transpiração.

Sessenta e quatro anos depois da sua morte, isto é, a 7 de agosto de: 1952, o corpo foi de novo exposto. O irmão Daher escreverá: Vi com os meus próprios olhos esse corpo intacto, umedecido, ele e as vestes sacerdotais, assim como o próprio caixão...

Os corpos incorruptíveis revelam os mistérios do sangue após a morte e a conservação completa do corpo. Poderemos evocar a força fantástica que retém os átomos do cadáver, evita a sua desagregação e o seu regresso ao pó.

Esta força cria uma nascente de sangue, cura os doentes, ilumina o túmulo. E como se o sangue sofresse uma transformação química que o transformasse em luz.

Para os místicos, esta força rodopia, sondando o coração do homem. A sua presença é universal.


Fonte: Os Vampiros - Jean-Paul Bourre - Publicações Europa-América (1986)

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