segunda-feira, 18 de abril de 2011

O caso da Ilha de Trindade

A tripulação do navio Almirante Saldanha viu, no dia 16 de janeiro de 1958 , um disco voador sobre a Ilha de Trindade, que foi fotografado por Almiro Baraúna, 43 anos, que estava a bordo para fotografar cenas submarinas.
A atenção de Baraúna foi despertada por um barulho no convés do barco, enquanto vários marinheiros olhavam para o céu. Pegou a máquina e começou a fotografar.

Ele afirmou ter visto um disco fazendo evoluções em cima do barco, aproximadamente ao meio-dia, e que a velocidade do objeto era muito grande. Fez seis fotos. Tanto ele quanto os outros que viram o objeto não puderam perceber qualquer som.
O filme foi revelado a bordo e as autoridades liberaram os negativos que só apresentavam um pequeno ponto escuro. Mais tarde, em sua casa, Baraúna continuou a ampliar o filme e conseguiu fazer com que o disco aparecesse na fotografia. Foi aberto inquérito para a verificação de uma possível fotomontagem e no mês de fevereiro a marinha confirmou a existência de um objeto estranho nas fotografias feitas sobre a Ilha de Trindade.

O fato ocupou todas as primeiras páginas dos jornais do Brasil e do mundo. Mas, na época, Baraúna sofreu toda a espécie de tentativa de desmoralização de uma parte da imprensa, até de pessoas que se diziam seus amigos, para invalidar o seu feito. Tudo isto aconteceu há 21 anos (este artigo foi publicado em 1979) atrás. Hoje, Baraúna vive, em companhia de sua esposa, ainda em Niterói, num apartamento bem decorado de Icaraí, rodeado por suas 136 máquinas fotográficas, verdadeiras raridades, que compõem o seu pequeno museu doméstico.

Foi lá que fomos ouvi-lo. Almiro Baraúna é um fotografo muito conhecido em Niterói. Participou ativamente da imprensa fluminense e carioca, pela sua capacidade de pôr a câmara a serviço do fato, em fotos sensacionalistas. Em 1954, na revista "Mundo Ilustrado'“, ele apresentou fotografias, com um texto de Vinicius Lima, intitulada "Um Disco Voador Esteve em Minha Casa" onde, numa curiosa e critica matéria jornalística, ensinava "como fazer uma aeronave marciana" com duas fichas da então Frota Carioca, unidas pela face plana, em "truques fotográficos" que poderiam servir de "exploração e divertimento".

Isto ele fez em face da sua descrença em UFOs, para ridicularizar a matéria publicada por João Martins e Ed Keffel, que fotografaram, em maio de 1952, um "Objeto Aéreo Não Identificado", na Barra da Tijuca, cuja reportagem havia sido publicada na revista "O Cruzeiro" da época.

Mal sabia Baraúna que seria, mais tarde, vítima de sua própria incredulidade. Isto porque, havendo ensinado antes "como fabricar um disco voador em qualquer cenário" , nunca pode pensar que, quatro anos depois , seria ele testemunha de um real aparecimento de UFO, e que iria fotografá-lo em quatro poses, sobre a Ilha de Trindade. Então sua crença passou a existir. Mas todos os argumentos que ele utilizou contra a reportagem de João Martins, foram voltados contra ele. Mas a Marinha autenticou as fotos, depois de exaustivos exames em laboratório, concluindo em relatório secreto, que as fotos eram autênticas. Esse relatório da Marinha apareceu publicado em reportagem de Jorge C. Pineda, em outubro de 1971, numa revista argentina, embora secretíssimo e nunca haver sido publicado no Brasil.

Almiro Baraúna ofereceu-nos um completo dossiê sobre o caso da Ilha de Trindade. Ele tem tudo organizado em álbuns, recortes de jornais brasileiros e estrangeiros; cartas de todas as partes do mundo, Itália, Austrália, Japão, França, Bélgica, Argentina, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, em sua maior parte solicitando as fotos autênticas para ilustração de reportagens, revistas , livros especializados em UFOs, que já existe em toda a parte da Terra. Ele foi entrevistado por todas as sociedades de UFOs/OVNIs do mundo inteiro, recebendo a visita de especialistas famosos.

Começou a contar-nos: "O ano de 1958 foi o "Ano Geofísico Internacional". A Marinha costumava convidar equipes que embarcavam no antigo navio-escola "Almirante Saldanha", a serviço de cientistas. Naquele dia, estávamos a bordo com a equipe do Clube de Caça Submarina de Icaraí, composta de cinco pessoas: Amilar V. Filho que dirigia o grupo. José Teobaldo Viegas, capitão da reserva da FAB, industrial e diretor do Aero Clube de Niterói; Mauro Andrade, funcionário do Banco de Londres; Aloísio e eu, que participava do grupo como especialista em fotos submarinas.

Depois de passar dois dias na ilha, estávamos a bordo, no dia 16 de janeiro, por volta das doze horas. Eu estava me sentindo mal com o jogo do navio, quando ouvi a confusão dos marinheiros, gritando: "Olha o disco!". O Viegas veio correndo chamar-me, dizendo que apanhasse minha máquina para fotografar um disco voador em cima da embarcação. Peguei a Roleflex perto de mim (pena que a Leica com teleobjetiva estava longe, na cabine), pois eu ia fotografar a ascensão de uma lancha, do mar para o navio. Vieira Filho também acenava para mim, dizendo: "Traz a máquina, traz a máquina!" Todos mostravam o céu, onde um objeto brilhante se aproximava da ilha."

"Eram 12 horas e vinte minutos. Ele veio do alto-mar e se dirigiu para a ponta da Crista do Galo. Quando ele ia passar pelo monte Desejo, eu bati mais duas fotos. O objeto disparou por trás da montanha, durante alguns segundos e reapareceu, dirigindo-se novamente para o mar. Fui disparando o obturador. Bati seis fotos, mas só consegui aproveitar quatro, porque em duas fui empurrado e só focalizei a água."

"A presença do disco provocou calafrios em todos os presentes, ao todo 48 pessoas que o viram e houve até um oficial que ficou verdadeiramente aterrorizado. Aliás, era de se ver a expressão de pavor na tripulação, apontando armas para o céu". Questionamos Baraúna: "Mas lembro-me, na época houve muitas contestações por parte da imprensa; como você explica isso?"

Baraúna respondeu: "É. Eu paguei pelas minhas brincadeiras anteriores. Mas o fato de uma parte da imprensa tentar ridicularizar-me não foi porque propriamente desacreditasse em mim, mas porque eu dei um contrato de exclusividade nas fotos e entrevistas para os Diários Associados. À margem dos acontecimentos, eles tiveram que criar suas noticias, não poderiam ficar por fora!"

"Acontece que eu fiz quatro cópias que foram levadas ao então Presidente Juscelino e, lá no palácio, um jornalista do "Correio da Manhã" conseguiu as fotos e ia "furar" nosso trabalho no dia seguinte. Sabendo disso, procurei o João Martins, em "O Cruzeiro". Eu era um profissional e queria aproveitar o meu trabalho. Por isso, vendi as fotos aos "Diários Associados" e "O Jornal" publicou-as no dia seguinte, junto com o "Correio da Manhã". Depois a Agência Meridional distribui-as pelo mundo todo, e elas foram publicadas em todos os jornais, "Life", "Time", até na Rússia. Mas o "Diário de Noticias" e a "Tribuna da Imprensa" que não tinham acesso ao material, ficaram contra mim. A matéria era exclusiva de uma rede, e eu fui impedido de falar aos jornais. Por isso, descobrindo uma reportagem que eu ilustrei no "Mundo Ilustrado", intitulada "Um Disco Voador esteve em minha Casa", onde eu mostrava como se podia sobrepor, na chapa, duas fichas da antiga Frota Carioca, eles reproduziram fases da seqüência feita de brincadeira. É o velho ditado: "Quem com ferro fere, com o ferro será ferido...

"Daí, tentarem a minha desmoralização. Fizeram gozações com o disco, montaram fotos no Jockey Clube, na Barra e me gozaram à bessa..." O Ministério da Marinha, através do Comando de Operações Navais fez um relatório secreto, examinando o caso. O então deputado Sérgio Magalhães pediu informações na Câmara. Dizem que ele, na ocasião, exibiu apenas a capa do Relatório Secreto da Marinha, sobre a Ilha de Trindade, justificando-se que não poderia mostrar o restante.

Entretanto, uma revista argentina publicou esse Relatório, não sei como, em outubro de 1971, numa reportagem assinada por Jorge O. Pineda , que explica : "A visão de um Objeto Voador Não Identificado no "Almirante Saldanha", navio escola da armada brasileira, em 16 de janeiro de 1958, constitui um caso único enquanto a documentação oficial que poderia levar o rótulo de "Confidencial" e "Máximo Secreto".



Sua divulgação se deve a um oficial reformado da marinha de guerra do Brasil, cujo nome não pode ser revelado, por motivos óbvios. O modo pelo qual foi obtido, tampouco admite violação de segredo. Examinamos o referido documento em espanhol, pelo qual são trocadas correspondências oficiais entre o Contra-Almirante Luiz Felipe da Luz e o Almirante Antônio Maria de Carvalho, ressaltando a importância do evento. Também há pedidos de informação assinados por M. Sunderland , Agregado Naval dos Estados Unidos.

Do relatório, constam passagens como esta: "O alarme de OVNI foi dado por membros da tripulação na proa e popa do navio". "Todos reconheceram que o objeto que aparecia nas fotos era idêntico ao que haviam avistado no ar". "As fotografias que foram tomadas em não mais que trinta segundos". "Uma forte perturbação emocional foi observada em todas as pessoas que avistaram o objeto, inclusive o fotógrafo, civis e membros da tripulação do navio". "As declarações das pessoas que avistaram o objeto: Elas viram as fotografias e declararam que haviam visto exatamente o que aparece nas fotografias". "O técnico do DHN da Armada depois de analisar os negativos, afirma que são autênticos". "Os técnicos do Serviço Aerofotogramétrico da Cruzeiro do Sul, logo depois de exames microscópicos para verificação de luminosidade e detalhes de contorno, afirmaram: "Não havia sinal algum de fotomontagem".

As conclusões assinadas pelo Capitão de Corveta José Geraldo Brandão, do Serviço de Inteligência da Marinha são as seguintes:

"Considerando apresentação dos fatos e a analise sumária realizada, informado no item anterior, pode-se concluir: a) Que há certo número de testemunhas que declaram haver visto OVNIs sobre a Ilha de Trindade. Estas testemunhas têm distintas classificações e as observações foram feitas em diferentes dias; b) Que a maioria dos informes apresentados são insuficientes, sobretudo à falta de idoneidade técnica de muito dos observadores e a breve duração dos fenômenos observados, de modo que nenhuma conclusão pode alcançar-se no que informaram avistar-se Objetos Voadores Não Identificados; c) Que a mais importante e valiosa prova apresentada , a fotográfica, de alguma maneira perde sua qualidade convincente devido a impossibilidade de afastar totalmente um fotomontagem prévia; d) Que a reação emocional das pessoas que informaram avistar OVNIs é muito forte e facilmente perceptível; e) Que, finalmente, a existência de informes pessoais e de evidência fotográfica, de certo valor considerando as circunstancias envolvidas, permite a admissão de que há indicações da existência de OVNIs; f) A ultima conclusão mencionada me permite sugerir a S. Excelência que este Alto Comando deve tomarem consideração toda a informação que se obtenha sobre o presente tema, com vistas a alcançar conclusões mais acima de toda dúvida"

Fonte: Extraído da revista UFO OVNI Documento de outubro/dezembro de 1979 - artigo de Aurélio Zaluar.

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