segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Um Lobisomem Americano em Londres


O diretor John Landis já era conhecido do público quando realizou este Um Lobisomem Americano em Londres. A surpresa é que ele até então, só tinha dirigido comédias escrachadas como O Clube dos Cafajestes (Animal House, 78) e Os Irmãos Cara-de-Pau (The Blue Brothers, 80), sucessos de bilheteria estrelados pelo saudoso John Belushi. Talvez seja por isso que ele tenha conseguido tornar a figura mítica do lobisomem um ser ameçador; as produções das décadas de 60 e 70 tinha ridicularizado a imagem do monstro.

Landis combinou as cenas de horror com o mais puro humor negro, onde o personagem que carrega a maldição é atormentado pelos fantasmas de suas vítimas. Aí entra o grande triunfo da fita: a maquiagem.

Rick Baker recebeu o Oscar pelo seu trabalho e mesmo agora passados mais de vinte anos, as cenas de transformação ainda impressionam. O filme teve uma continuação inferior em 1997, Um Lobisomem Americano em Paris, que pouco ou nada tem a ver com esta obra-prima da licantropia.

25 anos de um clássico absoluto

"O filme começa com os créditos aparecendo em meio a imagens das desoladas e inóspitas paisagens do interior da Inglaterra, ao som de “Blue Moon” interpretada magistralmente por Sam Cooke. Já está anoitecendo e o céu obscuro não promete nada de bom, quando então vemos uma camionete repleta de ovelhas parar junto a uma encruzilhada. Do meio das ovelhas saem David Kessler (David Naughton) e Jack Goodman (Griffin Dunne), dois amigos norte-americanos que estão passeando pela Europa.

O motorista da camionete lhes indica o caminho até o vilarejo mais próximo, e lhes adverte para que “evitem os pântanos e fiquem na estrada”. Os dois seguem caminhando e conversando descontraidamente, hora reclamando do frio, hora motivados com as expectativas da viagem.

Já nesse momento se percebe a perfeita química entre os dois jovens atores, que de certa forma quase convence o espectador de que eles são realmente grandes amigos e que se conhecem desde criança. Essa empatia entre o público e os personagens é fundamental para que as cenas posteriores causem o devido impacto a que se propõem.

As primeiras sombras da noite já encobrem a paisagem quando a dupla chega ao vilarejo e se dirigem para uma espécie de taverna chamada “Cordeiro Massacrado”. Ao entrarem no recinto, os jovens são recebidos com uma frieza quase hostil por parte dos freqüentadores do local.

A medida em que o ambiente recobra a descontração, Jack fica intrigado ao ver na parede o desenho de um pentagrama iluminado por velas. O rapaz zombeteiramente menciona com David que no filme do “Wolf-Man” aquela é a marca do lobisomem (essa é a primeira de várias citações ao clássico estrelado por Lon Chaney Jr.), portanto o símbolo na parede deve servir para manter os monstros distantes. Mal sabia ele como estava certo.

Sem conseguir resistir a curiosidade, Jack acaba perguntando para que servia o símbolo na parede, e rapidamente ele descobre que não foi uma boa idéia. Todos os freqüentadores da taverna se mostram irritados e praticamente expulsam os dois viajantes dali, mas não sem antes advertirem novamente para que “evitem os pântanos e fiquem na estrada”, acrescentando ainda um tenebroso “cuidado com a lua”.

David e Jack partem sem entender muito bem o motivo daquele comportamento estranho, enquanto na taverna as pessoas ficam discutindo: alguns acham que não adiantaria contar a verdade aos forasteiros, pois estes não acreditariam, outros achavam que foi um erro deixa-los partir, e que deveriam ir atrás deles.

A essa altura a dupla de amigos já está andando a esmo pelos úmidos e nebulosos pântanos que circundam a região. Apenas, quando a lua cheia passa a brilhar no céu, os dois se dão conta de que saíram da estrada e se perderam. Mas é tarde demais: uma fera desconhecida passa a espreitá-los e perseguí-los em meio à escuridão, e logo o pior acontece: a terrível criatura surge de surpresa e estraçalha Jack com extrema ferocidade. Apavorado, David foge correndo, mas depois decide voltar para ajudar o amigo, sendo também atacado pela criatura. Quando David está prestes a ser morto pelo monstro, surgem os freqüentadores da taverna “Cordeiro Massacrado” e fuzilam a fera. David está muito ferido e acaba perdendo a consciência.

Essa primeira parte do filme é desenvolvida com grande maestria, valorizando a paisagem local como um elemento a implementar o suspense, abusando dos efeitos sonoros e da subjetividade no momento em que o lobisomem está cercando os viajantes, e não poupando no sangue e na violência no momento em que os jovens são atacados. Uma seqüência memorável e que ainda hoje me parece um dos pontos altos do filme.

Em seguida vemos David acordando em um quarto de hospital em Londres. Lá lhe explicam que ele e Jack foram atacados por um maníaco, que seu amigo acabou sendo morto, e que provavelmente ele também seria caso os moradores locais não tivessem intervindo e baleado o assassino. David tenta argumentar que eles não foram atacados por um maníaco, mas sim uma fera. Porém, acreditando que o jovem estivesse traumatizado pelo acontecido, ninguém lhe dá importância..."

"Desnecessário dizer que o filme possui mais uma dúzia de cenas memoráveis, que já foram largamente mencionadas e debatidas, como o ataque do lobisomem dentro do cinema, a fantástica seqüência de acidentes de trânsito quando o monstro está correndo pelo centro da cidade, e a já clássica cena em que a fera persegue um pobre infeliz pelas galerias desertas do metrô, apenas para lembrar algumas..." (por André Bozzetto Junior).


Sinopse

Dois jovens viajando em férias pelo interior da Inglaterra são atacados por um enorme lobo. Um deles morre e o outro é brutalmente ferido. O que ele não sabe é que foi acometido por um terrível maldição, que o transformará em lobisomem nas noites de lua cheia. Atmosfera densa, ritmo acelerado, boa trilha sonora e efeitos especiais fantásticos contribuem para o ótimo desempenho da fita. Um dos melhores filmes sobre o tema já realizado, as sequências de transformação continuam insuperáveis até os dias atuais.

Ficha Técnica

Titulo Original: An American Werewolf in London
País:Inglaterra/EUA
Ano: 1981
Duração: 97 minutos
Titulo Brasil: Um Lobisomem Americano em Londres
Direção: John Landis
Roteiro: John Landis
Produção: George Folsey Jr.
Produção Executiva: Peter Guber; Jon Peters
Música: Elmer Bernstein
Fotografia: Robert Paynter
Direção de Arte: Leslie Dilley
Efeitos Especiais: Neil Corbould; Martin Gutteridge; Garth Inns
Edição: Malcolm Campbell
Maquiagem: Rick Baker; Robin Grantham; Beryl Lerman
Elenco: David Naughton (David Kessler); Jenny Agutter (Enfermeira Alex Price); Griffin Dunne (Jack Goodman); John Woodvine (Dr. J. S. Hirsch); Lila Kaye; Joe Belcher; David Schofield; Brian Glover; Rik Mayall; Sean Baker; Paddy Ryan; Anne-Marie Davies (Enfermeira Susan Gallagher); Frank Oz (Mr. Collins/Miss Piggy - voz); Don McKillop (Inspetor Villiers); Paul Kember (Sargento Paul Kember); Colin Fernandes (Benjamin); Albert Moses; Michele Brisigotti (Rachel Kessler); Mark Fisher (Max Kessler); Gordon Sterne (Mr. Kessler); Paula Jacobs (Mrs. Kessler); Christopher Scoular (Sean); Brenda Cavendish (Judith Browns); Mary Tempest (esposa do Sean); Sydney Bromley; Frank Singuineau; John Landis (homem sendo esmagado numa janela - não-creditado).

Curiosidades

- John Landis escreveu o roteiro para este filme em 1969, quando tinha apenas 19 anos de idade.

- O diretor convidou para compor a trilha sonora Cat Stevens (Moonshadow) e Bob Dylan (Blue Moon) que, recentemente ingressados à Igreja Batista, declinaram do convite por achar o tema "inapropriado". Ambas as músicas foram regravadas por outros cantores.

- O maquiador Rick Baker foi consultor técnico de outra produção sobre lobisomens, Grito de Horror (The Howling).

- Após os créditos há uma mensagem de congratulações à familia real pelo casamento do principe Charles e Lady Diana.

- Após os créditos finais há ainda outra brincadeira: "Todos os personagens e eventos deste filme são ficticios. Qualquer semelhança com eventos atuais ou pessoas, mortas, vivas ou morta-vivas, são pura coincidência"

Fontes: Templo do Horror: Um Lobisomem Amaricano em Londres; Boca do Inferno; Webcine: Um Lobisomem Amaricano em Londres

Um comentário:

Ilda Mary disse...

Até hoje,não existe um filme de lobisomem melhor que este.É super bem produzido dando a impressão que é real.Gostei bastante!!!