Longe da finalidade moralizadora ou didática que caracteriza a literatura oriental, As mil e uma noites devem seu êxito e atualidade ao entretenimento que proporcionam: a magia, a aventura, o sobrenatural e o fantástico, a intervenção de gênios, gigantes e duendes fazem de muitos de seus contos clássicos da literatura universal.
As mil e uma noites (Alf layla u layl) são uma coletânea de contos orientais, de procedência diversa e autoria desconhecida. Sua trama central é bem conhecida. Desiludido das mulheres porque sua esposa o traíra, o rei Xariar ordena ao vizir que todas as noites lhe traga uma donzela.
Após possuí-la, manda matá-la na manhã seguinte. Por fim, cabe a vez a Xerazade, formosa filha do vizir. Esta, porém, concebe um estratagema. Noite após noite conta ao rei uma história, mas, interrompendo-a habilmente ao clarear o dia e retomando-a ao cair da noite, consegue manter sempre vivo o interesse do monarca, até ele resolver poupar sua vida.
Esse fio condutor é de origem indiana e chegou aos árabes pelos persas. Os contos que a ele se ligam, contêm elementos sobretudo árabes, persas e indostânicos. Supõe-se que tenham aparecido pela primeira vez, em língua árabe, no século VII, talvez adaptados de uma coletânea persa chamada Hazar afsaneh (Mil narrativas), conhecida por referências em obras de autores árabes do século X. Outros contos foram incorporando-se ao longo dos séculos ao relato central, até a versão definitiva da obra se completar no início do século XVI.
As histórias variam em sensibilidade e tipo. Em geral são de fadas, feiticeiros e "djins" (gênios), de amor cortesão, de viagens ou aventuras, de animais (fábulas), de fundo didático-moral, histórico, religioso, humorístico e erótico. Entre as mais conhecidas estão Aladim e a lâmpada maravilhosa, As aventuras de Simbá o marujo, Ali-Babá e os quarenta ladrões, A história do pescador e do gênio, O cavalo mágico e A história dos sete vizires.
A obra existe em diferentes versões, conforme foi decalcada, alternativamente, em cada uma das três tradições dos manuscritos (duas egípcias e uma asiática). Compiladores e tradutores orientais e ocidentais adaptaram-na ou acrescentaram-lhe trechos e novos contos. Talvez no século XVIII tenha sido revista com base numa das versões egípcias e em 1853 impressa na forma árabe definitiva.
Entre 1704 e 1712 apareceram na Europa os 12 volumes da tradução francesa de Antoine Galland, Les Mille et une nuits, contes arabes traduits en français (As mil e uma noites, contos árabes traduzidos para o francês), que ficou também conhecida como Os contos das mil e uma noites para crianças. Foi a primeira versão européia publicada, realizada a partir de dois manuscritos incompletos e das histórias fornecidas por um sírio. Serviu de base a numerosas traduções e ao acréscimo de fontes manuscritas ou orais que se realizaram durante a primeira metade do século XIX e que foram recompiladas por Maximilian Habicht na variante conhecida como edição Breslau (1825-1843).
Uma edição publicada em 1835, no Cairo, constituiu outra fonte importante para as traduções posteriores, a mais famosa das quais foi a inglesa The Thousand Nights and a Night (1885-1888), de Sir Richard Burton.
Outras traduções foram a alemã de Enno Littmann, a inglesa de John Payne e a francesa de Joseph Charles Mardruss. Em português, há uma edição em seis volumes prefaciada por Aquilino Ribeiro e traduzida por vários escritores, publicada em 1958.
O aparecimento de As mil e uma noites foi ponto de partida de uma onda de interesse pelas coisas orientais no século XVIII e começo do século XIX. A obra foi imitada na forma e nos motivos: Robert L. Stevenson escreveu as New Arabian Nights (1882; Novas noites árabes) e More New Arabian Nights (Mais novas noites árabes).
As mil e uma noites também inspirou a visão transfigurada do Oriente de Les Orientales (1829; As orientais), de Victor Hugo, e de Die Abbassiden (1834; Os abássidas) de August von Platen, e influenciou de diversas maneiras os escritores, como Voltaire em Zadig. É sabido também que a suntuosidade oriental das versões européias de As mil e uma noites influiu, provavelmente, em poemas de Coleridge e outros.
Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
As mil e uma noites (Alf layla u layl) são uma coletânea de contos orientais, de procedência diversa e autoria desconhecida. Sua trama central é bem conhecida. Desiludido das mulheres porque sua esposa o traíra, o rei Xariar ordena ao vizir que todas as noites lhe traga uma donzela.
Após possuí-la, manda matá-la na manhã seguinte. Por fim, cabe a vez a Xerazade, formosa filha do vizir. Esta, porém, concebe um estratagema. Noite após noite conta ao rei uma história, mas, interrompendo-a habilmente ao clarear o dia e retomando-a ao cair da noite, consegue manter sempre vivo o interesse do monarca, até ele resolver poupar sua vida.
Esse fio condutor é de origem indiana e chegou aos árabes pelos persas. Os contos que a ele se ligam, contêm elementos sobretudo árabes, persas e indostânicos. Supõe-se que tenham aparecido pela primeira vez, em língua árabe, no século VII, talvez adaptados de uma coletânea persa chamada Hazar afsaneh (Mil narrativas), conhecida por referências em obras de autores árabes do século X. Outros contos foram incorporando-se ao longo dos séculos ao relato central, até a versão definitiva da obra se completar no início do século XVI.
As histórias variam em sensibilidade e tipo. Em geral são de fadas, feiticeiros e "djins" (gênios), de amor cortesão, de viagens ou aventuras, de animais (fábulas), de fundo didático-moral, histórico, religioso, humorístico e erótico. Entre as mais conhecidas estão Aladim e a lâmpada maravilhosa, As aventuras de Simbá o marujo, Ali-Babá e os quarenta ladrões, A história do pescador e do gênio, O cavalo mágico e A história dos sete vizires.
A obra existe em diferentes versões, conforme foi decalcada, alternativamente, em cada uma das três tradições dos manuscritos (duas egípcias e uma asiática). Compiladores e tradutores orientais e ocidentais adaptaram-na ou acrescentaram-lhe trechos e novos contos. Talvez no século XVIII tenha sido revista com base numa das versões egípcias e em 1853 impressa na forma árabe definitiva.
Entre 1704 e 1712 apareceram na Europa os 12 volumes da tradução francesa de Antoine Galland, Les Mille et une nuits, contes arabes traduits en français (As mil e uma noites, contos árabes traduzidos para o francês), que ficou também conhecida como Os contos das mil e uma noites para crianças. Foi a primeira versão européia publicada, realizada a partir de dois manuscritos incompletos e das histórias fornecidas por um sírio. Serviu de base a numerosas traduções e ao acréscimo de fontes manuscritas ou orais que se realizaram durante a primeira metade do século XIX e que foram recompiladas por Maximilian Habicht na variante conhecida como edição Breslau (1825-1843).
Uma edição publicada em 1835, no Cairo, constituiu outra fonte importante para as traduções posteriores, a mais famosa das quais foi a inglesa The Thousand Nights and a Night (1885-1888), de Sir Richard Burton.
Outras traduções foram a alemã de Enno Littmann, a inglesa de John Payne e a francesa de Joseph Charles Mardruss. Em português, há uma edição em seis volumes prefaciada por Aquilino Ribeiro e traduzida por vários escritores, publicada em 1958.
O aparecimento de As mil e uma noites foi ponto de partida de uma onda de interesse pelas coisas orientais no século XVIII e começo do século XIX. A obra foi imitada na forma e nos motivos: Robert L. Stevenson escreveu as New Arabian Nights (1882; Novas noites árabes) e More New Arabian Nights (Mais novas noites árabes).
As mil e uma noites também inspirou a visão transfigurada do Oriente de Les Orientales (1829; As orientais), de Victor Hugo, e de Die Abbassiden (1834; Os abássidas) de August von Platen, e influenciou de diversas maneiras os escritores, como Voltaire em Zadig. É sabido também que a suntuosidade oriental das versões européias de As mil e uma noites influiu, provavelmente, em poemas de Coleridge e outros.
Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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