quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Manuscrito de Frankenstein online

Página do manuscrito de Frankenstein — The New York Public Library/Shelley-Godwin Archive
Manuscrito de Frankenstein ganha vida em arquivo online dos Shelley — Objetivo do site é reunir todos os manuscritos conhecidos de Percy e Mary Shelley.

“Frankenstein”, de Mary Shelley, escrito durante o verão de 1816, já inspirou incontáveis peças, filmes, quadrinhos e aplicativos de iPhone. Agora o manuscrito original se tornou a peça central da primeira fase do Arquivo Shelley-Godwin, um ambicioso projeto digital que entra no ar neste Dia das Bruxas.

O arquivo, cuja abertura será celebrada com um evento nesta quinta-feira na Biblioteca Pública de Nova York, é resultado de uma colaboração entre essa biblioteca e o Maryland Institute for Technology, com contribuições de várias outras entidades. O objetivo é reunir todos os manuscritos literários de Percy Bysshe Shelley e Mary Shelley, sua segunda esposa, assim como os pais de Mary, William Godwin e Mary Wollstonecraft — a “primeira família da literatura inglesa”, como o arquivo classifica.

O manuscrito de “Frankenstein”, propriedade da biblioteca Bodleian de Oxford, é ele mesmo uma espécie de monstro reconstruído, explica Neil Fraistat, um dos líderes do projeto. Ele é composto principalmente de dois cadernos de notas escritos por Mary, com comentários de Percy. No site, os internautas podem apertar um botão para ver apenas as palavras escritas por um ou pelo outro.

Fraistat conta que durante seu relacionamento, as letras de Percy e Mary foram se tornando cada vez mais parecidas, dando origem a debates sobre que era responsável por quais trechos. Em “O homem que escreveu Frankenstein”, publicado em 2007, John Lauritsen chega a dizer que Percy é o verdadeiro autor do livro, com Mary, na época uma adolescente, servindo apenas como copista, trabalho que ela costuma fazer para ele.

Para Fraistat, o arquivo digital dará a pesquisadores e fãs comuns uma ligação direta com a colaboração literária dos Shelley. Ele ressalta dois momentos em particular nos quais Percy deixa de lado o papel de editor e se dirige à mulher de forma mais intima. Num deles, corrige a ortografia de “enigmatic”, usando um de seus apelidos favoritos, “pecksie”. Ela chamava o marido de “Elf”.

A próxima fase do arquivo online, financiado com uma verba de US$ 300 mil, trará manuscritos de “Prometheus Unbound” e cerca de 30 páginas de cadernos de Percy Shelley. Alguns deles, afirma Fraistat, revelam a influência Mary no trabalho do marido.

“Era uma colaboração de mão dupla”, diz. “Não era apenas ele supervisionando o trabalho dela.”


Fonte: New York Times.

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