quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Jonathan Swift


Ao recorrer à sátira para ridicularizar os desmandos da vida política e social da Inglaterra do século XVIII e, por extensão, para expor as fraquezas de todo o gênero humano, Swift realizou uma obra que repercutiu na própria época e se projetou muito além. Ao mesmo tempo, impôs-se, com sua prosa rigorosamente clássica, como o satirista mais ferino e brilhante dos muitos que ainda iriam surgir na língua inglesa.

Jonathan Swift nasceu em Dublin, Irlanda, em 30 de novembro de 1667. Órfão de pai, passou a infância sob a dependência de tios, de cuja incompreensão guardou lembranças amargas. Em 1682 ingressou no Trinity College de Dublin, onde foi mau aluno mas conseguiu se formar, "por favor especial", em 1686. Em meio às convulsões políticas de 1688, viajou para a Inglaterra: em Moor Park, Surrey, tornou-se secretário de Sir William Temple.

Amadureceu intelectualmente entre os livros de Temple e conheceu Esther Johnson (Stella), uma de suas duas paixões irrealizadas. Em 1692 graduou-se na Universidade de Oxford e em 1695 foi ordenado pela igreja anglicana. Depois de desempenhar uma série de funções menores, em 1713 tornou-se deão da catedral de Saint Patrick em Dublin. A essa altura já participava ativamente da vida política da Inglaterra, de início a favor dos whigs (liberais), depois dos tories (conservadores).

Admirado e odiado por seus panfletos satíricos, como A Tale of a Tub (1704; História de um tonel), em meio às muitas viagens que fez a Londres conheceu em 1710 sua segunda grande paixão, Esther Vanhomrigh, a Vanessa do poema Cadenus and Vanessa (1726). Swift permaneceu sempre indeciso entre as duas mulheres, que morreram na época da publicação de suas obras principais: Vanessa em 1723, Stella em 1728.


A obra-prima de Swift, Gulliver's Travels (1726; As viagens de Gulliver), que fez sucesso imediato, é um dos livros mais famosos e inteligentes da literatura universal. Da sátira aos whigs, recriados nos anões de Lilliput, à invectiva contra a humanidade em geral, o autor recompôs o mundo de acordo com sua fantasia mordaz. O grotesco é explorado sob todos os ângulos: na pequenez desprezível dos lilliputianos; na ampliação escatológica da miséria física dos gigantes de Brobdingnag; nas diatribes contra os juristas e a arte militar; na idiotice dos intelectuais de Laputa; e na superioridade do cavalo sobre o ser humano no reino dos Houyhnhnms. Expurgado das verdades e sátiras, esse livro se transformou num clássico da literatura infantil.

Ao nível prático e histórico, a intenção mais elevada dos panfletos de Swift era lutar pelos interesses da Irlanda contra a corte e a aristocracia inglesas. Um exemplo claro é a também famosa Modest Proposal for Preventing the Children of Poor People from Being a Burden to their Parents or the Country (1729; Modesta proposta para impedir que as crianças pobres se tornem um peso para seus pais ou o país). Trata-se de sátira trágica, de um humor devastador, que propunha que as crianças pobres da Irlanda servissem para abastecer como comida o mercado inglês.

Além de várias outras obras em prosa, o criador de Gulliver também escreveu poesia. Após anos de um progressivo declínio, agravado em 1742 por um derrame que o deixou paralítico, Swift morreu em Dublin em 19 de outubro de 1745.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

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