O
déjà-vu ou fenômeno do “já visto” é uma ocorrência extremamente
interessante, e freqüentemente observável por pessoas sem qualquer
vínculo religioso ligado à crença na reencarnação. Trata-se de uma
sensação íntima, uma emoção aparentemente inexplicável que surge de uma
forma completamente inesperada. Subitamente, uma circunstância qualquer
desencadeia algum mecanismo psicológico ou anímico onde a pessoa tem a
sensação muito expressiva de que aquilo que observa já conhece ou já
vivenciou de uma maneira que não consegue compreender, mas que a
emociona sobremaneira.
Algumas ocorrências de déjà-vu
se dão quando uma pessoa ao ser apresentada a outra leva um verdadeiro
choque e se pergunta: “Onde já a vi? Tenho a nítida sensação de que a
conheço.” Posteriormente, fica patente que não houve possibilidade de
qualquer contato prévio (nesta vida). No entanto, a emoção permanece
muito forte. Evidentemente, não estamos referindo aqui a atração física,
que pode coexistir no processo, ou não, mas simplesmente a
identificação e familiaridade intensamente sentidas.
Excluindo-se alguns arroubos ou
precipitações de julgamento, certos casos de amor ou antipatia a
primeira vista têm correlação com o fenômeno do déjà-vu.
Há alguns paranormais que ao
reverem certas pessoas, embora em termos desta vida estariam tendo o
primeiro contato, recebem um impacto energético tão forte que determina
uma ressonância magnética em seus arquivos espirituais, aflorando-lhes
reminiscências pretéritas com grande nitidez. Passam a desfilar, em sua
mente, quadros, locais e situações conflitantes ou afetivas de um
passado longínquo, vivido em comum por aquele que agora vê (revê) pela
aparente primeira vez.
Abre-se um canal anímico que permite a drenagem de núcleos energéticos adormecidos pelo esquecimento das vidas anteriores.
O fenômeno de déjà-vu ocorre
também relacionado com locais, além de pessoas. A aura energética não é
propriedade apenas dos seres humanos, mas, embora não irradiem como foco
produtor de emoções, os objetos, residências e cidades têm sua própria
“egrégora ”(campo energético que irradia uma vibração), pela imantação
energética dos pensamentos dos homens que se relacionaram com aquele
ambiente .
A lei de sintonia sempre se
verifica ao identificarmos as vibrações que foram muito representativas,
em termos de experiência pessoal anterior.
São muito impressionantes os
fenômenos de déjà-vu que se verificam por ocasiões de viagens ao
exterior, quando o turista de forma repentina e emocionante passa a
identificar, em detalhes, um local como fosse de seu conhecimento
prévio, naturalmente, sem nunca ter estado no referido local e
especialmente quando nunca ouviu falar da existência do mesmo.
Sabemos que, para os adversários
da reencarnação outras explicações são utilizadas. Como se não bastasse
o inconsciente ser considerado tal qual um saco sem fundo, que, como
faz “Papai Noel”, tira de lá qualquer presente desejado pela criança, o
inconsciente coletivo seria uma forma de contato entre todos os seres
humanos e locais, de tal forma que, pelo mágico intercâmbio universal,
uma pessoa poderia sintonizar com qualquer faixa do inconsciente
coletivo e receber qualquer tipo de impressão passada ou presente da
humanidade...
Parece anedota, mas é real,
quando uma criança européia passou a falar chinês arcaico e recordar-se
de uma vida pretérita, foi considerada uma explicação o fato de sua mãe,
durante a gestação, ter vivido próximo a uma lavanderia chinesa e
provavelmente ter captado pelo seu inconsciente coletivo todo aquele
conhecimento da língua asiática...
Embora não tenha valor
científico algum o que pude observar, não vou conseguir resistir à
tentação de narrar uma experiência pessoal vivida pela minha esposa
Helena, em junho de 1988.
De Florianópolis, sul do Brasil,
sonhávamos em conhecer a Europa que sempre nos atraiu misteriosamente.
Eu elegi a Inglaterra como local que desejava visitar. Desde criança um
misto de admiração e nostalgia me ligava à Grã-Bretanha bem como aos
países nórdicos . Minha esposa expressou desejo de conhecer a Áustria,
talvez embalada pelos sons poéticos das valsas vienenses ou mesmo pela
ascendência germânica de que era portadora.
Fizemos um roteiro de trinta
dias, que optamos por percorrer sozinhos. Ao chegar à Ilha Britânica,
após termos passado por outros países, fomos nos apaixonando pela
natureza dos campos, a beleza das flores e a arquitetura típica. Quando
mais mergulhávamos na profundidade do Interior, mas nos encantávamos. Ao
entrarmos em território escocês, as surpresas foram se sucedendo cada
vez mais intensamente.
Ao almoçarmos em um vilarejo,
Helena teve a primeira forte emoção ao ver as colheres utilizadas no
local. Eram mais estreitas que as nossas, no Brasil, e mais côncavas,
bem mais profundas mesmo. Emocionada comentou:
-- Ricardo, você se recorda daquela colher defeituosa que eu tenho guardada há mais de 20 anos?
Como todo marido distraído, disfarcei e disse algo como:
-- Sim!?
-- É uma mais comprida e funda
que sempre adorava, não sabia por quê. Agora eu sei! Já tive uma assim
antes. Veja! É semelhante a estas que usam aqui.
Durante nossa passagem pela
região foram ocorrendo diversos fenômenos desse tipo na Grã-Bretanha,
mas em especial na Escócia. Os vestidos de padrão floral, muito usados
na região, que sempre foram de sua preferência, as cestas de vime para
as compras muito utilizadas pelas senhoras, as louças típicas, e assim
por diante.
O clímax ocorreria em Perth,
cidade que ela jamais tinha ouvido falar até aquele dia. À medida que
nos avizinhávamos do Palácio de Scone, ela se mostrava mais emocionada
com tudo ao redor. Colocou seus óculos escuros para disfarçar as
lágrimas quentes que rolavam pelas faces contraídas pela emoção.
Apertava as minhas mãos e dizia baixinho:
-- Ricardo, eu sinto que conheço, mesmo, este lugar!
-- Você está emocionada. Vamos vê-lo mais detalhadamente.
-- Preciso correr por estes campos!
E com seus 38 anos, parecia uma
criança feliz ao sair em desabalada carreira pelos bosques que rodeavam o
castelo. Voltou depois com o rosto vermelho e os olhos brilhando, como
há tempo não a via.
No interior do Palácio de Scone,
que mais parecia um castelo, as emoções foram gradativa e
significativamente mais intensas: as louças do século XVIII, que lhe
pareciam familiares tanto nas cores como nos modelos e sobretudo os
quadros nas paredes, dois dos quais a fizeram novamente chorar,
acometida outra vez de grande emoção. Tomada de profunda emoção,
afirmava que dois quadros não eram originais e que deviam ter sido
trocados. Fato que confirmamos posteriormente.
Embora como estudioso da
reencarnação fosse para mim uma vivência muito interessante, procurava
não induzi-la a conclusões. Comentei:
-- Todas as pessoas que se
interessam pelo estudo da reencarnação gostariam de ser no mínimo
princesas nas vidas pretéritas... Portanto, é preciso que tenhamos
cautela com conclusões precoces.
-- Posso ter sido a mais simples
serviçal aqui, disse-me Helena, mas sem dúvida este lugar eu já
conheço! Acredito que mais do que uma visita, um contato mais íntimo e
freqüente com o Palácio de Scone deva ter sido em outra vida.
Posteriormente, por via
mediúnica, bem como por outros recursos, tivemos referências sobre
encarnações nossas na Grã-Bretanha, em épocas diversas cujos detalhes
não estamos autorizados a escrever, em função até da ausência de provas
aceitáveis. Para Helena, no entanto, a experiência marcou-a
profundamente.
(Texto de: Ricardo Di Bernardi)
Fonte: Portal do Espírito
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