O norte da Sibéria, com os seus invernos rigorosos e verões escaldantes nas primeiras horas de uma manhã de junho constituem um momento que merece ser apreciado. O agricultor Sergei Semenov fizera um intervalo no trabalho que executava no seu campo de trigo para gozar alguns momentos de descanso, ao sol, à porta de sua casa.
Passavam alguns minutos das 7h da manhã do dia 30 de Junho de 1908 e a Semenov, muitos quilômetros de distância da febre revolucionária que começava a varrer o país, parecia-lhe um bom tempo para estar vivo.
Precisamente às 7h e 17m, o seu sonho acordado teve um fim abrupto, pois uma enorme explosão dilacerou o horizonte provocando uma luz ofuscante.
Contou mais tarde Semenov: "Apareceu um grande clarão e o calor era tão grande que a minha camisa quase de queimou nas costas. Vi uma enorme bola de fogo que cobria uma grande porção do céu e, a seguir, fez-se muito escuro".
Foi então que a enorme força da explosão atirou o agricultor para fora da porta, deixando-o inconsciente, e quando recuperou os sentidos um enorme estrondo, uma espécie de trovão gigantesco, varria a tundra. "Abanou toda a casa e quase a arrancou das fundações", acrescentou.
Semenov teve sorte, pois se se encontrasse mais perto do centro do holocausto não teria sobrevivido para contar a sua estranha e assustadora história, e apenas o fato de o desastre se ter dado no remoto vale do rio Tunguska evitou que a devastação fosse ainda mais terrível.
Aquele inferno destruiu uma área do tamanho de Leningrado, incinerou manadas inteiras de renas e praticamente todas as árvores de uma área com 70Km de diâmetro foram arrancadas e atiradas para fora do centro de explosão, ficando dispostas tal como raios de uma roda gigantesca. Componentes de uma tribo nômade, a 70Km de distância, foram atirados ao chão e as suas tendas feitas em farrapos por um vento furioso.
Qual a causa desta terrível devastação? Poderá algo semelhante voltar a acontecer?
Somente 20 anos depois alguém conseguiu chegar suficientemente perto para encontrar as respostas. Em 1930, o professor L. A. Kulik, da Academia de Ciências Soviética, passou quase um ano na área com uma pequena equipe de investigadores, tendo acabado por descobrir uma paisagem coberta de crateras e encontrando quase 3200Km quadrados de troncos de árvores arrancados e a apodrecerem. Contudo, o mais importante de tudo é que conseguiu localizar
testemunhas da explosão, que lhe falaram de uma brilhante bola de fogo a correr através dos céus, "tão brilhante que fazia com que a luz do sol parecesse escura":
Pessoas que se encontravam a mais de 90Km de distância do centro da explosão contaram que sentiram "violentas vibrações" seguidas por "um corpo brilhante que deixava uma larga tira de luz através do céu". Um deles recordou: "Estava a lavar lã no rio Kan quando ouvi um barulho semelhante ao sopro das asas de aves assustadas. A água do rio começou a formar ondas e a seguir houve um sacão tão violento que um dos meus amigos caiu ao rio".
A cerca 400Km de distância, na cidade de Kirensk, as pessoas tinham visto "uma coluna de fogo, seguida por vários trovões e enorme estrondo", e até a 970Km, em Turukhansk, uma testemunha afirmou ter escutado "três ou quatro estrondos abafados, como tiros de canhão ao longe". Muitas desta testemunhas pareciam descrever uma explosão nuclear, pois algumas afirmaram ter visto uma bola de fogo seguida por uma coluna de fumo em forma de cogumelo, com muitos Km de altura. Mas poderia ter ocorrido uma explosão atômica quase 40 anos antes da devastação de Hiroxima e Nagasáqui?
Na verdade. alguns cientistas já sugeriram que a explosão talvez tivesse sido nuclear, apresentando a espantosa teoria de que uma nave espacial com visitantes de outro planeta se avariou ao entrar na atmosfera terrestre. O combustível nuclear terá aquecido acima do seu ponto crítico e provocando uma explosão equivalente à de uma bomba nuclear de 30 megatoneladas.
O jornalista australiano John Baxter e o cientista a americano Thomas Atkins acompanharam o trabalho dos cientistas russos e apoiaram a teoria da explosão da nave espacial com as seguintes provas:
- Numa explosão nuclear, o campo magnético da terra é perturbado, o que aconteceu quando da explosão na Sibéria.
- As explosões nucleares provocam um padrão de destruições muito específicas, o que sucedeu com a da Rússia.
- As bombas atômicas lançadas no Japão em 1945 causaram estranhas mutações nas plantas, o mesmo aconteceu após o desastre da Sibéria.
- As explosões nucleares deixam atrás de si minúsculos glóbulo verdes, de pó derretido, denominados trinites, os quais também foram encontrados no local desta explosão, e além disso, de acordo com os especialistas russos, essas trinites continham vestígios de metais que não existem normalmente na região de Tunguska e que geralmente não fazem parte da composição dos meteoritos.
- Finalmente, foi referido o testemunho de pessoas que viram, momentos antes da explosão, um grande objeto azulado e cilíndrico a atravessar o céu com um rugido, deixando um rasto de vapor atrás de si.
Outras soluções apresentadas pelos cientistas, e bastante menos extraordinárias:
A TEORIA DO COMETA: pensa-se que os cometas são constituídos por gigantescas bolas de gases gelados e por destroços, um deles poderia ter entrado na atmosfera terrestre, apesar de não existirem indícios de que alguém o avistasse, e gerado tanto calor que acabasse por explodir no ar.
A TEORIA DA ANTIMATÉRIA: alguns cientistas pesam que uma massa de antimatéria, ou seja, matéria correspondente à que se encontra na terra mas constituída por partículas positivas(positrões), em vez de negativas(electrões), poderia ter mergulhado na atmosfera terrestre e, entrado em contacto com átomos da matéria normal, provocar uma enorme explosão.
A TEORIA DO BURACO NEGRO: pensa-se que os buracos negros são estrelas que implodiram, diminuindo muito de tamanho, mas, por causa da sua imensa massa(a terra caberia num buraco negro do tamanho de uma bola de tênis), a sua força gravitacional é suficientemente forte par impedir a luz de se escapar, pelo que os objetos não podem ser vistos, no sítio onde se encontram existe apenas um buraco negro, já foi sugerido que um deles tivesse atingido a Sibéria.
A TEORIA DO METEORITO: uma das mais populares teorias, apesar de ao princípio ter sido posta de lado, era a de que um meteorito gigante havia caído na terra, pois eles entram atmosfera terrestre à razão de 200 milhões por dia, embora a maior parte arda antes de atingir a superfície do nosso planeta, um meteorito que caiu no Arizona, em tempos pré-históricos, deixou uma cratera de 500m de diâmetro e como, a certa altura, os cientistas afirmaram que na Sibéria não havia cratera alguma, a explosão não podia ter sido provocada por um objecto desse tipo, porém, depois disso já se descobriu que um corpo celeste, feito de rocha em vez de metal, que são os mais comuns, pode explodir pouso antes de atingir o solo, causando, portanto, extensos prejuízos sem abrir crateras.
Fosse o que fosse que provocou a explosão siberiana, uma coisa é certa, o fato de ela ter acontecido numa zona virtualmente desabitada foi um golpe de sorte, pois se o corpo proveniente do espaço tivesse caído numa grande cidade, o resultado teria sido o maior desastre de historia da humanidade.
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