quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Desafiando a Lei da Gravidade

Três membros destacados da sociedade londrina testemunharam, a 16 de dezembro de 1868, um incidente tão fantástico que até hoje é motivo de controvérsia. O visconde Adare, o senhor de Lindsay e o capitão Winne viram o famoso médium Daniel Douglas Home elevar-se no ar, flutuar para fora através de uma janela e entrar por outra, a 24 metros de altura, numa grande e elegante casa de Londres. D. D. Home tornou-se conhecido inicialmente por levitar, e por fazer certos objetos levitarem: em certa ocasião foi um grande piano. Mas não foi o único a possuir essa "impossível" capacidade de desafiar a lei da gravidade.

São José e suas "vertigens"

São José de Copertino (1603-1663) voava todas as vezes em que ficava, emocionado. Possuidor de uma natureza excitada, freqüentemente realizava levitações, que foram muito testemunhadas. Simples camponês, esse garoto da Apúlia, Itália, que alguns consideravam fraco de espirito, passou a juventude tentanto alcançar o êxtase religioso através da autoflagelação e da abstinência. Tornou-se franciscano aos 22 anos, e então seu fervor religioso literalmente "elevou-se".

José se transformou num problema para seus superiores. Um domingo, durante a missa, elevou-se no ar e pairou sobre o altar, em meio ás velas, ficando gravemente queimado em conseqüência disso.

Durante 35 anos, foi excluído de todos as rituais públicos devido a seus hábitos desconcertantes, mas mesmo assim a fama de suas levitações espalhou-se. Um dia, andando pelos jardins do mosteiro em companhia de um monge beneditino, subitamente voou até uma oliveira. Infelizmente, não conseguia voar para baixo, portanto os monges colegas tiveram que buscar uma escada.

Um cirurgião, pelo menos dois cardeais e um papa (Urbano VIII), entre muitos outros, presenciaram os extraordinários momentos de total ausência de peso de José - que ele chamava de "minhas vertigens". Ele passou toda a sua vida em estado de oração, e a Igreja concluiu que as levitações eram obra de Deus.

Santa Teresa d'Ávila, que morreu em 1582, foi outra santa que levitava. Esta mística notável experimentava as mesmas sensações que muitas pessoas têm quando sonham que estão voando. Ela mesma descreveu como sentia suas levitações:

"Quando eu tentava opor resistência, parecia que uma grande força sob meus pés me erguia. (. . .) confesso que isso me infundiu um grande medo, realmente grande na primeira vez; pois, ao ver o próprio corpo elevar-se da terra dessa maneira, embora o espirito também se eleve, seguindo-o (e isso com grande doçura, se não se opuser resistência), não se perde os sentidos; pelo menos eu estava tão consciente que podia ver que estava sendo erguida. Depois desse enlevo, devo dizer que freqüentemente meu corpo parecia ficar boiando, como se tivesse perdido todo o peso, de modo que às vezes eu não sentia meus pés tocarem o chão".

Suas levitações eram não persistentes que ela implorava às irmãs que a segurassem quando sentia que um "ataque" se aproximava, mas raramente havia tempo para medidas precautórias: ela simplesmente flutuava até que passasse a ausência de peso.

A maioria dos levitadores são crentes de algum sistema especifico, seja o cristianismo, o misticismo hindu, os antigos mistérios egípcios ou o espiritualismo. A esta última categoria pertencia D. D. Home.

Nascido na Escócia e criado nos Estados Unidos, Home foi uma criança frágil e introvertida. Aos treze anos, teve a visão de um amigo, Edwin. Home avisou à família de sua tia que isso significava que Edwin estava morto há três dias, o que provou ser verdade, dando inicio á carreira de Home. (foto: Collin Evans flutua no Conway Hall, nos anos 30)Mas foi somente aos dezenove anos que ele desafiou a lei da gravidade .
Ward cheney, um próspero fabricante de seda, realizou uma sessão em sua casa, em Connecticut, em agosto de 1852. D. D. Home estava lá para demonstrar as costumeiras manifestações "espiritualistas": mesas viradas, ruídos, objetos flutuantes, etc.

Home mantinha os convidados atentos a esses fenômenos quando algo aconteceu, sem qualquer aviso, tomando-o famoso da noite para o dia. Ele flutuou no ar até que sua cabeça tocou o teto. Entre os convidados estava o cético repórter F. L. Burr, editor do Hartford Times, que escreveu sobre esse incidente estranho e inesperado:

"Subitamente, sem que a assistência o esperasse, Home elevou-se no ar. Eu estava segurando sua mão naquele momento e senti que seus pés se elevavam 30 centímetros do solo. Ele palpitava da cabeça aos pés com as conflitantes emoções de alegria e medo que vibravam em seu intimo. Elevou-se do chão duas vezes, e na terceira chegou até o teto da sala, ao qual suas mãos e seus pés se encostaram suavemente".

A carreira de Home desenvolveu-se rapidamente, e ele se tornou célebre tanto nas salas de sessões quanto na corte. Retornou á Europa, onde inspirou adoração e ceticismo (o poema satírico "Mr. Siudge", de Robert Browning, é baseado em sua própria visão preconceituosa do médium)(foto: Levitação profissional clássica). Aonde quer que ele fosse, fenômenos estranhos aconteciam: sopravam ventos em salas fechadas, flores frescas caiam do teto, portas se abriam e fechavam, bolas de fogo ziguezagueavam peia sala - e Home levitava.

A famosa ocasião já mencionada, quando ele saiu flutuando por uma janela e entrou por outra, ainda é assunto de caloroso debate, sobretudo porque o incidente foi presenciado por testemunhas respeitáveis. Uma delas, o senhor de Lindsay (mais tarde conde de Crawford) escreveu:

"Eu estava sentado com o Sr. Home e Lorde Adare, e um primo deste, o capitão Wynne. O Sr. Home entrou em transe, e nesse estado foi carregado pela janela da sala contigua e entrou pela nossa janela. A distância entre as janelas é de uns 2,30 metros, e não havia nenhum apoio para os pés entre elas, existindo apenas uma saliência de 30 centimetros em cada janela, utilizada como floreira. Ouvimos a janela da saia ao lado abrir-se, e quase no mesmo instante vimos Home flutuando no ar do lado de fora de nossa janela. A lua brilhava, iluminando a sala; eu estava de costas para a luz e vi a sombra no batente da janela, e os pés de Home uns 15 centimetros acima dela. Ele ficou nessa posição por alguns segundos; então ergueu a vidraça e deslizou para dentro, colocando primeiro os pés, e sentou-se".

Os céticos, como Frank Podmore, ou mais recentemente John Sladek, tentaram desmentir essa levitação, embora nenhum deles estivesse presente. Sladek quis desacreditar os três que a testemunharam, comparando os detalhes de suas versões - tais como a altura das sacadas até o chão, ou se havia mesmo sacadas nas janelas (foto ao lado: Frank Podmore).

Podmore, por outro lado, é mais sutil em seu ceticismo. Menciona o fato de que alguns dias antes, e na presença das mesmas testemunhas, Home havia aberto a janela e ficara de pé sobre a saliência do lado de fora. Atrairá assim a atenção dos outros, colocando-se sobre a estreita saliência a uma distância considerável do chão. Podmore comentou secamente que "dessa forma, o médium havia produzido um esboço da imagem que pretendia representar". Em outra ocasião, Home avisou subitamente: "Estou me erguendo, estou me erguendo", antes de começar a levitar diante de muitas testemunhas.

Podmore insinuou que as levitações de Home não passavam de alucinações produzidas por sugestão hipnótica, assim como se costuma dizer que o truque da corda indiana é uma alucinação em massa, estando o segredo na batida ritmada do mágico.

Mas, mesmo sofrendo intensa hostilidade, Home continuou sendo um famoso levitador por mais de quarenta anos. Entre os que o assistiram, estiveram o imperador Napoleão III, John Ruskin e Buiwer Lytton, e muitas centenas de pessoas que não foram tão inconsistentes em seus testemunhos quanto Adare, Wynne e Lindsay. Além disso, nesse longo periodo de tempo, Home exibiu-se quase sempre á luz do dia, e nunca se provou que aquilo fosse fraude. Apesar das acusações de Podmore, Home nunca teve atitudes estranhas que criassem uma atmosfera densa de sugestões para sua platéia. Na verdade, foi um dos poucos médiuns que detestava "atmosferas", preferindo uma iluminação normal ou forte á escuridão, e encorajava os participantes a conversarem normalmente, em lugar de "dar-se as mãos e concentrar-se".

Apesar de em sua idade madura Home levitar quando desejava, aparentemente também o fazia sem ter consciência disso. Em certa ocasião, seu anfitrião chamou-lhe a atenção para o fato de que estava pairando acima da almofada da poltrona, e Home pareceu realmente surpreso.

Os ilusionistas profissionais geralmente se orgulham de sua piéce de résistance; colocam sua assistente em "transe", equilibrando-a sobre a ponta de duas espadas, e depois retiram as espadas, fazendo-a flutuar no ar sem nenhum apoio visível. Às vezes ela é "hipnotizada" e eleva-se ainda mais. Uma destas duas coisas deve acontecer: ou ela não se ergue no ar (isto é, todos sentem uma alucinação em massa), ou ela se eleva por meio de maquinaria que não se percebe.

É claro que Home e outros espiritualistas também atribuiam suas proezas de levitação ou flutuação de objetos a "maquinarias invisíveis para nós", mas no caso deles a maquinaria seria a atuação de espiritos. Home descreveu uma levitação típica desta maneira:

"Não sinto mãos a me sustentar, e nunca tive medo, nem na primeira vez, apesar de que, se tivesse caido do teto de algumas das salas, talvez tivesse ficado seriamente ferido. Em geral, sou erguido perpendicularmente; meus braços tornam-se rígidos e estendem-se acima de minha cabeça, como se eu estivesse agarrando o poder invisível que lentamente me ergue do chão".

O enigma da gravidade

Contudo, não nos referimos dessa forma espiritualística ao "poder invisível" que nos mantém no solo. Qualquer criança conhece Newton e sua descoberta da lei da gravidade. Mas a pesquisa psiquica ressalta a facilidade com que certos paranormais invertem essa lei (foto: O iogue indiano Subbayah Pullavar levita diante do público. No final da seção, os membros do iogue estavam tão rígidos que nem cinco homens conseguiram curvá-los).

Em seu livro Mystére et magique en Tibet (Mistério e mágica no Tibete 1931), Mme Alexandra David-Neel, a exploradora francesa que passou catorze anos no Tibete e seus arredores, conta que encontrou um homem nu amarrado com grossas correntes; seu companheiro explicou a ela que o desenvolvimento místico daquele homem havia tomado seu corpo tão leve que ele voaria se não usasse as correntes como peso.

Parece que a gravidade não tem necessariamente tanta influência sobre nós como nos foi ensinado, Sir William Crookes, renomado cientista e pesquisador psiquico, declarou sobre D. D. Home o seguinte:

"Os fenômenos que vou atestar são tão extraordinários e se opõem tão diretamente aos artigos enraizados no dogma cientifico - entre os quais a ubiquidade e a ação invariável da força gravitacional - que, mesmo agora, relembrando os detalhes dos fatos que testemunhei, ocorre um verdadeiro antagonismo em minha mente entre a razão, que os define como cientificamente impossíveis, e a consciência, de que meus sentidos, tanto a visão como o tato, são testemunhas fidedignas".

Concluímos então que, em alguns casos especiais - como os de santos ou médiuns particularmente datados -, a levitação existe. Mas há uma corrente de pensamento que cada vez mais propaga a idéia de que qualquer pessoa pode realizá-la, desde que tenha o treinamento necessário - os estudantes de meditação transcendental dizem praticar a levitação constantemente.

Fonte: Desconhecido - Levitação

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