sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Poltergeist, O Fenômeno

"Eles estão aqui". Foi com esta frase que a atriz mirim, então com sete anos, Heather O'Rouker apresentou ao mundo um dos melhores filmes de terror da história, Poltergeist - O Fenômeno (Poltergeist, 1982).

Criado e produzido pelo cineasta Steven Spielberg (E.T.) e dirigido por Tobe Hooper (O Massacre da Serra Elétrica), o filme marcou época e continua sendo classificado como uma das melhores produções do gênero.

A velha história da casa assombrada marcou pela excelente forma como foi conduzida por seus realizadores, possuir autênticos momentos de medo, além de um elenco impecável e também pelo trágico desfecho da atriz O'Rourke, que faleceu repentinamente logo após terminar de gravar o terceiro capítulo da série (Poltergeist 3), em 1988, aos 12 anos.

Original do alemão "polten", que significa "bater" e "geist", traduzido como "espírito", o fenômeno tratado pelo filme, o poltergeist, é reconhecido e estudado por grupos de parapsicólogos de várias partes do mundo há décadas. Atividades ligadas a este tipo de acontecimento podem ser ligadas a pessoas e são marcadas por objetos que se movem sem que ninguém os toque, barulhos estranhos e interferências em aparelhos tecnológicos como telefones e equipamentos domésticos. A duração pode ser de algumas horas até meses ou acabar de repente, diferente de assombração clássica onde um local, em geral uma casa, sofre do fenômeno por décadas.

É nesse contexto, que surge a família Freeling. Trata-se na verdade de uma alusão ao sonho americano, onde pessoas felizes moram em uma bela casa de uma pequena cidade chamada Cuesta Verde. A família é composta pelo pai Steven (Craig T. Nelson, de Advogado de Diabo), a mãe Diane (Jobeth Williams, de Kramer vs. Kramer) e os filhos Dana (Dominique Dunne), Robbie (Oliver Robins) e a caçula Carol Anne (Heather O´Rouker). Tudo vai bem até que certos acontecimentos estranhos começam a chamar a atenção da família, como cadeiras que se mexem sozinhas e utensílios de metal que misteriosamente aparecem tortos, entre outros.

O que parece sem importância logo toma proporções trágicas quando durante uma noite chuvosa, a pequena Carol Anne desaparece misteriosamente. Vista pela última vez no quarto onde dormia, a garota simplesmente desaparece do mundo físico sendo levada para uma dimensão paralela. A única forma de contato que a família consegue ter com a menina será através de uma televisão ligada em um canal sem sintonia e que por este motivo está aberto para receber sinais e ondas de vários tipos e freqüências.

Procurando auxílio, a família vai recorrer à parapsicóloga Dra. Lesh (Beatrice Straight, de Amor sem Fim) e posteriormente a clarividente Tangina Barrons (Zelda Rubinstein, de Os Olhos da Cidade são Meus). Esta última vai ter fundamental importância para a trama por servir como elemento de ligação entre o mundo físico e o espiritual, além de apresentar o motivo pelo qual a garota tenha sido escolhida por estes espíritos.

De acordo com Tangina, Carol Anne representa uma presença viva no plano espiritual onde está sendo mantida e que estas almas que estão com ela vêem na energia vital da criança a força que eles não possuem, mas que passam a ter por estarem com ela. A clarividente ainda alerta a família para uma terrível presença que sentiu próximo da garota e que é forte o suficiente para fazê-la vagar numa dimensão paralela definitivamente caso algo não seja feito.


O filme Poltergeist fez enorme sucesso de público e de crítica. Grande parte deste fenômeno de bilheterias se deu pela combinação de vários elementos que fazem a produção parecer um filme de terror de luxo. A história, bem construída, tem seu desenvolvimento feito de forma eficaz. Os efeitos especiais criados pela Industrial Light & Magic (ILM) de George Lucas são muito bem realizados, demonstrando um cuidado grande com a parte técnica.

A bela trilha sonora composta pelo excelente Jerry Goldsmith (Jornada nas Estrelas) foi indicada ao Oscar, assim como para efeitos sonoros e efeitos especiais, porém, não ganhou em nenhuma categoria. O sucesso da película também acontece pelo eficiente clima de medo que é construído durante o filme até o apoteótico final. Medo este que não é criado simplesmente através de cenas fortes, mas por situações que conduzem o espectador quase a um medo infantil, como os filhos do casal Freeling. Podemos citar cenas memoráveis como o pavoroso palhaço que fica no quarto das crianças, a piscina de esqueletos, a primeira aparição das entidades espirituais, entre tantas outras.

Um outro ponto que merece destaque do filme é o de ser capaz de injetar elementos dramáticos na trama, através da mãe desesperada pelo desaparecimento da filha causado por algo que a própria família não compreende. Desespero aliado ao sentimento de impotência afinal a garota não foi seqüestrada por criminosos que possam ser procurados pela polícia.

Temos aqui uma entidade sobrenatural e a busca de uma solução parece cada vez mais distante. A grande casa vai se resumir então apenas à sala, onde toda a família vai permanecer próxima do aparelho de televisão sempre ligado na espera da voz da garota desaparecida. Num dos momentos mais tensos, a conversa da mãe com Carol Anne é interrompida pela fala da menina que diz "mamãe tem alguém aqui comigo, é você?". Paralisada pelo medo, a mãe de Carol chora diante da impotência em proteger a filha.

Baseado no episódio Little Girl Lost, da série de TV dos anos 60 Twilight Zone, que conta a história de uma garota que desaparece dentro do seu quarto, Poltergeist foi escrito, roteirizado e produzido por Steven Spielberg. Mesmo com a direção ficando por conta de Tobe Hooper, muitas das decisões técnicas e relativas ao próprio andamento do filme ficaram por conta de Spielberg.

Analisado hoje, Poltergeist tem muito mais a característica de uma produção de Spielberg, dos cuidados técnicos ao roteiro sólido, do que das produções assinadas por Hooper, que mesmo sendo o criador de clássicos como O Massacre da Serra Elétrica e Eaten Alive, possui um estilo mais artesanal de filmar.

O filme, e posteriormente a série, Poltergeist foi também marcado pela morte de membros do elenco, algumas de forma trágica, como a atriz que fez a filha mais velha Dana, Dominique Dunne, que foi estrangulada pelo namorado, John Thomas Sweeney, quatro meses depois do lançamento do filme, em 4 de novembro de 1982 (por Filipe Falcão).

Ficha Técnica

Título Original: Poltergeist
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 115 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1982
Estúdio: MGM
Distribuição: MGM
Direção: Tobe Hooper
Roteiro: Steven Spielberg, Michael Grais e Mark Victor, baseado em estória de Steven Spielberg
Produção: Frank Marshall e Steven Spielberg
Música: Jerry Goldsmith
Direção de Fotografia: Matthew F. Leonetti
Desenho de Produção: James H. Spencer
Edição: Michael Kahl
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic

Sinopse

Família de classe média vai morar em novo bairro e passa a sofrer a ameaça de estranhos fenômenos que movem objetos e levam a filha mais nova, de cinco anos, para dentro de um aparelho de TV. Para recuperar a criança os pais pedem a ajuda de uma médium especialista em almas penadas, que os ajudará a revelar o mistério que se esconde não só na casa deles, mas nas colinas da região.

Prêmios

Indicações para o Oscar de Melhor Roteiro Original, Efeitos Sonoros e Efeitos Visuais.

Fonte: Boca do Inferno: Poltergeist; webcine - Poltergeist, O fenômeno.

2 comentários:

Anônimo disse...

adoro este filme!!é realmente assustador e prende a atenção do começo ao fim!!

Anônimo disse...

Olá:

Realmente, um CLÁSSICO do gênero!
Pude assistir ontem (e quase de madrugada!)...
E como não resistir às lágrimas, sustos, e muito mais? Imagino que se a tal atriz mirim fosse viva, seria uma ÓTIMA ATRIZ (como era no filme)! Seria bonita também...
Embora tenha cenas ENGRAÇADAS: quando aparece um vento (e a tal Dra. Lesh e Diane gritam!), quando Diane é lançada para o outro lado da sala (após levar um choque), e a queda dela na piscina...
É isso.

Rodrigo Rosa (Porto Alegre)

ropoars@ig.com.br
http://rodrigo-arte.blogspot.com/