terça-feira, 23 de agosto de 2022

Horror em Amityville: Eventos Reais

Dirigido em 1979 por Stuart Rosenberg, o filme conta a história de um casal que se muda para uma casa em Amityville, Nova York, onde ocorreram vários assassinatos. E após presenciarem uma série de manifestações estranhas, eles fogem de casa.

A única coisa com a qual o filme (refilmado em 2005) e as reportagens parecem concordar é com o assassinato de uma família na casa de Amityville.

Em novembro de 1974, Ronnie De Feo, de 23 anos, matou de forma metódica os pais e os quatro irmãos e irmãs enquanto eles dormiam. Pouco mais de um ano depois, em 1975, George e Kathy Lutz se mudaram para a casa de estilo colonial de três andares. Resolveram não dar muita importância aos acontecimentos ocorridos na propriedade, mas por precaução, mandaram chamar um padre para benzê-la.

O casal também afirmou sentir cheiros estranhos e frio constante dentro de casa. Em outros incidentes, disseram que as camas de seus filhos se moveram de maneira inexplicável, e que George acordou no meio da noite e viu a esposa levitar. Apenas 28 dias depois de terem se mudado, a família fugiu de casa, deixando todos os seus pertences para trás.

Dentre os livros que foram escritos sobre Amityville e os diferentes filmes que foram feitos, é difícil saber que partes foram verdade — e quais não. Mas o fato de uma família inteira ter morrido ali não deixa de ser assustador.

Fontes: BBC

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Gatos Católicos Enforcados


A ignorância humana, da qual nos ocupamos agora aqui, é a da "Grande Renascença" na Europa do século XVI, da tal "Reforma", quando os protestantes usaram gatos, bichanos enfeitados com vestimentas de bispos católicos e os enforcavam.


Quando em 1517 Martin Luther pregou suas 95 teses na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, um movimento de reforma surgiu, o protestantismo. Os gatos, de alguma forma, "representantes" do catolicismo, e sempre vítimas do abuso do homem, tornaram-se um símbolo chave para os protestos de ingleses reformistas. Muitas vezes os gatos representavam sacerdotes e clérigos, como em um episódio terrível que envolveu a crueldade ocorrida em Cheape, Inglaterra, como nos conta uma crônica do tempo:

"Em 08 de abril, sendo então domingo, um gato vestido com um traje de clérigo católico, com suas patas dianteiras amarradas, foi enforcado em Cheape, perto da cruz na freguesia de São Mateus" (Stow Chronicle p. 623 notas de rodapé, Jardine, 1847, p.46 ).

Os protestantes também queimaram efígies do papa recheadas com gatos vivos que, coitados, gritavam de dor e espanto, que agradavam demais as multidões loucas.

Então, nós éramos representantes da Igreja Católica? A mesma religião que nos dizimou na época daquele papa Gregório IX em 1227?

Faz favor! Até no Carnaval, todos os anos, a gente se esconde pra não virar couro de tamborim ... Humanos?


quarta-feira, 4 de julho de 2018

Ilha do Medo


O primeiro homem com quem falamos sobre a ilha do Medo, no porto de Salvador, olhou-nos de alto a baixo e emudeceu. Era um camarada de gestos mecânicos e poucas palavras, mas sabia muita coisa das vizinhanças do mar.


– O senhor sabe onde fica a ilha do Medo?

– Sei.

– Fica longe?

– Sim.

– Quantas milhas, mais ou menos, da costa?

– Umas doze ou quinze – disse ele. E empacou novamente.

O outro era um rapaz de olhos vivos e ariscos, blusão de zuarte desbotado aberto no peito e músculos saltados. Falou-nos de distâncias marinhas, peixes, alimentação e embarcações. Mas quando perguntamos se conhecia a ilha do Medo, desfez o sorriso que tinha amontoado num canto da boca e respondeu com secura: “Conheço”.

– Como é que poderíamos ir até lá?

– O senhor pretende ir à ilha do Medo?

– Sim.

– Fazer o que?

– Nada.

Notamos novamente o mesmo olhar do outro homem, nos olhos do rapaz de zuarte. As palavras começaram a diminuir, foram encurtando até virar monossílabos, que saíam angustiados de sua boca.

– Que diabo, rapaz, o que há com a ilha do Medo? Queremos ir até lá por curiosidade, ver o mato, os bichos, as ruínas dos holandeses. Outros querem ver as igrejas, os fortes ou o candomblé. Nós queremos ver a ilha do Medo.

– Mas nunca vai ninguém lá, – disse ele – a ilha está deserta. Só existem bichos selvagens no mato, depois…

– Depois o que?

– Contam coisas de arrepiar os cabelos.

– Que coisas, por exemplo?

O rapaz nos olhou mais uma vez, desconfiado, e disse, retirando-se:

– Se o senhor quiser ir, pode ir, mas eu não levo ninguém lá. Aquela ilha é mal assombrada, está cheia de fantasmas.

Bruxas de goelas de fogo

Miguel estava sentado no casco de um saveiro, emborcado na praia. Ao chegar, cumprimentamos, mas ele apenas levantou um pouco dos olhos a aba do chapéu e nos encarou demoradamente. Só respondeu ao cumprimento depois de familiarizar-se com a nossa presença. Soltou um “boa tarde” atrasado, olhou novamente para um ponto qualquer e começou a falar com desembaraço:

– Gilberto me disse que os senhores querem ir à ilha do Medo.

– Estamos aqui para isso. – Falamos com o moço no porto. – Ele nos informou que o senhor tem um saveiro grande.

– É o Leviatã. Está ali no meio daqueles barcos.

– Será possível sairmos amanhã?

– Sim, mas se não quiserem voltar tarde da noite, terão de se mexer muito cedo, ainda de madrugadinha.

– Bem, nós pretendemos passar o dia na ilha.

O homem fez a volta do saveiro e mexeu no leme, depois pegou uma lata de tinta que havia sobre a areia e encaminhou-se para nós de olhar muito vago e sem interesse.

– Bem moço, não que aquela ilha seja um inferno, mas contam coisas dela. Dizem que é mal assombrada. Os pescadores que se atrasam no mar ouvem gritos que partem de lá, e às vezes chamados pelo seu nome. Esses gritos são roucos e estranhos, como um choro. Vêm da ilha com o vento reboando pelo mar, depois somem e tornam a voltar mais fortes. Quando o mar está calmo, ouvem-se lamentos e uivos. E no meio disso tudo, o chamado, o chamado insistente, entrando pelos ouvidos deles, quando o saveiro está quase parado por falta de vento.

– Não vive ninguém na ilha?

– Ninguém. Faz muito tempo que ela está deserta. Desde o tempo dos holandeses, que tinham lá uma fábrica de pólvora.

E Miguel continua a sua narração estropiadamente, na sua linguagem meio do mar, meio da terra:

– Já viram coisas danadas na ilha do Medo. Uma vez, um pescador voltou dizendo que tinha visto uma mulher de cara negra e feia como a morte, que caminhou da ilha até o seu saveiro, sobre as águas. Tinha a boca imensa e as goelas incendiadas de labaredas vermelhas. Quando cegou ao lado do saveiro, ele sentiu um cheiro de enxofre e pano queimado.

– Mas a mulher fez alguma coisa ao pescador?

E Miguel respondeu:

– Não, mas depois que ele contou a história perdeu a fala para sempre.

– A alma danada dos holandeses que morreram na guerra habita a ilha do Medo, desde aqueles tempos. Se o senhor quiser ir, vá, mas eu não me responsabilizo pelo que houver. Os danados dos holandeses nunca abandonaram aquele lugar. Vivem até hoje na ilha, assustando os homens que se atrasam no mar. Também vão para lá os pescadores que morrem afogados na baía de Todos os Santos. É por isso que quando o mar está calmo, se houvem lamentos e uivos, vindos daquele lado.


Fonte: Jangada Brasil in "Sem indicação de autoria. “Na ilha do Medo há coisas de arrepiar os cabelos”. Folha de Minas. 29 de julho de 1951".